Uma equipe internacional de astrônomos liderada pela estudante Ashley Chontos da Universidade do Havaí, anunciou a confirmação do primeiro candidato a exoplaneta identificado pela missão Kepler da NASA.
© IAC/Gabriel Perez Diaz (ilustração do sistema Kepler-1658)
Lançado há quase exatamente 10 anos atrás, o telescópio espacial Kepler descobriu milhares de exoplanetas usando o método de trânsito, que denota pequenas diminuições no brilho estelar quando um ou mais planetas passam em frente da estrela, da perspetiva do Sistema Solar. Dado que outros fenômenos podem imitar os trânsitos, os dados do Kepler revelam candidatos a planeta, mas são necessárias análises adicionais para os confirmar como planetas genuínos.
Apesar de ter sido o primeiro candidato a planeta descoberto pelo telescópio espacial Kepler da NASA, o objeto agora conhecido como Kepler-1658b teve um caminho difícil até à confirmação. A estimativa inicial do tamanho da estrela progenitora estava incorreta, de modo que os tamanhos de Kepler-1658 e de Kepler-1658b foram amplamente subestimados. Mais tarde, foi posto de lado como falso positivo, quando os números não faziam muito sentido para os efeitos vistos na sua estrela para um corpo daquele tamanho. Por sorte, o primeiro projeto científico de Chontos, que se concentrou na reanálise das estrelas do Kepler, teve lugar no momento certo.
"A nossa nova análise, que usa ondas sonoras estelares observadas nos dados do Kepler para caracterizar a estrela hospedeira, demonstrou que a estrela é de fato três vezes maior do que se pensava anteriormente. Isto, por sua vez, significa que o planeta é três vezes maior, revelando que Kepler-1658b é na realidade um Júpiter quente," explicou Chontos. Com esta análise refinada, tudo indicava que o objeto era realmente um planeta, mas ainda era necessária confirmação com novas observações.
O Kepler-1658 é 50% mais massiva e três vezes maior que o Sol. O planeta recém-confirmado orbita a uma distância de apenas duas vezes o diâmetro da estrela, tornando-o um dos planetas mais próximos de uma estrela evoluída, uma que se assemelha a uma futura versão do nosso Sol. À superfície de Kepler-1658b, a estrela teria 60 vezes o diâmetro do Sol quando visto da Terra.
Os planetas em órbita de estrelas evoluídas, parecidas com Kepler-1658, são raros, e a razão para esta ausência é pouco compreendida. A natureza extrema do sistema Kepler-1658 permite que os astrônomos coloquem novas restrições nas interações físicas complexas que podem fazer com que os planetas entrem em espiral em direção às suas estrelas hospedeiras. Os detalhes sobre Kepler-1658b sugerem que este processo ocorre mais lentamente do que se pensava e, portanto, pode não ser o principal motivo para a falta de planetas em torno de estrelas mais evoluídas.
Fonte: SETI Institute