quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Luz do Sol cria e separa pares de asteroides

A luz do Sol faz com que asteroides se dividam em dois e depois se separem.
separação de par de asteroides
© NASA (separação de par de asteroides)
"Isto mostra que os asteroides não são corpos inertes, mortos e desinteressantes", disse um dos autores do estudo, Franck Marchis, da Universidade da Califórnia e da Busca por inteligência Extraterrestre (Seti). "De fato, os pequenos asteroides evoluem lentamente em binários e, por fim, em binários divorciados".
Marchis e o colega Brent Macomber analisaram dois pares de binários separados, pares de asteroides que não mantêm mais ligação gravitacional entre si. A seguir gráfico do período de rotação em relação à massa do par de asteroides.
gráfico período de rotação x massa do par de asteroides
© Nature (gráfico do período de rotação x massa)
O trabalho de ambos contribuiu para análise, realizada por astrônomos na República Checa, da evolução de 35 pares de binários divorciados. O líder do grupo,  Petr Pravec, de 25 coautores publicaram o resultado, mostrando que todos os pares têm massa e velocidade relativa similares, o que sugere uma origem comum.
Do total estimado em 1 milhão de asteroides com 1 km ou mais de diâmetro que orbita o Sol, muitos parecem ser "pilhas de entulho", aglomerados de rochas menores unidos pela gravidade. Pesquisas prévias mostraram que resíduos com menos de 10 km de diâmetro podem ter a rotação acelerada pelo chamado Efeito Yorp (de Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack), um desequilíbrio no qual a diferença entre a luz absorvida por um lado de um asteroide e o calor irradiado pelo outro faz o astro girar.
O processo, que ocorre ao longo de milhões de anos, foi comparado a uma versão em câmera lenta da forma como um moinho de vento reage à passagem do ar.
À medida que o asteroide acelera na rotação, seu equador incha e as rochas no limite extremo acabam atingindo velocidade de escape e se desconectam. Essas rochas desconectadas se unem numa pequena lua e, ao longo de milhões de anos, asteroide e lua se separam.
Fonte: Nature

Observatório registra mancha solar maior que a Terra

As manchas solares são regiões com poderosos campos magnéticos emanados pelo Sol. Aparecem escuras por causa da diferença de temperatura com as regiões ao seu redor. Além disso, costumam desaparecer após alguns dias.
mancha solar
 © Observatório Big Bear (mancha solar)
O Observatório Big Bear, na Califórnia, Estados Unidos, divulgou a mais detalhada imagem já registrada de uma mancha solar em luz visível. A mancha tem cerca de 13 mil km de diâmetro (maior do que a Terra) e uma temperatura de 3,6 mil °C, muito mais baixa que as regiões ao redor, com 5,8 mil °C.
As formas irregulares ao redor da mancha são conhecidas como granulações e são formadas por gases quentes que são ejetados do Sol, cada uma com 1 mil km de comprimento. A imagem foi registrada pelo Novo Telescópio Solar, o qual utiliza lentes adaptativas, que corrigem distorções da atmosfera.
As estruturas magnéticas, como as manchas solares, são importantes para entendermos melhor a "meteorologia espacial", que se origina no Sol e tem influência direta na Terra. As tempestades solares, por exemplo, podem prejudicar a distribuição de energia e a comunicação, destruir satélites e até expor aviões à radiação.
Fonte: Observatório Big Bear

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Núcleo do aglomerado M 71 é fotografado

O Telescópio Espacial Hubble produziu uma imagem do centro do aglomerado globular Messier 71, uma enorme bola de antigas estrelas na borda da Via-Láctea, a cerca de 13.000 anos-luz da Terra. O aglomerado todo tem 27 anos-luz de diâmetro.
M 71
© NASA/ESA (aglomerado globular M 71)
Os aglomerados globulares são formados por um conjunto de estrelas que existem no limiar de galáxias. Esses aglomerados são fortemente unidos pela gravidade, o que lhes dá a forma esférica.
Sabe-se da existência de 150 desses aglomerados ao redor da Via-Láctea, cada um deles contendo centenas de milhares de estrelas. Messier 71 é conhecido há tempos, tendo sido observado pela primeira vez no século 18, pelo astrônomo suíço Jean-Philippe de Cheseaux.
Apesar de ser um objeto familiar, a natureza exata de Messier 71 era um  mistério até pouco tempo atrás. Seria ele um aglomerado aberto, um grupo de estrelas sem muita ligação umas com as outras?
Esta era a interpretação dominante até os anos 70, quando astrônomos passaram a encará-lo como um aglomerado globular, ainda que  excepcionalmente disperso.
As estrelas de Messier 71 são relativamente antigas, tendo de 9 bilhões a 10 bilhões de anos.
Fonte: NASA e ESA

