quarta-feira, 26 de setembro de 2012

As cores vivas de uma gaivota cósmica

Esta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO mostra parte de uma maternidade estelar conhecida como a Nebulosa da Gaivota.

vista detalhada da cabeça da Nebulosa da Gaivota

© ESO (vista detalhada da cabeça da Nebulosa da Gaivota)

Esta nuvem de gás, cujo nome formal é Sharpless 2-292, parece ter a forma de uma cabeça de gaivota e brilha intensamente devido à radiação muito energética emitida por uma estrela jovem muito quente que se situa no seu centro.

As nebulosas encontram-se entre os objetos visualmente mais impressionantes do céu noturno. São nuvens interestelares de poeira, moléculas, hidrogênio, hélio e outros gases ionizados, onde novas estrelas estão nascendo. Embora estas nebulosas apresentem diferentes formas e cores, muitas partilham uma característica comum: quando observadas pela primeira vez, as suas formas estranhas e evocativas fazem disparar a imaginação dos astrônomos, que lhes dão nomes curiosos. Esta região dramática de formação estelar, a qual se deu o nome de Nebulosa da Gaivota, não é exceção.

Esta nova imagem obtida pelo instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra a parte da cabeça da Nebulosa da Gaivota. É apenas uma parte de uma nebulosa maior conhecida formalmente como IC 2177, que abre as suas asas com uma extenão de mais de 100 anos-luz e se parece com uma gaivota em pleno voo. Esta nuvem de gás e poeira situa-se a cerca de 3.700 anos-luz de distância da Terra. O pássaro inteiro vê-se melhor em imagens de campo amplo.

vista de campo amplo de toda a Nebulosa da Gaivota

© ESO (vista de campo amplo de toda a Nebulosa da Gaivota)

A Nebulosa da Gaivota tem tido muitos nomes ao longo do tempo - é conhecido como Sh 2-292, RCW 2 e Gum 1. O nome Sh 2-292 significa que o objeto é o número 292 do segundo catálogo Sharpless de regiões HII, publicado em 1959. O número RCW refere-se ao catálogo compilado por Rodgers, Campbell e Whiteoak e publicado em 1960. Este objeto foi também o primeiro de uma lista de nebulosas austrais compilada por Colin Gum e publicada em 1955. A Nebulosa da Gaivota situa-se na fronteira entre as constelações do Unicórnio e do Cão Maior, próximo de Sirius, a estrela mais brilhante do céu noturno. A nebulosa situa-se a mais de quatro centenas de vezes mais distante do que a famosa estrela.

O complexo de gás e poeira que forma a cabeça da gaivota brilha intensamente no céu devido à forte radiação ultravioleta emitida principalmente por uma estrela brilhante jovem - HD 53367 - a qual pode ser vista no centro da imagem e que poderia ser considerada como o olho da gaivota. A HD 53367 é uma estrela jovem com vinte vezes a massa do nosso Sol. Está classificada como uma estrela Be, o que significa que é uma estrela do tipo espectral B com linhas proeminentes de emissão de hidrogênio no seu espectro. Esta estrela tem uma companheira com uma massa de cinco vezes a do Sol, numa órbita extremamente elíptica.

A radiação emitida pelas estrelas jovens faz com que o hidrogênio gasoso circundante se transforme numa região HII, brilhando em um vermelho vivo. As regiões HII são assim chamadas, uma vez que são constituídas por hidrogênio (H) ionizado, no qual os elétrons já não estão ligados aos prótons. HI é o termo utilizado para o hidrogênio não ionizado, ou seja neutro. O brilho vermelho das regiões HII ocorre porque os prótons e os elétrons se recombinam e nesse processo emitem energia em certos comprimentos de onda bem definidos, ou cores. Uma destas transições bem proeminente (chamada hidrogênio alfa ou H-alfa) origina uma cor vermelha forte. A radiação emitida pelas estrelas azuis-esbranquiçadas é dispersada pelas pequenas partículas de poeira da nebulosa, criando um nevoeiro azul contrastante, em algumas partes da imagem.

Embora um pequeno nódulo brilhante do complexo da Nebulosa da Gaivota tenha sido observado pela primeira vez pelo astrônomo germano-britânico William Herschel em 1785, a parte que aqui se mostra teve que aguardar a descoberta fotográfica cerca de um século mais tarde.

