domingo, 8 de maio de 2011

Campos magnéticos cósmicos

Os campos magnéticos desempenham importante função na formação de estrelas, permitindo que uma protoestrela perca momento angular.
rádio polarizado e campo magnético da nebulosa NCC 6946
© MPIfR (rádio polarizado e campo magnético da NCC 6946)
O movimento de rotação da protoestrela é retardado por uma força de arraste, provocado pelo campo magnético, contra o disco de acreção circundante.
Os discos de acreção ao redor de estrelas com a dimensão dos buracos negros criam jatos que injetam material ionizado e quente no meio interestelar, enquanto que a região central de buracos negros supermassivos pode criar jatos que injetam esse material para o meio intergaláctico.
No interior das galáxias, os campos magnéticos surgem a partir do fluxo turbulento de material ionizado, talvez mais agitado devido às explosões de supernovas.
emissão em rádio e campo magnético da nebulosa NGC 1097
© MPIfR (emissão em rádio e campo magnético da NGC 1097)
Os campos magnéticos primordiais podem ser ampliados ainda mais por um efeito do dínamo de corrente, sendo atraídos para o fluxo de rotação da galáxia.
Na escala galáctica os campos magnéticos são muitas vezes vistos em padrões espirais, formando-se em toda a galáxia de disco, e também evidenciando alguma estrutura vertical.
Os campos magnéticos podem ser indiretamente identificados através da polarização da luz, do efeito Zeeman ou da rotação de Faraday.
A força média, entre clusters galácticos, dos campos magnéticos tem valores na ordem 3 x 10-6 G (gauss). A média do campo magnético da Terra é de 0,5 G e um ímã de geladeira é de cerca de 50 G. No entanto, esses campos entre clusters oferecem a oportunidade de rastrear interações passadas entre as galáxias e possibilita a determinação da função exercida dos campos magnétios no início do Universo, especialmente na formação das primeiras estrelas e galáxias.
Fonte: Instituto Max-Planck e Universe Today

sábado, 7 de maio de 2011

Asteroide gigante passará próximo da Terra

Um asteroide gigante que se move em direção à Terra vai passar por nosso planeta entre 8 e 9 de novembro de 2011.
animação da trajetória do asteroide YU55
© NASA (animação da trajetória do asteroide YU55)
O asteroide 2005 YU55 foi descoberto no dia 28 de dezembro de 2005 por Robert McMillan, do Programa de Observação Espacial, perto de Tucson, no Arizona, Estados Unidos.
O asteroide possui quase 400 m de largura e pesa 55 milhões de toneladas, sendo o maior objeto a se aproximar tão perto da Terra. O objeto quem tem um período de 14 meses, vai passar a uma distância de 324 mil km da Terra. Essa distância é mais próxima da Terra que a Lua, que orbita a mais de 384 mil km.
O asteroide vai poder ser visível com pequenos telescópios. O corpo celeste não representa perigo para o nosso planeta, mas poderá revelar detalhes importantes do Sistema Solar.
Fonte: NASA

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sonda confirma teoria de Albert Einstein

