quinta-feira, 23 de julho de 2015

Kepler descobre primo maior e mais velho da Terra

A missão Kepler da NASA confirmou o primeiro planeta, quase do tamanho da Terra, na "zona habitável" em torno de uma estrela semelhante ao Sol.

ilustração do planeta Kepler-452b ao redor de sua estrela

© NASA/JPL-Caltech/T. Pyle (ilustração do planeta Kepler-452b ao redor de sua estrela)

Esta descoberta e a introdução de outros 11 pequenos candidatos a planeta nas zonas habitáveis assinalam mais um marco na jornada para encontrar uma outra "Terra".

O recém-descoberto Kepler-452b é o planeta mais pequeno, até à data, descoberto na zona habitável - a área em torno de uma estrela onde a água pode existir em estado líquido à superfície de um planeta - de uma estrela do tipo G2, como o nosso Sol. A confirmação de Kepler-452b avança o número de exoplanetas confirmados para 1.033, somente pelo Kepler, de um total de 1.879.

"No 20º aniversário da descoberta que provou a existência de outros planetas ao redor de outras estrelas, o explorador Kepler descobriu um planeta e uma estrela bastante parecidos com a Terra e com o Sol," afirma John Grunsfeld, administrador associado da NASA na sede da agência em Washington, EUA. "Este resultado emocionante traz-nos um passo mais perto de encontrar uma Terra 2.0."

O Kepler-452b é 60% maior, em diâmetro, que a Terra e é considerado uma super-Terra. Embora a sua massa e composição ainda estejam por determinar, as pesquisas anteriores sugerem que os planetas do tamanho de Kepler-452b têm uma boa hipótese de ser rochosos. O sistema Kepler-452 está localizado a 1.400 anos-luz de distância na direção da constelação de Cisne.

Apesar de Kepler-452b ser maior que a Terra, a sua órbita é de apenas 385 dias. O planeta está 5% mais longe da sua estrela progenitora, Kepler-452, que a Terra está do Sol. Kepler-452 tem 6 bilhões de anos, ou seja, 1,5 bilhões de anos mais velha que o nosso Sol, tem a mesma temperatura, é 20% mais brilhante e tem um diâmetro 10% maior.

"Podemos considerar Kepler-452b como um primo mais velho e maior da Terra, fornecendo uma oportunidade para compreender e refletir sobre o ambiente em evolução da Terra," afirma Jon Jenkins, líder da equipe de análise de dados do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, no estado americano da Califórnia, que descobriu o Kepler-452b. "É inspirador considerar que este planeta passou 6 bilhões de anos na zona habitável da sua estrela; mais do que a Terra. É uma oportunidade substancial para o surgimento da vida, caso existam todos os ingredientes e condições necessárias."

Para ajudar a confirmar os resultados e a melhor determinar as propriedades do sistema Kepler-452, a equipe conduziu as observações terrestres no observatório McDonald da Universidade do Texas, no observatório Fred Lawrence Whipple no Monte Hopkins (Arizona) e no Observatório W. M. Keck em Mauna Kea (Havaí). Estas medições foram fundamentais para a confirmação da natureza planetária de Kepler-452b, para refinar o tamanho e brilho da estrela progenitora e para melhor determinar o tamanho do planeta e sua órbita.

Além de confirmar Kepler-452b, a equipe do Kepler aumentou em 521 o número de novos candidatos a exoplaneta, a partir da sua análise de observações realizadas entre maio de 2009 e maio de 2013, totalizando 4.696 candidatos a planeta detectados pela missão Kepler. Os candidatos necessitam de observações e análises de acompanhamento para verificar que são planetas reais.

doze dos novos candidatos a planeta na zona habitável

© NASA/N. Batalha/W. Stenzel (doze dos novos candidatos a planeta na zona habitável)

Doze dos novos candidatos a planeta têm diâmetros entre uma e duas vezes o da Terra e orbitam na zona habitável da sua estrela. Destes, nove orbitam estrelas parecidas com o Sol em tamanho e temperatura.

"Fomos capazes de automatizar completamente o nosso processo de identificação de candidatos a planeta, o que significa que podemos finalmente avaliar cada sinal de trânsito em todo o conjunto de dados do Kepler de forma rápida e uniforme," comenta Jeff Coughlin, cientista do Kepler e do Instituto SETI em Mountain View, Califórnia, que liderou a análise de um novo catálogo de candidatos. "Isto dá aos astrônomos uma população estatisticamente saudável de candidatos a exoplaneta a fim de determinar o número de planetas pequenos e possivelmente rochosos como a Terra na nossa Via Láctea."

Estes resultados, apresentados no Sétimo Catálogo de Candidatos do Kepler, são derivados de dados publicamente disponíveis no NASA Exoplanet Archive.

Os cientistas estão agora produzindo o último catálogo com base nos quatro anos de dados da missão original do Kepler. A análise final será realizada usando software sofisticado que é cada vez mais sensível às pequenas assinaturas reveladoras de planetas do tamanho da Terra.

O artigo científico que apresenta o resultado foi aceito para publicação na revista The Astronomical Journal.

Fonte: NASA

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