quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Nascimento de estrelas num deslumbrante jato cósmico

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu a evidência mais inequívoca de que os poderosos jatos lançados por estrelas recém-nascidas registram de forma confiável os mais violentos episódios de crescimento de uma estrela, confirmando um modelo de longa data sobre a forma como estes jatos se propagam através do seu ambiente.

© ALMA / Hubble (SVS 13)

Uma vista "tomográfica", pelo ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), revelando como o jato protoestelar supersônico de SVS 13 interage com o meio ambiente circundante. No fundo, uma imagem do telescópio espacial Hubble mostra a cavidade esculpida pelo fluxo, juntamente com os impressionantes nós de Herbig-Haro visíveis em comprimentos de onda ópticos. A caixa na imagem do Hubble indica a região mostrada nas imagens do ALMA. A cor dos fotogramas nestas imagens indica a velocidade, que varia entre 35 km/s (vermelho) e 97 km/s (azul).

As primeiras observações com o VLA (Very Large Array) identificaram SVS 13 como um notável sistema protoestelar binário que conduz uma cadeia de "balas moleculares" de alta velocidade e choques Herbig-Haro na região de formação estelar NGC 1333, a cerca de 1.000 anos-luz da Terra.

Estas imagens contínuas do VLA identificaram as duas protoestrelas no rádio, VLA 4A e VLA 4B. Revelaram o fluxo em grande escala, o que fez deste sistema um alvo privilegiado para uma exploração mais profunda sobre a forma como as estrelas jovens lançam e colimam jatos. Este trabalho do VLA, que durou décadas, permitiu a identificação da protoestrela que alimenta o jato, agora visto com um detalhe sem precedentes.

Com base nesse legado, novas observações com o ALMA revelaram uma sequência impressionante de anéis moleculares aninhados. À medida que a velocidade observada muda, cada anel encolhe suavemente e muda de posição, traçando conchas ultrafinas, em forma de arco, com apenas algumas dezenas de unidades astronômicas de espessura e movendo-se a velocidades de até cerca de 100 km/s. Cada sequência de anéis no jato tem uma marca temporal de um surto passado, permitindo ler a história de como o material caiu sobre a jovem estrela e foi depois violentamente ejetado de volta para o seu ambiente.

Ao ajustar mais de 400 anéis individuais, foi demonstrado que que cada concha corresponde a um choque em arco de conservação de momento, conduzido por um jato estreito cuja velocidade muda com o tempo. A idade da concha mais jovem está alinhada com um poderoso surto óptico e infravermelho de SVS 13 VLA 4B no início da década de 1990, fornecendo a primeira ligação direta entre surtos de material que cai sobre uma estrela jovem e mudanças na velocidade do seu jato.

Estes resultados mostram que os jatos protoestelares preservam um registo temporal de erupções passadas, oferecendo uma nova perspectiva sobre a forma como as explosões episódicas moldam os discos que eventualmente dão origem a planetas como a Terra.

Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: National Radio Astronomy Observatory