quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A Lua pode estar encolhendo

O raio da Lua provavelmente perdeu cerca de 100 metros em algum momento do último bilhão de anos, e é possível que o satélite ainda venha a encolher mais, diz o pesquisador Thomas Watters, do Smithsonian Institution, baseado na análise de imagens produzidas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da Nasa.
escarpa lunar
© NASA (escarpa lunar)
Em órbita lunar desde  junho de 2009, a LRO encontrou, espalhados pela Lua, novos exemplares de um tipo especial de elevação avistado anteriormente por três missões Apollo - 15, 16 e 17 -, mas exclusivamente na região do equador. Watters descreve essas formações como estruturas "principalmente lineares, que se parecem com um degrau baixo na paisagem". Têm menos de 100 metros de altura, e poucos quilômetros de extensão.
Essas elevações, ou escarpas, descobertas pela LRO encontram-se em áreas da Lua afastadas da zona equatorial onde os exemplos iniciais tinham sido vistos pelas três Apollo, o que sugere que podem estar igualmente distribuídas por todo o globo lunar.
A distribuição regular sugere, de acordo com os pesquisadores, que escarpas seriam como cicatrizes deixadas pelo encolhimento da Lua, ocorrido à medida que o satélite perdia seu calor original para o espaço.
"O interior da Lua vem se resfriando devagar", explica Watters. "À medida que esfria, ele se contrai, fazendo com que a crosta se ajuste à redução do volume interior".
O encolhimento, de acordo com o cientista, teria ocorrido em saltos, possivelmente associados a "lunamotos".
As escarpas também parecem jovens, em termos da história da Lua, teriam menos de 1 bilhão de anos, o que indica que o encolhimento que as provocou foi bem recente. "A pequena idade aparente das escarpas deixa aberta a possibilidade que a Lua ainda seja tectonicamente ativa e ainda esteja encolhendo", disse Watters.
Fonte: Science

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Magnetar deveria ser um buraco negro

Astrônomos europeus afirmam ter demonstrado a partir de observações do Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês) que uma estrela magnética (magnetar), um tipo de estrela de nêutrons com poderoso campo magnético, se formou a partir de uma estrela com pelo menos 40 vezes a massa do Sol.
magnetar
© ESO (ilustração de uma magnetar)
O resultado desafia as atuais teorias sobre evolução estelar, já que um astro com tanta massa deveria ter se transformado em um buraco negro. Além disso, a descoberta levanta uma nova questão: qual é a massa necessária para dar origem a um buraco negro?
Os astrônomos fizeram observações de Westerlund 1, a 16 mil anos-luz da Terra, na constelação do Altar, que é o mais próximo super agrupamento estelar conhecido e contém centenas de estrelas de grande massa. Algumas delas têm luminosidade 1 milhão de vezes maior que a do Sol e outras têm 2 mil vezes o seu diâmetro.
"Se o Sol estivesse situado no centro deste agrupamento, o nosso céu noturno estaria repleto de centenas de estrelas tão brilhantes como a Lua cheia", diz Ben Richie, autor principal do estudo. Apesar da diversidade e da grande população de estrelas, chama a atenção em Westerlund 1 que todas têm aproximadamente a mesma idade, estimada entre 3,5 milhões e 5 milhões de anos, pois o agrupamento se formou a partir de um único evento.
Os astrônomos estudaram mais exatamente uma estrela magnética, que é uma estrela de nêutrons (astros formados a partir de uma explosão de estrela de grande massa, evento conhecido como supernova) com campo magnético extremamente forte, que é trilhões de vezes mais poderoso que o da Terra.
posição da magnetar
© ESO (posição da magnetar)
Westerlund 1 tem uma das poucas estrelas magnéticas conhecidas na Via Láctea e, a partir do estudo desta estrela e das que a circundam, foi possível descobrir como era o astro que deu origem a ela. Uma vez que as estrelas do agrupamento têm aproximadamente a mesma idade, a que explodiu deve ter tido uma vida mais curta, o que indica qual era o seu tamanho.
O tempo de vida de uma estrela está diretamente relacionado com a sua massa, quanto mais massa tem uma estrela, mais curta é a sua vida. Se for medida a massa de qualquer uma das estrelas sobreviventes é possível saber com certeza que a estrela de vida mais curta que deu origem à estrela magnética deve ter tido ainda mais massa. "Isto é extremamente importante, já que não existe nenhuma teoria aceita sobre como se formam estes objetos extremamente magnéticos", diz o coautor e líder da equipe que realizou o estudo, Simon Clark..
As teorias mais aceitas até agora afirmam que estrelas com massa entre 10 e 25 vezes a massa do Sol explodirão como supernovas no final de sua vida e darão origem a estrelas de nêutrons, enquanto aquelas com massa inicial superior a 25 vezes a do Sol se transformarão em buracos negros.
"Estas estrelas têm que se ver livres de mais de nove décimos das suas massas antes de explodirem como supernovas, caso contrário darão antes origem a um buraco negro", diz o coautor Ignacio Negueruela. "Perdas de massa tão elevadas antes da explosão apresentam um grande desafio às atuais teorias de evolução estelar".
Contudo, os astrônomos também pensam em uma possibilidade para o surgimento de uma estrela magnética a partir de um astro com tanta massa. O mecanismo de formação preferido dos astrônomos postula que a estrela que se transforma em estrela magnética tenha nascido com uma companheira estelar. A interação entre as duas causa grande ejeção de matéria por parte da progenitora, o que explicaria como ela não se transformou em um buraco negro.
Embora hoje não se observe nenhuma estrela que teria sido companheira da progenitora, os astrônomos afirmam que há a possibilidade de, durante a explosão da supernova, ela ter "expulsado" a estrela companheira do agrupamento a alta velocidade, deslocando mais de mais de 95% da sua massa inicial.
Fonte: Astronomy and Astrophysics

