terça-feira, 9 de outubro de 2012

A nebulosa planetária esférica Abell 39

Com uma aparência fantasmagórica, Abell 39 é uma nebulosa que impressiona pela simplicidade e por ser uma esfera praticamente perfeita com aproximadamente cinco anos-luz de diâmetro.

Nebulosa Planetária Abell 39

© Adam Block (Nebulosa Planetária Abell 39)

Localizada no interior da nossa galáxia, a esfera cósmica está a aproximadamente 7.000 anos-luz de distância na direção da constelação de Hércules. A Abell 39 é uma nebulosa planetária formada à medida que uma estrela parecida com o Sol tem sua atmosfera externa expelida por um período de milhares de anos. Ainda visível, a estrela central da nebulosa está se desenvolvendo para se tornar uma anã branca. Embora apagada, a geometria simples da nebulosa tem se tornado um excelente laboratório onde os astrônomos podem explorar a composição química e também entender melhor o ciclo de vida das estrelas. Nessa imagem profunda, registrada sob um céu escuro, galáxias bem distantes que compõem o plano de fundo podem ser observadas, algumas delas podem ser vistas através da própria nebulosa.

Fonte: NASA

domingo, 7 de outubro de 2012

Novo buraco negro em nossa galáxia

O satélite Swift da NASA detectou recentemente uma crescente onda de alta energia de raios X de uma fonte na direção do centro da nossa galáxia, a Via Láctea.

ilustração da emissão de raios X em buraco negro

© NASA (ilustração da emissão de raios X em buraco negro)

A explosão, produzida por uma rara nova de raio X, anunciou a presença de um até então desconhecido buraco negro de massa estelar.
Uma nova de raios X é um curta fonte de raios X que aparece de repente, atinge o seu pico de emissão em alguns dias e depois desaparece ao longo de um período de meses. A explosão ocorre quando uma torrente de gás armazenado, inesperadamente corre em direção a um dos objetos mais compactos conhecidos, uma estrela de nêutrons ou um buraco negro.
O objeto foi nomeado Swift J1745-26 após identificação das coordenadas da sua posição no céu, a nova está localizada a poucos graus do centro de nossa galáxia em direção à constelação de Sagitário. Embora os astrônomos não sabem a sua distância precisa, eles acham que o objeto reside cerca de 20.000 a 30.000 anos-luz de distância, na região interior da galáxia. Observatórios terrestres detectaram emissões de infravermelho e rádio, mas espessas nuvens de poeira que obscurecem o objeto impediram a sua detecção, desde a captura do Swift J1745-26 em luz visível. A nova apresentou pico em raios X de alta energia, acima de 10.000 eV (elétron-volts), ou vários milhares de vezes maior que a luz visível em 18 de setembro, quando atingiu uma intensidade equivalente ao da famosa Nebulosa do Caranguejo, uma remanescente de supernova que serve como um alvo de calibração de alta energia aos observatórios e é considerada uma das mais brilhantes fontes além do sistema solar. Na quarta-feira, o Swift J1745-26 foi 30 vezes mais brilhantes em raios X do que quando foi descoberto e ele continuou a brilhar.

O padrão observado é de uma nova de raios X onde o objeto central é um buraco negro. Uma vez que os raios X desaparecerem, será possível medir a sua massa e confirmar seu status buraco negro. O buraco negro tem de ser membro de um sistema binário de raios X de baixa massa (LMXB), que inclui uma estrela normal como o Sol. Um fluxo de gás flui da estrela normal e entra em um disco de armazenamento em torno do buraco negro. Na maioria dos LMXBs, o gás colapsa para dentro, esquenta enquanto se dirige para o interior do buraco negro, e produz um fluxo constante de raios X. Mas em certas condições, o fluxo estável dentro do disco depende da taxa de matéria que flui a partir da estrela companheira.

Cada explosão limpa o disco interno, e com pouca ou nenhuma matéria caindo em direção ao buraco negro, o sistema deixa de ser uma fonte brilhante de raios X. Décadas mais tarde, depois do gás estiver suficiente acumulado no disco externo, ele envia um dilúvio de gás em direção ao buraco negro, resultando em uma nova explosão de raios X. Esse fenômeno, chamado de ciclo limite térmico viscoso, ajuda os astrônomos explicarem as explosões transitórias em uma ampla gama de sistemas, a partir de discos protoplanetários ao redor de estrelas jovens até buracos negros supermassivos no coração de galáxias distantes.

Fonte: NASA

sábado, 6 de outubro de 2012

A melhor medição da expansão do Universo

Astrônomos usando o telescópio espacial Spitzer da NASA anunciaram a medida mais precisa até agora da constante de Hubble, ou a velocidade com que o nosso Universo se expande.

ilustração da escala de distância cósmica

© NASA (ilustração da escala de distância cósmica)

A constante de Hubble tem o nome do astrônomo Edwin P. Hubble, que surpreendeu o mundo na década de 1920, confirmando que o nosso Universo tem-se expandido desde o Big Bang há 13,7 bilhões de anos atrás. No final da década de 90, foi descoberto que a expansão está acelerando, ou seja, subindo de velocidade ao longo do tempo. A determinação da taxa de expansão é fundamental para a compreensão da idade e tamanho do Universo.

Ao contrário do telescópio espacial Hubble, que observa o Universo no visível, o Spitzer explora um longo comprimento de onda infravermelho para fazer a sua nova medição. Esta medição melhora por um fator de 3 um estudo semelhante do telescópio Hubble e desce a incerteza até 3%, um salto de gigante na precisão para medições cosmológicas. O novo valor apurado para a constante de Hubble é 74,3 ± 2,1 quilômetros por segundo por megaparsec [(km/s)/Mpc]. Um megaparsec é cerca de 3,26 milhões de anos-luz.

Os resultados obtidos pelo Spitzer foram combinados com dados publicados da sonda WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) da NASA para obter uma medição independente da energia escura, um dos maiores mistérios do Cosmos. Pensa-se que a energia escura esteja vencendo uma batalha contra a gravidade, puxando o tecido do Universo. Pesquisas com base nesta aceleração foram premiadas com o Nobel da Física em 2011.

A visão infravermelha, que consegue penetrar a poeira para proporcionar melhores vistas de estrelas variáveis chamadas cefeidas, permitiu ao Spitzer melhorar as medições anteriores da constante de Hubble. Estas estrelas pulsantes são de importância vital para o que os astrônomos chamam de escala de distância cósmica: um conjunto de objetos com distâncias conhecidas que, quando combinados com a velocidade a que os objetos se afastam de nós, revelam a velocidade de expansão do Universo.

As cefeidas são cruciais para os cálculos, pois as suas distâncias da Terra podem ser medidas facilmente. Em 1908, Henrietta Leavitt descobriu que estas estrelas pulsam a uma taxa diretamente relacionada com o seu brilho intrínseco.

Para visualizar o porquê de isto ser tão importante, imagine alguém que se afasta com uma vela na mão. Quanto mais distante está, mais fraca será a sua luz. O seu brilho aparente revelaria a sua distância. O mesmo princípio aplica-se às cefeidas, as "velas" padrão do nosso Cosmos. Ao medir quão brilhantes aparecem no nosso céu, e ao comparar este brilho com o seu brilho conhecido se estivessem perto, os astrônomos podem calcular a sua distância à Terra.

relação período de variabilidade-luminosidade das cefeidas

© NASA (relação período de variabilidade-luminosidade das cefeidas)

O Spitzer observou 10 cefeidas na nossa própria Galáxia, a Via Láctea, e 80 noutra galáxia vizinha chamada Grande Nuvem de Magalhães. Sem a poeira cósmica bloqueando a nossa visão, a equipe do Spitzer foi capaz de obter medidas mais precisas do brilho aparente das estrelas, e portanto das suas distâncias. Estes dados abrem o caminho para uma estimativa nova e melhorada da velocidade de expansão do nosso Universo.

O estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal.

Fonte: NASA

Último suspiro da Nebulosa da Hélice

Uma estrela anã branca que está morrendo foi detectada em uma imagem combinada dos telescópios Spitzer e WISE, da agência espacial americana (NASA), e Galaxy Evolution Explorer (GALEX), do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), em Pasadena.

Nebulosa da Hélice

© Nasa/JPL-Caltech (Nebulossa da Hélice)

O astro, chamado Nebulosa da Hélice ou NGC 7293, expele material cósmico e, em enquanto sua vida termina, tem um brilho potencializado pela intensa radiação ultravioleta do núcleo. O objeto fica a 650 anos-luz da Terra, na Constelação de Aquário.

Os dados infravermelhos do Spitzer aparecem, na foto acima, em verde e vermelho na parte central; os do WISE estão em verde e vermelho nas áreas externas; e as informações ultravioleta do GALEX são observadas em azul.

O brilhante círculo roxo no centro da imagem é uma combinação de registros do disco de poeira que circula a anã branca. Esse pó foi provavelmente lançado por cometas que sobreviveram à morte de sua estrela original.

A Nebulosa da Hélice é um exemplo típico de nebulosas planetárias, que foram descobertas no século 18 e batizadas assim de forma incorreta, por sua semelhança com planetas gasosos gigantes. Esses corpos celestes são, na verdade, restos de estrelas que um dia se pareceram com o nosso Sol.

Ao longo da vida, astros como esse transformam gás hidrogênio em hélio, em reações de fusão nuclear dentro deles. Esse processo é o mesmo que nos fornece a luz e o calor necessários para a vida na Terra, por exemplo. Assim como a Nebulosa da Hélice, o Sol também terá este destino, como uma nebulosa planetária, quando morrer após 5 bilhões de anos.

