quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Revelada a história do Universo próximo

Uma equipe internacional, que inclui dois astrônomos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), observou 100 galáxias próximas com uma resolução nunca antes alcançada.

representação do brilho e da cor das galáxias observadas

© CAUP (representação do brilho e da cor das galáxias observadas)

A equipe do projeto CALIFA (Calar Alto Legacy Integral Field spectroscopy Area survey) acabou de disponibilizar os dados da observação dos espectros de 100 galáxias próximas, de diferentes massas e morfologias. Estes dados, obtidos através de IFS (Integral Field Spectroscopy, ou espectroscopia de campo integral), têm uma resolução espacial sem precedentes, permitindo traçar a história da formação estelar nas diferentes zonas das galáxias.

Para o astrônomo do CAUP e membro da equipe, Polychronis Papaderos, “O CALIFA é uma colaboração internacional de alto impacto, que irá revolucionar a nossa compreensão acerca da formação e evolução de galáxias”.

Para tal, o espectro das galáxias foi observado, uma das mais importantes ferramentas disponíveis para os astrônomos. No entanto, geralmente só é possível medir o espectro da totalidade da galáxia, pois devido à distância, não é possível distinguir partes individuais. Desta maneira só se pode descrever a galáxia na generalidade. De forma análoga, seria como descrever uma cidade dizendo que é feita apenas de prédios.

Recentemente começaram a ser desenvolvidos instrumentos que, através da técnica conhecida por IFS, permitem observar o espectro de regiões individuais de galáxias. Mas uma das principais dificuldades em usar esta técnica é que a análise dos dados é bastante complexa e demorada. Para resolver o problema, os astrônomos do CAUP Jean Michel Gomes e Polychronis Papaderos desenvolveram uma pipeline que permite analisar estes dados de forma eficiente. Uma pipeline é um conjunto de software que ao receber os dados do telescópio, estes passam por uma série de análises automáticas, e chegam aos astrônomos prontos para serem analisados.

Para Jean Michel Gomes (CAUP), "A nossa pipeline, de alta performance computacional, necessita de muitas horas de trabalho para conseguir extrair as informações astrofísicas mais relevantes, como por exemplo, o movimento do gás e das estrelas."

Entre as conclusões mais importantes está a confirmação que muitas galáxias elíticas possuem gás ionizado em toda a sua extensão. Durante muito tempo, os astrônomos pensavam que estas eram galáxias “mortas”, só com gás ionizado no núcleo. No entanto, a existência de gás em toda a extensão, neste tipo de galáxias, foi confirmada precisamente através da deteção de riscas caraterísticas, mas muito tênues, nos espectros obtidos pelo CALIFA. As observações da equipe serão agora fundamentais para esclarecer a origem desse gás e qual a fonte de energia para a sua ionização.

O objetivo final do consórcio é conseguir observações detalhadas de 600 galáxias do Universo próximo.

Fonte: CAUP

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Perdido no espaço: encontrado planeta solitário?

Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO, astrônomos identificaram um corpo que é, muito provavelmente, um planeta vagando pelo espaço sem uma estrela hospedeira.

impressão artística do planeta errante CFBDSIR J2149

© ESO (impressão artística do planeta errante CFBDSIR J2149)

Este é, até agora, o melhor candidato a planeta errante e o mais próximo do Sistema Solar, a uma distância de cerca de 100 anos-luz. A sua relativa proximidade, juntamente com a ausência de estrela brilhante muito próxima, permitiram à equipe de astrônomos estudar a sua atmosfera em detalhes. Este objeto deu também aos astrônomos uma ideia do tipo de exoplanetas que futuros instrumentos poderão observar em torno de estrelas diferentes do Sol.

Os planetas errantes são objetos, com massas típicas de planetas, que vagam no espaço sem ligação com nenhuma estrela. Possíveis exemplos de tais objetos já foram encontrados anteriormente, mas sem o conhecimento das suas idades, não foi possível saber se eram realmente planetas ou anãs marrons - estrelas "fracassadas" que não conseguem ter tamanho suficiente para dar início às reações termonucleares que fazem brilhar as estrelas.

Astrônomos descobriram agora um objeto, chamado CFBDSIR J214947.2-040308.9 (CFBDSIR2149), que parece fazer parte de um grupo de estrelas próximas conhecido como Associação estelar AB Doradus. Os pesquisadores encontraram o objeto em observações feitas com o telescópio Canadá-França-Havaí e utilizaram em seguida o VLT para examinar as suas propriedades.

A associação AB Doradus é o grupo estelar deste gênero mais próximo do Sistema Solar. As estrelas que o compõem deslocam-se em conjunto no espaço e pensa-se que se tenham formado todas ao mesmo tempo. Se o objeto estiver associado a este grupo - sendo, neste caso, um objeto jovem - será possível deduzir muito mais sobre as suas características, incluindo a temperatura, massa e composição da atmosfera. Existe também uma pequena probabilidade de que a sua ligação ao grupo seja fortuita. A ligação ao grupo estelar AB Doradus poderá apontar para uma massa do planeta de aproximadamente 4 a 7 vezes a massa de Júpiter, com uma temperatura efetiva de cerca de 430 graus Celsius. A idade do planeta seria a mesma que a do próprio grupo, de 50 a 120 milhões de anos.

A ligação entre este novo objeto e o grupo estelar trata-se de uma pista vital, que permitirá aos astrônomos calcular a idade do objeto recém descoberto. Esta é a primeira vez que um objeto errante de massa planetária é identificado como fazendo parte de um grupo estelar em movimento, e a sua ligação ao grupo torna-o o candidato a planeta errante mais interessante observado até agora.

"Procurar planetas em torno de estrelas é semelhante a estudar um vagalume que se encontra a um centímetro de um farol potente de automóvel distante," diz Philippe Delorme (Institut de Planétologie et d'Astrophysique de Grenoble, CNRS/Université Joseph Fourier, França), autor principal do novo estudo. "Este objeto errante próximo oferece-nos a oportunidade de estudar o vagalume em detalhes, sem que as luzes brilhantes dos faróis do automóvel estraguem tudo."

Pensa-se que os objetos errantes, como o CFBDSIR2149, se formam ou como planetas normais que foram ejetados dos seus sistemas planetários, ou como objetos solitários, tais como estrelas muito pequenas ou anãs marrons. Em ambos os casos, estes objetos são bastante intrigantes, ou como planetas sem estrelas ou como os menores objetos possíveis, num intervalo que vai desde as estrelas de maior massa às leves anãs marrons.

"Estes objetos são importantes, já que nos podem ajudar a compreender melhor como é que os planetas são ejetados dos sistemas planetários ou como é que objetos muito leves podem resultar do processo de formação estelar," diz Philippe Delorme. "Se este pequeno objeto for um planeta ejetado do seu sistema nativo, dá-nos a imagem de mundos orfãos, perambulando no vazio do espaço."

Estes mundos podem ser comuns, talvez tão numerosos como as estrelas normais. Se o CFBDSIR2149 não estiver relacionado à Associação AB Doradus, será mais complicado conhecer a sua natureza e propriedades, e poderá antes ser caracterizado como uma anã marrom. Ambos os cenários representam questões importantes sobre como planetas e estrelas se formam e comportam.

"Trabalho adicional deverá confirmar se o CFBDSIR2149 é um planeta errante," conclui Philippe Delorme. "Este objeto poderá ser usado como base de dados para compreender a física de qualquer exoplaneta semelhante, que seja descoberto com futuros sistemas especiais de imagens de elevado contraste, incluindo o instrumento SPHERE, que será instalado no VLT."

Fonte: ESO

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Luz estelar do início do Universo

Luz estelar antiga, emitida pelas primeiras estrelas do Universo, foi detectada com o uso do telescópio espacial Fermi, que detecta raios gama.

ilustração da luz estelar nos primórdios do Universo

© Sindya Bhanoo (ilustração da luz estelar no início do Universo)

Marco Ajello, astrofísico da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e seus colegas relataram a descoberta no periódico Science. Ajello realizou a pesquisa quando trabalhava na Universidade Stanford.
"É provável que tenham sido os primeiros objetos a se formarem em nosso Universo", afirmou. "Eles se formaram aproximadamente 500 milhões de anos depois do Big Bang."
Os cientistas supõem que o Big Bang, ou grande explosão, tenha ocorrido há aproximadamente 13 bilhões de anos e resultado na criação de nosso Universo, que continua em expansão. As primeiras estrelas do Universo eram maciças e constituídas principalmente de hidrogênio. É bem provável que o hidrogênio tenha queimado por completo rapidamente e elas tenham explodido, formando supernovas, logo no início. Embora essas primeiras estrelas tenham desaparecido há muito tempo, a luz que emitiram continua chegando até nós.
É impossível medir diretamente a luz de uma estrela antiga, porque a luz de nossa galáxia é mais forte e impede que a vejamos. Por isso, os pesquisadores usaram os raios gama. Eles contaram com os blazares – galáxias distantes que emitem raios gama – para fazer isso. 
Os blazares são como faróis que estão muito distantes daqui. As distâncias destes objetos em relação a nós são diferentes e, com base nessas distâncias é possível medir a quantidade de luz estelar de épocas diferentes.
Os pesquisadores coletaram dados sobre a luz presente no Universo 4, 8 e 11 bilhões de anos após o Big Bang. Futuramente, Ajello espera realizar medições em pontos ainda mais próximos do princípio do Universo.
"Como o Universo está sempre em expansão, chegar o mais perto possível de seu início consiste na melhor forma de medição. Teremos medidas mais precisas quando chegarmos a 2 ou 1 bilhão de anos após o Big Bang", afirmou.

