quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Imagem de explosão de supernova em 3D

Astrônomos utilizaram o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), para capturar a primeira imagem tridimensional de uma explosão estelar, também conhecida como supernova.
supernova SN 1987A
© ESO (supernova SN1987A)
A escolhida foi a SN 1987A, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa. Essa supernova foi descoberta em 1987 e foi a primeira a ser vista a olho nu em 383 anos.
As estrelas de grande massa morrem de uma maneira particular, através de uma gigantesca explosão, arremessando uma grande quantidade de material no espaço. A descoberta de SN 1987A permitiu aos astrônomos estudarem melhor esse fenômeno com detalhes nunca antes vistos.
O estudo dessa supernova permitiu, por exemplo, a primeira detecção de neutrinos do núcleo interno da estrela, de elementos radioativos produzidos durante a explosão, a formação de poeira após o fenômeno, entre muitas outras descobertas sobre a morte das grandes estrelas.
Com as novas observações do VLT, o ESO afirma que os astrônomos serão capazes de reconstruir em 3D as partes centrais da explosão. Os cientistas já descobriram que a explosão foi mais forte e rápida em determinadas direções do que em outras, o que levou a um formato irregular, com algumas partes se alongando mais.
O primeiro material ejetado da supernova viajou a 100 milhões de km/h, cerca de 10% da velocidade da luz e 100 mil vezes mais rápido que um jato de passageiros. Apesar da velocidade, esse material demorou 10 anos para atingir o anel de gás e poeira que é formado na fase final da vida da estrela. As imagens indicam que outra onda de material emitido pela explosão viaja cerca de 10 vezes mais lentamente e é aquecido pelos elementos radioativos criados pelo fenômeno.
"Calculamos a distribuição de velocidades do material ejetado pela Supernova 1987A", diz a autora principal do estudo Karina Kjær. "Ainda não compreendemos bem como explode uma supernova, mas o modo como a estrela explodiu encontra-se imprimido no material mais interior. Podemos ver que este material não foi ejetado simetricamente em todas as direções, mas parece ter uma direção privilegiada. Além disso, essa direção é diferente daquela que esperávamos, baseados na posição do anel."
As observações comprovariam modelos feitos em computador de como explodem essas estrelas. Esses modelos já mostravam o comportamento assimétrico e também indicavam instabilidades de larga escala na supernova.
Fonte: ESO

Descoberta pulsação na aurora de Saturno

Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo britânico  Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester, descobriu que a aurora de Saturno, um tênue brilho em radiação ultravioleta que ilumina a atmosfera superior do planeta junto aos polos, pulsa num ritmo aproximado de uma vez ao dia.
Saturno em ultravioleta
© NASA/ESA (Saturno em ultravioleta, com o brilho das auroras)
A duração do dia de Saturno tem sido objeto de muita discussão, desde que se descobriu que o "relógio" tradicional usado para medir a rotação do planeta, um gigante gasoso sem uma superfície sólida para servir de referência, aparentemente não é muito preciso.
Saturno, como todos os planetas magnetizados, emite ondas de rádio a partir de suas regiões polares. Essas emissões pulsam com um período próximo a 11 horas, e o intervalo dos pulsos foi presumido, durante a época das sondas Voyager, representante da rotação do planeta. No entanto, ao longo dos anos, o período da pulsação da emissão de rádio tem variado. Como a rotação de um planeta não muda facilmente, a caçada pela fonte da variação do rádio se tornou um problema significativo para ao estudo do planeta.
Agora, a equipe de Nichols se vale de imagens do Telescópio Espacial Hubble para mostrar que não apenas as emissões de rádio pulsam, mas as auroras também, e de forma sincronizada.
Segundo Nichols, o resultado é importante por fornecer um elo entre as auroras e as emissões de rádio, além de fornecer mais um dado para um possível diagnóstico da irregularidade das pulsações.
Fonte: Geophysical Research Letters

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ondas gravitacionais primordiais do Universo

