sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Existem exoplanetas semelhantes ao "Pálido Ponto Azul"?

Ao procurar mundos semelhantes à Terra em torno de outras estrelas, em vez de procurar o "Pálido Ponto Azul" descrito por Carl Sagan, uma nova pesquisa sugere que uma caça aos "pálidos pontos amarelos" secos e frios pode ter mais hipóteses de sucesso.


© EPS (três cenários de distribuição de terra e oceano)

O quase-equilíbrio de terra-água que ajudou a vida a florescer no nosso planeta pode ser altamente incomum, segundo um estudo suíço-alemão apresentado no Congresso de Ciência da EPS (Europlanet Society) em Granada. 

Tilman Spohn e Dennis Höning estudaram como a evolução e os ciclos dos continentes e da água poderiam moldar o desenvolvimento dos exoplanetas terrestres. Os resultados dos seus modelos sugerem que os planetas têm cerca de 80% de probabilidade de serem majoritariamente cobertos por terra, com 19% de probabilidade de serem principalmente mundos oceânicos. Apenas um por cento dos resultados teve uma distribuição de terra e água semelhante à da Terra.

"Nós, terráqueos, desfrutamos do equilíbrio entre áreas terrestres e oceanos no nosso planeta. É tentador assumir que uma segunda Terra seria igual à nossa, mas os nossos resultados de modelagem sugerem que não é provável que seja esse o caso," disse o professor Spohn, diretor executivo para o ISSI (International Space Science Institute) em Berna, Suíça. 

Os modelos numéricos da equipe sugerem que as temperaturas médias da superfície não seriam muito diferentes, com talvez uma variação de 5º Celsius, mas que a distribuição terra-oceano afetaria os climas dos planetas.

Um mundo oceânico, com menos de 10% de terra, seria provavelmente úmido e quente, com um clima semelhante ao da Terra na época tropical e subtropical que se seguiu ao impacto do asteroide que causou a extinção dos dinossauros. Os mundos continentais, com menos de 30% de oceanos, se caracterizariam por climas mais frios, mais secos e mais rigorosos. Os desertos frios poderiam ocupar as partes interiores das massas terrestres e de um modo geral se assemelhariam à nossa Terra durante a última Idade do Gelo, quando se desenvolveram extensos glaciares e camadas de gelo.

Na Terra, o crescimento dos continentes por atividade vulcânica e a sua erosão estão mais ou menos em equilíbrio. A vida baseada na fotossíntese prospera em terra, onde tem acesso direto à energia solar. Os oceanos fornecem um enorme reservatório de água que aumenta a pluviosidade e evita que o clima atual se torne demasiado seco.

"No motor das placas tectônicas da Terra, o aquecimento interno impulsiona a atividade geológica, tal como sismos, vulcões e a construção de montanhas, e resulta no crescimento de continentes. A erosão da terra faz parte de uma série de ciclos que trocam água entre a atmosfera e o interior. Os nossos modelos numéricos de como estes dois ciclos interagem mostram que a Terra atual pode ser um planeta excepcional e que o equilíbrio de massa terrestre pode ser instável ao longo de bilhões de anos. Embora todos os planetas modelados possam ser considerados habitáveis, a sua fauna e flora podem ser bastante diferentes," disse o professor Spohn.

Fonte: Europlanet Society

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