Fonte: The New York Times

domingo, 11 de novembro de 2012

Descobertas as supernovas mais antigas

Cientistas descobriram as supernovas mais distantes e antigas encontradas até hoje.

ilustração de uma supernova explodindo

© Universidade Swinburne (ilustração de uma supernova explodindo)

Elas teriam acontecido há mais de 10 bilhões de anos, quando o Universo era muito mais jovem e tinha cerca de 25% da idade atual. “A luz dessas supernovas contêm informações detalhadas sobre a infância do Universo, de um tempo quando as primeiras estrelas ainda estavam se condensando a partir do hidrogênio e hélio formados pelo Big Bang”, diz Jeffrey Cooke, astrofísico da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, e um dos autores do estudo.

As duas supernovas, identificadas como SN2213 e SN1000+2016, foram descobertas em imagens obtidas por meio do telescópio Legacy Canadá-França-Havaí, localizado no Havaí. Elas pertencem a uma categoria conhecida como supernova de instabilidade de par, que só foi descoberta recentemente e é extremamente rara no Universo próximo à Terra.

Esse tipo de supernova é de dez a centenas de vezes mais luminosa que as comuns. Sua origem ainda não é completamente entendida pelos astrônomos, mas eles sabem que elas surgem a partir de explosões nucleares em estrelas supermassivas, com massas de 150 a 300 vezes maiores que a do Sol, e com pouco metal em sua composição. Esse tipo de estrela era muito mais comum no início do Universo, quando a maior parte do metal ainda não havia sido formado.

Segundo os pesquisadores, essa descoberta deve ajudar a entender o comportamento e a morte da primeira geração de estrelas após o Big Bang.

Fonte: Nature

sábado, 10 de novembro de 2012

A galáxia com anel polar NGC 660

A NGC 660 é uma galáxia incrível em forma de anel, vista a seguir numa imagem obtida pelo telescópio Gemini Norte, em Mauna Kea.

galáxia NGC 660

© Observatório Gemini/Travis Rector (galáxia NGC 660)

A galáxia NGC 660 está localizada na direção da constelação de Peixes, a 20 milhões de anos-luz de distância.

Esse tipo de galáxia é conhecido como anel polar e é muito raro. As estrelas, gases e poeira que compõem a galáxia orbitam em um plano quase perpendicular ao seu centro, o disco galáctico. A interação gravitacional violenta explicaria as inúmeras regiões formadoras de estrelas rosadas espalhadas ao longo do anel da galáxia NGC 660.

Acredita-se que galáxias como essa possam ajudar a identificar o halo de matéria escura que engloba as galáxias, calculando a influência gravitacional da matéria escura na rotação do anel e do disco galáctico.

O anel da NGC 660 é maior do que seu disco central, com 50 mil anos-luz de comprimento.

Fonte: NASA

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mellote 15: A Nebulosa do Coração

Nuvens cósmicas parecem formar formas fantásticas nas regiões centrais da nebulosa de emissão IC 1805.

Melotte 15

© Stefano Cancelli e Paul Mortfield (Mellote 15)

É claro, as nuvens são esculpidas por ventos estelares e radiação de estrelas massivas quentes no aglomerado estelar da nebulosa recém-nascida, Melotte 15. Cerca de 1,5 milhões anos de juventude, as estrelas do aglomerado estão à direita neste quadro celeste colorido, juntamente com nuvens de poeira escura em silhueta contra o gás atômico brilhante. A composição de imagens telescópicas de comprimentos de onda curtos e longos, a vista abrange cerca de 30 anos-luz e inclui a emissão de hidrogênio na cor verde, enxofre em vermelho, e oxigênio em tons de azul. Imagens de campo mais amplos revelam que a IC 1805 é mais simples, o contorno geral sugere seu nome popular - A Nebulosa do Coração. A IC 1805 está localizada a cerca de 7.500 anos-luz de distância na direção da constelação de Cassiopeia.

Fonte: NASA

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Estrelas velhas esculpem nebulosa planetária

Astrônomos utilizaram o Very Large Telescope (VLT) do ESO para descobrir um par de estrelas que orbitam em torno uma da outra no centro de um dos mais fantásticos exemplos de nebulosas planetárias.

nebulosa planetária Fleming 1

© ESO (nebulosa planetária Fleming 1)

O novo resultado confirma uma teoria há muito debatida sobre o que controla a aparência espetacular e simétrica do material que é lançado no espaço. Os resultados serão publicados em 9 de novembro de 2012 na revista Science.

As nebulosas planetárias são conchas brilhantes de gás que se situam em volta de anãs brancas - estrelas do tipo do Sol nas fases finais das suas vidas. Fleming 1 é um belo exemplo de tais objetos, apresentando jatos extraordinariamente simétricos, entrelaçados em padrões curvos e nodosos. Está situada na constelação austral do Centauro e foi descoberta há cerca de um século atrás por Williamina Fleming, uma antiga governanta contratada pelo Observatório de Havard, depois de ter mostrado aptidão para a astronomia.

Os astrônomos debatem há muito tempo como é que estes jatos simétricos podem ser criados, sem nunca chegar a um consenso. Agora, uma equipe de investigação liderada por Henri Boffin (ESO, Chile) combinou observações de Fleming 1 do Very Large Telescope com modelos de computador existentes, para explicar pela primeira vez em pormenor como é que estes estranhos jatos se formam.

A equipe utilizou o VLT do ESO para estudar a radiação emitida pela estrela central e descobriu que a Fleming 1 tem provavelmente não uma, mas duas anãs brancas no seu centro, orbitando em torno uma da outra a cada 1,2 dias. Embora estrelas binárias tenham já sido encontradas anteriormente no coração de nebulosas planetárias, o certo é que os sistemas com duas anãs brancas a orbitar uma em torno da outra são muito raros.

"A origem das belas e complicadas formas da Fleming 1, e objetos semelhantes, tem gerado muito controvérsia ao longo de décadas," diz Henri Boffin. "Os astrônomos já tinham sugerido uma estrela binária, mas pensou-se sempre que, sendo esse o caso, o par estaria bem separado, com um período orbital de dezenas de anos ou ainda mais longo. Graças aos nossos modelos e observações, que nos permitiram examinar este incomum sistema com muito detalhe e espreitar até o interior do coração da nebulosa, descobrimos que as estrelas do par se encontram vários milhares de vezes mais próximas entre si."

Quando uma estrela com massa de até oito vezes a massa do Sol se aproxima do final da sua vida, ejeta as suas camadas exteriores, começando assim a perder massa. Este fenômeno permite que o núcleo interior quente da estrela emita intensamente, o que faz com que o casulo de gás que se desloca para o exterior brilhe fortemente sob a forma de nebulosa planetária.

Embora as estrelas sejam esféricas, muitas das nebulosas planetárias são curiosamente complexas, com nodos, filamentos e jatos intensos de material que formam padrões intrincados. Algumas das nebulosas mais espetaculares - como a Fleming 1 - mostram estruturas simétricas com pontas. No caso desta nebulosa, temos a sensação de que a matéria é ejetada a partir de ambos os pólos da região central em correntes de formas em S. Este novo estudo mostra que estes padrões na Fleming 1 são o resultado da interação próxima entre o par de estrelas - um surpreendente canto do cisne de um par estelar.

"Este é o estudo mais completo feito para uma estrela central binária, onde as simulações predizem corretamente qual a forma da nebulosa circundante, de um modo verdadeiramente espetacular," explica o co-autor Brent Miszalski, do SAAO e SALT (África do Sul).

O par de estrelas no centro desta nebulosa torna-se indispensável para explicar a estrutura observada. À medida que as estrelas envelhecem, expandem e, durante algum tempo, uma atua como uma estrela vampira, sugando a matéria da sua companheira. Essa matéria circula por isso na direção da estrela vampira, circundando-a em forma de disco, o chamado disco de acreção. À medida que as duas estrelas orbitam em torno uma da outra, ambas interagem com o disco, fazendo com que este se comporte como um pião rodando de forma desengonçada - um tipo de movimento chamado precessão. Este movimento afeta o comportamento de qualquer material que tenha sido ejetado a partir dos pólos do sistema, tal como os jatos que se deslocam para o exterior. Este estudo confirma assim que discos de acreção em movimento de precessão existentes no interior de sistemas binários, provocam padrões simétricos extraordinários em torno de nebulosas planetárias como a Fleming 1.

As imagens profundas do VLT levaram também à descoberta de um anel de matéria no interior da nebulosa. Sabe-se que tal anel de matéria existe em outras famílias de sistemas binários, parecendo ser uma assinatura da presença de um par estelar.

"Os nossos resultados confirmam de modo consistente o papel desempenhado pela interação entre pares de estrelas, no sentido de darem forma, ou até formarem, as nebulosas planetárias," conclui Boffin.

Fonte: ESO

ARP 188 e a cauda do Girino

Nessa imagem deslumbrante, gerada a partir de dados do projeto Hubble Legacy Archive, galáxias distantes formam um cenário dramático interrompido pela galáxia ARP 188, a Galáxia do Girino.

Galáxia do Girino

© Hubble/Bill Snyder (Galáxia do Girino)

O girino cósmico está localizado a apenas 420 milhões de anos-luz na direção da constelação distante do norte, Draco. Sua atraente cauda tem cerca de 280 mil anos-luz de comprimento e apresenta enormes e brilhantes aglomerados de estrelas azuis. Uma história sobre essa cena diz que uma galáxia intrusa mais compacta cruzou na frente da ARP 188 – da direita para a esquerda neste ponto de vista – e foi capturada pela atração gravitacional da Galáxia do Girino. Durante o encontro, as forças de maré arrancaram estrelas, gás e poeira da galáxia espiral formando essa cauda espetacular. A galáxia intrusa, propriamente dita, que está a uma distância estimada de cerca de 300 mil anos-luz atrás da Galáxia do Girino, pode ser vista através de braços espirais em primeiro plano no canto superior esquerdo. Seguindo seu homônimo terrestre, a Galáxia do Girino, provavelmente vai perder sua cauda à medida que envelhecer, e os aglomerados globulares de sua cauda formarão galáxias satélites menores que orbitarão uma grande galáxia espiral.