As ondulações no tecido do espaço-tempo poderão algum dia fornecer provas observáveis das atividades dos instantes iniciais do Universo, revelando processos de alta energia atualmente inacessíveis até mesmo para os colisores de partículas.
antena espacial de interferômetro a laser
© NASA (antena espacial de interferômetro a laser)
As chamadas ondas gravitacionais estão previstas na teoria geral da relatividade de Albert Einstein, onde objetos em movimento perturbam o espaço-tempo, gerando ondas semelhantes às de um barco navegando em um lago. Mas elas tendem a ser sutis e apenas os peso-pesados celestes produziriam efeitos detectáveis. Até hoje se encontraram somente evidências indiretas das ondas gravitacionais, apesar da construção de detectores extremamente sensíveis destinados a investigar provas mais diretas na forma de ondas que emanam de cataclismos próximos, como a colisão de duas estrelas de nêutron ultradensas.
Uma resenha publicada na revista Science apresenta as perspectivas de detecção de mais ondas gravitacionais primordiais, aquelas produzidas no Universo inicial e que talvez ainda possam ser detectadas pela marca que deixaram há bilhões de anos ou pelas ondulações que persistem até hoje.
Tais ondas primordiais poderiam constituir o melhor meio de se testar modelos cosmológicos como o da inflação, que sustenta que o Universo recém-nascido inflou de um minúsculo ponto para algo cerca de 1026 vezes maior em apenas um átimo de segundo. "É difícil imaginar um mecanismo que nos abra uma janela direta para um tempo próximo ao instante da criação", diz Lawrence Krauss, físico teórico da Universidade do Estado do Arizona e co-autor do estudo.
O primeiro lugar para se procurar a marca das ondas gravitacionais é no Fundo Cósmico de Microondas (CMB, na sigla em inglês), radiação remanescente de apenas 380 mil anos após o Big Bang e cujas flutuações de temperatura mapeiam regiões de maior e menor densidade do Universo jovem, fornecendo pistas importantes sobre sua formação e suas estruturas componentes. A mensuração dessas flutuações, iniciada pela Nasa por meio da Sonda Anisotrópica de Microondas Wilkinson (WMPA, na sigla em inglês), foi aprimorada em 2009 com o lançamento do satélite Planck pela Agência Espacial Europeia.
Os mapas do CMB feitos pelo WMPA deram impulso à teoria da inflação cósmica, confirmando amplamente as predições do modelo inflacionário sobre a aparência do Universo inicial, e medições mais precisas poderão trazer novas confirmações. "Os mesmos eventos que acreditamos terem formado os hot spots do fundo cósmico de microondas podem ter produzido ondas gravitacionais, cuja magnitude podemos estimar. A próxima geração de satélites talvez nos permita ao menos observar seus efeitos", diz Krauss.
Richard Easther, cosmólogo da Yale University, observa que as medições do CMB já estão fornecendo pistas, embora não completas, sobre a alvorada do Universo. "Na verdade, alguns cenários inflacionários já foram descartados porque produziriam mais ondas gravitacionais do que as mensurações atuais permitem, principalmente as da missão WMAP", diz. O Planck e outros experimentos agora estão trabalhando para superar limites ainda mais estritos. "Se a natureza nos ajudar, poderemos ter a primeira evidência das ondas gravitacionais inflacionárias já nos próximos anos", diz Easther. Mas se o Planck e seus contemporâneos não obtiverem essas provas, uma missão mais especializada de mensuração da polarização poderá ser necessária.
Fonte: Scientific American Brasil

Sol dispara jato de plasma para a Terra

Depois de um longo período de calmaria, o Sol está acordando, fato identificado no dia primeiro deste mês pelos astrônomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA). A superfície da estrela entrou em erupção e lançou toneladas de plasma no espaço interplanetário, que está vindo em nossa direção.
imagem do Sol em raios X
© NASA (imagem do Sol em raios X feita pela sonda SDO)
"Esta erupção está apontada diretamente para nós, e espera-se que chegue no dia 4 de agosto", disse, o astrônomo  Leon Golub. "É a primeira grande erupção voltada para a Terra em um bom tempo".
A erupção, chamada ejeção de massa coronal, foi registrada pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da Nasa, lançado ao espaço em fevereiro deste ano e que produz imagens de alta definição do Sol em várias frequências.
Quando uma ejeção de massa coronal atinge a Terra, ela interage com o campo magnético e pode criar uma tempestade geomagnética, onde partículas do Sol fluem pelas linhas de força do campo magnético na direção dos polos terrestres e colidem com os átomos da atmosfera. Esses fenômenos, conhecidos como auroras, normalmente só são visíveis em altas latitudes, em locais afastados do equador.
O Sol passa por um ciclo de atividade de cerca de 11 anos. A última máxima de atividade solar ocorreu em 2001, e a mínima mais recente foi particularmente prolongada. A erupção pode ser um sinal de que o Sol finalmente retomou sua ativadade.
Fonte: NASA

