quinta-feira, 24 de junho de 2010

Hubble faz fotos de berçário de estrelas

A Nasa capturou através do telescópio Hubble uma rede complexa de nuvens de gás e aglomerados de estrelas em nossa galáxia vizinha, a Grande Nuvem de Magalhães. Esta região de nascimento de estrelas é uma das mais ativas no Universo.
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© ESA (LHA 120-N 11)
A Grande Nuvem de Magalhães contém muitas bolhas brilhantes de gás incandescente. Uma das maiores e mais espetacular é a LHA 120-N 11, mais conhecida como N11 desde que foi catalogada, em 1956, pelo astrônomo e astronauta Karl Henize.
A N11 se estende por mil anos-luz, é a segunda região de maior formação de estrelas na Grande Nuvem de Magalhães e produziu algumas das estrelas mais massivas já conhecidas.
De perto, a N11 é uma nuvem de gás brilhante cor-de-rosa e se assemelha a um redemoinho de "algodão doce" e é relativamente compacta e densa. Mais distante, a sua forma global distinta levou alguns observadores a chamá-la de "a nebulosa de feijão". As características coloridas da nebulosa são os sinais indicadores do nascimento da estrela.
É o processo de nascimento da estrela que dá a N11 uma aparência diferente. Três gerações sucessivas de estrelas, cada qual formada mais longe do centro da nebulosa, criaram escudos de gás e poeira. Estes escudos foram fundidos longe das estrelas recém-nascidas na agitação de seu nascimento energético criando o anel que dá a forma tão proeminente observada na imagem.
Embora seja muito menor do que nossa galáxia, a Grande Nuvem de Magalhães é uma região forte de formação de estrelas. Estudando esses berçários estrelares os astrônomos conseguem entender mais sobre como nascem as estrelas e o tempo de seu desenvolvimento final.
Tanto a Grande Nuvem de Magalhães quanto sua companheira, a Pequena Nuvem de Magalhães, são facilmente visíveis a olho nu e tem sido sempre familiar às pessoas que vivem no hemisfério sul. O crédito por trazer estas galáxias à atenção dos europeus é geralmente dada ao explorador Português Fernando de Magalhães e a sua tripulação, que a avistaram em viagem marítima em 1519. No entanto, o astrônomo persa Abd Al-Rahman Al Sufi e o explorador italiano Américo Vespúcio já haviam registrado a Grande Nuvem de Magalhães, muito antes, em 964 e 1503, respectivamente.
Fonte: ESA

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tempestade de vento assola Osíris

Tempestades com ventos de 5 mil a 10 mil km/h de velocidade, uma temperatura de superfície de mais de 1 mil °C: o clima extremo do exoplaneta apelidado de Osíris continua a seduzir os pesquisadores, como evidenciou um estudo publicado pela revista científica Nature.
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© Nature (exoplaneta Osíris, concepção artística)
HD209458b, nome oficial de Osíris, fica muito próximo de sua estrela e percorre sua órbita em 3,5 dias em uma velocidade de 140 km/s, quase cinco vezes mais rápido do que a Terra gira em torno do Sol, segundo Ignas Snellen, do observatório de Leiden, na Holanda, e sua equipe.
Cada vez que o planeta passa em frente a sua estrela, uma fração da luz do astro é bloqueada durante três horas. Situado a 150 anos-luz da Terra, Osíris foi o primeiro exoplaneta descoberto em 1999.
A atmosfera deste planeta maciço (quase dois terços da massa de Júpiter) escapa no espaço, como se perdesse sua substância, por isso, o nome Osíris. O deus egípcio que lhe dá nome foi morto pelo seu irmão que em seguida dispersou pedaços do seu corpo.
Como o planeta sempre apresenta a mesma face para a estrela, sua temperatura de superfície é mais fria no lado "noite" do que no lado "dia", onde ela pode atingir 1 mil °C.
"Na Terra, as grandes diferenças de temperaturas são causadas inevitavelmente pelos ventos fortes e, como mostra os instrumentos, a situação é a mesma em HD209458b", disse Simon Albrecht, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, Estados Unidos.
Graças ao VLT (Telescópio Muito Grande) do Observatório Astronômico Europeu do Sul (ESO) instalado no Chile, os astrônomos puderam observar durante cinco horas a atmosfera deste planeta, composto de monóxido de carbono, no momento em que ele passava na frente da sua estrela.
Estudando este gás mortal, "nós descobrimos um supervento, que sopra entre 5 mil e 10 mil km/h", declarou Snellen. Experimentando outros métodos que poderiam servir para descobrir vida em outros exoplanetas, foi analisado com o espectrógrafo CRIRES, a luz da estrela filtrada através da atmosfera de Osíris.
Assim, foi possível mensurar com grande precisão a velocidade do monóxido de carbono, graças ao efeito Doppler, impressão deixada pelo gás variando de acordo com sua proximidade ou distanciamento da Terra. Eles puderam também, pela primeira vez, calcular diretamente a velocidade do exoplaneta, sua massa e descobrir que sua atmosfera seria "tão rica em carbono quanto Saturno e Júpiter".
Fonte: Nature

