Duas equipes diferentes de astrônomos detectaram oxigênio na galáxia mais distante conhecida, a JADES-GS-z14-0.
© ESO (ilustração da galáxia JADES-GS-z14-0)
A descoberta, descrita em dois estudos separados, foi possível graças ao Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), do Observatório Europeu do Sul (ESO).
Esta detecção recorde faz com que os astrônomos tenham que repensar sobre quão rápido é que as galáxias se formaram no Universo primordial. Descoberta no ano passado, a JADES-GS-z14-0 é a galáxia mais distante confirmada alguma vez observada: está tão longe da Terra que a sua luz demorou 13,4 bilhões de anos a chegar até nós, o que significa que a vemos tal como era quando o Universo tinha menos de 300 milhões de anos, o que corresponde a cerca de 2% da sua idade atual.
A nova detecção de oxigênio efetuada com o auxílio do ALMA, uma rede de telescópios instalada no deserto chileno do Atacama, sugere que esta galáxia é quimicamente muito mais madura do que se esperava. Os resultados mostram que esta galáxia se formou muito rapidamente, estando também evoluindo muito depressa, o que a coloca num conjunto cada vez maior de provas de que a formação de galáxias no Universo primordial ocorreu muito mais depressa do que esperávamos.
As galáxias começam normalmente as suas vidas repletas de estrelas jovens, as quais são principalmente constituídas por elementos leves como o hidrogênio e o hélio. À medida que as estrelas evoluem, são formados no seu interior elementos mais pesados como o oxigênio, que acabam dispersos pela galáxia quando as estrelas morrem.
Os pesquisadores pensavam que, com 300 milhões de anos, o Universo era ainda demasiado jovem para ter galáxias repletas de elementos pesados. No entanto, os dois estudos realizados com o ALMA indicam que a galáxia JADES-GS-z14-0 tem cerca de 10 vezes mais elementos pesados do que o esperado.
A prova de que uma galáxia está já bastante madura num Universo ainda muito primordial levanta questões sobre quando e como é que as galáxias se formaram. A detecção de oxigênio também permitiu aos astrónomos fazer medições da distância à JADES-GS-z14-0 com muito mais precisão. Esta detecção do ALMA dá-nos uma medição extraordinariamente precisa da distância a que esta galáxia se encontra, com uma incerteza de apenas 0,005 %. Este nível de precisão, que corresponde a uma exatidão de 5 cm numa distância de 1 km, ajuda-nos a compreender melhor as propriedades das galáxias distantes.
Os astrônomos utilizam uma medida conhecida como desvio para o vermelho para determinar a distância a que se encontram objetos extremamente distantes. Medições anteriores indicavam que a galáxia JADES-GS-z-14-0 tinha um desvio para o vermelho entre 14,12 e 14,4. Agora, com estas detecções de oxigênio, ambas as equipes apontam para uma distância correspondente a um desvio para o vermelho de cerca de 14,18.
Este trabalho foi apresentado em dois artigos científicos que foram publicados no periódico The Astrophysical Journal.
Fonte: ESO