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

IceCube detecta padrão inexplicável de raios cósmicos

O Observatório de Neutrinos IceCube, localizado nas profundezas de gelo do Pólo Sul, embora ainda esteja em fase de construção, já está produzindo resultados científicos.
O mais impressionante é que, ao contrário dos achados iniciais do LHC, que validaram as teorias fundamentais da Física, o IceCube descobriu um fenômeno para o qual o inusitado telescópio sequer foi projetado para estudar.
O "mapa do céu" parcial gerado por seus dados mostra a intensidade relativa dos raios cósmicos que atingem diretamente o Hemisfério Sul da Terra.
mapa gerado pelo IceCube
© IceCube (dados obtidos da intensidade relativa de raios cósmicos)
Ao contrário do previsto, o mapa mostra um padrão incomum de raios cósmicos, com uma abundância (cores mais quentes) detectada em uma parte do céu e uma escassez (cores mais frias) em outro.
O IceCube é um telescópio que capta partículas subatômicas chamadas neutrinos, especialmente neutrinos de alta energia que atravessam a Terra, fornecendo informações sobre eventos cósmicos distantes como supernovas e buracos negros; os eventos detectados no Pólo Sul acontecem no âmbito do espaço visível do Hemisfério Norte.
laboratório IceCube
© IceCube Lab (localização na Antártida)
Entretanto, um dos desafios de detectar essas partículas relativamente raras é que o telescópio é constantemente bombardeado por outras partículas, incluindo muitas geradas pela interação dos raios cósmicos com a atmosfera da Terra sobre a metade sul do céu.
Para a maioria dos físicos da equipe do IceCube estas partículas são simplesmente ruído de fundo. Mas pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, identificaram uma oportunidade de pesquisa nesses dados de raios cósmicos.
"O IceCube não foi construído para observar raios cósmicos. Raios cósmicos são considerados ruído de fundo. No entanto, temos bilhões de eventos de fundo nesses raios cósmicos que acabaram se mostrando muito emocionantes," explica Rasha Abbasi, que fez a descoberta juntamente com seus colegas Paolo Desiati e Juan Carlos Díaz-Vélez.
Eles identificaram um padrão incomum na intensidade relativa dos raios cósmicos incidentes sobre o hemisfério Sul da Terra, com um excesso de raios cósmicos detectados em uma parte do céu e um défice em outro.
Segundo a cientista, essa "anisotropia" vem confirmar experimentos anteriores feitos no Hemisfério Norte, servindo mesmo para validá-los, mas a fonte dessa desigualdade ainda é um mistério.
"Observar esta anisotropia se estendendo também pelo céu do Hemisfério Sul é mais uma peça do quebra-cabeças em torno deste efeito enigmático, se é devido ao campo magnético ao nosso redor ou é o efeito dos restos de uma supernova nas proximidades, nós não sabemos," disse Abbasi.
Uma das hipóteses para o padrão irregular nos raios cósmicos pode estar nos restos de uma supernova que explodiu há relativamente pouco tempo nas proximidades do Sistema Solar, cuja localização corresponde a uma das concentrações de raios cósmicos registradas no mapa anisotrópico.
A outra é que o padrão de raios cósmicos revela detalhes sobre os campos magnéticos interestelares produzido por gases de partículas eletricamente carregadas em movimento perto da Terra, que são difíceis de estudar e, por isso mesmo, pouco compreendidos.
Em vez de uma gigantesca lente dirigida para os céus, o telescópio IceCube consiste de longas "cordas", cada uma contendo 60 sensores ópticos, mergulhadas em furos que atingem mais de 1,5 km de profundidade.
estrutura do IceCube
© Abbasi et al. (estrutura telescópio IceCube)
A imagem mostra o telescópio IceCube comparado com a torre Eiffel com 324 metros de altura. No topo central está o laboratório IceCube.
No topo de cada corda contendo os detectores de profundidade estão um par de tanques, chamados IceTop, contendo dois detectores principais.
Quando estiver concluído, em 2011, o IceCube terá 86 dessas "linhas de sensores", ocupando um quilômetro cúbico de gelo da Antártida, somando mais de 5 mil sensores digitais ópticos.
Por incrível que pareça, mesmo estando nas profundezas do Pólo Sul, são necessárias sete semanas para que a água dos tanques congele perfeitamente, sem bolhas e nem trincas, que poderiam obstruir os minúsculos flashes gerados quando as partículas atravessam o gelo.
Os neutrinos estão entre os constituintes da matéria mais fundamentais. Como não têm carga e interagem muito pouco com a matéria, essas partículas podem viajar distâncias astronômicas sem se chocarem com nada, um neutrino tem tão pouca massa que ele pode atravessar um cubo de chumbo com um ano-luz de aresta, sem se chocar com nenhum átomo de chumbo.
O estudo recém-publicado foi baseado em dados obtidos quando o IceCube tinha apenas 22 linhas de detectores ópticos. Os cientistas agora estão analisando dados obtidos por 59 e por 79 linhas, que deverão aumentar enormemente a resolução do mapa do céu, dando mais detalhes da inexplicável anisotropia dos raios cósmicos.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Luas perturbam os anéis de Saturno