Telescópio capta imagem de 'lábios humanos'

O telescópio em infacermelho Wise da NASA (agência espacial americana) capturou uma imagem inusitada no espaço. O que parece uma boca humana é uma nuvem de poeira soprando de uma estrela gigante. A estrela (ponto branco no centro do anel vermelho) é uma das moradoras mais maciças da nossa galáxia Via Láctea, a V385 Carinae e fica a uma distância de cerca de 16 mil anos-luz da Terra.
v385 carinae
© NASA (V385 Carinae)
Objetos como esse são chamados de estrelas Wolf-Rayet e, em comparação, fazem com que o nosso Sol pareça insignificante. A V385 Carinae é 35 vezes mais massiva que nosso Sol, e tem um diâmetro quase 18 vezes maior. É mais quente e brilha com mais de um milhão de vezes a quantidade de luz.
Estrelas ardentes assim queimam rapidamente, tendo uma vida considerada curta para o espaço, apenas poucos milhões de anos. À medida que envelhecem, os átomos mais pesados vão aquecendo dentro delas, como os átomos de oxigênio que são necessários para a vida como nós conhecemos.
O material resultante desta queima é soprado para fora em nuvens, como a que brilha intensamente na cor vermelha na imagem do Wise.
Fonte: NASA

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sonda Rosetta a caminho de Lutécia

O caça-cometas da ESA, Rosetta, está rumo a um encontro com o asteroide Lutécia. A Rosetta ainda não sabe qual é o aspecto de Lutécia mas, bonito ou não, os dois irão se encontrar no dia 10 de Julho. Assim como nos primeiros encontros, a Rosetta vai se encontrar com Lutécia no Sábado à noite, viajando até a uma distância de 3200 Km do rochedo.
rosetta e asteroide steins
© ESA (sonda Rosetta e o asteroide Steins)
A Rosetta vem captando dados de posicionamento do Lutécia desde o final de Maio para que os controladores em terra possam determinar quaisquer correções de trajetória necessárias para atingir a distância de passagem desejada. A passagem permitirá obter duas horas de boas imagens. A sonda começará a enviar imediatamente os dados para a Terra e a primeira imagem será revelada ainda na noite de Sábado.
A Rosetta passou pelo asteroide Steins em 2008 e outras missões espaciais têm-se deparado com diversos asteroides. Cada um deles revelou ter características únicas e espera-se que o Lutécia mantenha a tendência.
O maior objetio será o encontro em 2014 com o cometa Churyumov-Gerasimenko.
Fonte: ESA

sábado, 19 de junho de 2010

Galáxia tem "cauda" de gás e estrelas

Observações em ultravioleta da galáxia IC 3418 indicam que, apesar de parecer mais uma galáxia espiral comum, ela tem uma espécie de "cauda". Não só isso, essa região é composta de milhares de jovens estrelas.
ic 3418
© NASA/JPL (IC 3418, ultravioleta e visível)
O aglomerado de estrelas fica localizado a 54 milhões de anos-luz no meio do imenso agrupamento de Virgem (que tem mais de 1,5 mil galáxias próximas). Esse agrupamento é tão grande que sua força gravitacional está puxando IC 3418 para o seu centro a uma velocidade de 3,6 milhões de km/h, o que deixa para trás amontoados de gás que formam um rastro.
Segundo um estudo publicado neste mês no The Astrophysical Journal Letters, esse gás é influenciado pelas outras galáxias (assim como a cauda de um cometa é atingida pelos ventos solares), acaba por condensar e formar estrelas.
De acordo com a pesquisa, essa "cauda" de jovens estrelas oferece uma possibilidade de estudar a formação desses astros muito mais facilmente do que em outras galáxias, onde esse processo fica encoberto por grandes nuvens de gás e poeira.
Fonte: Science