O físico Albert Einstein apresentou a Teoria da Relatividade Restrita em 1905 e a teoria Geral da Relatividade em 1915, mudando para sempre nosso entendimento do Universo.
ilustração da distorção do espaço-tempo por corpos massivos
© Cosmo Novas (distorção do espaço-tempo por corpos massivos)
Agora, a NASA anunciou que a sonda Gravity Probe B confirmou a Teoria Geral da Relatividade, que indaga que a presença de matéria provoca distorções no espaço e no tempo. A missão Gravity Probe B é liderada pelo físico Francis Everitt da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
A Gravity Probe B foi lançada em Abril de 2004, em uma órbita de mais de 600 km sobre a Terra. A bordo, quatro giroscópios extremamente precisos, construídos seguindo as idéias de Leonard Schiff. Mais de 40 anos antes, em 1959, Schiff havia proposto que a presença do espaço-tempo poderia ser verificada com a utilização de giroscópios. A sonda também possuía um telescópio precisamente apontado para uma estrela-guia, a IM Pegasi.
Seguindo apenas as Leis de Newton, um giroscópio situado na órbita terrestre deverá ficar perfeitamente fixo. Mas se o espaço-tempo curva-se pela ação de uma força gravitacional, o giroscópio, devido à sua inércia natural, deverá mover-se com ele, previsão feita por Einstein. Foi preciso esperar bastante pelo desenvolvimento da tecnologia necessária para construir esses giroscópios com a precisão necessária.
© NASA (ilustração da sonda medindo a curvatura do espaço-tempo)
A Gravity Probe B foi construída para testar dois efeitos previstos por Einstein: o efeito geodésico - como a Terra curva o espaço-tempo - e o efeito de arrasto - como a rotação da Terra distorce o espaço-tempo ao seu redor. Seguindo a teoria de Einstein, o efeito geodésico deve causar uma inclinação de 0,0018 graus nos giroscópios. Já o efeito de arrasto de referenciais deve causar uma inclinação de 0,000011 graus. Em órbita, a sonda mediu a distorção provocada pela massa do planeta Terra.
As tecnologias criadas para desenvolver a sonda gravitacional foram utilizadas posteriormente para elaborar os sistemas de posicionamento global (GPS) e o cálculo da radiação de fundo do Universo, que é a base da teoria do Big Bang e concedeu o prêmio Nobel a John Mather, da NASA.
As medições da sonda se aproximam significativamente com as projeções de Einstein, de acordo com as descobertas publicadas na revista científica Physical Review Letters.
Fonte: NASA

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Duas imagens de uma galáxia deformada

A galáxia do Gancho de Carne ou NGC 2442, situada na constelação austral do Peixe Voador é facilmente reconhecida pelos seus braços em espiral assimétricos. Pensa-se que a aparência distorcida da galáxia se deve à interação gravitacional com outra galáxia em determinado momento da sua evolução - embora até agora os astrônomos não tenham conseguido identificar de forma clara esse outro objeto.
© ESO (NGC 2442)
Esta imagem de campo largo, obtida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros em La Silla, Chile, mostra muito claramente o duplo gancho que dá a esta galáxia a sua alcunha. Esta imagem mostra igualmente outras galáxias próximas de NGC 2442 e outras ainda, mais distantes, que formam um pano de fundo bastante rico. Embora o instrumento Wide Field Imager no solo não consiga atingir a nitidez das imagens do Hubble no espaço, pode no entanto cobrir uma área muito maior do céu numa única exposição. Estes dois instrumentos fornecem muitas vezes aos astrônomos informações complementares entre si.
Uma imagem de perto obtida com o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA mostra o núcleo da galáxia e o mais compacto dos dois braços em espiral. Em 1999 uma estrela de grande massa no final da sua vida explodiu neste braço sob a forma de supernova. Comparando observações mais antigas feitas a partir do solo, imagens do Hubble de 2001 e estas imagens obtidas no final de 2006, os astrônomos puderam estudar em detalhe o que aconteceu à estrela nos seus últimos momentos. Na altura da obtenção desta imagem a própria supernova já se desvaneceu e não é visível.
As observações do ESO também destacam a outra ponta do ciclo de vida das estrelas relativamente ao Hubble. Pontilhadas ao longo da galáxia e particularmente no mais comprido dos braços em espiral, encontram-se zonas vermelho/rosa. Esta cor vem do gás de hidrogênio nas regiões de formação estelar: à medida que a forte radiação das estrelas recém-nascidas excita o gás nas nuvens a partir das quais elas se formaram, este gás brilha intensamente em tons de vermelho. 
A interação com outra galáxia que originou a estranha forma assimétrica da Galáxia do Gancho de Carne pode também, e muito provavelmente, ter originado este recente episódio de formação estelar. As mesmas forças de maré que deformaram a galáxia alteraram as nuvens de gás dando origem ao seu colapso gravitacional.
Fonte: ESO