Os anéis de Saturno não são discos impassíveis de partículas: o material que os compõe é constantemente puxado e empurrado, o que causa deformações que se propagam pelo sistema.
anéis de Saturno
© NASA/Cassini (anéis de Saturno e as luas Dafne e Pã)
À esquerda na da imagem, a lua Dafne, com 8 km de diâmetro, afeta o material ao orbitar a Falha de Keeler, no Anel A. A lua tem uma órbita inclinada, e seu puxão gravitacional perturba as partículas na borda do anel, esculpindo a borda em ondas. O material na borda externa move-se mais devagar que a lua, então as ondas ficam no rastro de Dafne. À direita, o material na borda da falha de Encke apresenta ondas provocadas pela lua Pã, que possui 28 km de diâmetro.
A imagem, divulgada agora pela NASA, foi feita em luz visível em 3 de junho pela sonda Cassini, que se encontrava a uma distância de 531.000 km de Saturno. A escala é de 3 quilômetros por pixel.
Fonte: NASA

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Encontrada anã marrom em órbita de estrela semelhante ao Sol

Uma equipe internacional de astrônomos, usando Telescópio Gemini Sul, baseado no Chile, encontrou uma estrela anã marrom em uma órbita estreita ao redor de uma estrela semelhante ao Sol. Anãs marrons são astros maiores que planetas mas ainda incapazes de iniciar a fusão nuclear necessária para se tornarem estrelas normais.
 anã marron comparada com outros astros
© Observatório Gemini (anã marron comparada com outros astros)
O que torna a descoberta especial, de acordo com seus autores, é a proximidade entre a anão marrom, com 36 vezes a massa de Júpiter, chamada PZ Tel B, e sua estrela primária, PZ Tel A. Elas são separadas por apenas 18 Unidades Astronômicas (UA), aproximadamente a mesma distância entre Urano e o Sol.
sistema PZ Tel
© Observatório Gemini (PZ Tel A e PZ Tel B)
A maioria das anãs marrons jovens e planetas encontrados por observação direta estão separados da estrela principal de seus sistemas por distâncias maiores que 50 UA, superior à que existe entre o Sol e Plutão.
A estrela principal, PZ Tel A, é uma versão mais jovem do Sol, de massa semelhante mas com apenas 12 milhões de anos; o Sol tem quase 5 bilhões de anos. Isso faz do sistema PZ Tel um laboratório importante para estudar os estágios iniciais da formação de sistemas solares.
Fonte: Astrophysical Journal Letters