Descoberto o mais rico sistema planetário

Astrônomos descobriram o sistema planetário mais rico fora do Sistema Solar já registrado. São pelo menos cinco planetas orbitando a estrela HD 10180, do mesmo tipo que o Sol, sendo que há evidências da existência de mais dois, o que tornaria o sistema muito parecido com o nosso, com apenas um planeta a menos. As informações são do ESO (Observatório Europeu do Sul).
sistema planetário ao redor da estrela HD 10180
© ESO (ilustração do sistema planetário ao redor de estrela)
O grupo de cientistas ainda descobriu mais uma semelhança com o Sistema Solar, a distância dos planetas para HD 10180 segue um padrão regular, assim como os nossos para com o Sol. "Descobrimos o que parece ser o sistema com mais planetas encontrado até agora", diz Christophe Lovis, autor principal do artigo científico que apresenta os resultados.
"Esta descoberta extraordinária também enfatiza o fato de estarmos entrando numa nova era da investigação de exoplanetas: o estudo de sistemas planetários complexos e não apenas de planetas individuais. Estudos dos movimentos planetários no novo sistema revelam interações gravitacionais complexas entre os planetas e dão informações sobre a evolução do sistema a longo prazo", diz o pesquisador.
O estudo do sistema durou seis anos e utilizou o espectrógrafo HARPS, do telescópio de 3,6 metros do ESO, em La Silla, no Chile. Os registros de 190 medições possibilitaram a observação de minúsculos movimentos na estrela, para a frente e para trás, causados pelas interações pelos planetas. Os cincos sinais mais fortes vinham de corpos com a massa do tipo de Netuno, entre 13 e 25 vezes a massa da Terra, e com órbitas que duram entre seis e 600 dias terrestres.
A distância desses planetas até sua estrela fica entre 0,06 e 1,4 vezes a distância da Terra ao Sol. A HD 10180 está situado a 127 anos-luz na constelação de Hidra.
"Temos também boas razões para acreditar que mais dois planetas estejam presentes", diz Lovis. "Um será do tipo de Saturno (com uma massa mínima de 65 massas terrestres) com órbita de 2.200 dias. O outro será o exoplaneta de menor massa descoberto até agora, com uma massa de cerca de 1,4 vezes a massa da Terra. Encontra-se muito próximo da estrela hospedeira, a apenas 2% da distância Terra-Sol. Um ano neste planeta durará somente 1,18 dias terrestres", diz o astrônomo.
"Este objeto origina uma oscilação na estrela de apenas 3 km/h, mais devagar que a velocidade do simples movimento de andar a pé, e este movimento é bastante difícil de medir", diz o membro da equipe Damien Ségransan. Se confirmado, este corpo poderá ser outro exemplo de um planeta quente rochoso, semelhante a Corot-7b.
Apesar das semelhanças com o Sistema Solar, o sistema de HD 10180 é único em vários aspectos, como, por exemplo, o fato de ter cinco planetas do mesmo tipo que Netuno localizados em uma órbita parecida com a de Marte. Além disso, ele é mais povoado que o nosso sistema na sua região interior, com mais planetas e estes sendo de grande massa. Além disso, as órbitas desses corpos parecem ser praticamente circulares.
Já foram descobertos, até agora, 15 sistemas com pelo menos três planetas, sendo 55 Cancri o mais rico até então, com cinco planetas, sendo dois gigantes. "Sistemas com planetas de pequena massa como o que se encontra em torno de HD 10180, parecem ser muito comuns, mas a sua história de formação permanece um mistério", diz Lovis.
O ESO destaca duas importantes descobertas feitas por esse estudo. Primeiro, os astrônomos encontraram um equivalente da lei de Titius-Bode existente no nosso sistema solar, que diz que as distâncias dos planetas às suas estrelas seguem um padrão regular, "o que pode ser uma assinatura do processo de formação destes sistemas planetários", diz o membro da equipe Michel Mayor.
Além disso, os astrônomos afirmam ter descoberto a existência de uma relação entre a massa de um sistema planetário e a massa e a composição química de sua estrela. Eles chegaram a essa conclusão após observações anteriores indicarem que sistemas planetários de grande massa são encontrados em torno de estrelas de grande massa e ricas em metais, enquanto que os sistemas de menor massa ficam em torno de estrelas de menor massa e pobres em metais, o que confirma os modelos teóricos mais aceitos atualmente.
Fonte: ESO