Eclipse de pulsar testa teoria de Einstein

Usando o satélite Explorador de Raios X Rossi, da Nasa, astrônomos descobriram o primeiro pulsar rápido de raios X a ser eclipsado por uma estrela companheira. Estudos mais detalhados desse sistema permitirão realizar novos testes da teoria da relatividade de Albert Einstein.
sistema binário com pulsar e estrela
© NASA (ilustração de um sistema binário com pulsar e estrela)
O pulsar é uma estrela de nêutrons em rápida rotação, com o núcleo esmagado de uma estrela que explodiu como supernova. Estrelas de nêutrons concentram massa superior à solar numa esfera com menos de um milésimo do tamanho do Sol.
"É difícil estabelecer a massa das estrelas de nêutrons, especialmente no extremo mais alto da gama de massas prevista pela teoria", disse Craig Markwardt, da Nasa. "Como resultado, não conhecemos a estrutura interna ou o tamanho delas tão bem quanto gostaríamos. Esse sistema nos leva um passo além nesse sentido".
Conhecido como Swift J1749.4-2807, ou apenas  J1749, o sistema lançou uma explosão de raios X em abril. Durante o evento, o Rossi observou três eclipses, detectou pulsos de raios X que identificaram a estrela como um pulsar e registrou variações de pulso que indicam o movimento orbital da estrela.
J1749 foi descoberta em junho de 2006, quando uma explosão menor chamou a atenção do satélite Swift. Observações subsequentes revelaram que a fonte era um sistema binário a 22.000 anos-luz de distância, na constelação de Sagitário, e que a estrela de nêutrons estava absorvendo massa de sua companheira.  O gás atraído se acumula num disco em torno da estrela de nêutrons.
"Como muitos sistemas binários, J1749 tem explosões quando instabilidades do disco permitem que parte do gás colida com a estrela", explicou Tod Strohmayer, cientista ligado ao Rossi.
O pulsar J1749 gira 518 vezes por segundo, e seu movimento orbital produz mudanças pequenas, mas regulares, na frequência dos raios X. Essas mudanças sugerem que as estrelas do par giram uma em torno da outra a cada 8,8 horas.
"Esta é a primeira vez em que detectamos eclipses de raios X num pulsar rápido que também está absorvendo gás", disse Markwardt. "Com essas informações, agora sabemos o tamanho e  a massa da estrela companheira com precisão sem precedentes". 
Escrevendo sobre suas descobertas no periódico The Astrophysical Journal Letters, Markwardt e Strohmayer destacam que têm praticamente toda a informação necessária para determinar a massa do pulsar, estimada entre 1,4 e 2,2 massas solares. para isso, é preciso localizar, por meio de telescópios normais ou de infravermelho, a estrela companheira.
Mas a teoria da relatividade pode tornar essa observação desnecessária: uma consequência da teoria é que um sinal, como ondas de rádio ou raios X, sofre um pequeno atraso ao passar muito perto de um objeto de grande massa. Esse atraso já foi demonstrado diversas vezes em experimentos.
"Medições de alta precisão os raios X antes e depois do eclipse podem fornecer um retrato detalhado de todo o sistema", disse Strohmayer. Para J1749, o atraso previsto é de 21 microssegundos, dentro da capacidade de detecção do Rossi.
Com apenas três eclipses observados em 2010, o satélite não captou dados suficientes para revelar um grande atraso. Mas, da próxima vez que o pulsar produzir uma explosão, será possível determinar o valor, afirma Markwardt.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Omega Centauri pode ser uma galáxia?

