sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Estrelas órfãs em galáxia com duas caudas

A galáxia ESO 137-001 encontra-se a caminho do centro do enorme enxame de abelhas Abel 3627. O efeito gravitacional do enxame arrancou grandes quantidades de gás da galáxia ESO 137-001 de forma que esta agora apresenta uma cauda que se estende por mais de 200.000 anos-luz. Esta cauda foi observada pelo telescópio SOAR (Southern Astrophysical Research Telescope) no óptico e pelo observatório Chandra (NASA) nos raios-X. A seguir uma imagem mostrando a composição do espectro visível, H-alfa e raios-X.
 galáxias abell 3627
© NASA / SOAR
As observações indicam que o gás na cauda já formou milhões de estrelas. Este resultado surpreendeu os astrônomos que, até agora, pensavam ser difícil haver formação de estrelas sem ser dentro das galáxias, devido à necessidade de grandes quantidades de gás e poeira. Não é a primeira vez que se observa a formação de estrelas no espaço entre galáxias, mas nunca se tinha constatado um número tão elevado destas estrelas "órfãs".
As evidências de formação de estrelas incluem 29 regiões de hidrogênio ionizado que brilha na luz visível, e que se julga ser devido às estrelas recém-formadas. Estas regiões encontram-se ou na cauda de gás, ou muito próxima desta. O Chandra também revelou duas fontes de raios-X próximas destas regiões, o que reforça a teoria da atividade de formação de estrelas. As estrelas teriam se formado há cerca de 10 milhões de anos. Pelos padrões astronômicos, estas estrelas estão muito isoladas.
O gás que deu origem às estrelas órfãs foi arrancado da galáxia pela pressão induzida pelo movimento da galáxia através do gás quente (a vários milhões de graus) que permeia o espaço intergaláctico do enxame de galáxias Abel 3627. Com a aproximação ao enxame de galáxias, mais gás vai sendo arrancado a ESO 137-001 até que esta galáxia não tenha mais gás para formar novas estrelas.
As caudas de gás em galáxias são raras no universo atual, mas podem já ter sido comuns, há bilhões de anos, quando as galáxias eram mais jovens e mais ricas em gás.
Este trabalho de investigação, liderado por Ming Sun (Universidade Estatal do Michigan, EUA) será publicado na revista científica The Astrophysical Journal.
Fonte: NASA e SOAR

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