Assim que o combustível de hidrogênio necessário para a reação se esgota, a estrela usa apenas o hélio como fonte de combustível, queimando-o em uma mistura de carbono, nitrogênio e oxigênio.

Finalmente, o hélio também se esgota e a estrela morre, desprendendo suas camadas gasosas externas. Sobra apenas o núcleo pequeno, denso e quente, chamado de anã branca, que tem mais ou menos o tamanho da Terra, mas uma massa próxima ao da estrela original.

Antes de essa estrela morrer, seus cometas e possivelmente planetas teriam estado em sua órbita de forma ordenada. Quando ela deixou de queimar hidrogênio e explodiu suas camadas exteriores, corpos celestes gelados e planetas externos teriam sido jogados uns contra os outros, levantando uma tempestade de poeira cósmica. Qualquer outro planeta dentro do sistema também teria sido queimado ou engolido durante a evolução do astro.

Fonte: NASA

No coração da Nebulosa de Órion

Perto do centro desse nítido retrato cósmico, no coração da Nebulosa de Órion, estão quatro estrelas quentes e massivas que formam um conjunto conhecido como Trapezium.

Trapezium e Nebulosa de Órion

© Robert Gendler (Trapezium e Nebulosa de Órion)

Agrupadas dentro de uma região de aproximadamente 1,5 anos-luz de raio, elas dominam o núcleo do denso aglomerado de estrelas da Nebulosa de Órion. A radiação ionizante ultravioleta das estrelas do Trapezium, na sua maior parte proveniente da estrela mais brilhante, conhecida como Theta 1 Orionis C, energiza o brilho visível de toda a região do complexo de formação de estrelas. Com aproximadamente 3 milhões de anos de idade, o aglomerado da Nebulosa de Órion já foi mais compacto quando era mais jovem e um recente estudo dinâmico indicam que colisões estelares em idades anteriores podem ter formado um buraco negro com uma massa 100 vezes maior que o Sol. A presença de um buraco negro dentro do aglomerado poderia explicar as altas velocidades observadas nas estrelas do Trapezium. Se esse estudo for confirmado e com a distância da Nebulosa de Órion estimada em 1.500 anos-luz esse seria o buraco negro mais próximo da Terra já conhecido.

Fonte: NASA

O maior radiotelescópio do planeta

O radiotelescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder (Askap) do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), o maior e mais avançado do planeta, foi inaugurado ontem em uma área desértica da Austrália com o objetivo de investigar a origem das estrelas, quasares e pulsares, e fazer um censo de todas as galáxias.

antenas do radiotelescópio implantado na Austrália

© CSIRO (antenas do radiotelescópio implantado na Austrália)

Com um custo de mais de 1,5 bilhão de euros, o Askap também contará com antenas e instalações na Nova Zelândia e África do Sul.

O Askap está situado no deserto do estado da Austrália Ocidental, em uma área de 126 quilômetros quadrados que conta com o Observatório Radioastronómico de Murchison e 36 antenas SKA (Square Kilometre Array), de 12 metros de diâmetro cada uma.

Embora ainda não esteja completo, a primeira parte do projeto começará a operar no ano 2020, o Askap começará a enviar dados hoje mesmo ao observatório, onde está previsto que se maneje diariamente uma informação equivalente a 124 milhões de discos Blu-ray.

Para que as ondas das cidades não causem interferências, o radiotelescópio foi instalado um lugar remoto e desértico da Austrália.

O avançado aparelho também fornecerá imagens detalhadas sobre o Universo em suas origens, adentrando com velocidade e precisão em muitas áreas do espaço que ainda são desconhecidas para os astrônomos.

O estudo das ondas de rádio oferecerá informações sobre o gás que formam as estrelas e corpos exóticos como os quasares e os pulsares, que estão nos limites do conhecimento sobre as leis físicas no Universo.

Enquanto se completam as obras na Austrália, o Askap trabalhará em uma dezena de projetos de pesquisa nos quais participarão 350 cientistas de 130 organizações nos próximos cinco anos.

Os programas selecionados está o censo de todas as galáxias existentes há trilhões de anos da Terra, o estudo da formação da Via Láctea, assim como os campos magnéticos do Universo e seu papel na formação das estrelas e galáxias. Outro projeto se centrará nos buracos negros do Universo. Existe também a perspectiva de pesquisa, como objetivo secundário, sobre a existência de vida extraterrestre.

A organização internacional SKA (Square Kilometre Array) anunciou no último dia 25 de maio, na cidade britânica de Manchester, que Austrália, Nova Zelândia e África do Sul acolheriam o supertelescópio. Neste caso, o plano é construir 3 mil rádios-antena conectadas por fibra óptica de banda larga alta.

Segundo a Organização Científica e de Investigação Industrial da Austrália, as antenas trabalharão conjuntamente com o telescópio e tomarão dados em uma área de um quilômetro quadrado, sendo que suas imagens serão 50 vezes mais sensíveis que as dos telescópios atuais.

Fonte: CSIRO

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A nebulosa Elmo de Thor

Hoje, 5 de outubro de 2012, o Observatório Europeu do Sul (ESO) celebra 50 anos desde a assinatura da sua convenção fundadora.

nebulosa Elmo de Thor

© ESO (nebulosa Elmo de Thor)

Durante o último meio século, o ESO tornou-se o observatório astronômico terrestre mais produtivo do mundo. Esta manhã foram feitas, pela primeira vez, observações de um objeto escolhido pelo público, com o Very Large Telescope (VLT) do ESO. A vencedora de um concurso de aniversário apontou o VLT para a espetacular nebulosa Elmo de Thor, sendo que as observações foram transmitidas ao vivo pela internet. Para assinalar a ocasião, o ESO e os seus parceiros estão organizando muitas outras atividades nos 15 Estados Membros do ESO.

A assinatura da Convenção do ESO a 5 de outubro de 1962 e a fundação do ESO foi o culminar do sonho dos astrônomos líderes de cinco países europeus - Alemanha, Bélgica, França, Holanda e Suécia. Estes países resolveram unir forças no sentido de construírem um telescópio grande que lhes desse acesso ao magnifico e rico céu austral.

"Cinquenta anos depois, as esperanças originais dos cinco membros fundadores não só se tornaram realidade, como também foram largamente ultrapassadas," diz Tim de Zeeuw, Diretor Geral do ESO. "O ESO embarcou completamente no desafio de conceber, construir e operar as infraestruturas de observação terrestres mais poderosas do planeta."

Operando três locais de observação únicos e de vanguarda no Chile - La Silla, Paranal e Chajnantor - o ESO tornou-se um líder no seio da comunidade de investigação astronômica.

No Paranal, o ESO opera o VLT, o observatório óptico terrestre mais avançado do mundo, o qual, desde a primeira luz em 1998, tem sido o grande motor por trás de uma nova era de descobertas. No Planalto do Chajnantor, no norte do Chile, o ESO e os seus parceiros internacionais estão construindo um telescópio astronômico revolucionário - ALMA, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, que ajudará a descobrir os mistérios do Universo frio.

O observatório original do ESO em La Silla é ainda muito produtivo e permanece na vanguarda da pesquisa astronômica. Em particular, o instrumento HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros, é o descobridor de exoplanetas mais bem sucedido do mundo.

O próximo grande telescópio do ESO encontra-se apenas a alguns anos de distância. O European Extremely Large Telescope (E-ELT) de 39 metros, será o "maior olho no céu do mundo". Com as primeiras observações previstas para o início da próxima década, o E-ELT abordará os maiores desafios científicos da nossa época e poderá revolucionar a nossa percepção do Universo, do mesmo modo que o telescópio de Galileu o fez há mais de 400 anos atrás.

Para celebrar o 50º aniversário, o ESO e os seus parceiros estão organizando muitos eventos e iniciativas públicas durante 2012. Uma série de eventos públicos especiais coordenados estão acontecendo hoje nos 15 Estados Membros, assim como muitas exposições do Universo Deslumbrante.

Como parte das celebrações de aniversário, e pela primeira vez, esta manhã o VLT apontou para um objeto no céu escolhido por membros do público - a nebulosa Elmo de Thor. Esta nebulosa foi escolhida no recente concurso Escolha o que o VLT vai observar. As observações foram feitas por Brigitte Bailleul - vencedora do concurso Tuíte até ao VLT! - e foram transmitidas ao vivo pela internet a a partir do observatório do Paranal. Esta imagem, obtida sob excelentes condições de observação, típicas do Paranal, é a mais detalhada até hoje deste objeto.

"Com o VLT, o ALMA e o futuro E-ELT, o ESO está entrando numa nova era, uma que nem mesmo os iniciais sonhos ambiciosos dos membros fundadores do ESO poderiam ter previsto. A todos os que tornaram isto possível, obrigado da parte do ESO!" conclui Tim de Zeeuw.

Isto não é tudo, muitas contribuições virão até o primeiro século do ESO!

Fonte: ESO

Estrela de menor período no centro galáctico

Descoberta uma estrela que orbita o buraco negro no centro da Via Láctea a uma distância recorde.

órbitas das estrelas S0-2 e S0-102

© UCLA/Andrea Ghez (órbitas das estrelas S0-2 e S0-102)

O objeto demora "apenas" 11,5 anos para dar uma volta ao redor do buraco negro; para se ter ideia, é apenas a segunda estrela conhecida com uma órbita menor que 20 anos, a maioria leva mais de seis décadas. Os dados foram obtidos  de 1995 a 2012 através dos telescópios W. M. Keck, localizados em Mauna Kea, no Havaí.

Os cientistas nomearam a nova estrela de S0-102. Antes dela, a estrela de menor órbita conhecida (16 anos) era a S0-2. Esses dois objetos podem ajudar agora os pesquisadores a testar uma das mais bem sucedidas teorias da ciência.

