Astrônomos da Universidade de Warwick descobriram um sistema estelar binário compacto, de massa elevada e extremamente raro, a apenas 150 anos-luz de distância.
© M. Garlick (colisão de duas estrelas anãs brancas)
Estas duas estrelas estão separadas por apenas 1/60 da distância Terra-Sol, e se movem em rota de colisão para explodir como uma supernova do Tipo Ia, aparecendo 10 vezes mais brilhante do que a Lua no céu noturno.
As supernovas de Tipo Ia são uma classe especial de explosões cósmicas, famosas por serem usadas como "velas padrão" para medir as distâncias entre a Terra e as galáxias que as acolhem. Ocorrem quando uma anã branca (o núcleo denso remanescente de uma estrela) acumula demasiada massa, é incapaz de resistir à sua própria gravidade e explode.
Há muito que se prevê teoricamente que duas anãs brancas em órbita são a causa da maioria das explosões de supernova de Tipo Ia. Quando numa órbita próxima, a anã branca mais massiva do par acumula gradualmente material da sua parceira, o que leva a que essa estrela (ou ambas) exploda.
Esta descoberta não só encontrou pela primeira vez um sistema deste tipo, como encontrou um par compacto de anãs brancas mesmo à nossa porta cósmica, na Via Láctea. O novo sistema é o mais massivo do seu gênero alguma vez confirmado, com uma massa combinada de 1,56 vezes a do Sol. Com uma massa tão elevada, isto significa que as estrelas estão destinadas a explodir. No entanto, a explosão só ocorrerá daqui a 23 bilhões de anos e, apesar de estar tão perto do nosso Sistema Solar, esta supernova não porá o nosso planeta em perigo.
Utilizando dados do NOT (Nordic Optical Telescope) e do telescópio William Herschel, ambos localizados no Observatório Roque de Los Muchachos (Garafía, La Palma), a equipe conseguiu compreender os pormenores precisos de como as duas estrelas chegarão ao seu fim.
Neste momento, as anãs brancas estão girando em torno uma da outra, numa órbita que dura mais de 14 horas. Ao longo de bilhões de anos, a radiação das ondas gravitacionais fará com que as duas estrelas espiralem uma em direção à outra até que, no limiar do evento de supernova, estarão se movendo tão rapidamente que completam uma órbita em apenas 30 a 40 segundos.
Para o evento de supernova, a massa será transferida de uma anã para a outra, resultando numa rara e complexa explosão de supernova através de uma detonação quádrupla. A superfície da anã que ganha massa detona primeiro onde está acumulando material, fazendo com que o seu núcleo exploda em segundo lugar. Isto ejeta material em todas as direções, colidindo com a outra anã branca, fazendo com que o processo se repita para uma terceira e quarta detonação.
As explosões destruirão completamente todo o sistema, com níveis de energia de um octilhão de vezes superiores aos da mais poderosa bomba nuclear. Em bilhões de anos no futuro, esta supernova aparecerá como um ponto de luz muito intenso no céu noturno.
Caso a Terra ainda exista, em comparação, fará com que alguns dos objetos mais brilhantes pareçam tênues, aparecendo até dez vezes mais brilhante do que a Lua e 200.000 vezes mais brilhante do que Júpiter.
Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.
Fonte: Instituto de Astrofísica de Canarias