terça-feira, 3 de maio de 2011

Colisão de asteroides vista por telescópios

No ano passado, astrônomos notaram que um asteroide, chamado (596) Scheila, estava apresentando um brilho repentino e algumas emanações ligeiras, semelhantes aos jatos emitidos pelos cometas.
imagem em ultravioleta e visível do asteroide Scheila
© NASA (imagem em ultravioleta e visível do asteroide Scheila)
Agora, dados dos telescópios espaciais Hubble e Swift mostraram que esse comportamento inesperado ocorreu porque o Scheila foi atingido por um asteroide até então desconhecido, mas muito menor. O asteroide Scheila, que mede pouco mais de 113 quilômetros de diâmetro, foi descoberto em 1906. Ele tem aproximadamente 70 km de diâmetro e orbita o Sol a cada cinco anos.
"As colisões de asteroides produzem fragmentos de rochas, de gigantescos blocos até uma fina poeira, que acabam se chocando com os planetas e suas luas," explica Dennis Bodewits, astrônoma da Universidade de Maryland, que analisou as imagens do telescópio Swift. "Mesmo sendo comuns, esta é a primeira vez que fomos capazes de observar uma colisão poucas semanas depois do impacto, antes que as evidências se dissipassem."
asteroide Scheila circundado por uma nuvem de partículas
© NASA (asteroide Scheila circundado por uma nuvem de partículas)
"Os dados do Hubble podem ser explicados por um impacto, a 18.000 km/h, com um asteroide desconhecido medindo cerca de 30 metros de diâmetro," afirmou David Jewitt, cientista da Universidade da Califórnia, que analisou o outro conjunto de dados.
Foi o Hubble que detectou a primeira colisão entre asteroides em 2009, que produziu um rastro espetacular em forma de X.
Os astrônomos calculam que o impacto ocorreu em um ângulo de 30 graus, criando uma cratera de 300 metros de diâmetro no asteroide Scheila, o que arremessou para o espaço cerca de 660.000 toneladas de detritos.
Isto é 10.000 vezes mais do que o material ejetado quando a sonda Impacto Profundo chocou-se contra o cometa Tempel 1.
Fonte: Astrophysical Journal Letters

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O lado negro de Titã

A missão da sonda espacial Cassini divulgou uma imagem do lado negro da maior lua de Saturno, Titã.
atmosfera de Titã
© JPL/NASA (atmosfera de Titã)
O registro foi feito em 26 de novembro de 2010, quando a sonda estava a 1,9 milhões de km do satélite natural.
A missão Cassini-Huygens é administrada pelas agências espaciais americana (NASA), europeia (ESA) e italiana (ASI). A imagem mostra um halo formado quando a luz se espalha na atmosfera de Titã. A escala da imagem é de 12 km por pixel. A camada mais fraca vista na imagem é a escassa atmosfera da lua e tem cerca de 5.150 km de espessura.
Fonte: NASA