"O teste da Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein é o próximo objetivo", afirma o artigo. Segundo os pesquisadores, as previsões do físico alemão passaram nos experimentos realizados no Sistema Solar, mas nunca foram testadas em um objeto de massa tão grande quanto um buraco negro supermassivo.

"O potencial gravitacional da região onde S0-102 e S0-2 estão é duas ordens de magnitude maior que os testes de gravidade anteriores, como os testes no Sistema Solar ou do pulsar binário de Hulse-Taylor", diz Andrea Ghez, cientista da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e autora do estudo. Ela explica que dois experimentos podem ser realizados.

"Estes dois testes poderão ser feitos com as duas estrelas de curto período ao redor do buraco negro central: nós poderemos testar o desvio gravitacional para o vermelho impresso na luz emitida por uma estrela que está dentro da região do buraco negro. O desvio para o vermelho testa o princípio da equivalência de Einstein, segundo o qual, a massa gravitacional e inercial são iguais", diz a pesquisadora.

O desvio gravitacional para o vermelho ocorre quando a luz, ao deixar um campo gravitacional forte, perde energia (não se deve confundir com o efeito Doppler, que ocorre devido ao movimento). Já o princípio da equivalência diz que não conseguimos distinguir, sem um referencial, entre o efeito da gravidade e de um objeto em aceleração. Por exemplo, em um foguete sem janelas, não saberíamos dizer se estamos parados no chão ou acelerando a uma velocidade equivalente. Ou seja, não há distinção entre a massa gravitacional e a inercial.

"O redshift (desvio para o vermelho) gravitacional também é uma consequência direta deste princípio da equivalência. Como o campo gravitacional nas vizinhanças do buraco negro é muito intenso, as observações dos corpos presentes nessas regiões podem fornecer informações sobre o fenômeno em um regime que ainda não foi testado. Essa é a grande importância desse estudo", explica Gustavo Rojas, professor da Universidade Federal de São Carlos (UFScar) e representante no Brasil do Observatório Europeu do Sul (ESO).

No outro teste, os pesquisadores pretendem estudar o momento de maior aproximação dessas estrelas ao buraco negro (periapse), o que leva a um desvio da órbita para uma elipse perfeita. Isso vai testar a forma quantitativa da teoria, isto é, as equações de Einstein.

Um dos primeiros testes bem sucedidos da Teoria da Relatividade Geral foi explicar a precessão do periélio (ponto de maior aproximação do Sol) de Mercúrio, a mudança da posição do periélio ao longo do tempo, que a mecânica newtoniana não conseguia prever com precisão. A precessão da periapse é mais acentuada quando há um objeto muito massivo envolvido, o que é o caso de um buraco negro. Novamente, as observações destas estrelas são importantes, pois fornecem informações desse fenômeno em um campo gravitacional muito intenso, constituindo um teste adicional da teoria em um regime gravitacional extremo.

Contudo, esses testes não devem ocorrer tão cedo. Segundo a pesquisadora, o primeiro deles deve acontecer somente em 2018, quando S0-2 chega ao ponto mais próximo do buraco negro. Para o outro, contudo, ainda não há tecnologia suficiente. "Nós teremos que aguardar a próxima geração de telescópios ópticos, como o Telescópio de 30 metros (previsto para ser concluído na próxima década), para conseguir a precisão necessária".

Fonte: Terra e Science

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dupla de buracos negros desafia teoria

Cientistas americanos encontraram um agrupamento de estrelas, dentro da Via Láctea, no qual foram detectados dois buracos negros ao invés de um.

ilustração da coexistência de dois buracos negros

© B. Bivort (ilustração da coexistência de dois buracos negros)

O aglomerado globular M22, formado por até 1 milhão de estrelas, contém pelo menos dois buracos negros, uma descoberta que modifica a teoria mais sólida até o momento. Segundo esta mesma teoria, nestes agrupamentos de estrelas são gerados centenas de buracos negros, mas a maioria deles é expulso para o exterior por conta da força gravitacional, fazendo com que só um permaneça dentro do aglomerado.

"Os processos físicos que esperamos que aconteçam estão, de fato, tendo um lugar no aglomerado. Os buracos negros são mais massivos que as estrelas, o que faz com que migrem ao centro do aglomerado e interajam entre eles, o que por sua vez faz com que muitos buracos negros sejam expulsos do agrupamento", explicou o astrônomo Jay Strader, da Michigan State University (EUA).

No entanto, a descoberta de dois buracos negros em um aglomerado demonstra que seu processo de expulsão não é tão eficiente como diz a maioria das teorias. "Quando restam poucos buracos negros, não acho que interajam e se expulsem entre eles tão rapidamente, por isso que alguns permanecem mais tempo do que se pensava até agora", acrescentou o pesquisador.

De fato, Strader estima que este agrupamento, situado na constelação de Sagitário e que orbita em torno da Via Láctea como se fosse um satélite, poderia abrigar uma população de cerca de 5 a 100 buracos negros.

localização dos buracos negros

© NOAO/A. Block (localização dos buracos negros)

A descoberta aconteceu a partir de imagens da M22, um dos aglomerados de estrelas mais próximos da Terra, obtidas pelo Very Large Array (VLA), um observatório radio-astronômico situado no Novo México (EUA). A equipe de Strader calculou, além disso, que a massa de cada um destes buracos negros variaria entre 10 e 20 vezes a do Sol.

Outros pesquisadores tinham detectado a coexistência de mais de um buraco negro em outros agrupamentos, mas até agora tinha sido impossível determinar suas massas.

Strader ressaltou que estes são os primeiros buracos negros, situados em um agrupamento, que são detectados por emissões de rádio ao invés de raios X, o que significa que estariam aumentando de tamanho.

Fonte: EFE e Nature

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Uma colisão galáctica na NGC 6745

As galáxias normalmente não se parecem com o formato da galáxia NGC 6745, que na verdade mostra o resultado de duas galáxias que estão num processo de colisão que dura centenas de milhões de anos.

galáxia NGC 6745

© Hubble/Roger Lynds (galáxia NGC 6745)

Já fora da imagem acima, no canto inferior direito pode-se ver uma pequena parte da galáxia menor se movendo para longe. A galáxia maior, que antes era uma galáxia espiral normal, devido a colisão se apresenta com uma forma peculiar. A gravidade tem distorcido a forma das duas galáxias. Embora, muito provavelmente nenhuma estrela das duas galáxias tenham colidido diretamente, o gás, a poeira, e os campos magnéticos ambientais se interagem de forma direta. De fato, um nó de gás puxado para fora da galáxia maior na parte inferior direita da imagem agora está formando novas estrelas. A NGC 6745 se espalha por aproximadamente 80 mil anos-luz de diâmetro e está localizada a aproximadamente 200 milhões de anos-luz de distância.

Fonte: NASA

domingo, 30 de setembro de 2012

União de duas estrelas originou a supernova mais brilhante

A união de duas estrelas anãs brancas, estágio final da vida de um astro como o Sol, deu origem à supernova mais brilhante já observada até hoje, aponta um novo estudo feito pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) dos EUA.

supernova SN1006

© NASA (supernova SN1006)

Uma supernova é, em geral, uma explosão resultante da transferência de matéria entre duas estrelas – uma anã branca e outra normal, como o Sol, por exemplo. Uma anã branca tem massa de até 1,4 vez a do Sol e vai esfriando lentamente, pois seu combustível acabou.

A explosão que gerou a supernova SN1006 ocorreu no ano de 1006 e ficou visível pelos três anos seguintes, em diferentes partes do mundo. Relatos históricos dizem que o objeto – localizado a 7 mil anos-luz da Terra, na constelação do Lobo – era três vezes mais brilhante que o planeta Vênus e tinha um quarto do brilho da Lua.

Essa supernova é do tipo Ia, ou seja, gerada por dois objetos astronômicos ligados pela força gravitacional entre eles. Mas, como os astrônomos não identificaram, no lugar onde a SN1006 se formou, nenhum candidato a companheira da anã branca original, eles supõem que duas estrelas semelhantes se uniram, e que o material delas foi expulso sem deixar vestígios.

"Essa é a grande novidade, pois normalmente – em mais de 80% dos casos – há uma anã branca que explode, e a estrela companheira continua na órbita da supernova, não desaparece", diz o pesquisador da divisão de astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Carlos Alexandre Wuensche.

De acordo com a pesquisadora Pilar Ruiz-Lapuente, do CSIC, existem geralmente três tipos de estrelas no local das explosões: gigantes, subgigantes e anãs. E as atuais observações apontaram apenas a presença de quatro gigantes na região onde se encontram os remanescentes da SN1006. Isso indica que não há estrelas companheiras que sobreviveram à explosão, pois as gigantes não participam desse processo.

A equipe usou um equipamento de alta resolução do Very Large Telescope, que tem quase oito metros de altura e pertence ao Observatório Europeu do Sul, no norte do Chile. Colaboraram também pesquisadores da Universidade de San Fernando de la Laguna, nas Ilhas Canárias, da Universidade de Barcelona, da Universidade Complutense de Madri, na Espanha, e do Observatório Astronômico de Padova, na Itália.

Fonte: G1 e Nature

sábado, 29 de setembro de 2012

A Nebulosa da Íris

Como delicadas pétalas cósmicas, essas nuvens de poeira e gás interestelar estão brilhando a 1.300 anos-luz de distância, no fértil campo de estrelas da constelação de Cepheus.