Descobertos pares de planetas gigantes ligados entre si

Centenas de planetas extrassolares já foram descobertos nos últimos 15 anos, a maioria deles mundos solitários orbitando suas estrelas em aparente isolamento. Novas observações, no entanto, mostraram que um terço dos sistemas contém dois ou mais planetas, mas distantes entre si. Agora, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) descobriram dois sitemas com pares de planetas gigantes presos num abraço orbital.
exoplanetas gasosos em órbita de um estrela
© Cheongho Han/IACE da Coreia (exoplanetas em órbita da estrela)
Em um dos sistemas, o par planetário gira em torno da estrela moribunda HD 200964, localizada a cerca de 223 anos-luz da Terra, a dança gravitacional dos planetas é mais apertada que em qualquer outro par já visto.
Um sistema planetário com gigantes tão próximos seria destruído rapidamente se os planetas não estivessem fazendo uma oscilação sincronizada. “É um enigma como os planetas acharam o ritmo”, acrescenta Eric Ford, da Universidade da Flórida.
Todos os quatro exoplanetas recém-descobertos são gigantes gasosos com mais massa que Júpiter, e como a maioria dos planetas já descobertos fora do Sistema Solar, foram encontrados medindo-se o deslocamento que causam na estrela central de seus sistemas.
A distância entre os planetas orbitando HD 200964 pode chegar a 0,35 UA (Unidade Astronômica), comparável à distância que separa a Terra de Marte.
Os planetas em órbita da segunda estrela estudada, 24 Sextanis, a 244 anos-luz da Terra, estão a 0,75 UA, ou cerca de 100 milhões de quilômetros. Em comparação, Júpiter e Saturno nunca estão a menos de  500 milhões de quilômetros um do outro.
Por causa de suas grandes massas e pequena distância, cada um dos planetas exerce uma profunda influência gravitacional em seu parceiro. A atração entre os planetas de HD 200964, por exemplo, é 700 vezes maior que o que existe entre a Terra e a Lua.
Os pares se mantém estáveis porque suas órbitas se encontram em ressonância. Quando planetas entram em ressonância, seus períodos orbitais se relacionam em uma razão de pequenos números inteiros. Numa ressonância 2:1, por exemplo, o planeta mais externo do par completa uma volta em torno da estrela no mesmo tempo em que o interior completa duas.
Os planetas de 24 Sextanis estão presos numa ressonância 2:1, que é o padrão mais comum e estável. Já os de HD 200964 estão num padrão 4:3.
Fonte: Astromical Journal

quarta-feira, 28 de julho de 2010

ESO divulga imagens de estrela brilhante

O Observatório Europeu do Sul, ESO, divulgou novas imagens obtidas com o instrumento Wide Field Imager, situado no Observatório de La Silla, Chile, da estrela brilhante WR 22, situada na região da Nebulosa de Carina.
WR 22
 © ESO (WR 22 e Nebulosa Carina)
O corpo celeste faz parte de um sistema de estrelas duplas e a sua massa é de pelo menos 70 vezes maior que a do Sol. Embora a estrela esteja a mais de 5 mil anos-luz de distância da Terra, é tão brilhante que pode ser observada a olho nu, se dispusermos de boas condições de observação.
As estrelas de grande massa morrem novas e algumas delas emitem, ao final das suas vidas, uma radiação tão intensa que liberam matéria para o espaço milhões de vezes mais depressa que as estrelas relativamente calmas, como é o caso do Sol. Estas estrelas raras, muito quentes e de grande massa são conhecidas como estrelas Wolf-Rayet, nomeadas pelos dois astrônomos franceses que primeiro as identificaram em 1867 por Charles Wolf e George Rayet usando espectroscopia visual no Observatório de Paris.
A WR 22 é um corpo celeste excepcionalmente brilhante. Associada à Nebulosa de Carina, também conhecida como NGC 3372, e a zona exterior desta imensa região de formação estelar. Situada no sul da Via Láctea forma o colorido resplandecente da imagem.
Fonte: ESO

sábado, 24 de julho de 2010

Nasa divulga o mais completo mapa de Marte

O melhor atlas já feito do planeta Marte está disponível na internet, onde pode ser consultado por cientistas profissionais, amadores ou internautas curiosos. O acesso é através do site da Universidade Estadual do Arizona. A seguir uma imagem do atlas de Marte com zoom no Olympus Mons, o maior vulcão do sistema solar.
olympus mons em marte
© NASA (Olympus Mons em Marte)
O mapa foi construído a parir de 21.000 fotografias obtidas pelo Sistema de Imagem por Emissão Térmica ("Themis"), uma câmera de infravermelho a bordo da sonda Mars Odissey, da Nasa. A câmera  começou a fotografar Marte há oito anos.
As imagens foram suavizadas, combinadas, misturadas e controladas cartograficamente, para produzir um mosaico gigantesco. Usuários podem "deslizar" sobre as fotos, ampliá-las ou reduzi-las.
relevo da superfície marciana
© NASA (relevo da superfície marciana)
Em zoom total, os menores detalhes da superfície têm diâmetro de 100 metros. Algumas regiões específicas de Marte já foram fotografadas em resolução maior, mas esta é a melhor disponível para o planeta como um todo.
O programa JMARS (Java Mission-planning and Analysis for Remote Sensing) é um sistema de mapeamento geoespacial do planeta Marte por intermédio de sondas de várias missões da NASA, tais como: Mars Explorer, Mars Odyssey e Mars Reconnaissance Orbiter. O programa pode ser obtido via download através dos links:
Fonte: NASA

