quarta-feira, 30 de abril de 2025

As "super-Terras" com órbitas muito alongadas

Um novo estudo mostra que os planetas maiores do que a Terra e menores do que Netuno são comuns para lá do Sistema Solar.

© U. Westlake (populações de planetas na direção do bojo da Via Láctea)

A mesma equipe internacional anunciou também a descoberta de um exoplaneta com cerca de duas vezes o tamanho da Terra, que orbita a sua estrela a uma distância superior à de Saturno em torno do Sol. Estes resultados são outro exemplo de como os sistemas planetários podem ser diferentes do nosso Sistema Solar.

Este objeto é uma "super-Terra", que é maior do que o nosso planeta natal, mas menor do que Netuno, e está num local onde antes só se encontravam planetas milhares ou centenas de vezes mais massivos do que a Terra. 

A descoberta desta nova super-Terra, mais distante, é ainda mais significativa porque faz parte de um levantamento mais alargado. Ao medir as massas de muitos planetas relativamente às estrelas que os acolhem, foi descoberto novas informações sobre as populações de planetas na Via Láctea. 

Este estudo utilizou microlentes gravitacionais, um efeito em que a luz de objetos distantes é ampliada por um corpo interveniente, como um planeta. As microlentes são particularmente eficazes para encontrar exoplanetas a grandes distâncias, aproximadamente entre as órbitas da Terra e de Saturno, das suas estrelas hospedeiras. O maior estudo do seu gênero, este trabalho tem cerca de três vezes mais exoplanetas e inclui alguns cerca de oito vezes menores do que amostras anteriores encontradas usando a técnica de microlente. 

Os pesquisadores utilizaram dados da KMTNet (Korea Microlensing Telescope Network). Esta rede é constituída por três telescópios no Chile, África do Sul e Austrália, o que permite um monitoramento ininterrupto do céu noturno.

O nosso Sistema Solar é constituído por quatro planetas interiores pequenos e rochosos (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) e quatro planetas exteriores grandes e gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno). As pesquisas exoplanetárias efetuadas até à data utilizando outras técnicas, ou seja, de planetas em trânsito com telescópios como o Kepler e o TESS e pesquisas de velocidade radial, mostraram que outros sistemas podem conter uma variedade de planetas pequenos, médios e grandes em órbitas menores do que a da Terra em torno do Sol. O último trabalho da equipe liderada pelo Centro de Astrofísica do Harvard & Smithsonian mostra que as super-Terras também são comuns nas regiões exteriores de outros sistemas solares.

Este resultado sugere que, em órbitas semelhantes às de Júpiter, a maioria dos sistemas planetários pode não espelhar o nosso Sistema Solar. Os astrônomos estão também tentando determinar quantas super-Terras existem em comparação com o número de exoplanetas do tamanho de Netuno. Este estudo mostra que existem pelo menos tantas super-Terras quanto planetas do tamanho de Netuno.

Um artigo foi publicado na revista Science.

Fonte: Harvard–Smithsonian Center for Astrophysics