sábado, 30 de abril de 2011

Volta aos primórdios do Universo

No início da formação do Universo, estrelas de grande massa (pelo menos 10 vezes a massa do Sol) e vida curta eram as principais fábricas de elementos químicos que entravam na composição de novas estrelas.
 simulação da formação das primeiras estrelas
© U. Texas (simulação da formação das primeiras estrelas)
Além de grandes, esses corpos celestes também giravam depressa, propõe um estudo liderado pela astrônoma brasileira Cristina Chiappini, do Instituto Leibnitz para Astronomia de Potsdam, na Alemanha, publicado na revista Nature desta semana.
“A presença de alguns elementos em estrelas antigas só pode ser explicada se as estrelas massivas da época tivessem rotação rápida”, explica Cristina. A ideia brotou do trabalho de Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que em 2009 publicou um artigo na revista Astronomy & Astrophysics em que analisava 8 estrelas muito velhas – por volta de 12 bilhões de anos – no centro da nossa galáxia.
A astrônoma da USP examinou imagens captadas pelo Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), que registram os espectros de elementos na atmosfera dos corpos celestes. Beatriz notou uma abundância excessiva de bário e lantânio, elementos pesados que precisariam de um processo lento para se formarem. Só que essas estrelas nasceram no início da formação do Universo, quando ainda não tinha passado tempo suficiente para que esses elementos se formassem da forma tradicionalmente aceita.
Cristina logo percebeu a ligação com o trabalho do grupo do Observatório de Genebra, a que está associada, com modelos de alta rotação de estrelas. O movimento poderia explicar a presença desses metais porque funciona mesmo como uma batedeira, levando a processos de mistura dentro da estrela que permitem a captura lenta de nêutrons, produzindo os chamados elementos-s. Sem rotação, esses elementos seriam produzidos somente em estrelas de baixa massa, com tempos de vidas muito longos.
Cristina procurou então Beatriz, com quem tinha contato desde que fez doutorado na USP, e pediu que verificasse nos espectros a quantidade de outros metais, ítrio e estrôncio, nessas estrelas antigas. Voltando às imagens, viu valores perfeitamente compatíveis com o modelo da pesquisadora radicada na Europa: só estrelas de grande massa em rotação vigorosa poderiam gerar aqueles elementos nas quantidades necessárias para compor as anciãs ainda vivas hoje.
Não é a única explicação possível, mas é a mais plausível. A conclusão é ainda mais forte porque dois pesquisadores do grupo de Genebra, proponentes de outro modelo para explicar a evolução química da galáxia, também assinam o artigo da Nature. “O modelo deles explica a evolução de algumas estrelas nesse aglomerado, mas o nosso explica todas”, conta Cristina. A interpretação ainda é mais corroborada pelo trabalho de um grupo independente da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, que com uma técnica completamente diferente demonstrou a rotação rápida das primeiras estrelas.
Para Beatriz, o trabalho quebra um paradigma aceito pela maior parte dos pesquisadores na área. “Há 30 anos, um autor falou que as estrelas velhas são compostas por elementos formados por um processo rápido, e mostramos que não é assim.” Um grande passo, mas as duas pesquisadoras brasileiras veem a publicação na Nature como uma chave que deve lhes abrir novas portas. Com a repercussão que o trabalho deve ter, elas esperam conseguir mais tempo de observação no VLT e no Hubble, telescópios disputados por pesquisadores do mundo todo e cujo uso é determinado por mérito.
“Precisamos melhorar os modelos”, completa Cristina, “mas incluir outros metais é um processo muito lento”. Não é para menos. Os elementos que as estrelas criam, e lançam no gás do Universo quando morrem, não só formam outras estrelas, mas também o Sol, a Terra e os corpos das pessoas. Não é uma busca modesta.
Fonte: FAPESP (Pesquisa)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Trânsito do planeta mais denso conhecido

O planeta, chamado 55 Cancri-e, é 60% maior em diâmetro que a Terra, mas oito vezes mais maciço. Duas vezes mais denso que a Terra - quase tão denso como o chumbo - é o mais denso planeta sólido conhecido.
ilustração do trânsito 55 Cancri-e
© NASA e UBC (ilustração do trânsito 55 Cancri-e)
O sistema planetário de 55 Cancri na constelação do Caranguejo é composto por 5 planetas que orbitam uma estrela de tipo espectral G8 V muito rica em “metais”. O planeta 55 Cancri-e foi descoberto em 2004 por McArthur et al. utilizando o telescópio Hobby-Eberly do observatório de McDonald, no Texas. Na altura, a análise dos dados indicava que este planeta deveria possuir uma massa de cerca de 14,2 vezes a da Terra e orbitar a estrela hospedeira com um período de 2,8 dias. Em 2008, uma nova análise por Debra Fisher e colegas da San Francisco State University, detectou um planeta adicional, o 55 Cancri-f, e confirmou a existência do 55 Cancri-e. Em 2010, uma análise mais detalhada dos dados levou Rebekah Dawson e Daniel Fabrycky a propor que o verdadeiro período de do 55 Cancri-e era de 0,74 dias, pouco menos de 18 horas! Esta nova órbita, fez descer a estimativa da massa mínima do planeta para 8,3 vezes a massa da Terra e aumentou a sua probabilidade de trânsito de uns 13%, na sua órbita original, para 33%. Foi precisamente esta probabilidade elevada de trânsito que levou os autores do artigo a tentarem a sua detecção utilizando para o efeito o telescópio espacial MOST.
Com base nos trânsitos, Winn e co-autores derivam uma massa de 8,6 e um raio de 1,6, em unidades terrestres, para o planeta, correspondendo a uma densidade de 10.9 g/cm³. Este valor da densidade, cerca do dobro da terrestre, é notável e sugere que o planeta é predominantemente composto por metais e por rocha. As probabilidades de suportar uma atmosfera substancial são pequenas. O brilho da estrela hospedeira permitirá observar os trânsitos com grande detalhe com o telescópio Hubble, no visível e ultravioleta, e com o telescópio Spitzer, no infravermelho, o que possibilitará a detecção e caracterização da sua atmosfera tênue.
Fonte: SienceDaily