Fonte: NASA

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Methone: a lua de Saturno em forma de ovo

Por que essa lua tem a forma de um ovo suave?

Methone

© Cassini (Methone)

A sonda Cassini completou seu primeiro sobrevoo pela pequena lua Methone de Saturno em maio de 2012 e descobriu que a lua não tinha as crateras óbvias que se pensava ali encontrar. Crateras, normalmente geradas por impactos tem sido observadas em cada uma das luas, asteroides e até mesmo em núcleos cometários sempre que são imageados em detalhe. Mesmo a Terra e Titã, têm crateras. A suavidade do terreno e a forma de ovo dessa lua de 3 quilômetros de diâmetro pode ter sido causada pelo fato da superfície de Methone ser capaz de se transformar, o que pode ter acontecido é que a lua pode ter sido coberta por uma profunda camada de um material não visível. Se for isso, é possível determinar um grupo de objetos no sistema solar que sejam similares, entre eles, pode-se incluir, as luas de Saturno Telesto, Pandora e Calypso, bem como o asteroide Itokawa, todos eles apresentam grandes seções que são incomumente suaves. Apesar de sua aparência, Methone não é totalmente desprovida de características, já que algumas regiões aparecem mais escuras que as outras. Embora sobrevoar a lua Methone seja algo bem complicado o interesse na natureza e na história dessa incomum lua com certeza continuará.

Fonte: NASA

Violento episódio de formação estelar

O telescópio espacial Hubble conseguiu fazer uma imagem da apagada e irregular galáxia NGC 3738, uma galáxia de explosão estelar.

galáxia NGC 3738

© Hubble (galáxia NGC 3738)

A galáxia está atravessando um violento episódio de formação de estrelas, durante o qual ela está convertendo reservatórios de gás hidrogênio no centro da galáxia em estrelas. O Hubble registrou o gás brilhante ao redor da NGC 3738, um dos sinais mais distintos de que a formação de estrelas está acontecendo.

Localizada na constelação da Ursa Major (O Grande Urso), a NGC 3738 está localizada a aproximadamente 12 milhões de anos-luz de distância do Sol, e pertence ao Grupo de Galáxia Messier 81. Essa galáxia, observada pela primeira vez por William Herschel em 1789, é um exemplo de uma anã compacta azul, o tipo de galáxia de explosão de estrelas mais apagado que existe. As anãs compactas azuis são pequenas se comparadas com as grandes galáxias espirais, a NGC 3738 tem aproximadamente 10.000 anos-luz de diâmetro, ou seja, algo em torno de um décimo do tamanho da Via Láctea.

Esse tipo de galáxia é azul em aparência devido ao fato de conter grandes aglomerados formados por estrelas quentes e massivas, que ionizam o gás interestelar ao seu redor com sua intensa radiação ultravioleta. Eles são relativamente apagados e aparecem de forma irregular. Diferente das galáxias espirais e elípticas, as galáxias irregulares não possuem características distintas como um bulbo central ou braços espirais. Ao invés disso, elas são extremamente caóticas em aparência. Essas galáxias são consideradas como sendo parte sobrevivente das primeiras galáxias que se formaram no Universo e podem assim, fornecer informações sobre como as estrelas apareceram logo depois do Big Bang.

Fonte: NASA

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Rigel e a Nebulosa da Cabeça da Bruxa

As feiticeiras na tragédia Macbeth de William Shakespeare talvez deveriam consultar a Nebulosa da Cabeça da Bruxa!

Rigel e Nebulosa da Cabeça da Bruxa

© Rogelio Bernal Andreo (Rigel e Nebulosa da Cabeça da Bruxa)

A forma sugestiva da nebulosa de reflexão está associada com a brilhante estrela Rigel na constelação de Órion. Mais formalmente conhecida como IC 2118, a Nebulosa da Cabeça da Bruxa se espalha por 50 anos-luz e é composta de grãos de poeira interestelar refletindo a luz da estrela Rigel. Nesse retrato cósmico, a cor azul da Nebulosa da Cabeça da Bruxa e da poeira ao redor da Rigel é causada não somente pela intensa luz estelar azul da Rigel mas também pelos grãos de poeira que espalham a luz azul de forma mais eficiente do que a vermelha. O mesmo processo físico faz com que o céu da Terra tenha a cor azul, embora na atmosfera da Terra o que seja responsável por espalhar a luz sejam as moléculas de nitrogênio e oxigênio. Rigel, a Nebulosa da Cabeça da Bruxa, e o gás e a poeira que as envolvem localizam-se a aproximadamente 800 anos-luz de distância.

Fonte: NASA

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Descoberta de uma superestrela rara

O astrônomo brasileiro, Alexandre Roman Lopes, pesquisador da Universidade de La Serena, no Chile, conseguiu encontrar, no meio das mais de 200 bilhões de estrelas da Via Láctea, um astro com pelo menos cem vezes a massa do nosso Sol.

aglomerado NGC 3603

© Hubble (aglomerado NGC3603)

Astros tão maciços são difíceis de encontrar, pois são muito raros e têm vida relativamente curta.

A estrela descoberta, batizada de WR42e, provavelmente tem elementos químicos essenciais à formação e desenvolvimento da vida como a conhecemos. Dentro destas estrelas massivas, ocorre a fusão nuclear, que dá origem a elementos mais pesados, como o carbono e o oxigênio, que são essenciais para a vida. E, na explosão que marca a morte das grandes estrelas, estes elementos químicos deverão se espalhar pelo espaço. A descoberta poderá ajudar na compreensão de como os elementos químicos se formam, e até a evolução da nossa própria galáxia.

A estrela tem apenas 1 milhão de anos. Por comparação, o nosso Sol possui 4,6 bilhões de anos, e está na metade de sua existência. No entanto, a vida será bem mais curta para o astro descoberto.

Quanto maior a massa de uma estrela, mais rápido ela consome o combustível de seu interior. Acredita-se que o fim da vida para esse objeto massivo seja, na melhor das hipóteses, daqui a 1 milhão de anos.

A superestrela se formou no aglomerado NGC3603, localizado na Via Láctea. A região é uma espécie de berçário estelar, onde vários astros se concentram em um espaço reduzido.

 localização da estrela WR42e

© Alexandre Roman Lopes (localização da estrela WR42e)

Tanta proximidade causa interações gravitacionais poderosas e foi numa dessas que a grandalhona acabou sendo lançada à aproximadamente 19 anos-luz para a periferia desse sistema, estando agora isolada a cerca de 25 mil anos-luz daqui. O mais provável é que ela tenha surgido no aglomerado NGC 3603 e tenha sido expulsa de lá pela interação gravitacional, mas pode ainda haver outras explicações teóricas.

Este objeto extremamente raro foi descoberto através de observações efetuadas com o telescópio SOAR, situado no Chile.

Esta estrela gigante pode ajudar a revisar as teorias de formação estelar. Essa proposição foi publicada recentemente no "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".

Fonte: G1 e Folha

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Estrelas antigas ou modernas?

Os aglomerados globulares encontram-se entre os objetos mais antigos do Universo, e o NGC 6362 não consegue esconder a sua idade.

aglomerado estelar globular NGC 6362

© ESO (aglomerado estelar globular NGC 6362)

As muitas estrelas amareladas viveram já a maior parte das suas vidas e tornaram-se estrelas gigantes vermelhas. No entanto, os aglomerados globulares não são relíquias estáticas do passado, alguma atividade estelar bastante interessante ainda tem lugar nestas densas cidades estelares.

Por exemplo, o NGC 6362 abriga muitas estrelas vagabundas azuis, estrelas velhas mas que, na realidade, parecem ser bastante jovens. Todas as estrelas num aglomerado formam-se a partir do mesmo material e aproximadamente ao mesmo tempo (tipicamente há cerca de 10 bilhões de anos, para a maioria dos aglomerados). No entanto, as vagabundas azuis são mais azuis e luminosas - consequentemente com maior massa, do que seria de esperar depois de dez bilhões de anos de evolução estelar. As estrelas azuis são quentes e consomem o seu combustível muito depressa, por isso se estas estrelas se formaram há cerca de dez bilhões de anos, deveriam ter já desaparecido há muito tempo. Como é que sobreviveram?

Os astrônomos procuram entender o segredo da aparência jovem das vagabundas azuis. Atualmente, existem duas teorias para explicar este fenômeno: estrelas que colidem e se fundem, e transferência de matéria entre duas estrelas companheiras. A ideia básica por trás destas duas teorias é que as estrelas não nasceram tão grandes como as vemos hoje, mas que receberam sim, uma injeção de material em determinado momento das suas vidas, o que lhes deu claramente uma "vida nova".

Embora menos conhecido do que outros aglomerados globulares mais brilhantes, o NGC 6362 é um objeto que suscita interesse na comunidade astronômica, e por isso tem sido bastante estudado ao longo dos anos. Foi selecionado como um dos 160 campos estelares para o rastreio preliminar FLAMES Survey feito entre 1999 e 2002, com o telescópio de 2,2 metros em La Silla, no intuito de encontrar estrelas adequadas as observações posteriores com o espectróscopio FLAMES do VLT.

