O Very Large Telescope (VLT) do ESO conseguiu captar a nebulosa etérea que se esconde nos cantos mais escuros da constelação de Órion, a NGC 1788, também conhecida por Morcego Cósmico.
© ESO/VLT (NGC 1788)
Esta nebulosa de reflexão em forma de morcego não emite radiação, em vez disso é iluminada por um aglomerado de estrelas jovens que se situa no seu centro, fracamente visível através das nuvens de poeira. Os instrumentos científicos sofreram grandes avanços desde que a NGC 1788 foi descrita pela primeira vez, o que faz com que esta imagem obtida pelo VLT seja a mais detalhada de sempre.
Apesar desta nebulosa fantasmagórica parecer estar isolada de outros objetos cósmicos, os astrônomos acreditam que a sua forma foi moldada por poderosos ventos estelares emitidos por estrelas massivas que se encontram mais longe. Estas correntes de plasma abrasador são lançadas, a grandes velocidades, a partir da atmosfera superior de uma estrela, moldando as nuvens que isolam as jovens estrelas do Morcego Cósmico.
A NGC 1788 foi inicialmente descrita pelo astrônomo William Herschel, que a incluiu num catálogo que serviu mais tarde de base para uma das maiores coleções de objetos do céu profundo, o New General Catalogue (NGC).
Em 1864 John Herschel publicou o Catálogo Geral de Nebulosas e Aglomerados (General Catalogue of Nebulae and Clusters), construído a partir de catálogos extensos e que continha mais de 5 mil entradas de objetos do céu profundo. Vinte e quatro anos mais tarde, este catálogo foi expandido por John Louis Emil Dreyer e publicado como o Novo Catálogo Geral de Nebulosas e Aglomerados de Estrelas (New General Catalogue of Nebulae and Clusters of Stars — NGC), uma coleção bastante exaustiva de objetos do céu profundo.
Uma imagem desta nebulosa pequena e tênue tinha sido já captada pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no entanto esta nova imagem não tem qualquer comparação. Parado em voo, os detalhes minuciosos das asas poeirentas do Morcego Cósmico foram obtidas no vigésimo aniversário de um dos instrumentos mais versáteis do ESO, o FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2).
O FORS2 é um instrumento que se encontra montado no Antu, um dos telescópios principais de 8,2 metros do VLT, situado no Observatório do Paranal, e a sua capacidade de observar enormes áreas do céu com extremo detalhe tornou-o num dos membros mais procurados de entre a frota de instrumentos científicos de vanguarda do ESO. Desde a sua primeira luz há 20 anos atrás, o FORS2 tornou-se no “canivete suíço dos instrumentos”. Esta designação vem da sua enorme variedade de funções. A versatilidade do FORS2 estende-se para além do uso puramente científico, a sua capacidade de captar belas imagens de elevada qualidade como esta é particularmente útil na divulgação científca.
Fonte: ESO