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A galáxia anã UGC 9128

As galáxias se apresentam no Universo em diversas formas e tamanhos, com a maior parte delas classificadas como elípticas ou espirais. Contudo, algumas delas caem em categorias conhecidas como irregulares, como a UGC 9128.
© Hubble (galáxia anã UGC 9128)
A UGC 9128 é uma galáxia anã irregular, que significa não possuir uma forma definida, ela provavelmente contém somente uma centena de milhões de estrelas – muito menos estrelas do que é encontrado por exemplo em grandes galáxias espirais como a Via Láctea. As galáxias anãs são importantes para entender como o Universo tem evoluído e são quase que definidas como os blocos de construção galáctica, pelo fato das galáxias crescerem a partir da fusão de pequenas outras galáxias.
Recentemente os astrônomos estão tentando descobrir se as galáxias anãs contêm um halo similar e uma estrutura de disco parecida com as galáxias maiores, onde estrelas mais velhas são encontradas em um halo esferoidal estendido, com um disco plano sendo o lar de estrelas mais jovens. As observações da UGC 9128 indicam que elas contêm um halo similar e uma estrutura de disco.
A UGC 9128, localiza-se a aproximadamente 8 milhões de anos-luz de distância, o que significa que ela é parte do Grupo Local de mais de 30 galáxias próximas  e ela é encontrada na constelação de Boötes (O Vaqueiro). Apesar da sua distância relativamente próxima, ela é muito apagada e somente foi descoberta no século XX. A imagem do Hubble identifica claramente a população estelar da galáxia e também mostra muito mais distantes galáxias no plano de fundo.
Fonte: ESA

terça-feira, 26 de abril de 2011

Retrocesso orbital de estrelas

As estrelas que orbitam em caminho contrário no núcleo de sua galáxia provavelmente são resquícios de uma outra galáxia que foi englobada.
NGC 1700
© Chandra (NGC 1700)
Há vários anos os cientistas observam que existem, algumas estrelas que orbitavam em sentido contrário ao da maioria, mas nunca houve a certeza do motivo. Na última semana, astrônomos da Universidade de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha) fizeram uma descoberta que parece solucionar esse mistério.
Liderados pelo cientista Kaj Kolja Kleinberg, eles observaram uma galáxia chamada NGC 1700, localizada a cerca de 160 anos-luz da Terra. Esta galáxia continha estrelas que orbitavam no sentido oposto ao das demais. Através dos espectros de luz, notaram que as estrelas próximas ao centro da galáxia são mais jovens do que as periféricas.
Isso reforça a teoria dominante, embora não houvesse provas, pois algumas galáxias englobam as outras. Isso explica porque havia estrelas mais jovens que outras na mesma galáxia; as que orbitam em sentido contrário são remanescentes da galáxia que foi engolida pela dominante.
É por esse motivo que as estrelas que orbitam na direção periférica da galáxia dominante possuem elementos mais pesados, pois são mais jovens. As antigas possuem atualmente apenas uma fração dos elementos das novas.
Fonte: New Scientist

sábado, 23 de abril de 2011

Sombras no polo sul da Lua

A imagem a seguir é um mapa de iluminação multi-temporal da Lua.
sombras no polo sul da Lua
© NASA (sombras no polo sul da Lua)
Para gerar esse mapa, a Wide Angle Camera da sonda Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA, coletou 1.700 imagens em um período de 6 dias lunares, o equivalente a 6 messes terrestres, cobrindo de forma repetida uma área centrada no polo sul da Lua. Esses dados coletados foram então convertidos para valores binários, onde os pixels que estavam na sombra receberam o valor 0 e os pixels iluminados receberam o valor 1; as imagens foram então empilhadas para produzir um mapa que representasse a porcentagem de tempo que cada ponto na superfície era iluminado pelo Sol. Permanecendo de forma convincente na sombra, o interior da cratera de 19 km de diâmetro conhecida como Shackleton está localizada próximo do centro do mapa. O polo sul lunar propriamente dito localiza-se a aproximadamente na posição de 9 horas no anel da cratera. Como o eixo de rotação da Lua é praticamente perpendicular com o plano da eclíptica, interiores de determinadas crateras tanto no polo sul como no polo norte lunar ficam permanentemente em áreas de sombras, enquanto que determinadas montanhas recebem luz solar de forma contínua. Úteis para possíveis futuras explorações, os interiores das crateras que vivem nas sombras poderiam oferecer reservatórios de gelo de água e as montanhas que recebem  constantemente a luz solar poderiam abrigar painéis solares para fornecer energia para possíveis bases lunares.
Fonte: NASA