O telescópio orbital Wise, da Nasa, fotografou um alvo predileto dos astrônomos amadores, o aglomerado de estrelas Omega Centauri, também conhecido como  NGC 5139, e que pode ser observado a olho nu no hemisfério sul, na constelação do Centauro.
omega centauri
© NASA (Omega Centauri)
Omega Centauri contém aproximadamente 10 milhões de estrelas e fica a cerca de 16.000 anos-luz da Terra. A imagem do Wise cobre uma área do céu equivalente à 60 milhões de km².
O astrônomo da Antiguidade Ptolomeu acreditava que Omega Centauri era uma estrela, e Edmond Halley identificou-a como uma nebulosa em 1677. na década de 1830, John Herschel determinou que se tratava de um aglomerado globular de estrelas. Aglomerados globulares são grupos esféricos de estrelas unidas pela gravidade.
Omega Centauri é uma espécie de "ovelha negra" dos aglomerados globulares, já que tem diversas características que o diferenciam dos demais. Por exemplo, tem dez vezes a massa de um aglomerado típico e agrega estrelas de diferentes idades, enquanto que os outros aglomerados são compostos por uma única geração de astros.
Pesquisas recentes indicam que existe um buraco negro no centro de Omega Centauri. Isso sugere que o aglomerado é, na verdade, uma galáxia anã que de algum modo perdeu suas estrelas mais externas.
Fonte: NASA

Asteroide é encontrado em zona morta gravitacional

Um grupo de astrônomos descobriu um objeto celeste em uma região da órbita de Netuno considerada uma "zona morta gravitacional", os chamados pontos de Lagrange, na qual até hoje nenhum corpo astronômico havia sido observado.
pontos de lagrange em Netuno
© Scott Sheppard (pontos de Lagrange em Netuno)
O objeto, denominado 2008 LC18, é um asteroide troiano, um tipo de asteroide que divide a órbita de um planeta, posicionando-se à frente ou atrás desse planeta em uma localização estável. O nome deriva da Guerra de Troia, que teria ocorrido entre gregos e troianos por volta de 1.300 a.C.
Como os asteroides troianos compartilham a órbita de seus planetas, eles são sensíveis à formação e migração destes. Por conta disso, a descoberta poderá ajudar a compreender melhor questões fundamentais sobre a formação e movimentos dos planetas.
Júpiter é o planeta do Sistema Solar com o maior número de asteroides troianos conhecidos: mais de 4 mil. Há quatro troianos conhecidos em Marte e outros seis em Netuno, mas nenhum na região em que agora foi encontrado o sétimo.
Até então, não se descobriu esses tipos de asteroides nos demais planetas do Sistema Solar, apesar de os cientistas estimarem tal existência.
Os astrônomos Scott Sheppard, da Instituição Carnegie, e Chad Trujillo, do Observatório Gemini, utilizaram uma nova técnica observacional, que aproveita a formação de grandes nuvens escuras de poeira no espaço para poder bloquear a luz de fundo no plano galáctico.
Essa "janela observacional" foi empregada com o auxílio do telescópio japonês Subaru, com espelho de 8,2 metros de diâmetro, instalado no Havaí. A órbita do 2008 LC18 foi determinada com os telescópios Magalhães, de espelhos com 6,5 metros, instalados no Chile.
"Estimamos que o novo troiano em Netuno tenha um diâmetro de cerca de 100 quilômetros e que há cerca de 150 outros asteroides do tipo na região em que observamos o 2008 LC18". Há menos troianos conhecidos em Netuno simplesmente por que eles são mais difíceis de serem descobertos, uma vez que estão tão longe da Terra", disse Sheppard.
Isso implicaria que há mais asteroides troianos em Netuno do que o número desses objetos no principal cinturão entre Marte e Júpiter.
Fonte: Science