Nebulosa da Íris

© Tony Hallas (Nebulosa da Íris)

Algumas vezes denominada de Nebulosa Íris e catalogada como NGC 7023, essa não é a única nebulosa localizada no céu e que tem o nome que evoca flores. Essa imagem mostra todas as variações de cores da Íris além de sua simetria em detalhe impressionante. Dentro da nebulosa, um material nebular empoeirado circunda uma estrela quente e jovem. A cor dominante da nebulosa de reflexão mais brilhante é azul, característica dos grãos de poeira que refletem a luz das estrelas. Os filamentos centrais das nuvens empoeiradas brilham com uma fraca fotoluminescência vermelha convertendo de forma efetiva a radiação ultravioleta invisível da estrela em luz visível vermelha.  Observações em infravermelho indicam que essa nebulosa pode conter complexas moléculas de carbono chamadas de PAHs (polycyclic aromatic hydrocarbons). A porção azul brilhante da Nebulosa da Íris tem aproximadamente seis anos luz de diâmetro.

Fonte: NASA

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Estrutura de jatos emitidos por buraco negro

Um estudo que envolveu instituições de diversos países conseguiu observar pela primeira vez a estrutura de jatos que são emitidos por um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia.

simulações mostram jatos do buraco negro

© U. Waterloo (simulações mostram jatos do buraco negro)

Simulações mostram jatos do buraco negro supermassivo no centro da galáxia M87. As imagens mostram modelos para três frequências diferentes: de 0,5 a 0,99 vezes o limite teórico para a velocidade de rotação de um buraco negro.

As observações indicam que esses buracos negros estão girando e a matéria que cai dentro deles gira no mesmo sentido. Acredita-se que esses jatos são emitidos devido à queda de matéria nos buracos negros através de um disco de acreção. Eles se estendem por milhares de anos-luz e podem ter grande influência na evolução das galáxias.

Segundo os pesquisadores, uma recente medida da massa e a posição do buraco negro no centro da galáxia M87 permitiram a melhor oportunidade já conhecida para fazer esse tipo de estudo. Os astrônomos usaram quatro telescópios - no Havaí, Arizona e dois na Califórnia - para poder fazer o registro.

jato emitido no centro da galáxia M87

© Hubble (jato emitido no centro da galáxia M87)

A união dos quatro instrumentos permitiu aos cientistas ter resolução suficiente para registrar a base de um jato na M87. O que mais chamou a atenção é que a base, o ponto de partida das moléculas ejetadas, era muito pequena que, de acordo com a teorias da geração desses jatos, o buraco negro teria que estar rodando, e a matéria que o orbita teria que seguir no mesmo sentido.

O estudo ajuda a entender melhor esses jatos, que provavelmente possuem função importante em reprocessar a matéria e energia do centro das galáxias para sua periferia. Os pesquisadores acreditam que entender como esses jatos extraem energia da região do buraco negro pode ajudar a elucidar como as galáxias evoluem.

Fonte: Science

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Halo de gás gigante ao redor de nossa galáxia

Observações realizadas pelo telescópio Chandra da NASA, do satélite japonês Suzaku e do observatório XMM-Newton da ESA indicam que a Via Láctea está rodeada por um gigantesco halo de gás quente que teria massa comparável às de todas as estrelas de nossa galáxia somadas.

ilustração do halo envolvendo a Via Láctea

© NASA (ilustração do halo envolvendo a Via Láctea)

A ilustração mostra o halo, e no centro a Via Láctea e suas vizinhas - a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães.

Se o tamanho e a massa do halo forem confirmados, ele poderia explicar o problema dos "bárions desaparecidos". Os bárions mais conhecidos são os prótons e os nêutrons (os elétrons, que também compõem os átomos, fazem parte do grupo dos léptons).

Essas partículas compõem mais de 99,9% da massa dos átomos no Universo. Observações de galáxias e halos de gás muito distantes indicam que existiam os bárions nos primórdios do Universo que representavam uma parcela maior da massa neste época. Ou seja, hoje, cerca de metade dessas partículas está "desaparecida".

O novo estudo indica que as partículas desaparecidas podem estar nesse halo. Segundo a pesquisa, o objeto tem oito fontes brilhantes de raios X a centenas de milhões de anos-luz de distância da Terra. Essas fontes têm temperatura entre cerca de 1 milhão e 2,5 milhão de graus Celsius - centenas de vezes mais quente que a superfície do Sol.

Os pesquisadores estimam que a massa desse gás é equivalente a 10 bilhões de vezes a do Sol, talvez até 60 bilhões de vezes. Eles acreditam ainda que ele pode ter "algumas centenas de milhares de anos-luz". A densidade é tão baixa que halos parecidos em outras galáxias podem ter escapado do registro dos pesquisadores.

Fonte: NASA e ESA

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

As cores vivas de uma gaivota cósmica

Esta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO mostra parte de uma maternidade estelar conhecida como a Nebulosa da Gaivota.

vista detalhada da cabeça da Nebulosa da Gaivota

© ESO (vista detalhada da cabeça da Nebulosa da Gaivota)

Esta nuvem de gás, cujo nome formal é Sharpless 2-292, parece ter a forma de uma cabeça de gaivota e brilha intensamente devido à radiação muito energética emitida por uma estrela jovem muito quente que se situa no seu centro.

As nebulosas encontram-se entre os objetos visualmente mais impressionantes do céu noturno. São nuvens interestelares de poeira, moléculas, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados, onde novas estrelas estão nascendo. Embora estas nebulosas apresentem diferentes formas e cores, muitas partilham uma característica comum: quando observadas pela primeira vez, as suas formas estranhas e evocativas fazem disparar a imaginação dos astrônomos, que lhes dão nomes curiosos. Esta região dramática de formação estelar, a qual se deu o nome de Nebulosa da Gaivota, não é exceção.

Esta nova imagem obtida pelo instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra a parte da cabeça da Nebulosa da Gaivota. É apenas uma parte de uma nebulosa maior conhecida formalmente como IC 2177, que abre as suas asas com uma extenão de mais de 100 anos-luz e se parece com uma gaivota em pleno voo. Esta nuvem de gás e poeira situa-se a cerca de 3.700 anos-luz de distância da Terra. O pássaro inteiro vê-se melhor em imagens de campo amplo.

vista de campo amplo de toda a Nebulosa da Gaivota

© ESO (vista de campo amplo de toda a Nebulosa da Gaivota)

A Nebulosa da Gaivota tem tido muitos nomes ao longo do tempo - é conhecido como Sh 2-292, RCW 2 e Gum 1. O nome Sh 2-292 significa que o objeto é o número 292 do segundo catálogo Sharpless de regiões HII, publicado em 1959. O número RCW refere-se ao catálogo compilado por Rodgers, Campbell e Whiteoak e publicado em 1960. Este objeto foi também o primeiro de uma lista de nebulosas austrais compilada por Colin Gum e publicada em 1955. A Nebulosa da Gaivota situa-se na fronteira entre as constelações do Unicórnio e do Cão Maior, próximo de Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno. A nebulosa situa-se a mais de quatro centenas de vezes mais distante do que a famosa estrela.

O complexo de gás e poeira que forma a cabeça da gaivota brilha intensamente no céu devido à forte radiação ultravioleta emitida principalmente por uma estrela brilhante jovem - HD 53367 - a qual pode ser vista no centro da imagem e que poderia ser considerada como o olho da gaivota. A HD 53367 é uma estrela jovem com vinte vezes a massa do nosso Sol. Está classificada como uma estrela Be, o que significa que é uma estrela do tipo espectral B com linhas proeminentes de emissão de hidrogênio no seu espectro. Esta estrela tem uma companheira com uma massa de cinco vezes a do Sol, numa órbita extremamente elíptica.

A radiação emitida pelas estrelas jovens faz com que o hidrogênio gasoso circundante se transforme numa região HII, brilhando em um vermelho vivo. As regiões HII são assim chamadas, uma vez que são constituídas por hidrogênio (H) ionizado, no qual os elétrons já não estão ligados aos prótons. HI é o termo utilizado para o hidrogênio não ionizado, ou seja neutro. O brilho vermelho das regiões HII ocorre porque os prótons e os elétrons se recombinam e nesse processo emitem energia em certos comprimentos de onda bem definidos, ou cores. Uma destas transições bem proeminente (chamada hidrogênio alfa ou H-alfa) origina uma cor vermelha forte. A radiação emitida pelas estrelas azuis-esbranquiçadas é dispersada pelas pequenas partículas de poeira da nebulosa, criando um nevoeiro azul contrastante, em algumas partes da imagem.

Embora um pequeno nódulo brilhante do complexo da Nebulosa da Gaivota tenha sido observado pela primeira vez pelo astrônomo germano-britânico William Herschel em 1785, a parte que aqui se mostra teve que aguardar a descoberta fotográfica cerca de um século mais tarde.

Por acaso, esta nebulosa situa-se no céu perto da Nebulosa do Elmo de Thor (NGC 2359), a qual ganhou o recente concurso do ESO "Escolha o que o VLT vai observar". Esta nebulosa, com a sua forma distinta e nome incomum, foi escolhida como o primeiro objeto selecionado por membros do público para ser observada pelo Very Large Telescope do ESO. Estas observações farão parte das celebrações do dia do 50º aniversário do ESO, 5 de outubro de 2012. As observações poderão ser acompanhadas pela internet diretamente a partir do VLT no Paranal. Mantenha-se atento!

Fonte: ESO

domingo, 23 de setembro de 2012

Estrela supermassiva ilumina uma nebulosa

A bela Nebulosa do Casulo está localizada a aproximadamente 4.000 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação de Cygnus (O Cisne).

Nebulosa do Casulo

© Jean-Charles Cuillandre (Nebulosa do Casulo)

Escondido dentro do Casulo existe o desenvolvimento de um recente aglomerado aberto de estrelas dominado por uma estrela massiva no centro da imagem que abre um buraco na nuvem molecular existente através do qual a maior parte do seu material flui. A mesma estrela, que foi formada a aproximadamente 100.000 anos atrás, fornece a fonte de energia para a maior parte da luz emitida e refletida a partir dessa nebulosa.

Estrelas massivas brilham constantemente até o hidrogênio se fundir para formar hélio (que leva bilhões de anos em uma pequena estrela, mas apenas milhões em uma estrela de grande massa), quando se torna uma supergigante vermelha e começa com um núcleo de hélio rodeado por uma camada de refrigeração, cujo gás está em expansão. Durante os próximos milhões de anos uma série de reações nucleares ocorrem formando elementos diferentes nas camadas em torno do núcleo de ferro.

Quando o núcleo entra em colapso, gerando uma uma supernova, ondas de choque golpeiam as camadas externas da estrela. Se o núcleo estiver entre 1,5 a 3 massas solares, sobrevive, contrai para se tornar uma estrela de nêutrons. Se o núcleo é muito maior do que três massas solares, o núcleo se contrai para se tornar um buraco negro.

Fonte: Daily Galaxy

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Descoberta a galáxia mais distante

Utilizando o telescópio espacial Hubble e a teoria da relatividade de Einstein, cientistas conseguiram observar uma galáxia distante que remonta a 500 milhões de anos após o Big Bang.

galáxia MACS 1149-JD

© Hubble/Spitzer (galáxia MACS 1149-JD)

A galáxia, descoberta por Wei Zheng, do departamento de Física e Astronomia da Universidade americana Johns Hopkins, e sua equipe, tem mais de 13,2 bilhões de anos, um redshift de 9,6. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista britânica Nature.

A imagem mais antiga que temos do Universo é dada pela radiação de fundo deixada pelo Big Bang, uma auréola difusa de micro-ondas que não consegue se associar a nenhuma estrela, galáxia ou objeto astronômico preciso. Isto ocorreu 400 mil anos depois do Big Bang, ou seja, uma fração de segundos na escala do nosso Universo, que tem 13,7 bilhões de anos. Não havia então nenhuma estrela, apenas átomos de hidrogênio recém-criados. Foi preciso aguardar ainda quase um bilhão de anos para ter outra imagem detalhada, mas a paisagem tinha mudado radicalmente: havia galáxias com bilhões de estrelas. Náo se sabe devidamente o que teria acontecido neste intervalo, pela dificuldade em distinguir entre o ruído de fundo cosmológico e outros sinais que chegam do espaço profundo.

Zheng e sua equipe usaram a poderosa câmera infravermelha instalada no Hubble em 2009. Este instrumento já encontrou mais de uma centena de galáxias da época em que Universo tinha entre 650 e 850 milhões de anos. Mais ainda, o sinal recebido é tão tênue que até agora a câmera só conseguiu identificar uma galáxia de 500 milhões de anos.

Os cientistas olharam para Albert Einstein e sua teoria, segundo a qual objetos muito maciços têm um campo gravitacional tão forte que conseguem desviar os raios luminosos que passam próximos. E às vezes, isto amplia a imagem percebida por um observador, um fenômeno denominado lente gravitacional.

O Hubble foi utilizado para buscar galáxias distantes escondidas atrás de aglomerados de galáxias maciças que poderiam servir de lupa astronômica e descobriram uma que data de 500 milhões de anos depois do Big Bang. Neste caso, a lente gravitacional multiplicava por 15 a luz emitida por esta galáxia, o que lhes permitiu estudá-la com muito mais precisão.

Os autores calculam que está constituída por uma proporção não desprezível de estrelas anciãs que teriam se formado durante 200 milhões de anos para alcançar uma massa equivalente a 150 milhões de vezes a do nosso Sol. Se este sistema fosse representativo de outras galáxias primitivas, implicaria em que a formação de estrelas já estava em curso entre 300 e 500 milhões de anos depois do surgimento do Universo.

Devido à falta de amostras e instrumentos de medição suficientes, é impossível afirmá-lo, destacou num comentário em separado Daniel Stark, astrônomo da Universidade do Arizona. A construção de telescópios terrestres gigantes, contudo, abrirá novos campos de exploração na próxima década.

Fonte: Johns Hopkins University

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Planetas ao redor de aglomerado de estrelas

Cientistas encontraram evidências pela primeira vez da existência de planetas que podem se formar e sobreviver ao redor de estrelas similares ao Sol apesar de integrarem densos aglomerados estelares.

planetas ao redor do aglomerado da Colmeia

© NASA (planetas ao redor do aglomerado da Colmeia)

Os astrônomos descobriram duas órbitas similares às de Júpiter no Aglomerado da Colmeia (M44), um aglomerado aberto com cerca de mil estrelas ao redor de um centro comum. "Este tem sido um grande enigma para os caçadores de planetas", disse Sam Quinn, doutorando em Astronomia da Universidade do Estado da Geórgia, em Atlanta, e principal autor do artigo que descreve os resultados, publicado no periódico Astrophysical Journal Letters.

"Sabemos que a maioria de estrelas se forma em entornos agrupados, como na nebulosa de Órion, sendo assim, ao menos que este entorno denso iniba a formação de planetas, algumas estrelas similares ao Sol em agrupamentos abertos devem ter planetas", afirmou Quinn.

A descoberta contradiz a teoria de que os planetas gasosos não podem se formar perto demais de uma estrela porque evaporariam.

A explicação mais disseminada até o momento é que os planetas se formam mais longe e em seguida migram para o exterior, mais perto da estrela. Levando em conta a relativa juventude das estrelas do aglomerado, os planetas que acabam de ser descobertos poderiam ajudar os cientistas a desenvolver a teoria a respeito.

Se as estrelas são jovens, isto quer dizer que os planetas também devem ser, o que "estabelece uma limitação sobre a velocidade com que os planetas gigantes migram para dentro", disse Russel White, principal pesquisador do programa sobre as Origens do Sistema Solar da Nasa, financiador do estudo.

Conhecer a que velocidade dos planetas que migram é o primeiro passo para descobrir como o fazem. A equipe descobriu os planetas Pr0201b e Pr0211b usando um telescópio Tillinghast de 1,5 m em um observatório do Arizona com o objetivo de medir o tremor gravitacional ao qual os planetas induzem suas estrelas progenitoras.

Os cientistas tinham descoberto anteriormente dois planetas ao redor de estrelas maciças, mas ainda não tinham encontrado nenhum ao redor de estrelas similares à estrela que ocupa o centro de um sistema solar.

Fonte: NASA

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Galáxias elíptica e espiral juntas

A gigantesca galáxia elíptica M60 e a galáxia espiral NGC 4647 parecem um estranho casal nesse retrato cósmico bem nítido feito pelo telescópio espacial Hubble.

galáxias M60 e NGC 4647

© Hubble (galáxias M60 e NGC 4647)

Mas elas estão numa região do espaço onde as galáxias tendem a se juntar, no lado leste do próximo Aglomerado de Galáxias de Virgo. Localizada a aproximadamente 54 milhões de anos-luz de distância, a brilhante forma simples parecida com um ovo da M60 é criada pela organização aleatória das estrelas mais velhas, enquanto que as estrelas azuis jovens da NGC 4647, o gás e a poeira estão organizados em braços espirais ao redor de um disco achatado. Estima-se que a galáxia espiral NGC 4647 seja mais distante que a M60, localizada a 63 milhões de anos-luz de distância. Também conhecido como Arp 116, o par de galáxias pode estar na eminência de um significante encontro gravitacional. A M60, também conhecida como NGC 4649 tem aproximadamente 120.000 anos-luz de diâmetro. A NGC 4647, menor, se espalha por 90.000 anos-luz, ou seja, com um tamanho semelhante ao tamanho da Via Láctea.

Fonte: NASA

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Planetas podem se formar no centro galáctico

Uma jovem estrela e a nuvem de poeira cósmica a partir da qual seriam formados planetas ao seu redor estão sendo atraídos para um enorme buraco negro localizado no centro da nossa galáxia, segundo pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA), em Cambridge, nos EUA.

disco de gás e poeira ao redor do buraco negro

© CfA/David Aguilar (disco de gás e poeira ao redor do buraco negro)