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Saturno tem conexão elétrica com Encélado

A NASA divulgou as primeiras imagens e sons de uma conexão elétrica entre Saturno e uma de suas luas, Encélado.
 ilustração da conexão elétrica de Saturno e Enceladus
© NASA (ilustração da conexão elétrica de Saturno e Encélado)
Os dados coletados pela sonda Cassini permitem que os cientistas compreendam melhor a complexa interação entre o planeta e suas diversas luas.
Cientistas já haviam teorizado que uma ligação desse tipo pudesse existir em Saturno. Analisando dados coletados em 2008, os cientistas viram uma ligação entre o planeta e sua lua que brilhava em luz ultravioleta perto do polo norte de Saturno. Essa evidência comprova o circuito, apesar de Encélado estar a 240 mil quilômetros do planeta.
luz ultravioleta no pólo norte de Saturno
© NASA (luz ultravioleta no pólo norte de Saturno)
A junção ocorre ao final da linha do campo magnético que liga Saturno à Encélado. A área, conhecida como pegada de aurora, é o ponto onde elétrons energizados mergulham na atmosfera do planeta, seguindo o campo magnético que vai do polo norte ao polo sul do planeta.
A região da pegada de aurora mede aproximadamente 1.200 quilômetros de largura por 400 quilômetros de altura. Os cientistas não encontraram uma pegada similar no polo sul do planeta, embora os cientistas suspeitem que haja uma ligação semelhante entre Saturno e sua lua Io.
Fonte: NASA

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Um Par Galáctico Perturbado

Um grupo de galáxias, situado a cerca de 70 milhões de anos-luz de distância na constelação do Sextante, que foi descoberto pelo astrônomo inglês William Herschel em 1783, é visualizado a seguir.
© ESO (o par galáctico NGC3169 e NGC3166)
Os astrônomos modernos calcularam que a distância entre NGC 3169 (à esquerda) e NGC 3166 (à direita) são uns meros 50.000 anos-luz, uma separação que é apenas cerca da metade do diâmetro da Via Láctea. Em sítios tão apertados como este, a gravidade pode bem começar a devastar a estrutura galáctica.
O puxão gravitacional originou uma forma em espiral distorcida numa das galáxias, a NGC 3169 e fragmentou as camadas de poeira da sua companheira a NGC 3166. Há uma terceira galáxia, a NGC3165, que é mais pequena e está situada em baixo à direita da imagem.
As galáxias espirais como NGC 3169 e NGC 3166 têm tendência a ter estrelas que rodopiam de forma ordenada e poeira em rotação em torno dos seus centros brilhantes. Encontros próximos com outros objetos de grande massa podem alterar esta configuração clássica, sendo muitas vezes esta devastação um prelúdio da fusão de galáxias numa galáxia maior. Os braços da NGC 3169, brilhando devido a estrelas azuis, grandes e jovens, foram desmembrados e muito do gás luminoso foi arrancado do disco. No caso da NGC 3166, as camadas de poeira que geralmente delineiam os braços em espiral estão desordenadas. Contrariamente à sua companheira mais azul, NGC 3166 não está produzindo estrelas jovens.
A NGC 3169 distingue-se igualmente pelo ponto amarelo tênue que brilha através de um véu de poeira escura que se encontra à esquerda e próximo do centro da galáxia. Este flash é o resto de uma supernova detectada em 2003, conhecida como SN 2003cg. Pensa-se que uma supernova deste tipo, classificada como supernova de Tipo Ia, ocorre quando uma estrela quente e densa chamada anã branca - o resto de estrelas de tamanho médio como o nosso Sol - atrai gravitacionalmente gás de uma estrela companheira próxima. Este acréscimo de gás provoca eventualmente uma explosão de toda a estrela numa reação de fusão em cadeia.
Fonte: ESO