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O segredo de Perseu

Uma galáxia gorda, velha e decadente que parece ter tomado emprestado gás de suas vizinhas para voltar a fabricar estrelas está ajudando um grupo de astrônomos a decifrar os mistérios dos aglomerados de galáxias, os tijolos formadores das maiores estruturas do Universo.
NGC 1275
© NASA/ESA (NGC 1275 no aglomerado de Perseu)
Com a forma de uma esfera achatada, a galáxia se localiza na direção da constelação de Perseu, o mitológico herói grego que decapitou a Medusa, e é imensa: abriga de 10 a 100 vezes mais matéria do que a nossa galáxia, a Via Láctea, formada por cerca de 200 bilhões de estrelas, e mantém outras aprisionadas gravitacionalmente ao seu redor. Conhecido como aglomerado de Perseu, esse grupo de galáxias tem uma característica marcante que há tempos intriga quem o estuda: é permeado por uma gigantesca nuvem de gás muito rarefeito e quente, com algumas regiões apresentando temperaturas bem mais elevadas do que seria de esperar.
As leis da física preveem que, à medida que o gás das galáxias vizinhas é atraído pela gravidade rumo à galáxia central, no caso, a NGC 1275, distante 235 milhões de anos-luz da Terra, sua densidade deve aumentar enquanto sua temperatura diminui acentuadamente. “Como o gás se torna mais denso próximo ao centro do aglomerado, as partículas que o formam colidem mais facilmente umas com as outras e perdem energia na forma de radiação”, explica a astrofísica Elisabete de Gouveia Dal Pino, que vem estudando o aglomerado de Perseu nos últimos anos. Assim, quanto maior a densidade e a proximidade da galáxia central, mais frio deve se tornar o gás. Isso, no entanto, não é bem o que acontece com Perseu.
A temperatura do gás do aglomerado até diminui, é verdade. Mas não tanto quanto, nem como deveria. Medições feitas por telescópios em terra e no espaço revelaram que ela passa de quase 10 milhões de graus nas regiões mais distantes da NGC 1275 para cerca de 3 milhões de graus por volta da metade do caminho. E depois se estabiliza, quando o esperado era que baixasse para algumas centenas de milhares de graus. Esse efeito só se justificaria se algo estivesse reaquecendo o gás na região mais central do aglomerado, equilibrando a perda de calor.
Há algum tempo os pesquisadores até têm um candidato: um gigantesco buraco negro, com massa equivalente à de centenas de milhões de estrelas como o Sol, situado bem no centro da NGC 1275. Os buracos negros são objetos tão densos e compactos que impedem que qualquer coisa escape de sua superfície, inclusive a luz. Mas na sua vizinhança é liberada muita energia. Antes de ser sugada e absorvida, a matéria que espirala ao redor do buraco negro é acelerada pela gravidade. Parte dela, auxiliada por campos magnéticos, escapa em dois feixes estreitos que saem dos polos do buraco negro, originando os jatos de partículas que se deslocam a velocidades próximas à da luz. Esses jatos emitem ondas de rádio que são detectadas pelos astrônomos.
Imagens feitas a partir de outra forma de radiação, os raios X, mostravam que as proximidades do buraco negro da NGC 1275, região do espaço também conhecida como núcleo galáctico ativo por emitir mais energia do que o restante da galáxia, liberavam energia suficiente para manter o gás aquecido na porção mais central do aglomerado. Mas havia um mistério: como as temperaturas do gás podiam ser mais ou menos homogêneas, se os jatos de radiação gerados a partir do buraco negro eram tão estreitos?
Ao conduzir simulações em computador, o grupo coordenado por Elisabete Dal Pino e Zulema Abraham, pesquisadoras do Instituto de Astronomia, Geo­física e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP), na capital paulista, encontrou uma possível resposta. “As temperaturas poderiam ser as observadas, caso o núcleo galáctico ativo estivesse em precessão (mudança de inclinação no eixo de rotação)”, afirma Elisabete. A ideia pode ser traduzida assim: para manter a temperatura aproximadamente homogênea, é preciso que o eixo de rotação do objeto central varie de inclinação e os jatos oscilem distribuindo melhor a energia. Ou, de modo mais simples, isso pode acontecer se o buraco negro bambolear como um pião que perde velocidade.