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sistema Einstein@home descobre novo pulsar

Três voluntários que doam tempo ocioso de seus computadores para pesquisas científicas descobriram um novo pulsar nos dados obtidos pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. A descoberta, feita por um alemão e dois americanos, foi a primeira realizada pelo sistema Einstein@home, que usa tempo doado por computadores de 250.000 pessoas de 192 países.
 pulsar de rádio
© AEI Hannover (pulsar de rádio)
Os voluntários que receberam crédito pela descoberta são o casal Chris e Helen Colvin, dos EUA, e Daniel Gebhardt, da Alemanha. Seus computadores, juntamente com meio milhão de outros aparelhos de todo o mundo, analisam dados para o Einstein@home.
O novo pulsar, chamado PSR J2007+2722, é uma estrela de nêutrons que gira 41 vezes por segundo. Fica na Via Láctea, a aproximadamente 17.000 anos-luz da Terra. Diferentemente da maioria dos pulsares que giram de forma tão rápida e precisa, e PSR J2007+2722 está sozinho no espaço, sem uma estrela companheira em sua órbita.
Astrônomos consideram-no especialmente interessante, já que ele provavelmente é um pulsar antigo que perdeu o companheiro. Mas não se pode descartar a hipótese de que seja um pulsar jovem nascido com um campo magnético excepcionalmente fraco.
O Eisntein@home, baseado na Universidade de Wisconsin (EUA) e no Instituto Max Planck de Física Gravitacional (Alemanha) vem buscando sinais de ondas gravitacionais nos dados do observatório americano LIGO desde 2005. Desde 2009, o sistema também passou a procurar sinais de pulsares em dados de Arecibo.
radiotelescópio de Arecibo
© NAIC (radiotelescópio de Arecibo)
"Este é um momento emocionante para o Einstein@home e nossos voluntários. Prova que a participação pública pode descobrir novas coisas no Universo. Espero que inspire mais pessoas a se juntar a nós", disse o líder do projeto, Bruce Allen, do Instituto Max Planck.
Fonte: Science

Detectados raios gama emitidos por nova pela primeira vez

Astrônomos usando Telescópio Espacial Fermi detectaram, pela primeira vez, raios gama emitidos por um tipo de estrela variável conhecido como nova, fenômeno que surpreendeu os cientistas. A descoberta derruba a ideia de que explosões nova não têm energia suficiente para produzir esse tipo de emissão.
nova cygni 2010
© NASA/Fermi (nova V407 Cyg)
Uma nova é um ganho súbito de brilho de uma estrela normalmente tênue. A explosão ocorre quando uma estrela anã branca, em um sistema binário, irrompe numa explosão termonuclear.
"Em termos humanos, foi uma erupção imensamente poderosa, equivalente a cerca de 1.000 vezes a energia emitida pelo Sol a cada ano", disse a pesquisadora da Nasa Elizabeth Hays. "Mas, em comparação com outros eventos que o Fermi vê, foi bem modesta. Ficamos surpresos quando o Fermi a detectou com tanta força".
Raios gama são a forma mais energética de luz, e o Telescópio de Grande área do Fermi captou a nova por 15 dias. Cientistas acreditam que a emissão surgiu quando uma onda de choque, movendo-se a mais de um milhão de quilômetros por hora, partiu do local da explosão.
A detecção ocorreu na constelação de Cygnus, o Cisne. O sistema envolvido é conhecido como V407 Cyg, e fica a 9.000 anos-luz da Terra. É formado por uma anã branca e uma gigante vermelha com cerca de 500 vezes o tamanho do Sol.
"A gigante vermelha está tão inchada que sua atmosfera exterior vaza para o espaço", disse Adam Hill, da Universidade Joseph Fourier, na França. "A cada década, a gigante vermelha elimina hidrogênio suficiente para igualar a massa da Terra".
A anã branca captura parte desse gás, que se acumula em sua superfície. À medida que o gás se concentra, ao longo de décadas ou séculos, ele acaba ficando denso e quente o bastante para se fundir, produzindo hélio. A fusão libera energia suficiente para detonar todo o gás acumulado. A anã branca em si, no entanto, permanece intacta.
A explosão criou uma camada densa em expansão, chamada frente de choque, composta de partículas de alta velocidade, gás ionizado e campos magnéticos.
Os campos magnéticos aprisionam as partículas na camada e as excitam a energias tremendas. Antes de escapar, as partículas atingem velocidades próximas às da luz. Os pesquisadores dizem que os raios gama provavelmente surgem quando essas partículas colidem com o gás do vento da gigante vermelha. Até então, cientistas não imaginavam que uma nova fosse capaz de acelerar partículas com tanta intensidade.
Fonte: Science