Atmosfera de Plutão está se expandindo

Uma equipe de astrônomos descobriu um aumento na quantidade de monóxido de carbono na atmosfera de Plutão, depois de uma busca que durou quase 20 anos.
ilustração da atmosfera de Plutão
© P.A.S. Cruickshank (ilustração da atmosfera de Plutão)
Descoberto em 1930 e considerado, durante décadas, o nono planeta do Sistema Solar, desde 2006 Plutão passou a ser classificado como planeta anão. Ele é o único membro da categoria a ter uma atmosfera, descoberta em 1988, quando o invólucro de gás fez diminuir o brilho de uma estrela que passava por trás do astro.
Os novos resultados, obtidos por meio de um telescópio baseado no Havaí, revelam uma intensificação dos sinais de monóxido de carbono. Antes, supunha-se que a atmosfera de Plutão tivesse, no máximo, 100 km de extensão, mas as novas observações elevam essa altitude a mais de 3.000 km, ou 25% da distância entre Plutão e sua maior lua, Caronte.
O gás é extremamente frio, com uma temperatura de cerca de -220º C. O sinal de monóxido de carbono detectado pelo grupo britânico mostrou-se mais de duas vezes mais intenso que o obtido anteriormente por uma equipe espanhola.
“Acreditamos que a atmosfera pode ter crescido, ou a abundância de monóxido de carbono, aumentado”, disse  Jane Greaves, da Universidade de St. Andrews.
O metano, único outro gás já identificado em Plutão, também teve variações de abundância. Em 1989, Plutão teve sua aproximação máxima do Sol. Este foi um evento recente, se visto em relação à duração da órbita do astro, de 248 anos.
Os gases da atmosfera provavelmente se formam à medida que o Sol aquece o gelo depositado na superfície. Essa é possivelmente a atmosfera mais frágil de todo o Sistema Solar, já que boa parte dela deve acabar dissipando-se pelo espaço.
Esta descoberta não é pioneira, pois uma pesquisa publicada na revista Nature por uma equipe de astrônomos liderada por James Elliot, do Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), observou a diminuição do brilho de uma estrela quando Plutão passou em frente a ela, em 20 de agosto de 2002. As observações foram feitas pelos pesquisadores em oito telescópios dos observatórios de Mauna Kea e Haleakala, no Havaí, Lowell e Palomar, na Califórnia, e Lick, no Arizona, todos nos Estados Unidos.
Fonte: Royal Astronomical Society

terça-feira, 19 de abril de 2011

Raios cósmicos podem revelar nova forma da matéria

As observações feitas pelo Chandra do RX J1856.5-3754 e do pulsar em 3C58 sugerem que a matéria nessas estrelas colapsadas são mais densas do que a matéria nuclear, a mais densa matéria encontrada na Terra.

pulsar em 3C58

© Chandra (pulsar em 3C58)

Isso faz com que surja a possibilidade que essas estrelas sejam compostas de quarks livres, além de neutrinos.

Combinando dados do Chandra com dados do Telescópio Espacial Hubble, os astrônomos descobriram que o RX J1856 irradia como um corpo sólido com uma temperatura de 700.000 graus Celsius e tem um diâmetro de apenas 11,27 quilômetros.

Esse tamanho é muito pequeno para ser reconciliado com os modelos padrões de estrelas de nêutrons. Uma possibilidade interessante, prevista por algumas teorias, é que os nêutrons na estrela se dissolveram em uma sopa de densidade muito alta de quarks dos tipos up, down, e strange para formar assim uma estrela de quarks strange, o que poderia então explicar seu pequeno raio.

ilustração de estrela de nêutrons e de quarks

© NASA (ilustração de uma estrela de nêutrons e de quarks)

As observações do 3C58, a parte remanescente de uma supernova observada na Terra no ano de 1.181 DC, revelam que o pulsar no núcleo tinha uma temperatura muito mais baixa que a esperada. Isso sugere então que um estado denso e exótico da matéria  poderia existir dentro dessa estrela.

Essas observações demonstram que o Universo pode ser usado como um laboratório para explorar a física sob condições que nunca serão acessíveis na Terra.

Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics