Um grupo de astrônomos descobriu um objeto celeste em uma região da órbita de Netuno considerada uma "zona morta gravitacional", os chamados pontos de Lagrange, na qual até hoje nenhum corpo astronômico havia sido observado.
© Scott Sheppard (pontos de Lagrange em Netuno)
O objeto, denominado 2008 LC18, é um asteroide troiano, um tipo de asteroide que divide a órbita de um planeta, posicionando-se à frente ou atrás desse planeta em uma localização estável. O nome deriva da Guerra de Troia, que teria ocorrido entre gregos e troianos por volta de 1.300 a.C.
Como os asteroides troianos compartilham a órbita de seus planetas, eles são sensíveis à formação e migração destes. Por conta disso, a descoberta poderá ajudar a compreender melhor questões fundamentais sobre a formação e movimentos dos planetas.
Júpiter é o planeta do Sistema Solar com o maior número de asteroides troianos conhecidos: mais de 4 mil. Há quatro troianos conhecidos em Marte e outros seis em Netuno, mas nenhum na região em que agora foi encontrado o sétimo.
Até então, não se descobriu esses tipos de asteroides nos demais planetas do Sistema Solar, apesar de os cientistas estimarem tal existência.
Os astrônomos Scott Sheppard, da Instituição Carnegie, e Chad Trujillo, do Observatório Gemini, utilizaram uma nova técnica observacional, que aproveita a formação de grandes nuvens escuras de poeira no espaço para poder bloquear a luz de fundo no plano galáctico.
Essa "janela observacional" foi empregada com o auxílio do telescópio japonês Subaru, com espelho de 8,2 metros de diâmetro, instalado no Havaí. A órbita do 2008 LC18 foi determinada com os telescópios Magalhães, de espelhos com 6,5 metros, instalados no Chile.
"Estimamos que o novo troiano em Netuno tenha um diâmetro de cerca de 100 quilômetros e que há cerca de 150 outros asteroides do tipo na região em que observamos o 2008 LC18". Há menos troianos conhecidos em Netuno simplesmente por que eles são mais difíceis de serem descobertos, uma vez que estão tão longe da Terra", disse Sheppard.
Isso implicaria que há mais asteroides troianos em Netuno do que o número desses objetos no principal cinturão entre Marte e Júpiter.
Fonte: Science
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