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chuva de meteoros Perseidas

A passagem da Terra por uma zona repleta de detritos deixados pelo cometa Swift-Tuttle oferecerá a observadores um verdadeiro espetáculo no céu.
meteoros perseídas
© NASA (meteoros Perseidas)
No hemisfério norte, o show tem seu auge entre as 22h do dia 12 e a madrugada do dia 13, quando a frequência de meteoros poderá alcançar dezenas por hora.
Embora seja um fenômeno melhor observável no hemisfério norte, a chuva de meteoros Perseidas também pode ser vista no Brasil. Aqui a constelação de Perseu estará muito baixa no horizonte na direção norte-nordeste. e o melhor horário para se assistir ao show no céu será entre 1h00 e 3h00 da madrugada do dia 13. A chuva de meteoros terá uma taxa de 50 a 100 "estrelas cadentes" por hora.
A cada 133 anos, o enorme cometa cruza o Sistema Solar e deixa para trás um rastro de poeira e detritos. Quando a Terra passa pela região, os fragmentos se chocam com a atmosfera a aproximadamente 225.000 km/h e se desintegram gerando rastros de luz na atmosfera.
A zona de detritos deixada pelo cometa é tão larga que a Terra passa semanas dentro dela. Observadores já estão avistando Perseidas ocasionais há alguns dias. Segundo a Nasa, essa "garoa" de meteoros pode virar um verdadeiro temporal entre os dias 11 e 13 de agosto, quando a Terra passa pela zona de maior concentração de detritos. O espetáculo anual de meteoros Perseidas estará particularmente bonito em 2010 porque a Lua, em fase crescente, não vai estar muito visível no período de maior atividade.
O brilho lunar pode apagar uma boa chuva de meteoros, mas não será o caso dessa vez. O melhor período para observação são as horas mais escuras da noite, quando a maioria dos observadores no hemisfério norte poderá ver dezenas de Perseidas por hora.
Para ver melhor, é bom evitar as luzes da cidade. A escuridão do campo, por exemplo, aumenta entre três e dez vezes o número de meteoros que podem ser avistados. Lembrando que esta madrugada é apenas o pico da chuva, que poderá ser vista ainda nos próximos dias.
A tabela a seguir mostra algumas das principais chuvas de meteoros que ocorrem ao longo do ano.

Nome Máximo Taxa Horária Constelação
Quadrantídeas 04 Jan 95 Bootes
Lirídeas 22 Abr 15 Lyra
Eta-Aquarídeas 05 Mai 30 Aquarius
Delta-Aquarídeas 29 Jul 20 Aquarius
Perseídeas 13 Ago 95 Perseus
Orionídeas 22 Out 20 Orion
Taurídeas 03 - 13 Nov 15 Taurus
Leonídeas 18 Nov 12 Leo
Geminídeas 14 Dez 90 Gemini
Fonte: NASA

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Festa dos Astros!