Por acaso, esta nebulosa situa-se no céu perto da Nebulosa do Elmo de Thor (NGC 2359), a qual ganhou o recente concurso do ESO "Escolha o que o VLT vai observar". Esta nebulosa, com a sua forma distinta e nome incomum, foi escolhida como o primeiro objeto selecionado por membros do público para ser observada pelo Very Large Telescope do ESO. Estas observações farão parte das celebrações do dia do 50º aniversário do ESO, 5 de outubro de 2012. As observações poderão ser acompanhadas pela internet diretamente a partir do VLT no Paranal. Mantenha-se atento!

Fonte: ESO

domingo, 23 de setembro de 2012

Estrela supermassiva ilumina uma nebulosa

A bela Nebulosa do Casulo está localizada a aproximadamente 4.000 anos-luz de distância da Terra na direção da constelação de Cygnus (O Cisne).

Nebulosa do Casulo

© Jean-Charles Cuillandre (Nebulosa do Casulo)

Escondido dentro do Casulo existe o desenvolvimento de um recente aglomerado aberto de estrelas dominado por uma estrela massiva no centro da imagem que abre um buraco na nuvem molecular existente através do qual a maior parte do seu material flui. A mesma estrela, que foi formada a aproximadamente 100.000 anos atrás, fornece a fonte de energia para a maior parte da luz emitida e refletida a partir dessa nebulosa.

Estrelas massivas brilham constantemente até o hidrogênio se fundir para formar hélio (que leva bilhões de anos em uma pequena estrela, mas apenas milhões em uma estrela de grande massa), quando se torna uma supergigante vermelha e começa com um núcleo de hélio rodeado por uma camada de refrigeração, cujo gás está em expansão. Durante os próximos milhões de anos uma série de reações nucleares ocorrem formando elementos diferentes nas camadas em torno do núcleo de ferro.

Quando o núcleo entra em colapso, gerando uma uma supernova, ondas de choque golpeiam as camadas externas da estrela. Se o núcleo estiver entre 1,5 a 3 massas solares, sobrevive, contrai para se tornar uma estrela de nêutrons. Se o núcleo é muito maior do que três massas solares, o núcleo se contrai para se tornar um buraco negro.

Fonte: Daily Galaxy

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Descoberta a galáxia mais distante

Utilizando o telescópio espacial Hubble e a teoria da relatividade de Einstein, cientistas conseguiram observar uma galáxia distante que remonta a 500 milhões de anos após o Big Bang.

galáxia MACS 1149-JD

© Hubble/Spitzer (galáxia MACS 1149-JD)

A galáxia, descoberta por Wei Zheng, do departamento de Física e Astronomia da Universidade americana Johns Hopkins, e sua equipe, tem mais de 13,2 bilhões de anos, um redshift de 9,6. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista britânica Nature.

A imagem mais antiga que temos do Universo é dada pela radiação de fundo deixada pelo Big Bang, uma auréola difusa de micro-ondas que não consegue se associar a nenhuma estrela, galáxia ou objeto astronômico preciso. Isto ocorreu 400 mil anos depois do Big Bang, ou seja, uma fração de segundos na escala do nosso Universo, que tem 13,7 bilhões de anos. Não havia então nenhuma estrela, apenas átomos de hidrogênio recém-criados. Foi preciso aguardar ainda quase um bilhão de anos para ter outra imagem detalhada, mas a paisagem tinha mudado radicalmente: havia galáxias com bilhões de estrelas. Náo se sabe devidamente o que teria acontecido neste intervalo, pela dificuldade em distinguir entre o ruído de fundo cosmológico e outros sinais que chegam do espaço profundo.

Zheng e sua equipe usaram a poderosa câmera infravermelha instalada no Hubble em 2009. Este instrumento já encontrou mais de uma centena de galáxias da época em que Universo tinha entre 650 e 850 milhões de anos. Mais ainda, o sinal recebido é tão tênue que até agora a câmera só conseguiu identificar uma galáxia de 500 milhões de anos.

Os cientistas olharam para Albert Einstein e sua teoria, segundo a qual objetos muito maciços têm um campo gravitacional tão forte que conseguem desviar os raios luminosos que passam próximos. E às vezes, isto amplia a imagem percebida por um observador, um fenômeno denominado lente gravitacional.

O Hubble foi utilizado para buscar galáxias distantes escondidas atrás de aglomerados de galáxias maciças que poderiam servir de lupa astronômica e descobriram uma que data de 500 milhões de anos depois do Big Bang. Neste caso, a lente gravitacional multiplicava por 15 a luz emitida por esta galáxia, o que lhes permitiu estudá-la com muito mais precisão.