Como outras galáxias, a Via Láctea abriga um buraco negro em seu centro, conhecido como Sagitário A* (Sgr A*), e a estrela em questão orbita um anel de jovens sóis em volta desse buraco.
Juntamente com o disco de gás e poeira que a envolve, a estrela evoluiria para um sistema solar, mas a força de atração do buraco negro deve impedir que isso ocorra.
Os estudos sobre essa situação, publicados na revista "Nature Communications", tiveram início depois que pesquisadores identificaram uma nuvem de gás ionizado e poeira cósmica movendo-se em direção ao SgrA* no início do ano. Eles tiveram ajuda dos telescópios de alta precisão Very Large Telescope (VLT), um conjunto de lentes de 8 metros de altura administrado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).
A hipótese inicial era de que esse deslocamento teria sido causado por uma colisão de nuvens envolvendo duas estrelas. Após o choque, a poeira cósmica dos astros teria sido atraída para o buraco.
Os astrônomos Ruth Murray-Clay e Abraham Loeb, porém, defendem uma explicação diferente. Para eles, a nuvem que se dirige para o SgrA* é, na realidade, um disco protoplanetário, ou seja, um disco de material cósmico a partir do qual seriam formados planetas, que circunda uma estrela de baixa massa.
Estrelas recém-nascidas mantêm um disco de gás e poeira ao redor de seu núcleo por milhares de anos. Quando uma delas é atraída para um buraco negro, a radiação e ondas gravitacionais dispersam essa matéria circundante em alguns anos.
Como a estrela estudada pela equipe do Harvard-Smithsonian é muito pequena para ser observada diretamente da Terra, é essa nuvem de poeira protoplanetária que os pesquisadores teriam detectado dirigindo-se para o SgrA*.
A força de atração do buraco negro faz o gás ao redor da estrela formar uma espiral e se aquecer. Além disso, o gás torna-se brilhante, facilitando sua detecção.
Porém, enquanto a nuvem planetária caminha para a destruição, há uma possibilidade de que a estrela envolvida por ela sobreviva. "A força de atração do buraco é suficientemente forte para atrair o gás, mas não para destruir a estrela", disse Murray-Clay.
O fenômeno em questão é causado pelo mesmo tipo de forças responsáveis pelas marés oceânicas. "Marés são causadas pela atração dos oceanos pela Lua. Nesse caso, o buraco negro gera forças de atração tão fortes que puxam o disco (de gás e poeira cósmica) para longe da estrela", explica Murray-Clay.
Os resultados desse estudo são interessantes porque, até agora, o centro da Via Láctea era considerado um lugar muito inóspito para a formação de planetas, por estar repleto de estrelas, radiação e intensas forças gravitacionais.
Apesar de o disco protoplanetário observado caminhar para a destruição, sua simples existência e a presença de estrelas semelhantes na mesma região sugerem que planetas ainda podem ser criados nessa parte da galáxia.
"É fascinante pensar que planetas estejam se formando tão perto de um buraco negro", afirma Loeb.

Fonte: BBC e Nature

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma vassoura de bruxa celeste?

A Nebulosa do Lápis aparece nesta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.

Nebulosa do Lápis

© ESO (Nebulosa do Lápis)

Esta peculiar nuvem de gás brilhante faz parte de um enorme anel de restos deixados por uma explosão de supernova, que aconteceu há cerca de 11.000 anos. Esta imagem detalhada foi obtida pelo instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros.

Apesar da beleza aparentemente tranquila e imutável de um céu estrelado, o Universo não é um local tranquilo. As estrelas nascem e morrem num ciclo sem fim, e por vezes a morte de uma estrela cria vistas de beleza inigualável quando a matéria é lançada para o espaço formando estranhas estruturas no céu.

Esta nova imagem mostra a Nebulosa do Lápis sob um fundo de céu estrelado. A Nebulosa do Lápis, também conhecida como NGC 2736 e algumas vezes chamada o Raio de Herschel, foi descoberta pelo astrônomo britânico John Herschel em 1835, quando este se encontrava na África do Sul. Herschel descreveu-a como sendo “um raio de luz extraordinariamente longo e fino mas excessivamente tênue”. Esta nuvem de forma estranha é uma pequena parte de um resto de supernova, situada na constelação austral da Vela. Uma supernova é uma explosão estelar violenta, que resulta da morte de uma estrela de elevada massa ou então de uma anã branca num sistema estelar duplo. A estrutura resultante da explosão é chamada resto da supernova e consiste no material ejetado que se expande a velocidades supersônicas no meio interestelar circundante. As supernovas são a fonte principal de elementos químicos pesados no meio interestelar, o que por sua vez leva ao enriquecimento químico de uma nova geração de estrelas e planetas. Os filamentos brilhantes foram criados pela morte violenta de uma estrela, que aconteceu há cerca de 11 mil anos. A parte mais brilhante parece um lápis; daí o seu nome, mas toda a estrutura tem mais a forma tradicional de uma vassoura de bruxa.

O resto de supernova da constelação da Vela é uma concha em expansão que teve origem numa explosão de supernova. Inicialmente a onda de choque deslocou-se com uma velocidade de milhões de quiômetros por hora, mas à medida que se expandiu pelo espaço, teve que atravessar o gás entre as estrelas, o que a travou consideravelmente, criando pregas de nebulosidade com formas estranhas. A Nebulosa do Lápis é a região mais brilhante desta enorme concha.

Esta nova imagem mostra enormes estruturas filamentares, pequenos nós brilhantes de gás e regiões de gás difuso. A aparência luminosa da nebulosa vem de regiões densas de gás atingidas pela onda de choque da supernova. À medida que a onda de choque viaja pelo espaço, vai interagindo com o material interestelar. Inicialmente, o gás é aquecido a milhões de graus, mas depois arrefece progressivamente e ainda está emitindo um brilho fraco, obtido nesta imagem.

Ao observar as diferentes cores da nebulosa, os astrônomos conseguem mapear a temperatura do gás. Algumas regiões estão ainda tão quentes que a emissão é dominada por átomos de oxigênio ionizado, que brilham em azul na imagem. Outras regiões mais frias brilham em vermelho, devido à emissão do hidrogênio.

A Nebulosa do Lápis mede cerca de 0,75 anos-luz de um lado ao outro e desloca-se no meio interestelar a cerca de 650 mil quilômetros por hora. Nota-se que mesmo estando a cerca de 800 anos-luz de distância da Terra, a nebulosa muda notoriamente a sua posição no céu relativamente às estrelas de fundo durante o período de uma vida humana. Mesmo após 11 mil anos a explosão de supernova ainda muda a face do céu noturno.

Fonte: ESO

domingo, 9 de setembro de 2012

A lua vermelha de Júpiter

A lua Amalteia, de Júpiter, é um dos objetos mais vermelhos do Sistema Solar.

ilustração de Júpiter e Almateia

© NASA (ilustração de Júpiter e Almateia)

Ela segue abaixo da órbita de Io (um dos quatro maiores satélites do planeta), assim como Métis, Adrasteia e Tebe, mas é a maior desse grupo.

Amalteia é o terceiro dos satélites conhecidos de Júpiter. Foi descoberto, a exatamente 120 anos, em 9 de Setembro de 1892 por Edward Emerson Barnard usando o seu telescópio refractor de 36" (91 cm) no Observatório Lick. Amalteia foi a última lua a ser descoberta através de observações visuais diretas (em oposição à fotografia), e a primeira lua a ser descoberta desde que Galileu observou os quatro satélites galileanos em 1610. É o maior do grupo joviano de satélites interiores.

O nome "Amalteia" não foi formalmente adotado pela União Astronômica Internacional até 1975, embora tenha sido usado informalmente durante muitas décadas antes da sua sugestão por Camille Fammarion. Antes de 1975 era mais conhecido simplesmente pela sua designação romana, como "Júpiter V".

Amalteia é o segundo objeto mais vermelho do Sistema Solar (Sedna é o primeiro), até mais vermelho que Marte. A sua cor é provavelmente devida ao enxofre expelido pelos inúmeros vulcões de Io. Observações feitas com o espectrômetro do Hubble confirmam grande presença do enxofre que deixa Amalteia tão vermelha. Aparecem áreas brilhantes de verde na maiores inclinações de Amalteia, mas a natureza desta cor é ainda desconhecida.

Amalteia tem uma forma irregular, com dimensões de 270x168x150 km; o longo eixo está orientado na direção de Júpiter. É também altamente craterado, algumas das quais são extremamente grandes relativamente ao tamanho da lua. Pan, a maior cratera, mede 100 quilômetros de diâmetro e tem pelo menos 8 km de profundidade. Outra cratera, Gaea, mede 80 km de diâmetro e tem provavelmente o dobro da profundidade de Pan. Amalteia tem duas montanhas conhecidas, Mons Lyctas e Mons Ida, que chegam a uma altura de 20 km.

A combinação entre a forma irregular de Amalteia e o seu tamanho implica que Amalteia seja um corpo razoavelmente forte e rígido; se fosse composto por gelo ou outros materiais fracos, a sua própria gravidade teria deixado Amalteia num corpo mais esférico. Tal como todas as luas de Júpiter, sofre a atração das forças das marés de Júpiter, e o seu longo eixo aponta na direção do planeta a todas as alturas. A sua composição é provavelmente mais parecida com a de um asteroide do que com alguma das luas galileanas, e eventualmente poderá ter sido capturado. Como Io, Amalteia liberta mais calor do que recebe do Sol. É provavelmente devido às correntes elétricas induzidas pela sua órbita através do campo magnético de Júpiter.

Outro fato interessante sobre esse satélite natural é que ele emite mais calor do que recebe do Sol. Há duas hipóteses para isso: a energia que ele recebe do poderoso campo magnético de Júpiter ou efeito do campo gravitacional do planeta gasoso.

Assim como Tebe, completa uma rotação ao redor do seu eixo quando completa uma volta ao redor de Júpiter, o que significa que mostra sempre a mesma face para o planeta, do qual está distante 181.400 km. Por comparação, a distância da Lua para a Terra é de 384.000 km. Essa proximidade de um planeta deveria fazer com que Almateia fosse destruída pela gravidade. Isso não ocorre por causa de seu tamanho pequeno (apenas 19 vezes menor que Io).

Por outro lado, os astrônomos calculam que o fim de Almateia será digno de uma tragédia grega: ela está tão próxima de Júpiter que está destinada a cair e ser morta por seu planeta.

Fonte: NASA

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Nuvens moleculares criam espiral no espaço

Astrônomos japoneses descobriram uma nuvem no espaço composta por gás e poeira na forma molecular com um formato em espiral.

nuvem com formato em espiral

© Universidade Keio/NAOJ (nuvem com formato em espiral)

A nuvem, localizada no centro da via Láctea, possui um volume gigante de gás, centenas de milhares de vezes maiores que o Sol e distante 30 mil anos luz do nosso Sistema Solar.

Segundo Tomoharu Oka, professor do departamento de Física da Universidade Keio, em Tóquio, o fenômeno teria sido formado a partir da colisão de duas nuvens moleculares gigantes. Oka explica que a colisão de nuvens é comum, mas foram raras as vezes que ela resultou em uma formação tão peculiar no espaço. Apenas duas outras formações helicoidais já foram vistas na galáxia.