A RBA (Rede Brasileira de Astronomia), da qual faço parte, convida toda a comunidade astronômica brasileira para participar, na primeira quinzena de Agosto, da campanha de observação astronômica "Festa dos Astros". Durante esse período, nas primeiras horas após o por do Sol será possível observar os planetas Vênus, Marte e Saturno muito próximos, com Mercúrio um pouco mais próximo ao horizonte.
conjunção dos astros
© RBA (conjunção dos astros)
A conjunção pode ser observada a olho nu, com binóculos ou com telescópios. Os planetas e a Lua estarão separados por meros 11 graus no céu. Mesmo pequenos telescópios podem mostrar as crateras da Lua, as fases de Vênus, os anéis de Saturno e as calotas polares de Marte.
O fenômeno culmina nas noites de 12 e 13 de Agosto, quando a Lua crescente chega para participar dessa festa no céu.
Esta conjunção é uma excelente oportunidade para mostrar as belezas do céu e dos astros para a população. Instrumentos modestos como binóculos e pequenos telescópios podem fornecer imagens inesquecíveis do encontro desses planetas.
Para celebrar esse espetáculo, a RBA promove o concurso fotográfico "Conjunção de Agosto", que premiará as 10 melhores fotos da conjunção. As imagens selecionadas serão presenteadas com um exemplar do livro "Fascínio do Universo" e um DVD "De Olho no Céu".
Consulte o regulamento do concurso clicando aqui.
Fonte: RBA (Rede Brasileira de Astronomia)

Nova imagem da Nebulosa da Tarântula

Uma nova imagem da Nebulosa da Tarântula, localizada na Grande Nuvem de Magalhães, marca o início de um estudo detalhado das duas Nuvens de Magalhães, galáxias vizinhas à Via Láctea, conduzido pelo Observatório Europeu Sul (ESO), baseado no Chile.
nebulosa da tarântula
© ESO (nebulosa da Tarântula)
A líder da equipe de pesquisa, Maria-Rosa Cioni, da Universidade de  Hertfordshire, no reino Unido, diz, em nota, que a Tarântula, oficialmente chamada 30 Doradus, é um berçário de estrelas e contém um grande aglomerado, chamado RMC 136, que inclui algumas das estrelas de maior massa conhecidas.
O telescópio responsável pelo estudo das Nuvens de Magalhães, o Vista, é um novo instrumento capaz de detectar luz na região do espectro infravermelho próxima ao limite da luz visível.
A luz infravermelha é invisível para o olho humano, mas consegue passar através de boa parte da poeira que, em condições normais, bloquearia a visão. Isso a torna particularmente útil para o estudo de estrelas jovens, que ainda se encontram encapsuladas em casulos de poeira espacial.
O levantamento das Nuvens de Magalhães vai varrer uma área do céu de 184 graus quadrados, o equivalente a mil luas cheias. Os pesquisadores esperam obter com isso um estudo detalhado da história de formação das estrelas e um mapa 3D da estrutura nas Nuvens.
Fonte: ESO

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nasa divulga imagem da galáxia NGC 4911

O telescópio espacial Hubble da NASA, agência espacial americana, divulgou a imagem majestosa de uma galáxia espiral localizada dentro do aglomerado de galáxias Coma, que está a 320 milhões de anos-luz de distância da Terra, ao norte da constelação Coma Berenices.
NGC 4911
© NASA (galáxia NGC4911)
A galáxia, conhecida como NGC 4911, contém círculos de poeira e gás perto de seu centro. Os círculos aparecem recortados contra brilhantes aglomerados de estrelas recém-nascidas e nuvens de hidrogênio na cor rosa que, segundo astrônomos, indica a que a formação de estrelas está em curso no local.
O Hubble também conseguiu captar os braços espirais exteriores da NGC 4911, e milhares de outras galáxias de tamanhos variados. A alta resolução das câmeras do Hubble, combinada à uma exposição consideravelmente longa, tornou possível observar todos esses detalhes.
Fonte: NASA

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Novos registros de colisão de galáxias