Os autores calculam que está constituída por uma proporção não desprezível de estrelas anciãs que teriam se formado durante 200 milhões de anos para alcançar uma massa equivalente a 150 milhões de vezes a do nosso Sol. Se este sistema fosse representativo de outras galáxias primitivas, implicaria em que a formação de estrelas já estava em curso entre 300 e 500 milhões de anos depois do surgimento do Universo.

Devido à falta de amostras e instrumentos de medição suficientes, é impossível afirmá-lo, destacou num comentário em separado Daniel Stark, astrônomo da Universidade do Arizona. A construção de telescópios terrestres gigantes, contudo, abrirá novos campos de exploração na próxima década.

Fonte: Johns Hopkins University

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Planetas ao redor de aglomerado de estrelas

Cientistas encontraram evidências pela primeira vez da existência de planetas que podem se formar e sobreviver ao redor de estrelas similares ao Sol apesar de integrarem densos aglomerados estelares.

planetas ao redor do aglomerado da Colmeia

© NASA (planetas ao redor do aglomerado da Colmeia)

Os astrônomos descobriram duas órbitas similares às de Júpiter no Aglomerado da Colmeia (M44), um aglomerado aberto com cerca de mil estrelas ao redor de um centro comum. "Este tem sido um grande enigma para os caçadores de planetas", disse Sam Quinn, doutorando em Astronomia da Universidade do Estado da Geórgia, em Atlanta, e principal autor do artigo que descreve os resultados, publicado no periódico Astrophysical Journal Letters.

"Sabemos que a maioria de estrelas se forma em entornos agrupados, como na nebulosa de Órion, sendo assim, ao menos que este entorno denso iniba a formação de planetas, algumas estrelas similares ao Sol em agrupamentos abertos devem ter planetas", afirmou Quinn.

A descoberta contradiz a teoria de que os planetas gasosos não podem se formar perto demais de uma estrela porque evaporariam.

A explicação mais disseminada até o momento é que os planetas se formam mais longe e em seguida migram para o exterior, mais perto da estrela. Levando em conta a relativa juventude das estrelas do aglomerado, os planetas que acabam de ser descobertos poderiam ajudar os cientistas a desenvolver a teoria a respeito.

Se as estrelas são jovens, isto quer dizer que os planetas também devem ser, o que "estabelece uma limitação sobre a velocidade com que os planetas gigantes migram para dentro", disse Russel White, principal pesquisador do programa sobre as Origens do Sistema Solar da Nasa, financiador do estudo.

Conhecer a que velocidade dos planetas que migram é o primeiro passo para descobrir como o fazem. A equipe descobriu os planetas Pr0201b e Pr0211b usando um telescópio Tillinghast de 1,5 m em um observatório do Arizona com o objetivo de medir o tremor gravitacional ao qual os planetas induzem suas estrelas progenitoras.

Os cientistas tinham descoberto anteriormente dois planetas ao redor de estrelas maciças, mas ainda não tinham encontrado nenhum ao redor de estrelas similares à estrela que ocupa o centro de um sistema solar.

Fonte: NASA

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Galáxias elíptica e espiral juntas

A gigantesca galáxia elíptica M60 e a galáxia espiral NGC 4647 parecem um estranho casal nesse retrato cósmico bem nítido feito pelo telescópio espacial Hubble.

galáxias M60 e NGC 4647

© Hubble (galáxias M60 e NGC 4647)

Mas elas estão numa região do espaço onde as galáxias tendem a se juntar, no lado leste do próximo Aglomerado de Galáxias de Virgo. Localizada a aproximadamente 54 milhões de anos-luz de distância, a brilhante forma simples parecida com um ovo da M60 é criada pela organização aleatória das estrelas mais velhas, enquanto que as estrelas azuis jovens da NGC 4647, o gás e a poeira estão organizados em braços espirais ao redor de um disco achatado. Estima-se que a galáxia espiral NGC 4647 seja mais distante que a M60, localizada a 63 milhões de anos-luz de distância. Também conhecido como Arp 116, o par de galáxias pode estar na eminência de um significante encontro gravitacional. A M60, também conhecida como NGC 4649 tem aproximadamente 120.000 anos-luz de diâmetro. A NGC 4647, menor, se espalha por 90.000 anos-luz, ou seja, com um tamanho semelhante ao tamanho da Via Láctea.

