sábado, 15 de novembro de 2025

Primeira observação de uma erupção explosiva numa estrela próxima

Astrônomos, utilizando o observatório espacial XMM-Newton da ESA e o telescópio LOFAR (LOw Frequency ARray), detectaram definitivamente uma explosão de material lançado para o espaço por outra estrela.

© Olena Shmahalo (ilustração da ejeção de massa coronal numa estrela)

A explosão é suficientemente poderosa para destruir a atmosfera de qualquer planeta ao seu redor. A explosão foi uma ejeção de massa coronal (EMC), erupções que vemos frequentemente vindas do Sol. Durante uma EMC, enormes quantidades de material são lançadas da nossa estrela, inundando o espaço circundante. Estas expulsões dramáticas moldam e conduzem o clima espacial, tal como as deslumbrantes auroras que vemos na Terra, e podem destruir as atmosferas de planetas próximos. Mas embora as EMCs sejam comuns no Sol, ainda não tínhamos detectado nenhuma de forma convincente em outra estrela, até agora.

Quando uma EMC viaja através das camadas de uma estrela para o espaço interplanetário, produz uma onda de choque e uma explosão associada de ondas de rádio. Este sinal de rádio curto e intenso captado provinha de uma estrela situada a cerca de 130 anos-luz de distância. A estrela é uma anã vermelha, um tipo de estrela muito mais fraca, mais fria e menor do que o Sol. Não é nada parecida com a nossa: tem cerca de metade da massa, gira 20 vezes mais depressa e tem um campo magnético 300 vezes mais poderoso. A maior parte dos planetas que existem na Via Láctea orbitam este tipo de estrela.

O sinal de rádio foi detectado com o radiotelescópio LOFAR, e depois com o XMM-Newton para determinar a temperatura, a rotação e o brilho da estrela em raios X. Isto foi essencial para interpretar o sinal de rádio e descobrir o que estava realmente acontecendo. 

Os pesquisadores determinaram que a EMC se movia a uma velocidade muito rápida de 2.400 km/s, uma velocidade apenas observada em 1 de cada 2.000 EMCs que ocorrem no Sol. A ejeção foi suficientemente rápida e densa para eliminar completamente as atmosferas de quaisquer planetas que possam orbitar a estrela. A capacidade de destruição atmosférica da EMC é uma descoberta excitante para a nossa busca de vida em outros sistemas. A habitabilidade de um planeta é definida pela distância a que se encontra da sua estrela progenitora se está ou não dentro da "zona habitável" da estrela, uma região onde pode existir água líquida à superfície de planetas com atmosferas adequadas.

Mas e se essa estrela for especialmente ativa, lançando regularmente erupções perigosas de matéria e desencadeando tempestades violentas? Um planeta regularmente bombardeado por poderosas ejeções de massa coronal pode perder completamente a sua atmosfera, deixando para trás uma rocha estéril, um mundo inabitável, apesar da sua órbita ser "perfeita".

A descoberta também contribui para a nossa compreensão do clima espacial, algo que há muito é um foco das missões da ESA e que está atualmente sendo explorado pela SOHO, Proba, Swarm e Solar Orbiter. O XMM-Newton, por sua vez, é um dos principais exploradores do Universo quente e extremo. Lançado em 1999, o telescópio espacial já observou os núcleos das galáxias, estudou estrelas para compreender a sua evolução, investigou o ambiente dos buracos negros e detetcou intensas explosões de radiação energética de estrelas e galáxias distantes.

Um artigo foi publicado na revista Nature.

Fonte: ESA