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Achado restos de colisão de planetas

Astrônomos observaram com o telescópio espacial Spitzer inesperados discos de poeira em um sistema estelar duplo maduro. Os cientistas, após analisarem os dados, acreditam que a poeira, que não deveria estar lá, pode ter sido resultado de colisões entre planetas.
colisão de planetas
© NASA (concepção artística da colisão de planetas em RS CVns)
"Isto é ficção científica na vida real", diz o pesquisador Jeremy Drake, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian. "Nossos dados dizem que os planetas neste sistema talvez não tenham tido muita sorte - colisões podem ter sido comuns. É teoricamente possível que planetas habitáveis tenham existido ao redor desse tipo de estrelas, se isso aconteceu para alguma vida lá, ela pode ter sido condenada".
Segundo a administração do Spitzer (da Nasa e do Instituto de Tecnologia da Califórnia), os cientistas observaram o par de estrelas RS Canum Venaticorums. Curiosamente, as duas estrelas são separadas "apenas" por 3,2 milhões de km, o equivalente a 2% da distância da Terra até o Sol. Os dois astros terminam sua órbita ao redor um do outro em poucos dias.
O tamanho de cada uma das estrelas é similar ao do Sol e sua idade é de provavelmente 1 bilhão ou poucos bilhões de anos, apesar de não ser um cálculo muito preciso, indica que elas teriam a idade aproximada da nossa estrela quando a vida surgiu na Terra. Contudo, esses dois astros orbitam muito rapidamente, o que gera campos magnéticos gigantescos e ventos estelares muito poderosos.
Esses ventos, segundos os astrônomos, mantêm as estrelas próximas. Como essa proximidade, a influência gravitacional está em constante mudança e isso pode causar distúrbios nos planetas, que podem acabar sendo "expulsos" do sistema ou colidindo uns contra os outros. Os distúrbios podem ter ocorrido inclusive na zona habitável do sistema, onde as temperaturas podem permitir a existência de água no estado líquido.
Segundo os astrônomos, a poeira nesse tipo de sistema é dissipada pelas próprias estrelas em seu estágio maduro. Os cientistas acreditam que algo deve ter sido responsável pelo aparecimento da poeira do sistema. Além disso, o fato de quatro discos de poeira terem sido encontrados indicam que algo muito caótico ocorreu, ou ainda está acontecendo em RS Canum Venaticorums, como a colisão de planetas.
Fonte: Astrophysical Journal Letters

Sistema Solar é mais velho do que se pensava

O Sistema Solar acaba de ficar centenas de milhares de anos mais velho. Baseados em um meteorito que caiu na África, cientistas concluíram que o Sistema Solar tem 4,5682 bilhões de anos de idade.
gases na formação do sistema solar
© NASA (gases na formação do Sistema Solar)
A nova estimativa está entre 0,3 e 1,9 milhões de anos maior que as anteriores, que se basearam nos meteoritos Efremovka e Allende, encontrados no Cazaquistão em 1962 e no México em 1969, respectivamente.
Para deduzir quando as primeiras partículas sólidas do Sistema Solar se formaram, pesquisadores analisaram estruturas de até um centímetro encontradas nos meteoritos, conhecidas como "inclusões".
Elas foram criadas quando gases esfriaram para formar o Sol e planetas, e estão entre os mais antigos sólidos do Sistema Solar.
Agora, Audrey Bouvier, na Universidade do Estado do Arizona, e colegas, analisaram essas partículas produzidas em um meteorito que caiu na Terra no Noroeste da África, em 2004.
Eles se basearam no decaimento dos isótopos (átomos de massas diferentes) urânio-238 e 235, para os isótopos-filhos chumbo-207 e 206.
Pode parecer uma diferença trivial para algo de bilhões de anos de idade, mas na verdade isso pode fazer uma diferença quando se verificam as condições que levaram à formação do Sistema Solar, diz Bouvier. O mesmo se aplicaria às condições necessárias para a formação de outros sistemas com planetas habitáveis.
"Estudos como este nos contam o que ativou a formação do Sistema Solar, e como esse processo ocorreu", concorda Ray Burgess, geoquímico da Universidade de Manchester, Reino Unido.
"Eles podem nos contar como nosso planeta se formou, e por que ele tem a estrutura que possui", completa.
Acredita-se que o meteorito Allende tenha passado por grande aquecimento e deformação antes de aterrissar na Terra.
Burgess diz que o meteorito africano quase certamente experimentou distúrbios menores em sua estrutura isotópica, propiciando dados mais confiáveis.
O estudo foi publicado na revista "Nature Geoscience".
Fonte: New Scientist