Fonte: NASA

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Planetas podem se formar no centro galáctico

Uma jovem estrela e a nuvem de poeira cósmica a partir da qual seriam formados planetas ao seu redor estão sendo atraídos para um enorme buraco negro localizado no centro da nossa galáxia, segundo pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA), em Cambridge, nos EUA.

disco de gás e poeira ao redor do buraco negro

© CfA/David Aguilar (disco de gás e poeira ao redor do buraco negro)

Como outras galáxias, a Via Láctea abriga um buraco negro em seu centro, conhecido como Sagitário A* (Sgr A*), e a estrela em questão orbita um anel de jovens sóis em volta desse buraco.
Juntamente com o disco de gás e poeira que a envolve, a estrela evoluiria para um sistema solar, mas a força de atração do buraco negro deve impedir que isso ocorra.
Os estudos sobre essa situação, publicados na revista "Nature Communications", tiveram início depois que pesquisadores identificaram uma nuvem de gás ionizado e poeira cósmica movendo-se em direção ao SgrA* no início do ano. Eles tiveram ajuda dos telescópios de alta precisão Very Large Telescope (VLT), um conjunto de lentes de 8 metros de altura administrado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).
A hipótese inicial era de que esse deslocamento teria sido causado por uma colisão de nuvens envolvendo duas estrelas. Após o choque, a poeira cósmica dos astros teria sido atraída para o buraco.
Os astrônomos Ruth Murray-Clay e Abraham Loeb, porém, defendem uma explicação diferente. Para eles, a nuvem que se dirige para o SgrA* é, na realidade, um disco protoplanetário, ou seja, um disco de material cósmico a partir do qual seriam formados planetas, que circunda uma estrela de baixa massa.
Estrelas recém-nascidas mantêm um disco de gás e poeira ao redor de seu núcleo por milhares de anos. Quando uma delas é atraída para um buraco negro, a radiação e ondas gravitacionais dispersam essa matéria circundante em alguns anos.
Como a estrela estudada pela equipe do Harvard-Smithsonian é muito pequena para ser observada diretamente da Terra, é essa nuvem de poeira protoplanetária que os pesquisadores teriam detectado dirigindo-se para o SgrA*.
A força de atração do buraco negro faz o gás ao redor da estrela formar uma espiral e se aquecer. Além disso, o gás torna-se brilhante, facilitando sua detecção.
Porém, enquanto a nuvem planetária caminha para a destruição, há uma possibilidade de que a estrela envolvida por ela sobreviva. "A força de atração do buraco é suficientemente forte para atrair o gás, mas não para destruir a estrela", disse Murray-Clay.
O fenômeno em questão é causado pelo mesmo tipo de forças responsáveis pelas marés oceânicas. "Marés são causadas pela atração dos oceanos pela Lua. Nesse caso, o buraco negro gera forças de atração tão fortes que puxam o disco (de gás e poeira cósmica) para longe da estrela", explica Murray-Clay.
Os resultados desse estudo são interessantes porque, até agora, o centro da Via Láctea era considerado um lugar muito inóspito para a formação de planetas, por estar repleto de estrelas, radiação e intensas forças gravitacionais.
Apesar de o disco protoplanetário observado caminhar para a destruição, sua simples existência e a presença de estrelas semelhantes na mesma região sugerem que planetas ainda podem ser criados nessa parte da galáxia.
"É fascinante pensar que planetas estejam se formando tão perto de um buraco negro", afirma Loeb.

Fonte: BBC e Nature

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma vassoura de bruxa celeste?

A Nebulosa do Lápis aparece nesta nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.

Nebulosa do Lápis

© ESO (Nebulosa do Lápis)

Esta peculiar nuvem de gás brilhante faz parte de um enorme anel de restos deixados por uma explosão de supernova, que aconteceu há cerca de 11.000 anos. Esta imagem detalhada foi obtida pelo instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros.

Apesar da beleza aparentemente tranquila e imutável de um céu estrelado, o Universo não é um local tranquilo. As estrelas nascem e morrem num ciclo sem fim, e por vezes a morte de uma estrela cria vistas de beleza inigualável quando a matéria é lançada para o espaço formando estranhas estruturas no céu.