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A maior molécula existente no espaço

O Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, descobriu no espaço, pela primeira vez, moléculas de carbono  chamadas de fulerenos, conhecidas como buckyballs, que consistem de 60 (C60) ou 70 (C70) átomos de carbono dispostos em estruturas esféricas tridimensionais, alternando hexágonos e pentágonos, que foram observadas pela primeira vez em laboratório há apenas 25 anos.
fulerenos
© NASA (desenho de moléculas de fulerenos)
Elas devem seu nome à semelhança com as cúpulas geodésicas do arquiteto Buckminster Fuller, que têm círculos interligados na superfície de uma meia-esfera. Os cientistas já acreditavam que elas poderiam existir flutuando no espaço, mas ninguém havia conseguido detectá-las até agora. As bolas de carbono foram localizadas em uma nebulosa planetária chamada Tc 1. Elas foram encontradas nessas nuvens, talvez refletindo uma fase curta da vida da estrela, quando ela arremessa para o espaço uma nuvem de material rico em carbono.
“Nós encontramos aquelas que são agora as maiores moléculas existentes no espaço. Estamos particularmente entusiasmados porque elas têm propriedades únicas que as torna elementos importantes para todos os tipos de processos físicos e químicos acontecendo no espaço”, disse o astrônomo Jan Cami, da Universidade de Western Ontario, no Canadá.
modos de vibração dos fulerenos
© NASA/Spitzer (espectro dos fulerenos)
Estas moléculas estão aproximadamente a temperatura ambiente, a temperatura ideal para emitir os distintos padrões de luz infravermelha que o Spitzer consegue detectar. Segundo Cami, o Spitzer olhou para o lugar certo na hora certa. Um século mais tarde, e as buckyballs poderiam estar frias demais para serem detectadas.
As buckyballs vibram em uma grande variedade de modos, são 174 maneiras diferentes de oscilar, para ser mais exato. Quatro desses modos de vibração fazem as moléculas absorver ou emitir luz infravermelha. Todos os quatro modos foram detectados pelo Spitzer.
Os astrônomos estudaram os dados, um espectro como o mostrado na figura, para identificar as assinaturas, espécies de impressões digitais das moléculas. Os quatro modos de vibração das buckyballs estão indicados pelas setas vermelhas. Da mesma forma, o Spitzer identificou os quatro modos de vibração das moléculas C70, indicados pelas setas azuis.
O professor Harold W. Kroto da Universidade Estadual da Flórida e Nobel de Química em 1996 pela descoberta dos fulerenos comemorou o fato, e disse: "Esse avanço entusiasmante fornece provas convincentes de que os fulerenos, como sempre suspeitei, existiram desde tempos imemoriais nos recantos escuros da nossa galáxia.
Fonte: Science e NASA

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Estrela hiperveloz é expulsa da Via Láctea