A nova imagem mostra todo o aglomerado sob um rico fundo de estrelas da Via Láctea. As partes centrais do NGC 6262 foram igualmente estudadas em detalhe pelo telescópio espacial Hubble da NASA/ESA.

aglomerado NGC 6362

© Hubble (aglomerado NGC 6362)

A imagem do Hubble mostra uma região muito menor do céu, mas muito mais detalhada. As duas imagens - uma de grande angular e outra em zoom - complementam-se perfeitamente.

Esta brilhante bola de estrelas situa-se na constelação austral do Altar. Pode ser facilmente observada com um pequeno telescópio. Foi o primeiro aglomerado descoberto em 1826 pelo astrônomo escocês James Dunlop, que utilizou um telescópio de 22 centímetros, na Austrália.

Fonte: ESO

A Nebulosa Planetária da Aranha Vermelha

A Nebulosa Planetária da Aranha Vermelha mostra a complexa estrutura que pode resultar quando uma estrela normal ejeta seus gases externos e torna-se uma estrela do tipo anã branca.

Nebulosa da Aranha Vermelha

© Carlos Milovic (NGC 6537)

Oficialmente chamada de NGC 6537, essa nebulosa planetária simétrica com dois lobos abriga uma das anãs brancas mais quentes já observadas, provavelmente como parte de um sistema binário de estrelas. Ventos internos emanando das estrelas centrais visíveis no centro, foram medidos e excedem os 1.000 quilômetros por segundo. Esses ventos expandem a nebulosa, fluem ao longo da parede da nebulosa, e causam ondas de gás quente e poeira que colidem. Os átomos capturados nessas ondas de colisão irradiam a luz mostrada na imagem acima obtida pelo telescópio espacial Hubble. A Nebulosa da Aranha Vermelha localiza-se no centro da constelação do Arqueiro (Sagittarius). A sua distância não é muito bem conhecida mas tem sido estimada em algo em torno de 4.000 anos-luz.

Fonte: NASA

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Phobos: a lua condenada de Marte

Phobos é uma lua condenada. Marte, o planeta vermelho que recebeu esse nome em homenagem ao deus romano da guerra, possui duas pequenas luas, Phobos e Deimos, que tiveram seus nomes derivados do grego para Medo e Pânico.

Phobos

© NASA/HiRISE (Phobos)

Essas luas marcianas podem muito bem serem asteroides capturados originados no cinturão principal de asteroides que se localiza entre Marte e Júpiter, ou talvez possam ser originadas de regiões mais distantes ainda do nosso Sistema Solar. A maior lua, Phobos, é vista como um objeto semelhante a um asteroide repleto de crateras nessa bela imagem colorida feita pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter, registrada numa resolução de aproximadamente sete metros por pixel. Mas a órbita de Phobos está localizada tão perto de Marte, aproximadamente 5.800 quilômetros acima da superfície (só para se ter um comparativo, a nossa Lua fica a aproximadamente 400.000 km), que as forças gravitacionais de maré estão puxando a lua cada vez mais para baixo, ou seja, para mais próximo do planeta. Em 100 milhões de anos estima-se que Phobos será provavelmente destruída pelas tensões geradas pelas forças de maré, e que os detritos originados dessa destruição formarão um anel de decaimento ao redor do planeta Marte.

Fonte: NASA

sábado, 27 de outubro de 2012

O halo da nebulosa de emissão NGC 6164

A bela nebulosa de emissão NGC 6164 foi criada por uma rara, quente e luminosa estrela do tipo O, que é 40 vezes mais massiva que o Sol.

nebulosa NGC 6164

© Don Goldman (nebulosa de emissão NGC 6164)

Vista no centro da nuvem cósmica, a estrela tem somente entre 3 e 4 milhões de anos de vida. Em mais três ou quatro milhões de anos a estrela massiva chegará ao fim de sua vida numa explosão de supernova. Se espalhando por 4 anos-luz de diâmetro, a nebulosa propriamente dita apresenta uma simetria bipolar. Isso faz com que ela se pareça com as conhecidas nebulosas planetárias, os escudos gasosos que envolvem estrelas moribundas parecidas com o Sol. Também, como muitas nebulosas planetárias, a NGC 6164 possui um extenso halo apagado, que é revelado nessa imagem telescópica profunda da região. Se expandindo pelo meio interestelar, o material no halo é provavelmente originado de uma fase ativa anterior da estrela tipo O. A bela cena cósmica exibida acima, é na verdade uma composição de imagens de bandas curtas destacando o gás brilhante, e dados de banda larga que mostram o campo estelar ao redor. A NGC 6164 está a 4.200 anos-luz de distância da Terra na constelação do céu do sul da Norma.

Fonte: NASA

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O maior catálogo do centro da nossa Galáxia

Utilizando uma imagem enorme, de vários gigapixeis, do telescópio de rastreio infravermelho VISTA, localizado no Observatório do Paranal do ESO, uma equipe internacional de astrônomos criou um catálogo de mais de 84 milhões de estrelas situadas nas partes centrais da Via Láctea.

mapa visto do centro da Via Láctea

© ESO/VISTA (mapa visto do centro da Via Láctea)

Esta base de dados gigantesca contém dez vezes mais estrelas que estudos anteriores e representa um enorme passo em frente na compreensão da nossa galáxia. A imagem proporciona-nos uma incrível visão detalhada da região central da Via Láctea.

"Ao observar em detalhe as miríadas de estrelas que circundam o centro da Via Láctea, podemos aprender mais sobre a formação e evolução, não só da nossa galáxia, mas também das galáxias espirais duma maneira geral," explica Roberto Saito (Pontificia Universidad Católica de Chile, Universidad de Valparaíso e The Milky Way Millennium Nucleus, Chile), autor principal deste estudo.

A maioria das galáxias espirais, incluindo a Via Láctea, possuem uma grande concentração de estrelas velhas que rodeiam o centro, zona denominada bojo. Compreender a formação e evolução do bojo da Via Láctea é vital para compreender a galáxia como um todo. No entanto, obter observações detalhadas desta região não é tarefa fácil.

"Observar o bojo da Via Láctea é muito difícil porque este se encontra obscurecido por poeira," diz Dante Minniti (Pontificia Universidad Catolica de Chile, Chile), co-autor do estudo. "Para espreitar para o coração da galáxia, temos que observar no infravermelho, radiação que é menos afetada pela poeira."

regiões centrais da Via Láctea no infravermelho e visível

© ESO (regiões centrais da Via Láctea no infravermelho e visível)

O enorme espelho, grande campo de visão e detectores infravermelhos muito sensíveis do telescópio de rastreio do ESO de 4,1 metros, o Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy (VISTA), tornam-no de longe o instrumento ideal para este estudo. A equipe de astrônomos utiliza dados do programa Variáveis VISTA na Via Láctea (VVV), um dos seis rastreios públicos executados pelo VISTA. Os dados foram usados para criar uma monumental imagem a cores de 54.000 por 40.500 pixeis, o que corresponde a um total de 2 bilhões de pixeis. Esta é a maior imagem astronômica já feita. A equipe utilizou estes dados para compilar o maior catálogo até hoje da concentração central de estrelas na Via Láctea.

Para ajudar a analisar este enorme catálogo, é calculado o brilho de cada estrela em função da cor, para as cerca de 84 milhões de estrelas, de modo a criar um diagrama cor-magnitude. Esta é a primeira vez que um tal gráfico, sendo que este contém mais de dez vezes mais estrelas do que qualquer estudo feito anteriormente, é calculado para todo o bojo. Os diagramas cor-magnitude são ferramentas indispensáveis utilizadas pelos astrônomos para estudar as diferentes propriedades físicas das estrelas, tais como temperaturas, massas e idades. Um diagrama cor-magnitude é um gráfico que mostra o brilho aparente de um conjunto de objetos em função das suas cores. A cor é medida comparando o brilho dos objetos quanto observados através de filtros diferentes. É um diagrama parecido a um diagrama de Hertzsprung-Russell (HR), com a diferença de que este último apresenta a luminosidade (ou magnitude absoluta) em vez do brilho aparente. No caso de um diagrama HR precisamos também de saber a distância às estrelas.

diagrama cor-magnitude do bojo galáctico

© ESO (diagrama cor-magnitude do bojo galáctico)

"Cada estrela ocupa um lugar particular no diagrama em cada momento da sua vida. Este lugar depende de quão brilhante e quente é. Uma vez que estes novos dados nos dão uma fotografia instantânea de todas as estrelas de uma só vez, conseguimos fazer um censo de todas as estrelas nesta zona da Via Láctea," explica Dante Minniti.

O novo diagrama cor-magnitude do bojo contém imensa informação sobre a estrutura e o conteúdo da Via Láctea. Um resultado interessante revelado por estes novos dados é a existência de um grande número de estrelas anãs vermelhas de fraca luminosidade. Estas estrelas são boas candidatas à procura de pequenos exoplanetas na sua órbita, pelo método de trânsito. O método de trânsito procura um pequeno decréscimo no brilho de uma estrela, o qual ocorre quando um planeta passa em frente desta bloqueando alguma da sua radiação. O pequeno tamanho das estrelas anãs vermelhas, tipicamente de tipo espectral K e M, origina um decréscimo relativamente maior em brilho quando planetas de baixa massa passam à sua frente, tornando por isso mais fácil procurar planetas nas suas órbitas.

"Uma das outras coisas fantásticas acerca do rastreio VVV é que se trata de um dos rastreios públicos do VISTA do ESO, o que significa que estamos tornando públicos todos os dados através do arquivo de dados do ESO. Esperamos, por isso, que saiam daqui muitos outros resultados interessantes," conclui Roberto Saito.

Fonte: ESO

Buraco negro central em ação na Via Láctea

O telescópio nuclear epectroscópico da NASA, o NuSTAR, realizou sua primeira observação, de um gigantesco buraco negro situado no centro de nossa galáxia.

evolução da erupção no buraco negro

© NASA (evolução da erupção no buraco negro)

As observações do NuSTAR mostram o buraco negro numa etapa de atividade, que surpreendeu os pesquisadores e que servirá para elucidar este fenômeno.