O estudo, liderado pelo pós-doutorando Shinji Matsumura, foi publicado em julho deste ano no Astrophysical Journal. Mas a descoberta foi feita no primeiro semestre de 2009.

Os pesquisadores acreditam que, por causa do choque, uma linha perpendicular em forma de tubo, com força magnética, foi formada entre as nuvens e depois torcida e espremida para se tornar uma estrutura helicoidal durante o contato de fricção. A pesquisa indicou que o gás molecular foi capturado pelo tubo magnético, formando assim a espiral.

As formações de gás podem originar as estrelas conforme vão ficando mais densas. No caso de colisões, o gás é altamente comprido.

Isto significa que a formação inusitada observada pelos cientistas no Observatório Astronômico Nacional do Japão pode um dia virar uma estrela.

Foram analisadas, entre outras coisas, a rotação de apenas seis das diversas moléculas encontradas, pois acredita-se que elas podem ser a pista para a compreensão do estado físico da matéria.

Fonte: NAOJ

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Registro da diferença entre galáxias

Duas galáxias diferentes foram captadas pelo telescópio espacial Hubble, formando um par galáctico denominado ARP 116.

galáxias M60 e NGC 4647

© Hubble (galáxias M60 e NGC 4647)

O ARP 116 é composto por uma galáxia elíptica gigante conhecida como Messier 60 (M60) e uma galáxia espiral bem menor, a NGC 4647. Como uma típica galáxia elíptica, a M60 pode não ser muito interessante quando vista sozinha, mas quando está junto com sua "companheira" espiral, o par ganha destaque no céu noturno.

A M60 é bastante clara, é precisamente a terceira mais clara no aglomerado de Virgem, que possui uma coleção de mais de 1,3 mil galáxias. Além de ter uma massa de estrelas maior, a M60 possui uma coloração dourada por causa das muitas estrelas velhas, frias e vermelhas em seu interior. A NGC 4647, por sua vez, possui uma variedade estrelar jovem e quente, que forma uma coloração azul.

Astrônomos tentaram determinar se essas galáxias estão interagindo, mas não encontraram evidências de novas formações estrelares. A força gravitacional mútua em pares de galáxias que interagem entre si exerce em cada uma a liberação de nuvens de gás, assim como as marés na Terra são causadas pela gravidade da Lua. Essa liberação pode causar a quebra das nuvens, formando o rompimento de novas estrelas.

Mesmo que isso pareça não ter ocorrido no ARP 116, estudos de imagens detalhadas do telescópio Hubble sugerem que as duas galáxias tiveram uma interação. Independente se elas estão perto o suficiente para interagir, as duas galáxias são certamente vizinhas próximas. Isso significa que vemos ambas na mesma escala, fazendo praticamente um "retrato de família" do Hubble que mostra a diferença de tamanho, estrutura e coloração entre galáxias elípticas gigantes e as espirais menores.

Fonte: ESA

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um aglomerado com um segredo

Uma nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra o espectacular aglomerado estelar globular Messier 4 (M4).

aglomerado estelar globular M4

© ESO (aglomerado estelar globular M4)

Esta bola de dezenas de milhares de estrelas antigas é, na realidade, um dos mais próximos e mais estudados aglomerados globulares. Um trabalho recente revelou que uma das estrelas deste aglomerado tem propriedades estranhas e incomuns, aparentemente possuindo o segredo da juventude eterna.

Em torno da nossa galáxia, a Via Láctea, orbitam mais de 150 aglomerados estelares globulares, que datam do passado distante do Universo). Um dos mais próximos da Terra é o aglomerado M4 (também conhecido como NGC 6121), situado na constelação do Escorpião. Este objeto brilhante pode ser facilmente observado com binóculos, próximo da brilhante estrela vermelha Antares, e um pequeno telescópio amador consegue distinguir algumas das estrelas que o constituem.

Esta nova imagem do aglomerado, obtida com o instrumento Wide Field Imager (WFI), instalado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, situado no Observatório de La Silla do ESO, revela muitas das dezenas de milhares de estrelas deste aglomerado, o qual nos aparece sob o fundo rico da Via Láctea.

Os astrônomos também estudaram muitas das estrelas do aglomerado de modo individual, utilizando instrumentos montados no Very Large Telescope (VLT) do ESO. Ao separar a radiação emitida pelas estrelas nas suas componentes coloridas, podem-se obter as suas composições químicas e idades.

Os novos resultados para as estrelas do M4 foram surpreendentes. As estrelas dos aglomerados globulares são velhas e por isso não se espera que sejam ricas em elementos químicos pesados. A maioria dos elementos químicos mais pesados que o hélio são formados nas estrelas e liberados no meio interestelar no final das suas vidas. É deste material enriquecido que se formam as futuras gerações de estrelas. Deste modo, as estrelas muito velhas, tais como as dos aglomerados estelares globulares, formadas muito antes de algum enriquecimento significativo ter ocorrido, possuem menor abundância de elementos pesados, quando comparadas com estrelas que, como o Sol, se formaram posteriormente. Isto é o que é geralmente observado, mas uma das estrelas encontrada num rastreio recente possui uma quantidade muito maior de lítio, um elemento leve e raro, do que o esperado. A fonte deste lítio permanece um mistério. Normalmente este elemento é gradualmente destruído ao longo dos bilhões de anos de vida da estrela, mas esta estrela, ao contrário de milhares de outras, parece possuir o segredo da juventude eterna: ou conseguiu, de alguma forma manter o seu lítio original, ou encontrou algum modo de se auto-enriquecer com lítio recentemente formado. A imagem do WFI dá-nos uma vista de campo amplo do aglomerado e dos seus arredores bastante ricos.

região central do aglomerado globular M4

© Hubble (região central do aglomerado globular M4)

A imagem acima mostra uma vista complementar e mais detalhada, apenas da região central, obtida com o telescópio espacial Hubble que também foi divulgada esta semana, no âmbito da série Fotografia da Semana do Hubble.

Fonte: ESO

domingo, 2 de setembro de 2012

A superbolha surpreendentemente brilhante

O telescópio de raios X Chandra da NASA detectou uma "superbolha" brilhante a 160 mil anos-luz da Terra.

aglomerado de estrelas NGC 1929

© NASA e ESO (aglomerado de estrelas NGC 1929)

O registro foi feito há dez anos, durante mais de 5 horas, e divulgado agora após a união de três registros diferentes.
Trata-se do aglomerado de estrelas NGC 1929, localizado dentro da nebulosa N44, na galáxia-anã Grande Nuvem de Magalhães, vizinha da nossa Via Láctea.
As estrelas jovens e massivas desse aglomerado produzem uma intensa radiação e expulsam matéria em alta velocidade, o que as faz explodir rapidamente como supernovas, que geram explosões estelares muito violentas, resultantes da morte de uma estrela.
A imagem acima é composta por três capturas diferentes, representadas pelas cores azul, vermelho e amarelo.
Em azul, o Chandra flagrou o vento proveniente desses astros e o choque das supernovas que esculpem superbolhas no gás. Em vermelho, estão dados infravermelhos obtidos pelo telescópio Spitzer da NASA, que mostram a poeira e um gás mais frio. Jás as informações em amarelo foram obtidas por luz óptica, feitas pelo telescópio Max-Planck, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, que revelam onde a radiação ultravioleta faz o gás brilhar.
Esta é a primeira vez que os dados obtidos foram suficientes para distinguir as diferentes fontes de raios X produzidas pelas superbolhas. O estudo foi liderado pela Universidade de Michigan, nos EUA. Também participaram a Universidade Johns Hopkins, em Maryland, a Universidade de Illinois e o Instituto de Astronomia da Universidade Nacional Autônoma do México.

Um estudo publicado no ano passado mostrou que existem duas fontes extras de emissão de raios X brilhantes: ondas de choque de supernovas que atingem as paredes das cavidades, e material quente evaporando nas paredes da cavidade. As observações não mostram a evidência de elementos mais pesados ​​que o hidrogênio e o hélio nas cavidades. Esta é a primeira vez que os dados têm sido suficiente para distinguir entre as diferentes fontes de raios X produzidos por superbolhas.

Fonte: NASA

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Telescópio detecta milhões de buracos negros

O telescópio especial Wide-Field Infrared Survey Explorer (WISE) da NASA detectou milhões de buracos negros supermaciços e galáxias com temperaturas extremamente altas, que estavam "escondidos" atrás de uma nuvem de poeira interestelar.

buracos negros descobertos

© WISE (buracos negros descobertos)

O WISE conseguiu captar comprimentos de ondas ligados ao calor dos astros, o que fez com que eles conseguissem enxergar e mapear pela primeira vez alguns dos objetos mais iluminados do Universo.

A expectativa dos cientistas é de que a descoberta os ajude a entender como as galáxias e buracos negros se formam.

Os astrônomos já sabiam que a maioria das galáxias possuem buracos negros no seu centro, que são "alimentados" com gases, poeira e estrelas ao seu redor. Às vezes, os buracos negros soltam energia suficiente para impedir a formação de estrelas.

A forma como estrelas e buracos negros evoluem juntos, no entanto, continua sendo um mistério para os cientistas. A esperança é que os dados do telescópio WISE possibilitem novas descobertas neste ramo. O WISE tem capacidade de detectar comprimentos de onda que ficam muito além do campo de visão dos telescópios atuais. Isso permite ao equipamento fazer diversas descobertas inéditas na ciência.

O telescópio ganhou a fama de "caçador de buracos negros". "Nós encurralamos os buracos negros", diz Daniel Stern, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), um dos autores dos três estudos.

