Embora esta bolha extraordinária, que brilha como o fantasma de uma estrela na vastidão negra do espaço, pareça sobrenatural e misteriosa, trata-se simplesmente de um objeto astronômico familiar: uma nebulosa planetária, isto é os restos de uma estrela moribunda.
© ESO/VLT (nebulosa planetária ESO 378-1)
Esta é a melhor imagem feita até hoje da ESO 378-1, um objeto pouco conhecido, e foi obtida com o Very Large Telescope (VLT) do ESO no norte do Chile.
Conhecida por Nebulosa da Coruja do Sul, esta orbe reluzente é uma nebulosa planetária com um diâmetro de quase quatro anos-luz. Este nome informal tem a ver com a sua "prima visual" que se encontra no hemisfério norte, a Nebulosa da Coruja. A ESO 378-1, também catalogada como PN K 1-22 e PN G283.6+25.3, situa-se na constelação da Hidra. A sigla ESO no nome deste objeto refere-se a um catálogo de objetos compilado nas décadas de 1970 e 1980 a partir da inspeção de fotografias obtidas com o telescópio Schmidt de 1 metro do ESO em La Silla.
Tal como todas as nebulosas planetárias, a ESO 378-1 trata-se de um fenômeno relativamente curto, com uma duração de apenas algumas dezenas de milhares de anos, isto comparado com a vida típica de uma estrela que é de vários bilhões de anos. A vida de uma nebulosa planetária em termos de fração da vida da estrela pode ser comparada à vida de uma bolha de sabão relativamente à idade da criança que a soprou.
As nebulosas planetárias formam-se a partir de gás que é ejetado por estrelas moribundas e que se expande. Embora sejam objetos brilhantes e intrigantes nas fases iniciais da sua formação, estas bolhas desvanecem à medida que o seu gás constituinte se afasta e a estrela central se vai tornando cada vez mais tênue.
Para que uma nebulosa planetária se forme, a estrela que lhe dá origem tem que ter uma massa inferior a 8 vezes a massa do Sol. Estrelas com mais massa do que este valor terminarão as suas vidas de forma dramática em explosões de supernovas.
À medida que estas estrelas menos massivas vão envelhecendo começam a perder as suas camadas de gás mais exteriores sob a forma de ventos estelares. Após a dissipação da maioria destas camadas exteriores, o núcleo estelar quente que resta começa a emitir radiação ultravioleta que, por sua vez, ioniza o gás circundante. Esta ionização faz com que a concha de gás em expansão comece a brilhar em cores vivas.
Depois do desvanecimento da nebulosa planetária, o resto estelar que sobra irá ainda queimar o que lhe resta de combustível durante cerca de um bilhão de anos, transformando-se depois numa minúscula, mas quente e muito densa, anã branca que irá arrefecendo lentamente ao longo de bilhões de anos. O Sol dará origem a uma nebulosa planetária daqui a vários bilhões de anos, transformando-se posteriormente numa anã branca.
As nebulosas planetárias desempenham um papel crucial no enriquecimento químico e evolução do Universo. Estes objetos devolvem o material das estrelas, onde novos elementos tais como o carbono e o nitrogênio, assim como outros elementos pesados, foram criados, ao meio interestelar. É deste material que se formam novas estrelas, planetas e eventualmente vida. Daí a famosa frase do astrônomo Carl Sagan: “Somos feitos de poeira de estrelas.”
Esta imagem foi obtida no âmbito do programa Jóias Cósmicas do ESO, uma iniciativa que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para efeitos de educação e divulgação científica. O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado em observações científicas. Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO.
Fonte: ESO