"Estes dados nos ajudarão a entender melhor este gigante que está no centro de nossa galáxia e por que às vezes sua atividade se recrudesce durante horas e depois volta a dormir", explicou Fiona Harrison, pesquisadora principal da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. A imagem feita em luz infravermelha mostra a localização do buraco negro gigantesco no centro da Via Láctea, chamado Sagitário A.

O NuSTAR é o único telescópio capaz de produzir imagens focalizadas de raios X de alta energia, o que dá aos astrônomos uma nova ferramenta para sondar objetos como os buracos negros.

Lançado no último dia 13 de junho, durante os próximos dois anos o NuSTAR buscará gigantescos buracos negros e outros fenômenos na Via Láctea e em outras galáxias.

Sua meta científica é uma observação profunda do espaço na busca por buracos negros bilhões de vezes maiores que o Sol e um entendimento melhor da forma como as partículas se aceleram nas galáxias ativas.

Fonte: NASA

domingo, 21 de outubro de 2012

A Nebulosa da Cabeça do Cavalo

Uma das mais indentificáveis nebulosas no céu, a Nebulosa da Cabeça do Cavalo em Órion, é na verdade parte de uma grande e escura nuvem molecular.

Nebulosa da Cabeça do Cavalo

© Nigel Sharp (Nebulosa da Cabeça do Cavalo)

Também conhecida como Barnard 33, a forma pouco comum da nebulosa foi pela primeira descoberta numa chapa fotográfica no final dos anos de 1800. O brilho avermelhado origina-se do gás hidrogênio que existe de forma predominante além da nebulosa, ionizado pelo brilho da estrela próxima Sigma Orionis. A escuridão da Cabeça do Cavalo é causada principalmente pela espessa poeira, embora a parte inferior do pescoço da Cabeça do Cavalo gere uma sombra para a esquerda. Jatos de gás que deixam a nebulosa são afunilados pelo forte campo magnético. Os pontos brilhantes na base da Nebulosa da Cabeça do Cavalo são estrelas jovens que se encontram em processo de formação. A luz leva cerca de 1.500 anos para sair da nebulosa e nos alcançar na Terra. A imagem acima foi feita com o telescópio de 0,9 metros do Observatório Nacional de Kitt Peak.

Fonte: NASA

A fusão da NGC 2623

O objeto denominado de NGC 2623 é na verdade duas galáxias que estão se tornando uma só.

NGC2623

© Hubble/Martin Pugh (NGC2623)

O objeto que está sendo observado nos estágios finais de uma titânica fusão galáctica, o par localiza-se a 300 milhões de anos-luz de distância da Terra na direção da constelação de Câncer. O violento encontro entre as duas galáxias que pode ter acontecido de maneira similar com a Via Láctea tem produzido uma vasta formação de estrelas perto de seu núcleo luminoso e ao longo das caudas gravitacionais. Preenchidas com poeira, gás e aglomerados jovens de estrelas azuis, as caudas gravitacionais opostas se estendem por mais de 50.000 anos-luz desde o núcleo que se encontra em fusão. Provavelmente disparada pela fusão, acrescida de um buraco negro supermassivo é atividade que ocorre no núcleo da galáxia. A formação de estrelas e seu ativo núcleo galáctico fazem da NGC 2623 brilhante através de todo o espectro. Essa bela e nítida imagem cósmica da NGC 2623, também conhecida como ARP 243 é baseada em dados de imagens do chamado Hubble Legacy Archive que também revelou galáxias até mesmo mais distantes em segundo plano através de todo o campo de visão.

Fonte: NASA

sábado, 20 de outubro de 2012

Nova fonte de raios cósmicos

Pesquisadores do Centro Nacional para Pesquisa Científica da França anunciaram a descoberta de uma nova fonte de raios cósmicos.

aglomerado de estrelas Arches

© Hubble (aglomerado de estrelas Arches)

Usando dados coletados pelo satélite XMM-Newton a partir da observação do o aglomerado de estrelas Arches, os astrônomos descobriram que esse tipo de fenômeno pode ser produzido pelo impacto de milhares de estrelas jovens se movendo a cerca de 700.000 quilômetros por hora pelo espaço.

Apesar do nome, os raios cósmicos não são exatamente raios, mas partículas energicamente carregadas que percorrem o espaço. Eles foram descobertos há 100 anos pelo físico austríaco Victor Franz Hess, que detectou radiação ionizante de origem extraterrestre atingindo nosso planeta. A origem dessas partículas se tornou clara com o tempo: elas vinham de supernovas. Com a explosão dessas estrelas, sua matéria é ejetada a velocidade supersônica, gerando ondas de choque que aceleram essas partículas. Como resultado, os núcleos atômicos ganham energia cinética muito alta, percorrem grandes distâncias e conseguem entrar na atmosfera da Terra.
No entanto, somente esses raios cósmicos de alta energia são detectados nas vizinhanças da Terra. Raios mais fracos acabam sendo desviados por partículas que são ejetadas pelo Sol, conhecidas como ventos solares. Até agora, os pesquisadores não tinham sido capazes de estudar esses raios com menor energia, que podiam vir de outras fontes na galáxia.
A solução encontrada pelos pesquisadores foi procurar indiretamente por esses raios. Isso foi possível porque os cósmicos, ao interagir com os átomos de gás em sua volta, produzem uma emissão característica de raios X, que pôde ser captada pelo satélite XMM-Newton.
Como resultado, os astrônomos descobriram sinais de uma grande e rápida população de partículas carregadas nas vizinhanças do aglomerado Arches, a cerca de cem anos-luz do centro de nossa galáxia. Segundo os cientistas, os raios cósmicos provavelmente são produzidos pela colisão em alta velocidade das estrelas do aglomerado com nuvens de gás que encontram em seu caminho.
Essa é a primeira vez que uma fonte de raios cósmicos de baixa energia foi descoberta fora do Sistema Solar. Ela mostra que as ondas de choque de supernovas não são os únicos objetos capazes de causar aceleração em massa de núcleos atômicos e criar os raios cósmicos em nossa galáxia. A descoberta deve ajudar a identificar novas fontes de partículas carregadas no meio interestelar e pode levar a uma melhor compreensão dos efeitos dessas partículas na formação de estrelas.

Fonte: Astronomy & Astrophysics

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Filamento de matéria escura em 3D

Usando o telescópio espacial Hubble, astrônomos puderam estudar um filamento gigante de matéria escura em três dimensões pela primeira vez.

aglomerado de galáxias e filamentos de matéria escura

© NASA/ESA (enxame de galáxias e filamentos de matéria escura)

Estendendo-se por 60 milhões de anos-luz do centro de um dos aglomerados de galáxias mais massivos conhecidos, o filamento é parte da teia cósmica que constitui em larga escala a estrutura do Universo, e é uma sobra dos primeiros momentos depois do Big Bang. Se a alta massa medida nos filamentos representa o resto do Universo, essas estruturas podem conter mais da metade de toda a massa universal.

A teoria do Big Bang prevê que a variação na densidade da matéria nos primeiros momentos do Universo levou a maior parte da matéria no cosmos a se condensar em uma teia de filamentos emaranhados. Essa visão é apoiada por simulações da evolução cósmica em computador, que sugerem que o Universo é estruturado como uma teia, com longos filamentos que se conectam em locais de aglomerados de galáxias massivas. Estes filamentos, apesar de vastos, são feitos principalmente de matéria escura, o que os torna difíceis de observar.

A primeira identificação convincente de uma seção destes filamentos foi feita no início do ano. Agora, com o estudo em 3D, é possível eliminar muitas das armadilhas que surgem ao estudar a imagem plana de uma estrutura assim. "Filamentos da teia cósmica são extremamente estendidos e difusos, o que faz com que sejam difíceis de detectar", diz Mathilde Jauzac, do Laboratório de Astrofísica de Marselha (LAM), na França, e da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, líder da pesquisa.

A equipe combinou imagens de alta resolução da região ao redor do aglomerado de galáxias MACS J0717.5+3745 (ou MAC J0717), tiradas usando o Hubble, o Subaru, e o telescópio Canadá-França-Havaí, com dados espectroscópicos sobre as galáxias dentro dele a partir dos observatórios WM Keck e Gemini. Analisar essas observações conjuntamente dá uma visão completa da forma dos filamentos e de como se estendem para fora do aglomerado até quase nossa linha de visão.

As teorias da evolução cósmica sugerem que aglomerados de galáxias se formam onde filamentos da teia cósmica se encontram, com os filamentos lentamente afunilando matérias no aglomerado. "Do nosso trabalho anterior na MACS J0717 já sabíamos que este aglomerado está crescendo ativamente e, portanto, seria um alvo privilegiado para um estudo detalhado da rede cósmica", explica Harald Ebeling, da Universidade do Havaí em Manoa, coautor do estudo.

A equipe também contou com técnicas avançadas de lentes gravitacionais. A famosa teoria de Einstein da relatividade geral diz que o caminho da luz é desviado quando passa próximo a objetos com uma grande massa. Filamentos da teia cósmica são, em grande parte, compostos de matéria escura, que não pode ser vista diretamente, mas tem massa o suficiente para desviar a luz e distorcer as imagens das galáxias ao fundo, em um processo chamado de lente gravitacional. A equipe desenvolveu ferramentas para converter as distorções de imagem em um mapa de massa.