Esta nova imagem mostra a Nebulosa do Lápis sob um fundo de céu estrelado. A Nebulosa do Lápis, também conhecida como NGC 2736 e algumas vezes chamada o Raio de Herschel, foi descoberta pelo astrônomo britânico John Herschel em 1835, quando este se encontrava na África do Sul. Herschel descreveu-a como sendo “um raio de luz extraordinariamente longo e fino mas excessivamente tênue”. Esta nuvem de forma estranha é uma pequena parte de um resto de supernova, situada na constelação austral da Vela. Uma supernova é uma explosão estelar violenta, que resulta da morte de uma estrela de elevada massa ou então de uma anã branca num sistema estelar duplo. A estrutura resultante da explosão é chamada resto da supernova e consiste no material ejetado que se expande a velocidades supersônicas no meio interestelar circundante. As supernovas são a fonte principal de elementos químicos pesados no meio interestelar, o que por sua vez leva ao enriquecimento químico de uma nova geração de estrelas e planetas. Os filamentos brilhantes foram criados pela morte violenta de uma estrela, que aconteceu há cerca de 11 mil anos. A parte mais brilhante parece um lápis; daí o seu nome, mas toda a estrutura tem mais a forma tradicional de uma vassoura de bruxa.

O resto de supernova da constelação da Vela é uma concha em expansão que teve origem numa explosão de supernova. Inicialmente a onda de choque deslocou-se com uma velocidade de milhões de quiômetros por hora, mas à medida que se expandiu pelo espaço, teve que atravessar o gás entre as estrelas, o que a travou consideravelmente, criando pregas de nebulosidade com formas estranhas. A Nebulosa do Lápis é a região mais brilhante desta enorme concha.

Esta nova imagem mostra enormes estruturas filamentares, pequenos nós brilhantes de gás e regiões de gás difuso. A aparência luminosa da nebulosa vem de regiões densas de gás atingidas pela onda de choque da supernova. À medida que a onda de choque viaja pelo espaço, vai interagindo com o material interestelar. Inicialmente, o gás é aquecido a milhões de graus, mas depois arrefece progressivamente e ainda está emitindo um brilho fraco, obtido nesta imagem.

Ao observar as diferentes cores da nebulosa, os astrônomos conseguem mapear a temperatura do gás. Algumas regiões estão ainda tão quentes que a emissão é dominada por átomos de oxigênio ionizado, que brilham em azul na imagem. Outras regiões mais frias brilham em vermelho, devido à emissão do hidrogênio.

A Nebulosa do Lápis mede cerca de 0,75 anos-luz de um lado ao outro e desloca-se no meio interestelar a cerca de 650 mil quilômetros por hora. Nota-se que mesmo estando a cerca de 800 anos-luz de distância da Terra, a nebulosa muda notoriamente a sua posição no céu relativamente às estrelas de fundo durante o período de uma vida humana. Mesmo após 11 mil anos a explosão de supernova ainda muda a face do céu noturno.

Fonte: ESO

domingo, 9 de setembro de 2012

A lua vermelha de Júpiter

A lua Amalteia, de Júpiter, é um dos objetos mais vermelhos do Sistema Solar.

ilustração de Júpiter e Almateia

© NASA (ilustração de Júpiter e Almateia)

Ela segue abaixo da órbita de Io (um dos quatro maiores satélites do planeta), assim como Métis, Adrasteia e Tebe, mas é a maior desse grupo.

Amalteia é o terceiro dos satélites conhecidos de Júpiter. Foi descoberto, a exatamente 120 anos, em 9 de Setembro de 1892 por Edward Emerson Barnard usando o seu telescópio refractor de 36" (91 cm) no Observatório Lick. Amalteia foi a última lua a ser descoberta através de observações visuais diretas (em oposição à fotografia), e a primeira lua a ser descoberta desde que Galileu observou os quatro satélites galileanos em 1610. É o maior do grupo joviano de satélites interiores.

O nome "Amalteia" não foi formalmente adotado pela União Astronômica Internacional até 1975, embora tenha sido usado informalmente durante muitas décadas antes da sua sugestão por Camille Fammarion. Antes de 1975 era mais conhecido simplesmente pela sua designação romana, como "Júpiter V".

Amalteia é o segundo objeto mais vermelho do Sistema Solar (Sedna é o primeiro), até mais vermelho que Marte. A sua cor é provavelmente devida ao enxofre expelido pelos inúmeros vulcões de Io. Observações feitas com o espectrômetro do Hubble confirmam grande presença do enxofre que deixa Amalteia tão vermelha. Aparecem áreas brilhantes de verde na maiores inclinações de Amalteia, mas a natureza desta cor é ainda desconhecida.