domingo, 22 de agosto de 2010

O que é o Objeto de Hoag?

Esta estranha galáxia foi descoberta em 1950 pelo astrônomo Art Hoag, que imaginou o objeto como sendo uma nebulosa planetária, remanescente da expansão de uma estrela.
IDL TIFF file
© NASA/Hubble (Objeto de Hoag)
Mas ele logo descartou a possibilidade, sugerindo que o objeto fosse na verdade uma galáxia. Observações mais detalhadas realizadas em 1970 confirmaram a hipótese, embora muitas das características do Objeto de Hoag ainda permaneçam um mistério. Esta estrutura, localizada na a 600 milhões de anos-luz de distância na constelação da Serpente, é um anel quase perfeito de estrelas azuis e jovens orbitando em torno de um núcleo amarelo da galáxia, que possui cerca de 120.000 anos-luz de diâmetro, ligeiramente maior que a Via Láctea. O anel azulado, composto principalmente por aglomerados de estrelas jovens e massivas, contrasta com o núcleo amarelado de estrelas mais antigas. A região entre o anel e o núcleo deve conter aglomerados de estrelas de baixa luminosidade. Galáxias em formato de anel podem ser formadas de diversas maneiras. Uma das possibilidades é a da formação através da colisão com uma outra galáxia, porém neste caso seria deixado vestígios de estrelas em formação, o que não se observa. Uma outra hipótese, mais aceitável, é a que o anel de estrelas azuis tenha sido formado por remanescentes de uma galáxia próxima. Estimativas prevêem que o encontro tenha ocorrido entre 2 e 3 bilhões de anos atrás.
Fonte: Cosmo Novas

sábado, 21 de agosto de 2010

Aglomerado de galáxias mais antigo ainda está em atividade

Astrônomos da Universidade Texas A&M estudaram a imagem de um aglomerado de galáxias conhecido como CLG J02182-05102, cuja radiação infravermelha demorou 10 bilhões de anos para chegar à Terra e ainda forma novas estrelas.
CLG J02182-05102
© NASA/JPL-Caltech (aglomerado de galáxias CLG J02182-05102)
O fato do aglomerado ainda estar em atividade chamou a atenção no estudo coordenado por Kim-Vy Tran, astrônoma do departamento de Física e Astronomia da Universidade, que contou com um grupo internacional de cientistas, trabalhando durante 4 meses.
A aparência "moderna" do objeto chamou a atenção da equipe de pesquisadores e foi possível estimar que até hoje são produzidas centenas de milhares de novas estrelas todo ano. Observações em aglomerados de galáxias mais próximos identificaram estrelas com idades entre 8 e 10 bilhões de anos, o que pode indicar que CLG J02182-05102 estaria no fim do período de grande produção de estrelas.
Identificado pela primeira vez em maio de 2010 por meio do trabalho do astrônomo Casey Papovich, a coleção de 60 galáxias é o aglomerado mais antigo conhecido, formado apenas 4 bilhões de anos após o Big Bang.
Segundo a equipe coordenada por Tran, o inusitado no caso do aglomerado de galáxias é que o centro produz mais estrelas do que as bordas, o inverso do observado nas galáxias do Grupo Local, aglomerado no qual a Via Láctea está inserida.
As cores da fotografia são artificiais. Para os comprimentos de onda captados pelo Telescópio Spitzer, entre 4,5 e 24 mícrons, os tons usados são verde e vermelho, nesta ordem. O telescópio Subaru, equipamento japonês instalado em Mauna Kea, no Havaí, contribuiu registrando a parte azul da imagem, com comprimentos de 0,7 mícrons.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Hubble é usado para estudar a energia escura