As imagens em alta resolução também auxiliaram a equipe. A lente gravitacional é um fenômeno sutil, e estudá-lo implica em ter imagens detalhadas. As observações do Hubble permitiram que a equipe estudasse a deformação precisa nas formas das galáxias com esse fenômeno. Isso, por sua vez, revela onde o filamento de matéria escura escondido está localizado. "O desafio era encontrar um modelo da forma da aglomeração que tivesse todas as características de lente gravitacional que nós observamos", explica Jean-Paul Kneib, do LAM, coautor na pesquisa.

Outro ingrediente na pesquisa foram as medições de distâncias e movimentos. Observar a forma dos filamentos nos aglomerados requerem observações em 3D mais precisas do que as feitas em duas dimensões. Imagens coloridas e velocidades de galáxias medidas com espectrômetros, usando os dados de outros telescópios, permitiram que a equipe localizasse milhares de galáxias dentro do filamento e detectassem movimentos de várias delas.

Um modelo que combinou informações de posição e velocidade para todas estas galáxias foi construído, o que revelou a forma em 3D e a orientação da estrutura filamentar. Isso permitiu que os pesquisadores medissem as propriedades reais dessa estrutura sem as incertezas que vêm ao projetar a imagem em duas dimensões.

Os resultados obtidos empurram os limites das previsões feitas pelos trabalhos teóricos e simulações numéricas da teia cósmica. Com um comprimento de ao menos 60 milhões de anos-luz, o filamento da MACS J0717 é extremo mesmo em escalas astronômicas. E se a massa medida pela equipe pode ser tomada como representativa de filamentos próximos a aglomerados gigantes, então estas ligações difusas entre os nós da rede cósmica podem conter ainda mais massa (na forma de matéria escura) do que os teóricos previram, tanto que mais da metade da massa do Universo pode estar escondida nessas estruturas.

O telescópio especial James Webb, da NASA, ESA e CSA, que deve ser lançado em 2018 pode ser uma ferramenta importante para detectar filamentos na teia cósmica, devido a sua maior sensibilidade.

Os cientistas apresentam o seu trabalho num artigo na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Royal Astronomical Society

Encontrado planeta no sistema estelar mais próximo da Terra

Astrônomos europeus descobriram um planeta com cerca da mesma massa que a Terra, em órbita de uma estrela do sistema de Alfa Centauri, o mais próximo da Terra.

ilustração do planeta em torno da Alfa Centauri B

© ESO (ilustração do planeta em torno da Alfa Centauri B)

É também o exoplaneta mais leve encontrado em torno de uma estrela como o Sol. O planeta foi detectado com a ajuda do instrumento HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros, instalado no Observatório de La Silla, no Chile. Os resultados sairam online na revista Nature.

A Alfa Centauri é uma das estrelas mais brilhantes do céu austral e é o sistema estelar mais próximo do nosso Sistema Solar, encontrando-se a apenas 4,3 anos-luz de distância. Trata-se, na realidade, de uma estrela tripla - um sistema constituído por duas estrelas semelhantes ao Sol em órbita muito próxima uma da outra, chamadas Alfa Centauri A e B, e depois uma outra estrela vermelha, mais distante e tênue, conhecida como Proxima Centauri. Desde o século XIX que os astrônomos especulam sobre a existência de planetas em órbita destes corpos, os mais próximos de nós, que poderiam abrigar vida além do Sistema Solar. No entanto, as buscas cada vez mais precisas nunca revelaram nada. Até agora.

"As nossas observações, que se estendem ao longo de mais de quatro anos, obtidas com o instrumento HARPS, revelaram um sinal, minúsculo mas real, de um planeta que orbita Alfa Centauri B, a cada 3,2 dias," diz Xavier Dumusque (Observatório de Genebra, Suíça e Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, Portugal), autor principal do artigo científico que descreve estes resultados. "É uma descoberta extraordinária, a qual levou a nossa técnica ao limite!"

A equipe europeia descobriu o planeta ao detectar pequenos desvios no movimento da estrela Alfa Centauri B, criados pela atração gravitacional do planeta em órbita. O efeito é minúsculo, faz com que a estrela se desloque para a frente e para trás a não mais que 51 centímetros por segundo (1,8 km/hora), o que corresponde à velocidade de um bebê engatinhando. Esta é a precisão mais elevada já conseguida com este método.

A Alfa Centuri B é muito semelhante ao Sol, embora seja ligeiramente menor e menos brilhante. O planeta recentemente descoberto, com uma massa um pouco maior que a da Terra, orbita a cerca de seis milhões de quilômetros de distância da estrela, muito mais perto do que Mercúrio se encontra do Sol no nosso Sistema Solar. A órbita da outra componente brilhante da estrela dupla, Alfa Centauri A, faz com que esta se mantenha centenas de vezes mais afastada, mas ainda assim esta estrela seria um objeto muito brilhante no céu do planeta.

O primeiro exoplaneta em órbita de uma estrela do tipo solar foi encontrado pela mesma equipe em 1995, e desde essa altura houve já mais de 800 descobertas confirmadas. No entanto, a maioria dos planetas são maiores que a Terra e muitos são tão grandes como Júpiter. O desafio atual dos astrônomos é detectar e caracterizar um planeta com massa comparável à da Terra que orbite na zona habitável de uma outra estrela.

"Este é o primeiro planeta com massa semelhante à Terra encontrado em torno de uma estrela como o Sol. A sua órbita encontra-se muito próxima da estrela e por isso o planeta deve ser demasiado quente para poder ter vida tal como a conhecemos," acrescenta Stéphane Udry (Observatório de Genebra), um dos co-autores do artigo e membro da equipe. "No entanto, este pode muito bem ser um planeta num sistema de vários. Tanto os nossos outros resultados HARPS, como as novas descobertas do Kepler, mostram que a maioria dos planetas de pequena massa são encontrados em tais sistemas."

"Este resultado representa um enorme passo em frente na detecção de um gêmeo da Terra, na vizinhança imediata do Sol. Estamos vivendo uma época excitante!" conclui Xavier Dumusque.

Fonte: ESO

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Exoplaneta num sistema com quatro estrelas

Uma equipe internacional de astrônomos anunciou a descoberta de um planeta que tem seu céu iluminado por quatro estrelas, o primeiro sistema planetário deste tipo identificado até hoje.

exoplaneta e suas quatro estrelas

© NASA (exoplaneta e suas quatro estrelas)

O planeta, batizado PH1, situado a cerca de 5 mil anos-luz da Terra (um ano-luz corresponde a 9,461 trilhões de km), está em órbita de duas estrelas, e duas outras giram em torno destas.

Segundo os astrônomos, apenas seis planetas são conhecidos até hoje por ficarem em órbita em torno de duas estrelas, porém sem outras estrelas distantes orbitando seu sistema. Esse sistema planetário circumbinário duplo foi inicialmente descoberto por dois astrônomos amadores americanos, Kian Jek e Robert Gagliano, que utilizaram o site Planethunters.org.

Astrônomos profissionais americanos e britânicos realizaram em seguida observações e medições com os telescópios Keck, situados no monte Mauna Kea, no Havaí. "Os planetas circumbinários representam o que há de mais extremo na formação planetária", afirma Meg Schwamb, uma pesquisadora da Universidade de Yale (Connecticut, nordeste), principal autora desta pesquisa apresentada na conferência anual da divisão de Planetologia da American Astronomical Society reunida em Reno, Nevada (Estados Unidos).

"A descoberta de tais sistemas estelares nos obriga a repensar como esses planetas podem se formar e evoluir em um ambiente como este", acrescenta ela em um comunicado. Esta descoberta foi publicada online no site arXiv.org e foi submetida a publicação no Astrophysical Journal.

O PH1, um planeta gasoso gigante do mesmo tamanho de Netuno e com cerca de seis vezes o da Terra, orbita em torno das duas primeiras estrelas, de massas respectivamente de 1,5 e 0,41 massa solar, em 138 dias. As duas outras estrelas fazem parte desse sistema planetário a uma distância de cerca de mil vezes a que separa a Terra do Sol.

O site Planet Hunters faz parte do Zooniverse, e foi criado em 2010 para estimular os astrônomos amadores a identificarem exoplanetas - planetas situados fora do Sistema Solar - com os dados coletados pelo telescópio espacial americano Kepler. Lançado em março de 2009, o Kepler tem como objetivo pesquisar exoplanetas semelhantes à Terra em órbita em torno de outras estrelas.

Fonte: AFP

Uma flor etérea cósmica

A IC 5148 é uma bela nebulosa planetária localizada a cerca de 3.000 anos-luz de distância, na constelação de Grus.

nebulosa planetária IC 5148

© ESO (nebulosa planetária IC 5148)

A nebulosa tem um diâmetro de dois anos-luz, e ainda está crescendo a mais de 50 quilômetros por segundo, uma das nebulosas planetárias que possui a mais rápida expansão conhecida. O termo "nebulosa planetária" surgiu no século 19, quando as primeiras observações de tais objetos, através dos pequenos telescópios disponíveis no momento, pareciam um pouco como os planetas gigantes. No entanto, a verdadeira natureza das nebulosas planetárias é bem diferente.
Quando uma estrela com uma massa similar ou algumas vezes maior do que o nosso Sol se aproxima do fim de sua vida, suas camadas exteriores são lançadas para o espaço. O gás em expansão é iluminado pelo núcleo quente restante da estrela no centro, formando a nebulosa planetária, que muitas vezes assume uma forma bonita e brilhante.
Quando observada com um pequeno telescópio amador, esta nebulosa planetária especial mostra-se como um anel de material, com a estrela, que irá arrefecer para se tornar uma anã branca, brilhando no meio do buraco central. O ESO Faint Object Spectrograph and Camera (EFOSC2) no telescópio New Technology em La Silla dá uma visão um pouco mais elegante deste objeto. Em vez de olhar como um pneu sobressalente, a nebulosa assemelha a uma flor etérea com pétalas em camadas.

