sábado, 16 de maio de 2020

Uma ponte dobrada entre dois aglomerados de galáxias

Um novo estudo, baseado em dados dos observatórios de raios X XMM-Newton da ESA e Chandra da NASA, apresenta informações sobre uma ponte de gás quente com três milhões de anos-luz que liga dois aglomerados de galáxias, cuja forma está sendo dobrada pela poderosa atividade de um buraco negro supermassivo próximo.


© Chandra/XMM-Newton/GMRT (Abell 2384)

Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos do Universo, mantidos juntos pela gravidade. Contêm centenas ou milhares de galáxias, grandes quantidades de gás de vários milhões de graus que brilham intensamente em raios X e enormes reservatórios de matéria escura invisível.

O sistema retratado nestas imagens, denominado Abell 2384, está localizado a 1,2 bilhões de anos-luz da Terra e compreende uma massa total de mais de 260 trilhões de vezes a massa do Sol. Neste caso, os dois aglomerados de galáxias colidiram e passaram um pelo outro, liberando uma inundação de gás quente de cada aglomerado que formava uma ponte incomum entre os dois objetos.

A visualização de raios X do XMM-Newton e do Chandra (mostrada em azul), juntamente com observações em ondas de rádio realizadas com o GMRT (Giant Metrewave Radio Telescope) na Índia (mostrada em vermelho) e dados ópticos do DSS (Digitized Sky Survey (mostrada em amarelo). A nova visão de vários comprimentos de onda revela os efeitos de um jato disparando para longe de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia num dos aglomerados.

O jato é tão poderoso que está dobrando a forma da ponte de gás, que tem uma massa equivalente a cerca de seis trilhões de sóis. No local da colisão, onde o jato está empurrando o gás quente na ponte, os astrônomos encontraram evidências de uma frente de choque, semelhante a uma explosão sônica de uma aeronave supersônica, que pode manter o gás quente e impedir que arrefeça para formar novas estrelas.

Objetos como Abell 2384 são importantes para a compreensão do crescimento de aglomerados de galáxias.

Simulações em computador indicam que, após tal colisão, os aglomerados de galáxias oscilam como um pêndulo e passam um pelo outro várias vezes antes de se fundirem para formar um aglomerado maior. Com base nestas simulações, os astrônomos pensam que os dois grupos neste sistema acabarão por se fundir.

O estudo que descreve este trabalho, liderado por Viral Parekh, do Observatório de Radioastronomia da África do Sul e Universidade de Rhodes, na África do Sul, foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

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