Pela primeira vez, cientistas utilizando o Telescópio Espacial Hubble conseguiram tirar vantagem de uma lente de aumento espacial, um enorme aglomerado de galáxias cuja gravidade concentra a luz emitida por corpos mais afastados, para obter informações sobre a natureza da misteriosa energia escura que está acelerando a expansão do Universo.
lente gravitacional de Abell 1689
© NASA/ESA (lente gravitacional de Abell 1689)
Os cálculos feitos a partir dos dados do Hubble, juntamente informações obtidas por outros meios, aumentou de forma significativa a precisão das medições da energia escura, diz nota divulgada pelos responsáveis pelo telescópio espacial.
Cientistas não sabem o que a energia escura é, mas sabem que ela é o principal componente do Universo, cerca de 72%. A matéria escura, perfaz 24% e também é misteriosa, mas mais fácil de estudar, porque influencia gravitacionalmente a matéria comum, que responde por apenas 4%.
No novo estudo, a equipe de cientistas usou imagens do Hubble para analisar um grande aglomerado de galáxias, Abell 1689. A gravidade do aglomerado faz com que galáxias localizadas no pano de fundo apareçam em imagens múltiplas e distorcidas.
Usando essas imagens distorcidas, cientistas foram capazes de determinar como a luz das galáxias do pano de fundo foi distorcida pelo aglomerado, uma característica que depende das propriedades da energia escura. O método também depende de medições, feitas aqui na Terra, da distância que nos separa dessas galáxias e da velocidade com que elas se afastam de nós.
Fonte: Science

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Energia de buraco negro impede formação de estrelas

Um gigantesco buraco negro no centro da galáxia M87 está soprando poeira e gás para longe, impedindo assim a formação de novas estrelas. Imagem composta por dados coletados pelo Telescópio de Raios X Chandra e pelo conjunto de radiotelescópios VLA registra o processo violento.
M 87
© Chandra/VLA (galáxia M87)
A uma distância de 50 milhões de anos luz, M87 está relativamente próxima da Terra e fica no centro do aglomerado de Virgem, que contém milhares de galáxias. A localização de M87, combinada ao longo período de atividade do Chandra, fez com que a galáxia fosse um excelente alvo de observação.
"Nossos resultados mostram em grande detalhe como o buraco negro supermassivo tem um controle surpreendentemente bom sobre a evolução da galáxia onde vive", disse Norbert Werner, do Instituto Kavli de Astrofísica de partículas e Cosmologia da Universidade Stanford e do Laboratório Nacional de Acelerador SLAC.
O aglomerado ao redor da M87 brilha em luz de raios X, que é captada pelo Chandra. À medida que se resfria, o gás pode cair na direção do centro da galáxia, onde poderia continuar a se resfriar ainda mais e formar novas estrelas.
No entanto, observações de rádio feitas pelo VLA indicam que os jatos de partículas altamente energéticas produzidos pelo buraco negro da M87 interrompe o processo. Esses jatos erguem o gás relativamente frio perto do centro da galáxia e produzem ondas de choque na atmosfera galáctica, por conta de sua velocidade supersônica.
Os cientistas envolvidos na pesquisa consideraram que a interação dessa "erupção" cósmica com o ambiente galáctico é muito semelhante à do vulcão islandês Eyjafjallajokull, que forçou o fechamento de boa parte dos aeroportos da Europa há alguns meses.
Com o Eyjafjallajokull, bolsões de gás quente irrompiam pela superfície da lava, gerando ondas de choque que podem ser vistas passando através da fumaça cinzenta. O gás aquecido se eleva pela atmosfera, arrastando a poeira cinzenta atrás de si. 
Em analogia com o vulcão, as partículas energéticas produzidas na vizinhança do buraco negro elevam-se através da atmosfera que emite raios X, fazendo elevar-se o gás mais frio perto do centro  da M87, de modo semelhante ao arrasto das nuvens de cinza vulcânica visto na Terra.
Na galáxia M87, as plumas de gás mais frio que são erguidas contêm tanta massa quanto todo o gás contido num raio de 12.000 anos-luz do centro do aglomerado de galáxias.
"Esse gás teria formado centenas de milhões de estrelas se o buraco negro não o tivesse retirado do centro da galáxia", disse um dos autores de um dos dois artigos que descrevem a dinâmica da M87, Evan Milion, de Stanford.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