Fonte: ESO

sábado, 13 de outubro de 2012

Buraco negro monstruoso e longínquo

Olhando em direção à borda do Universo cientistas da Universidade de Cambridge observaram um buraco negro supermassivo quase imperceptível.

imagem em infravermelho do buraco negro

© WISE e UKIDSS (imagem em infravermelho do buraco negro)

Uma grossa poeira encobre o buraco negro monstruoso, mas que emite grandes quantidades de radiação através de interações violentas e colisões com sua galáxia tornando-os visíveis na parte infravermelha do espectro eletromagnético. A equipe publicou os seus resultados nos anúncios jornal Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
O objeto mais remoto no estudo encontra-se numa colossal distância de 11 bilhões de anos-luz da Terra. O buraco negro supermassivo, chamado ULASJ1234+0907, está localizado na direção da constelação de Virgo, a Virgem, já viajou quase 10 trilhões de quilômetros através do cosmos. O buraco negro tem mais de 10 bilhões de vezes a massa do nosso Sol e 10.000 vezes mais massivo que o buraco negro central na Via Láctea, tornando-o um dos buracos negros mais maciços já visto. Os pesquisadores dizem que pode haver mais de 400 buracos negros gigantes na região do Universo que podemos observar.
"Estes resultados podem ter um impacto significativo sobre os estudos de buracos negros supermassivos", disse o Dr. Manda Banerji, principal autor do estudo.

A equipe de Cambridge usando dados em infravermelho obtidos pelo UK Infrared Telescope (UKIRT) observou através da poeira e localizou o buracos negro gigante pela primeira vez.
"Estes resultados são particularmente interessantes porque mostram que nossos novos levantamentos em infravermelho estão encontrando buracos negros supermassivos que são invisíveis em pesquisas ópticas", diz Richard McMahon, co-autor do estudo. "Estes novos quasares são importantes porque podem ser captados quando eles estão sendo alimentados através de colisões com outras galáxias. As observações com o novo telescópio Atacama Large Millimeter Array (ALMA) no Chile vai nos permitir testar diretamente essa imagem pela detecção da radiação na frequência de microondas emitidas pelas grandes quantidades de gás nas galáxias em colisão".
Enormes buracos negros residem nos centros de todas as galáxias. Os astrônomos prevêem que o crescimento do mais maciço desses fenômenos cósmicos crescem devido às colisões violentas com outras galáxias. Interações galácticas desencadeiam a formação de estrelas, que fornece mais combustível para os buracos negros para devorar. E é durante este processo que espessas camadas de poeira escondem os buracos negros.

galáxia Markarian 231

© Hubble (galáxia Markarian 231)

O buraco negro ULASJ1234+0907 pode ser comparado com o relativamente perto e bem estudado buraco negro constituinte da galáxia Markarian 231, que se encontra a apenas 600 milhões de anos-luz de distância, e parece ter ocorrido recentemente uma violenta colisão com outra galáxia produzindo proliferação de poeira. Por outro lado, o exemplo mais extremo do buraco negro recém-descoberto, mostra que as condições no Universo primitivo eram mais turbulentas e inóspitas do que hoje.

Fonte: Royal Astronomical Society

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Descoberto novo satélite na Via Láctea

Pesquisadores do Departamento de Astronomia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e do Labotarório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA) anunciaram a descoberta de um novo satélite da nossa galáxia, a Via Láctea.

aglomerado estelar Balbinot 1

© UFRGS/CFHT (aglomerado estelar Balbinot 1)

O aglomerado estelar Balbinot 1 é composto pela concentração de estrelas bem tênues, vistas ao centro da imagem.

Trata-se de um aglomerado de estrelas situado no halo da nossa galáxia, a uma distância de 108.000 anos-luz do Sistema Solar. É o primeiro satélite da galáxia situado nos confins do halo estelar cuja descoberta teve como protagonistas astrônomos brasileiros.

A descoberta faz parte de um esforço empreendido há anos pelo aluno de doutorado do Instituto de Física da UFRGS, Eduardo Balbinot, sob a orientação do pesquisador Basílio Santiago e com a colaboração de outros pesquisadores do LIneA. Eduardo desenvolveu um código, chamado de FindSat, que busca por sobredensidades em mapas de estrelas gerados por grandes levantamentos de dados aos quais o LIneA tem acesso. Essas sobredensidades atestam a existência desses pequenos sistemas estelares coesos, como um aglomerado estelar ou uma galáxia anã, sobrepostos às demais estrelas da Via Láctea. Este objeto em particular, batizado de Balbinot 1, foi encontrado quando Eduardo aplicou seu programa aos dados do Sloan Digital Sky Survey III, que são disponibilizados publicamente pelo LIneA.

A importância desses satélites está ligada ao processo de formação de galáxias e outras estruturas no Universo. Acredita-se atualmente que uma galáxia grande como a nossa se formou ao longo de mais de 10 bilhões de anos num processo de acresção de objetos menores. Esses satélites, como Balbinot 1, são os remanescentes deste processo. Os objetos do halo, em especial, são velhos, funcionando como "testemunhas oculares" deste cenário hierárquico de formação, pelo qual sistemas de baixa massa se aglutinam para formar galáxias grandes. Os satélites do halo são também mais difíceis de detectar, pois estão em geral muito distantes de nós. Balbinot 1, em especial, foi um grande desafio, pois contém pouco mais de 200 estrelas, o que o torna um dos satélites de menor massa dentre todos os já descobertos.

A Via Láctea, é uma galáxia espiral relativamente grande. A grande maioria de suas estrelas está espalhada num plano, o disco, que dá a aparência da Via Láctea no céu. Outras estão dispersas num halo aproximadamente esférico. Há também milhares de sistemas estelares orbitando em torno da galáxia. A grande maioria é classificada como aglomerados de estrelas e também está concentrada no disco. Há relativamente poucos objetos situados no halo e a distâncias como a de Balbinot 1.

O levantamento chamado Dark Energy Survey (DES), que vai iniciar-se nos próximos meses e ao qual os pesquisadores do LIneA terão acesso, deverá revelar dezenas desses satélites distantes, permitindo assim um melhor modelamento do processo de formação da Via Láctea.

Fonte: UFRGS

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Nebulosa planetária mostra o futuro do Sol

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Rochester, em Nova York, divulgaram uma série de imagens de nebulosas planetárias feitas pelo telescópio Chandra.

quatro nebulosas planetárias

© Chandra (quatro nebulosas planetárias)

Esta galeria mostra quatro nebulosas planetárias do primeiro levantamento sistemático de tais objetos na vizinhança solar feito com o observatório de raios X Chandra. As nebulosas planetárias mostradas aqui são a NGC 6543, também conhecida como Olho de Gato, NGC 7662, NGC 7009 e NGC 6826. Em cada caso, a emissão captada em raios X pelo Chandra está na cor roxa e no óptico captada pelo telescópio espacial Hubble está na cor vermelha, verde e azul.

Os registros fazem parte de um estudo desse tipo de objeto, que pode representar o futuro do Sistema Solar.

O Sol daqui a aproximadamente 5 bilhões de anos, vai esgotar o hidrogênio de seu núcleo e, por causa disso, vai inchar e se tornar uma estrela gigante vermelha. As camadas mais externas da estrela começarão a emitir material até que no final sobrará apenas o núcleo, uma anã branca. O forte vento solar vai empurrar esse material e formará uma nebulosa planetária.

Para entender melhor esse processo, os pesquisadores registraram 21 dessas estruturas com até 5 mil anos-luz de distância da Terra. Além disso, a pesquisa incluiu observações de outras 14 nebulosas que já haviam sido registradas pelo Chandra. O equipamento registra raios X que, nos casos dessas nebulosas, são causados por ondas de choque dos rápidos ventos solares que colidem com o material ejetado.

Ao comparar essas imagens com registros ópticos, os astrônomos afirmam ter encontrado conchas compactas que foram criadas por fortes ondas de choque. Segundo eles, essas conchas não têm mais que 5 mil anos, o que indica a frequência com que as ondas ocorrem.

Cerca de metade das nebulosas estudadas tinham fontes de raios X pontuais no centro, onde fica a anã branca, o que indica que essa estrela tem outra companheira nesses casos. Novos estudos serão necessários para entender a função de uma estrela companheira na formação da estrutura de uma nebulosa planetária.

O nome "nebulosa planetária" na verdade nada tem a ver com planetas. Quando esses objetos começaram a ser vistos, os astrônomos os acharam parecidos com os planetas Urano e Netuno nos fracos telescópios da época. O termo foi cunhado por William Herschel no século 18.

O recente estudo foi publicado no The Astronomical Journal.

Fonte: NASA

Planeta de diamante maior que a Terra

Cientistas da Universidade Yale, nos EUA, descobriram que um planeta chamado 55 Cancri, localizado na constelação de Câncer, a 41 anos-luz da Terra, tem uma superfície provavelmente coberta por grafite e diamante. Abaixo dessas camadas, há minerais como silício e um núcleo de ferro fundido.

ilustração do interior do planeta 55 Cancri

© Universidade Yale (ilustração do interior do planeta 55 Cancri)

O estudo foi conduzido pelo pesquisador Nikku Madhusudhan e colegas, e será publicado na revista "Astrophysical Journal". É a primeira vez que os astrônomos identificaram um planeta possivelmente formado de diamante orbitando uma estrela como o nosso Sol, que é visível a olho nu.

Segundo os autores, pelo menos um terço da massa do 55 Cancri, que é duas vezes maior e oito vezes mais maciço que a Terra, é feito de diamante. Essa quantidade equivale a três massas do nosso planeta.

O planeta está mais perto de seu astro principal do que Mercúrio está do Sol. Por essa razão, uma volta completa ao redor da estrela dura apenas 18 horas. Ao todo, esse sistema tem cinco planetas.