Amalteia tem uma forma irregular, com dimensões de 270x168x150 km; o longo eixo está orientado na direção de Júpiter. É também altamente craterado, algumas das quais são extremamente grandes relativamente ao tamanho da lua. Pan, a maior cratera, mede 100 quilômetros de diâmetro e tem pelo menos 8 km de profundidade. Outra cratera, Gaea, mede 80 km de diâmetro e tem provavelmente o dobro da profundidade de Pan. Amalteia tem duas montanhas conhecidas, Mons Lyctas e Mons Ida, que chegam a uma altura de 20 km.

A combinação entre a forma irregular de Amalteia e o seu tamanho implica que Amalteia seja um corpo razoavelmente forte e rígido; se fosse composto por gelo ou outros materiais fracos, a sua própria gravidade teria deixado Amalteia num corpo mais esférico. Tal como todas as luas de Júpiter, sofre a atração das forças das marés de Júpiter, e o seu longo eixo aponta na direção do planeta a todas as alturas. A sua composição é provavelmente mais parecida com a de um asteroide do que com alguma das luas galileanas, e eventualmente poderá ter sido capturado. Como Io, Amalteia liberta mais calor do que recebe do Sol. É provavelmente devido às correntes elétricas induzidas pela sua órbita através do campo magnético de Júpiter.

Outro fato interessante sobre esse satélite natural é que ele emite mais calor do que recebe do Sol. Há duas hipóteses para isso: a energia que ele recebe do poderoso campo magnético de Júpiter ou efeito do campo gravitacional do planeta gasoso.

Assim como Tebe, completa uma rotação ao redor do seu eixo quando completa uma volta ao redor de Júpiter, o que significa que mostra sempre a mesma face para o planeta, do qual está distante 181.400 km. Por comparação, a distância da Lua para a Terra é de 384.000 km. Essa proximidade de um planeta deveria fazer com que Almateia fosse destruída pela gravidade. Isso não ocorre por causa de seu tamanho pequeno (apenas 19 vezes menor que Io).

Por outro lado, os astrônomos calculam que o fim de Almateia será digno de uma tragédia grega: ela está tão próxima de Júpiter que está destinada a cair e ser morta por seu planeta.

Fonte: NASA

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Nuvens moleculares criam espiral no espaço

Astrônomos japoneses descobriram uma nuvem no espaço composta por gás e poeira na forma molecular com um formato em espiral.

nuvem com formato em espiral

© Universidade Keio/NAOJ (nuvem com formato em espiral)

A nuvem, localizada no centro da via Láctea, possui um volume gigante de gás, centenas de milhares de vezes maiores que o Sol e distante 30 mil anos luz do nosso Sistema Solar.

Segundo Tomoharu Oka, professor do departamento de Física da Universidade Keio, em Tóquio, o fenômeno teria sido formado a partir da colisão de duas nuvens moleculares gigantes. Oka explica que a colisão de nuvens é comum, mas foram raras as vezes que ela resultou em uma formação tão peculiar no espaço. Apenas duas outras formações helicoidais já foram vistas na galáxia.

O estudo, liderado pelo pós-doutorando Shinji Matsumura, foi publicado em julho deste ano no Astrophysical Journal. Mas a descoberta foi feita no primeiro semestre de 2009.

Os pesquisadores acreditam que, por causa do choque, uma linha perpendicular em forma de tubo, com força magnética, foi formada entre as nuvens e depois torcida e espremida para se tornar uma estrutura helicoidal durante o contato de fricção. A pesquisa indicou que o gás molecular foi capturado pelo tubo magnético, formando assim a espiral.

As formações de gás podem originar as estrelas conforme vão ficando mais densas. No caso de colisões, o gás é altamente comprido.

Isto significa que a formação inusitada observada pelos cientistas no Observatório Astronômico Nacional do Japão pode um dia virar uma estrela.

Foram analisadas, entre outras coisas, a rotação de apenas seis das diversas moléculas encontradas, pois acredita-se que elas podem ser a pista para a compreensão do estado físico da matéria.

Fonte: NAOJ

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Registro da diferença entre galáxias

Duas galáxias diferentes foram captadas pelo telescópio espacial Hubble, formando um par galáctico denominado ARP 116.

galáxias M60 e NGC 4647

© Hubble (galáxias M60 e NGC 4647)

O ARP 116 é composto por uma galáxia elíptica gigante conhecida como Messier 60 (M60) e uma galáxia espiral bem menor, a NGC 4647. Como uma típica galáxia elíptica, a M60 pode não ser muito interessante quando vista sozinha, mas quando está junto com sua "companheira" espiral, o par ganha destaque no céu noturno.