A Lua pode estar encolhendo

O raio da Lua provavelmente perdeu cerca de 100 metros em algum momento do último bilhão de anos, e é possível que o satélite ainda venha a encolher mais, diz o pesquisador Thomas Watters, do Smithsonian Institution, baseado na análise de imagens produzidas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da Nasa.
escarpa lunar
© NASA (escarpa lunar)
Em órbita lunar desde  junho de 2009, a LRO encontrou, espalhados pela Lua, novos exemplares de um tipo especial de elevação avistado anteriormente por três missões Apollo - 15, 16 e 17 -, mas exclusivamente na região do equador. Watters descreve essas formações como estruturas "principalmente lineares, que se parecem com um degrau baixo na paisagem". Têm menos de 100 metros de altura, e poucos quilômetros de extensão.
Essas elevações, ou escarpas, descobertas pela LRO encontram-se em áreas da Lua afastadas da zona equatorial onde os exemplos iniciais tinham sido vistos pelas três Apollo, o que sugere que podem estar igualmente distribuídas por todo o globo lunar.
A distribuição regular sugere, de acordo com os pesquisadores, que escarpas seriam como cicatrizes deixadas pelo encolhimento da Lua, ocorrido à medida que o satélite perdia seu calor original para o espaço.
"O interior da Lua vem se resfriando devagar", explica Watters. "À medida que esfria, ele se contrai, fazendo com que a crosta se ajuste à redução do volume interior".
O encolhimento, de acordo com o cientista, teria ocorrido em saltos, possivelmente associados a "lunamotos".
As escarpas também parecem jovens, em termos da história da Lua, teriam menos de 1 bilhão de anos, o que indica que o encolhimento que as provocou foi bem recente. "A pequena idade aparente das escarpas deixa aberta a possibilidade que a Lua ainda seja tectonicamente ativa e ainda esteja encolhendo", disse Watters.
Fonte: Science

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Magnetar deveria ser um buraco negro

Astrônomos europeus afirmam ter demonstrado a partir de observações do Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês) que uma estrela magnética (magnetar), um tipo de estrela de nêutrons com poderoso campo magnético, se formou a partir de uma estrela com pelo menos 40 vezes a massa do Sol.
magnetar
© ESO (ilustração de uma magnetar)
O resultado desafia as atuais teorias sobre evolução estelar, já que um astro com tanta massa deveria ter se transformado em um buraco negro. Além disso, a descoberta levanta uma nova questão: qual é a massa necessária para dar origem a um buraco negro?
Os astrônomos fizeram observações de Westerlund 1, a 16 mil anos-luz da Terra, na constelação do Altar, que é o mais próximo super agrupamento estelar conhecido e contém centenas de estrelas de grande massa. Algumas delas têm luminosidade 1 milhão de vezes maior que a do Sol e outras têm 2 mil vezes o seu diâmetro.
"Se o Sol estivesse situado no centro deste agrupamento, o nosso céu noturno estaria repleto de centenas de estrelas tão brilhantes como a Lua cheia", diz Ben Richie, autor principal do estudo. Apesar da diversidade e da grande população de estrelas, chama a atenção em Westerlund 1 que todas têm aproximadamente a mesma idade, estimada entre 3,5 milhões e 5 milhões de anos, pois o agrupamento se formou a partir de um único evento.
Os astrônomos estudaram mais exatamente uma estrela magnética, que é uma estrela de nêutrons (astros formados a partir de uma explosão de estrela de grande massa, evento conhecido como supernova) com campo magnético extremamente forte, que é trilhões de vezes mais poderoso que o da Terra.
posição da magnetar
© ESO (posição da magnetar)
Westerlund 1 tem uma das poucas estrelas magnéticas conhecidas na Via Láctea e, a partir do estudo desta estrela e das que a circundam, foi possível descobrir como era o astro que deu origem a ela. Uma vez que as estrelas do agrupamento têm aproximadamente a mesma idade, a que explodiu deve ter tido uma vida mais curta, o que indica qual era o seu tamanho.
O tempo de vida de uma estrela está diretamente relacionado com a sua massa, quanto mais massa tem uma estrela, mais curta é a sua vida. Se for medida a massa de qualquer uma das estrelas sobreviventes é possível saber com certeza que a estrela de vida mais curta que deu origem à estrela magnética deve ter tido ainda mais massa. "Isto é extremamente importante, já que não existe nenhuma teoria aceita sobre como se formam estes objetos extremamente magnéticos", diz o coautor e líder da equipe que realizou o estudo, Simon Clark..
As teorias mais aceitas até agora afirmam que estrelas com massa entre 10 e 25 vezes a massa do Sol explodirão como supernovas no final de sua vida e darão origem a estrelas de nêutrons, enquanto aquelas com massa inicial superior a 25 vezes a do Sol se transformarão em buracos negros.
"Estas estrelas têm que se ver livres de mais de nove décimos das suas massas antes de explodirem como supernovas, caso contrário darão antes origem a um buraco negro", diz o coautor Ignacio Negueruela. "Perdas de massa tão elevadas antes da explosão apresentam um grande desafio às atuais teorias de evolução estelar".
Contudo, os astrônomos também pensam em uma possibilidade para o surgimento de uma estrela magnética a partir de um astro com tanta massa. O mecanismo de formação preferido dos astrônomos postula que a estrela que se transforma em estrela magnética tenha nascido com uma companheira estelar. A interação entre as duas causa grande ejeção de matéria por parte da progenitora, o que explicaria como ela não se transformou em um buraco negro.
Embora hoje não se observe nenhuma estrela que teria sido companheira da progenitora, os astrônomos afirmam que há a possibilidade de, durante a explosão da supernova, ela ter "expulsado" a estrela companheira do agrupamento a alta velocidade, deslocando mais de mais de 95% da sua massa inicial.
Fonte: Astronomy and Astrophysics

