terça-feira, 8 de outubro de 2019

Explosão no centro da Via Láctea ocorreu há relativamente pouco tempo

Há apenas 3,5 milhões de anos, um gigantesco feixe de energia se originou perto do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, enviando um pulso de radiação em forma de cone pelos dois polos da Galáxia e pelo espaço profundo.


© ASTRO 3D/James Josephides (explosão que surgiu no centro da Via Láctea)

É o que descobriu um novo estudo conduzido por Joss Bland-Hawthorn, do centro de pesquisa australiano ASTRO 3D.

O fenômeno, conhecido como explosão de Seyfert, criou dois “cones de ionização” enormes que viajaram pela Via Láctea, começando com diâmetros relativamente pequenos perto do buraco negro, e se expandido bastante à medida que saíam da galáxia.

A explosão foi tão poderosa que impactou a corrente de Magalhães, uma longa trilha de gás que se estende entre galáxias anãs próximas, chamadas Grande Nuvem de Magalhães e Pequena Nuvem de Magalhães. A corrente de Magalhães fica a uma média de 200.000 anos-luz da Via Láctea.

Segundo a equipe de pesquisadores australianos e americanos, a explosão foi grande demais para ter sido causado por algo que não seja atividade nuclear associada ao buraco negro, chamado Sagitário A (Sgr A*), que é cerca de 4,2 milhões de vezes mais massivo do que o nosso Sol.

Usando dados coletados pelo telescópio espacial Hubble, os pesquisadores calcularam que a explosão maciça ocorreu há pouco mais de três milhões de anos.

Em termos galácticos, isso é surpreendentemente recente. Naquela época, o asteroide que causou a extinção dos dinossauros já estava 63 milhões de anos no passado, e os australopitecos, nossos ancestrais, já andavam pela África.

Os pesquisadores estimam que a explosão durou cerca de 300.000 anos, um período extremamente curto em termos galácticos.

O novo estudo dá sequência a uma pesquisa liderada também por Bland-Hawthorn e publicada em 2013. Esse trabalho anterior analisou evidências de um evento explosivo maciço se originando no centro da Via Láctea, descartou uma explosão nuclear como a causa e tentou ligar a explosão com a atividade do buraco negro Sgr A*.

Esse estudo coloca o Sgr A* como principal suspeito, mas os pesquisadores admitem que ainda há muito mais a ser pesquisado. O modo exato como os buracos negros evoluem, influenciam e interagem com galáxias ainda é um grande problema na astrofísica.

Um artigo será publicado em breve na revista científica The Astrophysical Journal.

Fonte: Scientific American

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