A M60 é bastante clara, é precisamente a terceira mais clara no aglomerado de Virgem, que possui uma coleção de mais de 1,3 mil galáxias. Além de ter uma massa de estrelas maior, a M60 possui uma coloração dourada por causa das muitas estrelas velhas, frias e vermelhas em seu interior. A NGC 4647, por sua vez, possui uma variedade estrelar jovem e quente, que forma uma coloração azul.

Astrônomos tentaram determinar se essas galáxias estão interagindo, mas não encontraram evidências de novas formações estrelares. A força gravitacional mútua em pares de galáxias que interagem entre si exerce em cada uma a liberação de nuvens de gás, assim como as marés na Terra são causadas pela gravidade da Lua. Essa liberação pode causar a quebra das nuvens, formando o rompimento de novas estrelas.

Mesmo que isso pareça não ter ocorrido no ARP 116, estudos de imagens detalhadas do telescópio Hubble sugerem que as duas galáxias tiveram uma interação. Independente se elas estão perto o suficiente para interagir, as duas galáxias são certamente vizinhas próximas. Isso significa que vemos ambas na mesma escala, fazendo praticamente um "retrato de família" do Hubble que mostra a diferença de tamanho, estrutura e coloração entre galáxias elípticas gigantes e as espirais menores.

Fonte: ESA

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um aglomerado com um segredo

Uma nova imagem obtida no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, mostra o espectacular aglomerado estelar globular Messier 4 (M4).

aglomerado estelar globular M4

© ESO (aglomerado estelar globular M4)

Esta bola de dezenas de milhares de estrelas antigas é, na realidade, um dos mais próximos e mais estudados aglomerados globulares. Um trabalho recente revelou que uma das estrelas deste aglomerado tem propriedades estranhas e incomuns, aparentemente possuindo o segredo da juventude eterna.

Em torno da nossa galáxia, a Via Láctea, orbitam mais de 150 aglomerados estelares globulares, que datam do passado distante do Universo). Um dos mais próximos da Terra é o aglomerado M4 (também conhecido como NGC 6121), situado na constelação do Escorpião. Este objeto brilhante pode ser facilmente observado com binóculos, próximo da brilhante estrela vermelha Antares, e um pequeno telescópio amador consegue distinguir algumas das estrelas que o constituem.

Esta nova imagem do aglomerado, obtida com o instrumento Wide Field Imager (WFI), instalado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, situado no Observatório de La Silla do ESO, revela muitas das dezenas de milhares de estrelas deste aglomerado, o qual nos aparece sob o fundo rico da Via Láctea.

Os astrônomos também estudaram muitas das estrelas do aglomerado de modo individual, utilizando instrumentos montados no Very Large Telescope (VLT) do ESO. Ao separar a radiação emitida pelas estrelas nas suas componentes coloridas, podem-se obter as suas composições químicas e idades.

Os novos resultados para as estrelas do M4 foram surpreendentes. As estrelas dos aglomerados globulares são velhas e por isso não se espera que sejam ricas em elementos químicos pesados. A maioria dos elementos químicos mais pesados que o hélio são formados nas estrelas e liberados no meio interestelar no final das suas vidas. É deste material enriquecido que se formam as futuras gerações de estrelas. Deste modo, as estrelas muito velhas, tais como as dos aglomerados estelares globulares, formadas muito antes de algum enriquecimento significativo ter ocorrido, possuem menor abundância de elementos pesados, quando comparadas com estrelas que, como o Sol, se formaram posteriormente. Isto é o que é geralmente observado, mas uma das estrelas encontrada num rastreio recente possui uma quantidade muito maior de lítio, um elemento leve e raro, do que o esperado. A fonte deste lítio permanece um mistério. Normalmente este elemento é gradualmente destruído ao longo dos bilhões de anos de vida da estrela, mas esta estrela, ao contrário de milhares de outras, parece possuir o segredo da juventude eterna: ou conseguiu, de alguma forma manter o seu lítio original, ou encontrou algum modo de se auto-enriquecer com lítio recentemente formado. A imagem do WFI dá-nos uma vista de campo amplo do aglomerado e dos seus arredores bastante ricos.

região central do aglomerado globular M4

© Hubble (região central do aglomerado globular M4)

A imagem acima mostra uma vista complementar e mais detalhada, apenas da região central, obtida com o telescópio espacial Hubble que também foi divulgada esta semana, no âmbito da série Fotografia da Semana do Hubble.