Os cientistas acreditavam que o 55 Cancri tinha um núcleo coberto por uma camada de água e, que, por causa das temperaturas extremas, estava constantemente contituído por um vapor espesso. Mas essa hipótese não se confirmou, e o corpo não tem nada de água. A temperatura no lado voltado para o sol do planeta está estimada em mais de 1.700 graus Celsius.

Para estimar a composição química da superfície e do interior do exoplaneta, os astrônomos usaram modelos para calcular todas as possíveis combinações de elementos que produziriam aquelas características específicas.

Durante a formação do planeta, segundo os autores, havia mais carbono que oxigênio disponível, além de uma quantidade significativa de água em forma de gelo.

A Terra, ao contrário, é muito rica em oxigênio e pobre em carbono em seu interior. O carbono interfere na evolução térmica dos planetas e na formação de placas tectônicas, com implicações na incidência de atividades vulcânicas, terremotos e montanhas.

O 55 Cancri foi observado pela primeira vez no ano passado, pelo telescópio espacial Spitzer NASA, que descobriu que esse corpo celeste emite luz. Em 2005, o Spitzer se tornou o primeiro telescópio a detectar a luz de um planeta fora do nosso Sistema Solar. E, ao contrário do Hubble, que faz imagens em luz visível, o Spitzer "enxerga" apenas em raios infravermelhos.

Fonte: Reuters

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Estrutura espiral de uma estrela moribunda

Astrônomos descobriram uma estrutura em espiral totalmente inesperada na matéria que circunda a estrela evoluída R Sculptoris.

estrela gigante vermelha R Sculptoris

© ESO (estrela gigante vermelha R Sculptoris)

Esta é a primeira vez que uma estrutura deste tipo, juntamente com uma concha esférica exterior, é encontrada em torno de uma estrela gigante vermelha. É também a primeira vez que astrônomos conseguem obter informação completa em três dimensões de uma espiral desta natureza. A estranha forma foi provavelmente criada por uma estrela companheira escondida, que orbita a gigante vermelha. Este trabalho é um dos primeiros resultados científicos do ALMA a ser publicado e sairá esta semana na revista Nature.

Uma equipe de astrônomos, utilizando o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), o mais poderoso telescópio milimétrico/submilimétrico do mundo, descobriu uma estrutura em espiral surpreendente no gás que rodeia a estrela gigante vermelha R Sculptoris. Este fato significa que existe provavelmente uma estrela companheira que orbita a estrela, mas que nunca foi vista anteriormente. Outra surpresa foi a descoberta de que a gigante vermelha ejetou muito mais material do que o esperado.

A R Sculptoris é o exemplo de uma estrela que se encontra no ramo assintótico das gigantes (AGB na sigla em inglês). São estrelas com massas iniciais entre as 0,8 e 8 massas solares, que se encontram nos últimos estágios das suas vidas. São gigantes vermelhas frias que apresentam acentuada perda de massa sob a forma de fortes ventos estelares e são tipicamente variáveis de longo período. A sua estrutura consiste num pequeníssimo núcleo central de carbono e oxigênio, rodeado por uma concha em combustão de hélio e hidrogênio, seguida de um enorme envelope convectivo. O Sol irá eventualmente evoluir para a fase de estrela AGB.

A concha ejetada que se forma em torno das estrelas AGB é composta por gás e grãos de poeira. Os grãos de poeira podem ser encontrados ao procurar emissão térmica, emissão esta que vai desde o infravermelho longínquo até aos comprimentos de onda do milímetro. No milímetro a emissão que vem da molécula de CO permite aos astrônomos obter mapas de alta resolução da emissão de gás proveniente dos fortes ventos estelares gerados pelas estrelas AGB. Estas observações descrevem também, de forma excelente, a distribuição do gás em torno destes objetos. A alta sensibilidade do ALMA torna possível obter diretamente imagens da zona de condensação da poeira e da estrutura do material em torno das estrelas AGB, mostrando detalhes menores que 0,1 segundos de arco.

Uma estrutura em espiral similar, mas sem a concha circundante, foi observada pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA na estrela LL Pegasi. No entanto, ao contrário das novas observações do ALMA, estes dados não permitiram que a estrutura 3D completa fosse estudada. As observações do Hubble detectam a poeira, enquanto que as do ALMA detectam a emissão molecular.

"Já tínhamos visto anteriormente conchas em torno de estrelas deste tipo, mas esta é a primeira vez que vemos uma espiral de matéria saindo da estrela, juntamente com a concha circundante," diz o autor principal do artigo científico que descreve os resultados, Matthias Maercker (ESO e Instituto de Astronomia Argelander, Universidade de Bonn, Alemanha).

Uma vez que ejetam grandes quantidades de matéria, as gigantes vermelhas, como a R Sculptoris, contribuem muito para a poeira e gás que constituem a matéria prima na formação de futuras gerações de estrelas, sistemas planetários e, consequentemente, vida.

Quando estas novas observações foram obtidas, o ALMA distanciou-se logo em termos de qualidade dos outros observatórios submilimétricos. As observações preliminares mostraram claramente uma concha esférica em torno da R Sculptoris, mas nem a estrutura em espiral nem a companheira foram observadas.

"Quando observamos a estrela com o ALMA, nem metade das antenas estavam ainda operacionais. É realmente excitante imaginar o que a rede ALMA completa conseguirá observar quando estiver terminada em 2013", acrescenta Wouter Vlemmings (Universidade de Tecnologia Chalmers, Suécia), co-autor do estudo.

No final das suas vidas, as estrelas com até oito massas solares transformam-se em gigantes vermelhas e libertam enormes quantidades de matéria sob a forma de um denso vento estelar. Durante a fase de gigante vermelha, as estrelas sofrem periodicamente pulsações térmicas. Este fenômeno corresponde a fases de curta duração, em que se verificam explosões de combustão de hélio na concha que envolve o núcleo estelar. Uma pulsação térmica faz com que a matéria seja expelida para fora da estrela a uma taxa muito elevada, o que origina a formação de uma grande concha de poeira e gás em torno da estrela. Depois da pulsação, a taxa à qual a estrela perde massa volta ao seu valor normal.

As pulsações térmicas ocorrem com intervalo de 10 mil a 50 mil anos, durando apenas algumas centenas de anos. As novas observações de R Sculptoris mostram que esta estrela sofreu uma pulsação térmica há cerca de 1.800 anos, a qual durou cerca de 200 anos. A estrela companheira moldou o vento de R Sculptoris em forma espiral.

"Ao aproveitar o poder do ALMA para observar pequenos detalhes, podemos compreender muito melhor o que acontece com a estrela antes, durante e depois da pulsação térmica, através do estudo da forma da concha e da estrutura em espiral," diz Maercker. "Sempre esperamos que o ALMA nos desse uma nova visão do Universo, mas já está descobrindo coisas novas e inesperadas, com uma das primeiras configurações de observação é verdadeiramente excitante."

De modo a descrever a estrutura observada em torno de R Sculptoris, a equipe de astrônomos efetuou simulações de computador para seguir a evolução de um sistema binário. Estes modelos se ajustam muito bem às novas observações do ALMA. O sistema aqui modelado consiste numa estrela primária AGB em pleno processo de pulsação térmica e numa pequena estrela companheira. A separação entre as estrelas utilizada na simulação é de 60 unidades astronômicas, com uma massa total do sistema de 2 massas solares. O período orbital é de 350 anos.

"É um verdadeiro desafio tentar descrever de forma teórica todos os detalhes observados pelo ALMA, mas os nossos modelos de computador mostram que estamos realmente no caminho certo. O ALMA está nos dando novas pistas sobre o que se passa nestas estrelas e o que pode acontecer ao Sol daqui a alguns bilhões de anos," diz Shazrene Mohamed (Instituto de Astronomia Argelander, Bonn, Alemanha e Observatório Astrônomico da África do Sul), co-autor do estudo.

"Num futuro próximo, observações de estrelas como R Sculptoris pelo ALMA nos ajudarão a compreender como é que os elementos de que somos constituídos chegaram a locais como a Terra, e também nos fornecerão pistas de como é que o futuro longínquo da nossa própria estrela poderá ser," conclui Matthias Maercker.

Fonte: ESO

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A remanescente de supernova Simeis 147

É fácil se perder se você resolver seguir os intrigantes filamentos registrados nessa imagem detalhada da apagada remanescente de supernova conhecida como Simeis 147 (S147).

remanescente de supernova Simeis 147

© Rogelio Bernal Andreo (remanescente de supernova Simeis 147)

Também catalogada como Sh2-240, ela cobre aproximadamente 3 graus, ou seja, a mesma área ocupada por 6 luas cheias no céu. Esse objeto tem aproximadamente 150 anos-luz de diâmetro, é formado por uma nuvem de detritos estelares e está a uma distância estimada de 3.000 anos-luz. Na parte direita da imagem está a brilhante estrela Elnath (Beta Tauri) que pode ser observada na fronteira entre as constelações de Taurus e Auriga, quase exatamente na posição oposta ao centro galáctico no céu do planeta Terra. Essa composição nítida inclui dados obtidos através de filtros de banda curta que têm o objetivo de destacar a emissão dos átomos de hidrogênio que descrevem o gás brilhante. A parte remanescente da supernova tem uma idade estimada de 40.000 anos, significando que a luz dessa massiva explosão estelar alcançou  a Terra a 40.000 anos atrás. Mas a parte remanescente em expansão não é a única consequência dessa explosão. A catástrofe cósmica também deixou para trás uma estrela de nêutrons em rotação, ou um pulsar, todos esses objetos são resultados do núcleo estelar original.

Fonte: NASA