A administração do telescópio Chandra divulgou novos registros da colisão das galáxias Antena, que teria começado há mais de 100 milhões de anos e continua ocorrendo.
colisão das galáxias Antena
© NASA (colisão das galáxias Antena)
O choque causou a formação de milhões de estrelas em nuvens de gás e poeira de ambas as galáxias. Dentre estas jovens estrelas, as com maior massa se desenvolveram e, em alguns milhões de anos, explodiram como supernovas.
A imagem em raio-X do Chandra mostra grandes nuvens de gás interestelar quente que foram ejetadas pelas supernovas. Essas nuvens incluem elementos ricos como oxigênio, ferro, magnésio e silício, que irão ser incorporados em planetas e estrelas que se formarem nessas nuvens.
Os pontos mais brilhantes da imagem em raio-X são produzidos por material caindo em buracos negros e por estrelas de nêutrons, que são remanescentes de estrelas massivas após essas explodirem como supernovas.
A imagem acima combina o raio-X com o registro em infravermelho do telescópio Spitzer, que mostra nuvens quentes de poeira que foram aquecidas por jovens estrelas, sendo que as nuvens mais brilhantes ficam na região onde as duas galáxias se sobrepõem. A imagem também possui o registro óptico do telescópio Hubble, que mostra velhas estrelas e regiões de formação de novas em dourado e branco, sendo que os filamentos de poeira aparecem em marrom. Muitos dos objetos de brilho mais fraco do registro óptico são agrupamentos que contêm milhares de estrelas.
Fonte: NASA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Imagem de explosão de supernova em 3D

Astrônomos utilizaram o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), para capturar a primeira imagem tridimensional de uma explosão estelar, também conhecida como supernova.
supernova SN 1987A
© ESO (supernova SN1987A)
A escolhida foi a SN 1987A, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa. Essa supernova foi descoberta em 1987 e foi a primeira a ser vista a olho nu em 383 anos.
As estrelas de grande massa morrem de uma maneira particular, através de uma gigantesca explosão, arremessando uma grande quantidade de material no espaço. A descoberta de SN 1987A permitiu aos astrônomos estudarem melhor esse fenômeno com detalhes nunca antes vistos.
O estudo dessa supernova permitiu, por exemplo, a primeira detecção de neutrinos do núcleo interno da estrela, de elementos radioativos produzidos durante a explosão, a formação de poeira após o fenômeno, entre muitas outras descobertas sobre a morte das grandes estrelas.
Com as novas observações do VLT, o ESO afirma que os astrônomos serão capazes de reconstruir em 3D as partes centrais da explosão. Os cientistas já descobriram que a explosão foi mais forte e rápida em determinadas direções do que em outras, o que levou a um formato irregular, com algumas partes se alongando mais.
O primeiro material ejetado da supernova viajou a 100 milhões de km/h, cerca de 10% da velocidade da luz e 100 mil vezes mais rápido que um jato de passageiros. Apesar da velocidade, esse material demorou 10 anos para atingir o anel de gás e poeira que é formado na fase final da vida da estrela. As imagens indicam que outra onda de material emitido pela explosão viaja cerca de 10 vezes mais lentamente e é aquecido pelos elementos radioativos criados pelo fenômeno.
"Calculamos a distribuição de velocidades do material ejetado pela Supernova 1987A", diz a autora principal do estudo Karina Kjær. "Ainda não compreendemos bem como explode uma supernova, mas o modo como a estrela explodiu encontra-se imprimido no material mais interior. Podemos ver que este material não foi ejetado simetricamente em todas as direções, mas parece ter uma direção privilegiada. Além disso, essa direção é diferente daquela que esperávamos, baseados na posição do anel."
As observações comprovariam modelos feitos em computador de como explodem essas estrelas. Esses modelos já mostravam o comportamento assimétrico e também indicavam instabilidades de larga escala na supernova.
Fonte: ESO

Descoberta pulsação na aurora de Saturno

Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo britânico  Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester, descobriu que a aurora de Saturno, um tênue brilho em radiação ultravioleta que ilumina a atmosfera superior do planeta junto aos polos, pulsa num ritmo aproximado de uma vez ao dia.
Saturno em ultravioleta
© NASA/ESA (Saturno em ultravioleta, com o brilho das auroras)
A duração do dia de Saturno tem sido objeto de muita discussão, desde que se descobriu que o "relógio" tradicional usado para medir a rotação do planeta, um gigante gasoso sem uma superfície sólida para servir de referência, aparentemente não é muito preciso.
Saturno, como todos os planetas magnetizados, emite ondas de rádio a partir de suas regiões polares. Essas emissões pulsam com um período próximo a 11 horas, e o intervalo dos pulsos foi presumido, durante a época das sondas Voyager, representante da rotação do planeta. No entanto, ao longo dos anos, o período da pulsação da emissão de rádio tem variado. Como a rotação de um planeta não muda facilmente, a caçada pela fonte da variação do rádio se tornou um problema significativo para ao estudo do planeta.
Agora, a equipe de Nichols se vale de imagens do Telescópio Espacial Hubble para mostrar que não apenas as emissões de rádio pulsam, mas as auroras também, e de forma sincronizada.
Segundo Nichols, o resultado é importante por fornecer um elo entre as auroras e as emissões de rádio, além de fornecer mais um dado para um possível diagnóstico da irregularidade das pulsações.
Fonte: Geophysical Research Letters