O pesquisador Stern e seus colegas usaram outro telescópio (Nustar) para analisar os dados dos buracos negros captados pelo WISE e apresentaram os dados em um artigo que será publicado na revista científica Astrophysical Journal.

Outros dois estudos detalham galáxias com temperaturas extremamente altas e com brilho intenso, que até recentemente não conseguiam ser detectadas. O termo em inglês para essas galáxias é "hot dust-obscured galaxies".

Mais de mil galáxias já descobertas são mais de cem vezes mais brilhantes que o Sol da Via Láctea. Os dados da missão WISE estão sendo disponibilizados ao público, para que todos os cientistas possam contribuir nas pesquisas espaciais.

Fonte: NASA e BBC Brasil

O 1º objeto descoberto no Cinturão de Kuiper

Gerard Kuiper foi um daqueles astrônomos que contribuíram muito com a ciência. Por exemplo: ele propôs a teoria de que nossos planetas se formaram a partir da condensação de uma grande nuvem de gás e poeira que existia ao redor do Sol.

ilustração dos objetos no Cinturão de Kuiper

© JHUAPL (ilustração dos objetos no Cinturão de Kuiper)

Ele ainda descobriu a lua Miranda, de Urano; previu com exatidão a composição dos anéis de Saturno; a composição da atmosfera de Marte; a existência de água em forma de gelo no planeta vermelho; ele previu até a sensação de pisar na superfície da Lua (Neil Armstrong confirmou: "como caminhar na neve"). Contudo, a maior hipótese deste holandês veio a eternizar seu nome, e foi uma dupla de astrônomos que confirmou sua existência há 20 anos.

Já se conhecia o Cinturão de Asteroides, que existe entre Marte e Júpiter, e está a 6,7 bilhões de quilômetros do Sol. Kuiper, contudo, previu em um artigo de 1951 que existiria um grupo de objetos além de Plutão, vestígios da formação do Sistema Solar.

asteroide 1992 QB1

© ESO (asteroide 1992 QB1)

O primeiro desses objetos foi descoberto em 1992 (chamado de 1992 QB1) por David Jewitt e Janet Luu com um telescópio no Havaí. Esse asteroide tem uma luminosidade 6 mil vezes menor do que conseguimos ver a olho nu.

A região com esses corpos acabou por receber o nome Cinturão de Kuiper em homenagem ao astrônomo; o holandês não foi o primeiro a prever a existência desses objetos, mas acabou por ganhar a fama.

Três planetas-anões estão por lá: Makemake, Haumea e Éris (além deles, Ceres, no Cinturão de Asteroides - aquele mais próximo -, e Plutão também estão nessa categoria). Foi a descoberta de Éris, em 2005, que levou a uma das maiores polêmicas dos últimos anos na astronomia.

Como Éris era maior que Plutão, veio a dúvida: teremos um 10º planeta no Sistema Solar? A decisão da União Astronômica Internacional, no ano seguinte, foi de "rebaixar" Plutão a planeta-anão (classificação criada no mesmo encontro). Éris e outros corpos gigantes que foram descobertos entraram nessa categoria.

Desde 1992, mais de 1.300 KBOs (Kuiper Belt Object) foram encontrados, e com a sonda New Horizons da NASA acelerando rumo ao encontro e julho de 2015 com Plutão e Caronte (que pode-se argumentar são tecnicamente os primeiros KBOs encontrados) e depois, no Cinturão de Kuiper, que em breve vamos saber muito mais sobre esses habitantes distantes do espaço profundo.

Fonte: Terra e Universe Today

Dois exoplanetas orbitando dois sóis

Foi anunciada a descoberta pela missão espacial Kepler do primeiro sistema circumbinário e multiplanetário, no qual mais de um planeta orbita ao redor de dois sóis.

ilustração do sistema circumbinário Kepler-47

© NASA (ilustração do sistema circumbinário Kepler-47)

A descoberta, divulgada na Assembleia Geral da União Astronômica Internacional em Beijing, na China, "mostra que sistemas planetários podem formar-se e sobreviver inclusive no caótico meio ao redor de uma estrela binária", segundo os cientistas da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos, liderados pelo astrônomo Jerome Orosz.
As duas estrelas do novo sistema, denominado Kepler-47 e situado a 4.900 anos-luz na constelação do Cisne, orbitam uma ao redor da outra a cada 7,5 dias; uma delas é similar em tamanho ao Sol, enquanto a outra tem um volume três vezes menor e tem um brilho 175 vezes mais fraco.
Quanto aos dois planetas, o que orbita mais próximo das duas estrelas, o Kepler 47b, gira em torno delas a cada 49 dias, é três vezes maior em diâmetro que a Terra, o que o transforma no menor dos que se conhecem orbitando em um sistema circumbinário.
O segundo planeta, o Kepler 47c, é ligeiramente maior que Urano e demora 303 dias para orbitar os dois sóis de Kepler-47, e por isso é considerado estar em uma "área habitável", ou seja, que tem condições similares à Terra e portanto poderia ter água em sua superfície.
Embora este planeta seja provavelmente um gigante gasoso e, portanto, não adequado para a vida, seu descobrimento mostra que os planetas circumbinários podem existir, inclusive em zonas habitáveis.
Até agora haviam sido encontrados quatro sistemas de planetas girando ao redor de duas estrelas (os Kepler-16, 34, 35 e 38), mas este é o primeiro com mais de um planeta. Há cerca de seis meses descobriu-se um planeta com três sóis e potencialmente habitável.

Os planetas foram detectados devido à queda no brilho do par de estrelas quando eles transitam em frente a elas. A perda de luz provocada pelo eclipse é pequena, apenas 0,08% devido ao Kepler-47b e 0,2% pelo Kepler-47c. Em comparação, Vênus bloqueou cerca de 0,1% da superfície do Sol durante seu trânsito recente em 5 de junho de 2012. Após o registro do Kepler, o Observatório McDonald, no Texas, mediu o tamanho e massa relativos dos objetos, eles têm massa provável entre 8 e 20 vezes maior que a da Terra.

"Aprendemos que os planetas circumbinários podem ser como os de nosso Sistema Solar, mas com dois sóis", comentou Joshua Carter, co-autor do estudo e analista do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.
Os presentes à Assembleia Geral da União Astronômica Internacional avaliaram muito positivamente os avanços na busca de planetas fora de nosso Sistema Solar como primeiro passo para, em longo prazo, encontrar outros lugares aptos para a vida.

Fonte: NASA

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moléculas da vida em torno de estrela jovem

Uma equipe de astrônomos utilizando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) descobriu moléculas de açúcar no gás que rodeia uma estrela jovem do tipo solar.

moléculas de açúcar no gás ao redor de estrela

© ESO (moléculas de açúcar no gás ao redor de estrela)

Esta é a primeira vez que açúcar é descoberto no espaço em torno de uma tal estrela. Esta descoberta mostra que os blocos constituintes da vida se encontram no local certo, no tempo certo, de modo a serem incluídos em planetas que estejam se formando em torno da estrela.

Os astrônomos descobriram moléculas de glicoaldeído (C2H4O2), uma forma simples de açúcar, no gás que circunda uma estrela binária jovem, com massa semelhante ao Sol, chamada IRAS 16293-2422. O glicoaldeído já tinha sido observado anteriormente no espaço interestelar, mas esta é a primeira vez que é descoberto tão perto de uma estrela do tipo solar, a distâncias comparáveis à distância de Urano ao Sol, no Sistema Solar. Esta descoberta mostra que alguns dos componentes químicos necessários à vida existiam neste sistema no tempo da formação planetária. O glicoaldeído foi detectado até agora em dois locais no espaço: na direção da nuvem do centro galáctico Sgr B2 e no núcleo molecular quente de elevada massa G31.41+0.31. A estrela IRAS 16293-2422 é também conhecida por ter uma quantidade de outras moléculas orgânicas complexas, incluindo etilenoglicol, metanoato de metila e etanol.

A alta sensibilidade do ALMA, mesmo nos comprimentos de onda mais curtos nos quais opera e por isso tecnicamente mais difíceis, foi indispensável nestas observações, as quais foram executadas com uma rede parcial de antenas durante a fase de Verificação Científica do observatório.

As nuvens de gás e poeira que colapsam para formar novas estrelas são extremamente frias (cerca de –263ºC) e muitos gases solidificam sob a forma de gelo sobre as partículas de poeira, onde seguidamente se juntam para formar moléculas mais complexas. Mas assim que uma estrela se forma no meio de uma nuvem de gás e poeira em rotação, esta aquece as regiões internas da nuvem para cerca de uma temperatura ambiente, evaporando as moléculas quimicamente complexas e formando gases que emitem uma radiação característica em ondas rádio, ondas estas que podem ser mapeadas com a ajuda de potentes radiotelescópios, como o ALMA.

A IRAS 16293-2422 situa-se a cerca de 400 anos-luz de distância, relativamente próximo da Terra, o que a torna num excelente alvo para os astrônomos que estudam as moléculas e a química em torno de estrelas jovens. Juntando o poder de uma nova geração de telescópios, tais como o ALMA, agora é possível estudar os detalhes das nuvens de gás e poeira que estão formando sistemas planetários.

"A grande questão é: qual a complexidade que estas moléculas podem atingir antes de serem incorporadas em novos planetas? Esta questão pode dizer-nos algo sobre como a vida aparece noutros locais e as observações do ALMA serão vitais para desvendar este mistério," diz Jes Jørgensen (Instituto Niels Bohr, Dinamarca), o autor principal do artigo científico que será publicado na revista da especialidade Astrophysical Journal Letters.

Fonte: ESO