Cem milhões de anos atrás, um sistema estelar triplo passava pelo movimentado centro  da Via Láctea quando passou perto demais do buraco negro central da galáxia, que capturou uma das estrelas arremessou as outras duas para fora da Via Láctea. No caminho, as duas estrelas ejetadas fundiram-se numa só.
movimento da estrela HE 0437-5439
© NASA (ilustração do movimento da estrela HE 0437-5439)
Essa história é, de acordo com pesquisadores que fizeram uso do Telescópio Espacial Hubble, o cenário mais provável para a chamada "estrela hiperveloz", conhecida como HE 0437-5439 e uma das mais rápidas já detectadas. Ela está abrindo caminho pelo espaço a uma velocidade de 2,5 milhões de quilômetros por hora, três vezes a velocidade orbital do Sol em torno do núcleo da galáxia.
 sistema triplo de estrelas na via láctea-1         sistema triplo de estrelas na via láctea-2
sistema triplo de estrelas na via láctea-3          sistema triplo de estrelas na via láctea-4
sistema triplo de estrelas na via láctea-5
 © NASA/Cosmo Novas (ilustração do sistema triplo de estrelas)
As observações feitas pelo Hubble confirmam que a estrela emerge do centro da Via Láctea. A seguir a imagem mostra a localização da estrela HE 0437-5439).
  localização da estrela HE 0437-5439
© Cartes du Ciel/Cosmo Novas (localização da HE 0437-5439)
Astrônomos acreditam que a maioria das cerca de 16 estrelas hipervelozes conhecidas são exiladas do núcleo da galáxia, mas o resultado atual é a primeira observação direta ligando numa estrela de altíssima velocidade ao centro.
"Usando o Hubble, podemos traçar da onde a estrela vem, medindo sua direção de movimento pelo céu. Sua direção aponta diretamente para fora do núcleo", disse, o astrônomo Warren Brown, do Centro  Harvard-Smithsonian de Astrofísica, nos EUA. "Essas estrelas exiladas são raras na população de 100 bilhões de estrelas da Via Láctea. Para cada 100 milhões de estrelas da galáxia há uma estrela hiperveloz".
Os movimentos dessas estrelas desligadas da galáxia podem revelar a forma de distribuição da matéria escura que cerca a galáxia. "O puxão gravitacional da matéria escura é medido pelo formato da trajetória das estrelas hipervelozes para fora da Via Láctea", explica Oleg Gnedin, da Universidade de Michigan.
A estrela exilada já está percorrendo a periferia distante da Via Láctea, bem acima do disco galáctico, a cerca de 200.000 anos-luz do centro. Em comparação, o diâmetro da Via Láctea é de 100.000 anos-luz.
Com base em sua posição e velocidade, HE 0437-5439 teria de ter 100 milhões de anos de idade para ter tido tempo de viajar do núcleo galáctico até sua posição atual. Mas sua massa, que é nove vezes a do Sol , e sua cor azul significam que ela deveria ter se apagado em apenas 20 milhões de anos.
A explicação mais provável é que a estrela tenha nascido como parte de um sistema triplo, e surgido por meio da fusão de duas parceiras. Esse conceito de o buraco negro central da galáxia emprestar a estrelas velocidade suficiente para que escapem de vez da Via Láctea foi proposto originalmente em 1988. A teoria prevê que o buraco negro deve ejetar uma estrela a cada 100.000 anos.
Fonte: NASA

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A estrela de maior massa do Universo?

Astrônomos britânicos descobriram o que se acredita ser a estrela de maior massa do Universo, cuja massa atual é 265 vezes maior do que o Sol e a luminosidade cerca de 10 milhões de vezes mais intensa.
 cluster RMC 136a
© ESO (agrupamento de estrelas RMC 136a)
Usando o Telescópio Extremamente Grande, no Chile, da ESO (Organização Europeia para a Investigação Astronômica no Hemisfério Sul, na sigla em inglês), que reúne 14 países, e informações de arquivo capturadas pelo telescópio espacial Hubble, da Nasa (agência espacial americana), a equipe liderada pelo astrofísico Paul Crowther, da Universidade de Sheffield, calculou que a massa da estrela gigante teria sido 320 vezes maior que a do sol no momento de sua formação, ou seja, pelo menos o dobro da massa da maior estrela já encontrada.
estrela R136a1
© ESO (estrela RMC 136a1 no centro)
A estrela, batizada de RMC 136a1, faz parte do agrupamento de estrelas jovens RMC 136a. Os astrônomos também encontraram outras estrelas imensas no agrupamento NGC 3603.
NGC 3603
© NASA/Hubble (NGC 3603)
Ambos agrupamentos estelares foram apelidados de "fábricas de estrelas", já que novos astros se formam constantemente a partir da extensa nuvem de gás e poeira das nebulosas.
O NGC 3603 fica a 22 mil anos-luz do Sol, na Nebulosa da Tarântula, e o RMC 136a fica em uma galáxia vizinha à nossa, a Grande Nuvem de Magalhães, a 165 mil anos-luz de distância.
Segundo o artigo publicado na revista científica "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society", a expectativa é de que estrelas colossais como as encontradas existam apenas durante alguns milhões anos, antes de explodirem.
A existência de estrelas como essas, era mais comum no início do Universo. É pouco provável que alguma dessas estrelas venha a ter planetas orbitando a seu redor, já que demoram mais tempo para serem formados que a "curta" vida das estrelas.
Muitas das estrelas observadas têm temperatura superior a 40 mil graus Celsius, mais de sete vezes superior à temperatura do Sol, além de serem dezenas de vezes maiores e milhões de vezes mais brilhantes que o astro.
Com um pouco mais de um milhão de anos, a estrela mais extrema, a RMC 136a1 já está na 'meia idade' e perdeu mais de um quinto de sua massa inicial neste período, ou mais de 50 massas solares.
A seguir a imagem mostra o tamanho comparativo das estrelas.
tamanho das estrelas
 © Cosmo Novas (tamanho das estrelas)
Se a RMC 136a1 substituísse o Sol em nosso Sistema Solar, "a sua grande massa reduziria a duração de um ano na Terra para apenas três semanas e banharia o planeta em uma radiação ultravioleta incrivelmente intensa, tornando a vida impossível em sua superfíce", afirma Raphael Hirschi, da Universidade de Keele, integrante da equipe.
Estrelas como essas são extremamente raras e se formam apenas nos agrupamentos estelares mais densos.
Se houvesse algum planeta dentro do agrupamento RMC 136, o céu nunca escureceria, já que a densidade de estrelas na região é 100 mil vezes maior do que em torno do Sol e muitas delas são extremamente brilhantes.
A descoberta da RMC 136a1 provoca a extensão do limite do tamanho máximo para estrelas, que atualmente é de 150 massas solares.
Fonte: ESO e NASA