Fonte: ESO

domingo, 2 de setembro de 2012

A superbolha surpreendentemente brilhante

O telescópio de raios X Chandra da NASA detectou uma "superbolha" brilhante a 160 mil anos-luz da Terra.

aglomerado de estrelas NGC 1929

© NASA e ESO (aglomerado de estrelas NGC 1929)

O registro foi feito há dez anos, durante mais de 5 horas, e divulgado agora após a união de três registros diferentes.
Trata-se do aglomerado de estrelas NGC 1929, localizado dentro da nebulosa N44, na galáxia-anã Grande Nuvem de Magalhães, vizinha da nossa Via Láctea.
As estrelas jovens e massivas desse aglomerado produzem uma intensa radiação e expulsam matéria em alta velocidade, o que as faz explodir rapidamente como supernovas, que geram explosões estelares muito violentas, resultantes da morte de uma estrela.
A imagem acima é composta por três capturas diferentes, representadas pelas cores azul, vermelho e amarelo.
Em azul, o Chandra flagrou o vento proveniente desses astros e o choque das supernovas que esculpem superbolhas no gás. Em vermelho, estão dados infravermelhos obtidos pelo telescópio Spitzer da NASA, que mostram a poeira e um gás mais frio. Jás as informações em amarelo foram obtidas por luz óptica, feitas pelo telescópio Max-Planck, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, que revelam onde a radiação ultravioleta faz o gás brilhar.
Esta é a primeira vez que os dados obtidos foram suficientes para distinguir as diferentes fontes de raios X produzidas pelas superbolhas. O estudo foi liderado pela Universidade de Michigan, nos EUA. Também participaram a Universidade Johns Hopkins, em Maryland, a Universidade de Illinois e o Instituto de Astronomia da Universidade Nacional Autônoma do México.

Um estudo publicado no ano passado mostrou que existem duas fontes extras de emissão de raios X brilhantes: ondas de choque de supernovas que atingem as paredes das cavidades, e material quente evaporando nas paredes da cavidade. As observações não mostram a evidência de elementos mais pesados ​​que o hidrogênio e o hélio nas cavidades. Esta é a primeira vez que os dados têm sido suficiente para distinguir entre as diferentes fontes de raios X produzidos por superbolhas.

Fonte: NASA

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Telescópio detecta milhões de buracos negros

O telescópio especial Wide-Field Infrared Survey Explorer (WISE) da NASA detectou milhões de buracos negros supermaciços e galáxias com temperaturas extremamente altas, que estavam "escondidos" atrás de uma nuvem de poeira interestelar.

buracos negros descobertos

© WISE (buracos negros descobertos)

O WISE conseguiu captar comprimentos de ondas ligados ao calor dos astros, o que fez com que eles conseguissem enxergar e mapear pela primeira vez alguns dos objetos mais iluminados do Universo.

A expectativa dos cientistas é de que a descoberta os ajude a entender como as galáxias e buracos negros se formam.

Os astrônomos já sabiam que a maioria das galáxias possuem buracos negros no seu centro, que são "alimentados" com gases, poeira e estrelas ao seu redor. Às vezes, os buracos negros soltam energia suficiente para impedir a formação de estrelas.

A forma como estrelas e buracos negros evoluem juntos, no entanto, continua sendo um mistério para os cientistas. A esperança é que os dados do telescópio WISE possibilitem novas descobertas neste ramo. O WISE tem capacidade de detectar comprimentos de onda que ficam muito além do campo de visão dos telescópios atuais. Isso permite ao equipamento fazer diversas descobertas inéditas na ciência.

O telescópio ganhou a fama de "caçador de buracos negros". "Nós encurralamos os buracos negros", diz Daniel Stern, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), um dos autores dos três estudos.

O pesquisador Stern e seus colegas usaram outro telescópio (Nustar) para analisar os dados dos buracos negros captados pelo WISE e apresentaram os dados em um artigo que será publicado na revista científica Astrophysical Journal.

Outros dois estudos detalham galáxias com temperaturas extremamente altas e com brilho intenso, que até recentemente não conseguiam ser detectadas. O termo em inglês para essas galáxias é "hot dust-obscured galaxies".

Mais de mil galáxias já descobertas são mais de cem vezes mais brilhantes que o Sol da Via Láctea. Os dados da missão WISE estão sendo disponibilizados ao público, para que todos os cientistas possam contribuir nas pesquisas espaciais.

Fonte: NASA e BBC Brasil