Cygnus X-1, descoberto em 1964, foi o primeiro objeto cósmico alguma vez identificado como contendo um buraco negro.
© J. Paice (ilustração do sistema Cygnus X-1)
Agora, telescópios da NASA juntaram-se para revelar novos detalhes sobre a configuração da matéria quente em torno deste famoso buraco negro.
Num novo estudo, os astrônomos que utilizam os dados da missão IXPE (Imaging X-Ray Polarimetry Explorer) da NASA descobriram que o fluxo de matéria em direção ao disco do buraco negro encontra-se mais de lado do que se pensava anteriormente, o que significa que a orla do disco estará mais apontada em direção à Terra do que se esperava.
O IXPE, uma colaboração internacional entre a NASA e a Agência Espacial Italiana, possui a capacidade especial de olhar para a polarização dos raios X. A polarização é uma propriedade da luz que nos diz mais sobre os campos elétricos e magnéticos interligados que compõem todos os comprimentos de onda da luz. A orientação e organização destes campos fornece informações valiosas sobre objetos extremos como Cygnus X-1, tais como a forma como as partículas são aceleradas à sua volta.
Uma das fontes de raios X mais brilhantes da nossa Galáxia, Cygnus X-1 contém um buraco negro com 21 vezes a massa do Sol. O buraco negro está em órbita com uma estrela companheira que tem o equivalente em massa a 41 sóis. A matéria é aquecida a milhões de graus à medida que é atraída para o buraco negro. Esta matéria quente brilha em raios X.
Os pesquisadores estão usando medições da polarização destes raios X para testar e refinar modelos que descrevem como os buracos negros engolem a matéria, tornando-se algumas das fontes de luz mais luminosas, incluindo raios X, no Universo.
Observações anteriores, em raios X, de buracos negros apenas mediram a direção de chegada, a hora de chegada e a energia dos raios X a partir do plasma quente que espirala em direção aos buracos negros. O IXPE também mede a sua polarização linear, que transporta informação sobre como os raios X foram emitidos; e se, e para onde, dispersam o material perto do buraco negro.
Os cientistas observaram que uma melhor compreensão da geometria do plasma em torno de um buraco negro pode revelar mais sobre o funcionamento interno dos buracos negros e da forma como acretam massa. Estes novos conhecimentos vão permitir melhores estudos, em raios X, de como a gravidade curva o espaço e o tempo perto dos buracos negros. O horizonte de eventos de um buraco negro é o limite para além do qual nenhuma luz, nem mesmo os raios X, conseguem escapar.
Os raios X detectados com o IXPE são emitidos pela matéria quente, ou plasma, numa região com 2.000 km de diâmetro ao redor do horizonte de eventos com 60 quilômetros de diâmetro do buraco negro.
O IXPE observou Cygnus X-1 de 15 a 21 de maio de 2022. A combinação dos dados do IXPE com observações simultâneas dos observatórios NICER (Neutron star Interior Composition Explorer) e NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA em maio e junho de 2022 permitiu restringir a geometria, ou seja, a forma e localização do plasma.
Os pesquisadores descobriram que o plasma estende-se perpendicularmente a um fluxo com dois lados, em forma de lápis, ou jato, visto em observações rádio anteriores. O alinhamento da direção da polarização dos raios X e do jato apoia fortemente a hipótese de que os processos na região brilhante perto do buraco negro desempenham um papel crucial no lançamento do jato. As observações correspondem a modelos que preveem que o anel de plasma quente, denominado coroa", ou compacta o disco de matéria que espirala para o buraco negro ou substitui a porção interna deste disco. Os novos dados de polarização excluem modelos em que a coroa do buraco negro é uma coluna ou cone estreito de plasma ao longo do eixo do jato.
Um artigo sobre este estudo foi publicado na revista Science.
Fonte: Washington University
Nenhum comentário:
Postar um comentário