Eclipse de pulsar testa teoria de Einstein

Usando o satélite Explorador de Raios X Rossi, da Nasa, astrônomos descobriram o primeiro pulsar rápido de raios X a ser eclipsado por uma estrela companheira. Estudos mais detalhados desse sistema permitirão realizar novos testes da teoria da relatividade de Albert Einstein.
sistema binário com pulsar e estrela
© NASA (ilustração de um sistema binário com pulsar e estrela)
O pulsar é uma estrela de nêutrons em rápida rotação, com o núcleo esmagado de uma estrela que explodiu como supernova. Estrelas de nêutrons concentram massa superior à solar numa esfera com menos de um milésimo do tamanho do Sol.
"É difícil estabelecer a massa das estrelas de nêutrons, especialmente no extremo mais alto da gama de massas prevista pela teoria", disse Craig Markwardt, da Nasa. "Como resultado, não conhecemos a estrutura interna ou o tamanho delas tão bem quanto gostaríamos. Esse sistema nos leva um passo além nesse sentido".
Conhecido como Swift J1749.4-2807, ou apenas  J1749, o sistema lançou uma explosão de raios X em abril. Durante o evento, o Rossi observou três eclipses, detectou pulsos de raios X que identificaram a estrela como um pulsar e registrou variações de pulso que indicam o movimento orbital da estrela.
J1749 foi descoberta em junho de 2006, quando uma explosão menor chamou a atenção do satélite Swift. Observações subsequentes revelaram que a fonte era um sistema binário a 22.000 anos-luz de distância, na constelação de Sagitário, e que a estrela de nêutrons estava absorvendo massa de sua companheira.  O gás atraído se acumula num disco em torno da estrela de nêutrons.
"Como muitos sistemas binários, J1749 tem explosões quando instabilidades do disco permitem que parte do gás colida com a estrela", explicou Tod Strohmayer, cientista ligado ao Rossi.
O pulsar J1749 gira 518 vezes por segundo, e seu movimento orbital produz mudanças pequenas, mas regulares, na frequência dos raios X. Essas mudanças sugerem que as estrelas do par giram uma em torno da outra a cada 8,8 horas.
"Esta é a primeira vez em que detectamos eclipses de raios X num pulsar rápido que também está absorvendo gás", disse Markwardt. "Com essas informações, agora sabemos o tamanho e  a massa da estrela companheira com precisão sem precedentes". 
Escrevendo sobre suas descobertas no periódico The Astrophysical Journal Letters, Markwardt e Strohmayer destacam que têm praticamente toda a informação necessária para determinar a massa do pulsar, estimada entre 1,4 e 2,2 massas solares. para isso, é preciso localizar, por meio de telescópios normais ou de infravermelho, a estrela companheira.
Mas a teoria da relatividade pode tornar essa observação desnecessária: uma consequência da teoria é que um sinal, como ondas de rádio ou raios X, sofre um pequeno atraso ao passar muito perto de um objeto de grande massa. Esse atraso já foi demonstrado diversas vezes em experimentos.
"Medições de alta precisão os raios X antes e depois do eclipse podem fornecer um retrato detalhado de todo o sistema", disse Strohmayer. Para J1749, o atraso previsto é de 21 microssegundos, dentro da capacidade de detecção do Rossi.
Com apenas três eclipses observados em 2010, o satélite não captou dados suficientes para revelar um grande atraso. Mas, da próxima vez que o pulsar produzir uma explosão, será possível determinar o valor, afirma Markwardt.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Omega Centauri pode ser uma galáxia?