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ondas gravitacionais primordiais do Universo

As ondulações no tecido do espaço-tempo poderão algum dia fornecer provas observáveis das atividades dos instantes iniciais do Universo, revelando processos de alta energia atualmente inacessíveis até mesmo para os colisores de partículas.
antena espacial de interferômetro a laser
© NASA (antena espacial de interferômetro a laser)
As chamadas ondas gravitacionais estão previstas na teoria geral da relatividade de Albert Einstein, onde objetos em movimento perturbam o espaço-tempo, gerando ondas semelhantes às de um barco navegando em um lago. Mas elas tendem a ser sutis e apenas os peso-pesados celestes produziriam efeitos detectáveis. Até hoje se encontraram somente evidências indiretas das ondas gravitacionais, apesar da construção de detectores extremamente sensíveis destinados a investigar provas mais diretas na forma de ondas que emanam de cataclismos próximos, como a colisão de duas estrelas de nêutron ultradensas.
Uma resenha publicada na revista Science apresenta as perspectivas de detecção de mais ondas gravitacionais primordiais, aquelas produzidas no Universo inicial e que talvez ainda possam ser detectadas pela marca que deixaram há bilhões de anos ou pelas ondulações que persistem até hoje.
Tais ondas primordiais poderiam constituir o melhor meio de se testar modelos cosmológicos como o da inflação, que sustenta que o Universo recém-nascido inflou de um minúsculo ponto para algo cerca de 1026 vezes maior em apenas um átimo de segundo. "É difícil imaginar um mecanismo que nos abra uma janela direta para um tempo próximo ao instante da criação", diz Lawrence Krauss, físico teórico da Universidade do Estado do Arizona e co-autor do estudo.
O primeiro lugar para se procurar a marca das ondas gravitacionais é no Fundo Cósmico de Microondas (CMB, na sigla em inglês), radiação remanescente de apenas 380 mil anos após o Big Bang e cujas flutuações de temperatura mapeiam regiões de maior e menor densidade do Universo jovem, fornecendo pistas importantes sobre sua formação e suas estruturas componentes. A mensuração dessas flutuações, iniciada pela Nasa por meio da Sonda Anisotrópica de Microondas Wilkinson (WMPA, na sigla em inglês), foi aprimorada em 2009 com o lançamento do satélite Planck pela Agência Espacial Europeia.
Os mapas do CMB feitos pelo WMPA deram impulso à teoria da inflação cósmica, confirmando amplamente as predições do modelo inflacionário sobre a aparência do Universo inicial, e medições mais precisas poderão trazer novas confirmações. "Os mesmos eventos que acreditamos terem formado os hot spots do fundo cósmico de microondas podem ter produzido ondas gravitacionais, cuja magnitude podemos estimar. A próxima geração de satélites talvez nos permita ao menos observar seus efeitos", diz Krauss.
Richard Easther, cosmólogo da Yale University, observa que as medições do CMB já estão fornecendo pistas, embora não completas, sobre a alvorada do Universo. "Na verdade, alguns cenários inflacionários já foram descartados porque produziriam mais ondas gravitacionais do que as mensurações atuais permitem, principalmente as da missão WMAP", diz. O Planck e outros experimentos agora estão trabalhando para superar limites ainda mais estritos. "Se a natureza nos ajudar, poderemos ter a primeira evidência das ondas gravitacionais inflacionárias já nos próximos anos", diz Easther. Mas se o Planck e seus contemporâneos não obtiverem essas provas, uma missão mais especializada de mensuração da polarização poderá ser necessária.
Fonte: Scientific American Brasil