domingo, 18 de julho de 2010

Quasar gera lente gravitacional no espaço

Astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia, o Caltech, e da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, descobriram o primeiro caso de uma galáxia distante cuja imagem é ampliada pela gravidade de um quasar, que atua como uma lente. A descoberta é publicada na edição mais recente do periódico Astronomy & Astrophysics.
lente gravitacional gerada pelo quasar
© EPFL/Caltech/WMKO (quasar gera uma imagem dupla da galáxia)
Cientistas acreditam que quasares, objetos extremamente luminosos das regiões mais distantes do Universo, são alimentados pela energia de buracos negros supermassivos, no núcleo de galáxias. Um único quasar pode ser mais brilhante que uma galáxia inteira, o que torna o estudo das galáxias que abrigam esses objetos extremamente difícil. Mas a nova descoberta oferece uma janela para esse tipo de pesquisa.
"É meio como olhar para os faróis de um carro e tentar discernir a cor das bordas", disse Frédéric Courbin, de Lausanne, o principal autor do trabalho. Usando lentes gravitacionais é possível medir a massa das galáxias que hospedam quasares.
De acordo com a Teoria da Relatividade Geral, se uma grande massa, como uma galáxia, é posicionada na linha de visão entre a Terra e um outro objeto luminoso mais distante, parte da luz vinda dessa fonte vai se desviar. Por causa disso, um observador na Terra verá duas ou mais imagens do objeto de fundo, agora amplificado. A análise do fenômeno permite a dedução de propriedades do objeto que causa o efeito de lente.
Para descobrir a lente gravitacional de quasar, os astrônomos vasculharam uma grande base de dados acumulada pela Sloan Digital Sky Survey (SDSS). O melhor candidato, SDSS J0013+1523, foi encontrado a 1,6 bilhão de anos-luz. Ele estava distorcendo a luz de uma galáxia a 7,6 bilhões de anos-luz.
Fonte: Astronomy & Astrophysics

sábado, 17 de julho de 2010

WISE mapeia 95 asteroides próximo da Terra

O primeiro mapeamento do espaço feito pelo telescópio Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE), da Nasa, foi completado hoje, com a descoberta de 25 mil novos asteroides em seis meses de atividades.
supernova tycho
© WISE/NASA (supernova Tycho)
Apenas 95 do montante são corpos considerados próximos da Terra, inscritos em um raio de 43 milhões de quilômetros. Esse valor representa aproximadamente um terço da unidade astronômica, medida da distância entre o Sol e a Terra.
Voltado para a detecção de radiação infravermelha, o equipamento consegue captar sinais de calor e ondas encobertas ou mais difíceis de serem notadas por telescópios convencionais.
Lançada em dezembro do ano passado, o projeto custou US$ 320 milhões e tem como objetivo, até o final de 2010, realizar um censo cósmico de objetos recém-encontrados. Pesquisadores querem saber mais sobre como planetas, estrelas e galáxias foram formados com base nos resultados apresentados pelo WISE.
O telescópio da agência espacial norte-americana também desvendou 15 novos cometas. Centenas de potenciais estrelas-anãs de cor marrom, tidas como corpos gasosos muito menores que o Sol, porém maiores que planetas, foram vislumbradas com 20 confirmações. Uma galáxia superluminosa, localizada a 10 bilhões de anos-luz e provável consequência da fusão de galáxias que colidiram, também foi objeto das investigações do WISE.
Fonte: NASA