O telescópio orbital Wise, da Nasa, fotografou um alvo predileto dos astrônomos amadores, o aglomerado de estrelas Omega Centauri, também conhecido como  NGC 5139, e que pode ser observado a olho nu no hemisfério sul, na constelação do Centauro.
omega centauri
© NASA (Omega Centauri)
Omega Centauri contém aproximadamente 10 milhões de estrelas e fica a cerca de 16.000 anos-luz da Terra. A imagem do Wise cobre uma área do céu equivalente à 60 milhões de km².
O astrônomo da Antiguidade Ptolomeu acreditava que Omega Centauri era uma estrela, e Edmond Halley identificou-a como uma nebulosa em 1677. na década de 1830, John Herschel determinou que se tratava de um aglomerado globular de estrelas. Aglomerados globulares são grupos esféricos de estrelas unidas pela gravidade.
Omega Centauri é uma espécie de "ovelha negra" dos aglomerados globulares, já que tem diversas características que o diferenciam dos demais. Por exemplo, tem dez vezes a massa de um aglomerado típico e agrega estrelas de diferentes idades, enquanto que os outros aglomerados são compostos por uma única geração de astros.
Pesquisas recentes indicam que existe um buraco negro no centro de Omega Centauri. Isso sugere que o aglomerado é, na verdade, uma galáxia anã que de algum modo perdeu suas estrelas mais externas.
Fonte: NASA

Asteroide é encontrado em zona morta gravitacional

Um grupo de astrônomos descobriu um objeto celeste em uma região da órbita de Netuno considerada uma "zona morta gravitacional", os chamados pontos de Lagrange, na qual até hoje nenhum corpo astronômico havia sido observado.
pontos de lagrange em Netuno
© Scott Sheppard (pontos de Lagrange em Netuno)
O objeto, denominado 2008 LC18, é um asteroide troiano, um tipo de asteroide que divide a órbita de um planeta, posicionando-se à frente ou atrás desse planeta em uma localização estável. O nome deriva da Guerra de Troia, que teria ocorrido entre gregos e troianos por volta de 1.300 a.C.
Como os asteroides troianos compartilham a órbita de seus planetas, eles são sensíveis à formação e migração destes. Por conta disso, a descoberta poderá ajudar a compreender melhor questões fundamentais sobre a formação e movimentos dos planetas.
Júpiter é o planeta do Sistema Solar com o maior número de asteroides troianos conhecidos: mais de 4 mil. Há quatro troianos conhecidos em Marte e outros seis em Netuno, mas nenhum na região em que agora foi encontrado o sétimo.
Até então, não se descobriu esses tipos de asteroides nos demais planetas do Sistema Solar, apesar de os cientistas estimarem tal existência.
Os astrônomos Scott Sheppard, da Instituição Carnegie, e Chad Trujillo, do Observatório Gemini, utilizaram uma nova técnica observacional, que aproveita a formação de grandes nuvens escuras de poeira no espaço para poder bloquear a luz de fundo no plano galáctico.
Essa "janela observacional" foi empregada com o auxílio do telescópio japonês Subaru, com espelho de 8,2 metros de diâmetro, instalado no Havaí. A órbita do 2008 LC18 foi determinada com os telescópios Magalhães, de espelhos com 6,5 metros, instalados no Chile.
"Estimamos que o novo troiano em Netuno tenha um diâmetro de cerca de 100 quilômetros e que há cerca de 150 outros asteroides do tipo na região em que observamos o 2008 LC18". Há menos troianos conhecidos em Netuno simplesmente por que eles são mais difíceis de serem descobertos, uma vez que estão tão longe da Terra", disse Sheppard.
Isso implicaria que há mais asteroides troianos em Netuno do que o número desses objetos no principal cinturão entre Marte e Júpiter.
Fonte: Science