sábado, 5 de dezembro de 2020

O declínio da mais jovem nebulosa planetária

É fácil acreditar que as constelações e outras maravilhas celestiais sempre existiram. Mas nebulosas como as nebulosas Olho de Gato e Anel são, na verdade, novatas, astronomicamente falando.

© Hubble (nebulosa Hen 3-1357)

Esta é uma história sobre a incomum nebulosa planetária Stingray, também denominada Nebulosa da Arraia, que está desaparecendo rapidamente ao longo de apenas 20 anos. Mas isso é o fim da história. 

Seu início foi igualmente sensacional. As nebulosas planetárias são objetos coloridos e muitas vezes deslumbrantes que nada têm a ver com planetas. Estas nuvens de gás são feitas por estrelas comuns à medida que suas vidas vão diminuindo. Cerca de 1.000 anos depois, a forte luz ultravioleta emitida pela estrela em redução acende o gás, da mesma forma que a eletricidade faz com que as luzes de neon fiquem fluorescentes. 

As nebulosas planetárias persistem por alguns milhares de anos enquanto a estrela moribunda irradia lenta mas implacavelmente seu último calor para o espaço e esfria. Algumas destas nebulosas pairaram no céu desde os anos dos Neandertais e Cro Magnons.

Mas nesta época os astrônomos nunca viram nenhuma de nossas conhecidas nebulosas planetárias, e todas as nebulosas planetárias que eles poderiam ter identificado já se foram.

O telescópio espacial Hubble observou cerca de 100 destes objetos, começando com a nebulosa Olho de Gato em 1994. Ao comparar imagens que abrangem 20 anos ou mais, observa-se o mais próximo se expandir suavemente sem alterar suas formas ou brilho. 

A nebulosa planetária Stingray está em torno da estrela SAO 244567. A estrela é observada periodicamente desde 1890, mas sua nebulosa planetária parece ter aparecido na década de 1980, quando não esta sendo observada. 

O Hubble foi o primeiro a captar sua imagem em 1992. Isso a torna a única nebulosa planetária a ser captada logo depois de se tornar luminosa. Agora, pela primeira vez, foi descoberto que a Nebulosa da Arraia parece destinada a desaparecer nos próximos anos. 

Um declínio tão rápido nunca foi observado em uma nebulosa planetária, apenas supernovas muito raras desvanecem tão rapidamente. Misteriosamente, sua luz avermelhada diminuiu muito menos, por um fator entre 2 e 10. 

Sua estrela central SAO 244567 ejetou o gás que compõe a nebulosa há cerca de 1.000 anos. Em 1981, observações mostraram que o brilho da estrela caiu rápida e inesperadamente quando a estrela encolheu repentinamente. Ao mesmo tempo, a superfície da estrela aqueceu por um fator de cinco (a 60.000 K) em cerca de uma década. 

Quando a estrela quente começou a produzir luz ultravioleta, o gás ejetado tornou-se fluorescente, explicando assim o súbito aparecimento da nebulosa na década de 1980. Desde então, a nebulosa está desaparecendo à medida que a estrela encolhida emite menos luz ultravioleta. 

O que aconteceu dentro da estrela na década de 1980, quando a nebulosa planetária Stingray apareceu pela primeira vez?

Uma resposta possível vem de um grupo liderado por Nicole Reindl, do Observatório de Potsdam, Alemanha. Os pesquisadores postulam que a estrela passou por um súbito flash de hélio, no qual algum hélio não queimado no núcleo da estrela reacendeu inesperadamente. A explosão de um novo calor enviou o núcleo da estrela vários passos para trás em sua evolução normal. 

Este evento interrompeu as camadas externas visíveis da estrela, levando-as a um estado altamente incomum. Agora que o flash de hélio terminou, é previsto que o núcleo da estrela irá retomar o caminho evolutivo normal que vinha seguindo antes do flash de hélio. Conforme as camadas externas da estrela se reassentam, elas podem começar a brilhar nos próximos 50 anos, e a fluorescência da nebulosa pode muito bem ser retomada. 

Infelizmente, o telescópio espacial Hubble, agora com 30 anos, está envelhecendo. Remodelado pela última vez por astronautas em 2009 com seis novos giroscópios de direção, o telescópio tem apenas três que permanecem operacionais e um deles está apresentando sinais de grande degradação. Não há possibilidade de efetuar outra reforma no momento, então o telescópio tem vida útil limitada. Espera-se que o Hubble dure o suficiente para captar o renascimento nebular, presumindo que realmente aconteça.

Fonte: Sky & Telescope

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