As simulações realizadas por Diego Falceta-Gonçalves, da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), em São Paulo, produziram resultados similares aos observados na natureza quando o ângulo de variação do eixo era grande: 60 graus. No artigo do Astrophysical Journal Letters em que apresentaram os resultados no início de 2010, os pesquisadores explicam: como os jatos oscilam com o tempo, a energia liberada é aproximadamente igual em todas as direções. Mas essa pode não ser a única explicação.
Em meados de 2008, Elisabete Dal Pino visitava a Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, quando o astrônomo americano John Gallagher mostrou a ela um resultado que havia acabado de obter e nem sequer havia publicado. Gallagher e seu grupo tinham feito medições dos filamentos de gás que existem ao redor da NGC 1275. “Ele ficou intrigado porque eles obtiveram mapas das velocidades dos filamentos e perceberam que alguns deles estavam se afastando da galáxia, e não se aproximando, como seria o esperado”, conta a astrofísica.
O resultado, publicado no ano seguinte na Nature, era uma medição inesperada. Indicava que alguma força estava contrabalançando a gravidade e empurrando o gás para fora da NGC 1275. Além disso, forças magnéticas faziam os filamentos arquear. Era pouco provável que o núcleo galáctico ativo, por mais poderoso que fosse, estivesse produzindo o fenômeno sozinho. O que estaria acontecendo?
“Foi aí que eu tive a ideia das supernovas”, diz a pesquisadora brasileira. Supernova é o nome que se dá a uma estrela com massa muito elevada que consumiu todo o seu combustível e explodiu. É um dos eventos mais energéticos do Universo. Uma série de supernovas poderia explicar o formato dos filamentos ao redor da galáxia central do aglomerado. O único problema é que supernovas recentes implicam formação estelar recente. E uma galáxia como a NGC 1275 não tem mais matéria-prima para fabricar estrelas com massa elevada.
Em outra série de simulações, dessa vez em parceria com John Gallagher e Alex Lazarian, ambos de Wisconsin, Falceta-Gonçalves e Elisabete mostraram que o gás em queda proveniente das galáxias vizinhas poderia produzir uma onda de choque na superfície da NGC 1275 e gerar um súbito episódio de formação estelar. Estrelas com muita massa queimam seu combustível mais rapidamente do que astros menores como o Sol, que precisam de bilhões de anos para esgotá-lo. Por isso, poderia haver uma onda de explosões de supernovas uns poucos milhões de anos após o processo de formação estelar.
Com auxílio de computadores, os pesquisadores reproduziram o que acontecia 120 milhões de anos, após o nascimento das estrelas. O trabalho, também publicado no Astrophysical Journal Letters, indicou que a interação da radiação emitida pelo núcleo galáctico ativo com as turbulências geradas pelas supernovas produz um padrão de filamentos muito parecido com o observado ao redor da NGC 1275. “Cada simulação, em resolução máxima, de 100 milhões de pixels, demora cerca de 20 dias para ser completada”, conta Falceta-Gonçalves, que conduziu a maior parte dos testes e é o primeiro autor dos artigos.
Esses trabalhos apresentam, sem dúvida, explicações plausíveis para os mistérios da NGC 1275. Mas como saber qual é a real causa da distribuição homo­gênea de temperatura do gás e dos filamentos observados ao redor da galáxia? Uma das formas de comprovar essas explicações seria procurar, com o auxílio de telescópios, sinais deixados por estrelas com massa muito elevada e por supernovas nas regiões mais externas da NGC 1275. Outra estratégia, mais ao alcance da equipe brasileira, é realizar novas simulações,  dessa vez combinando o efeito da precessão do núcleo galáctico ativo com a  explosão das supernovas nas bordas da galáxia e verificar o que acontece.
De toda forma, já se avançou um pouco mais na compreensão da dinâmica de aglomerados de galáxias como o de Perseu e, por extensão, do aglomerado do qual faz parte a Via Láctea. Esses tijolos do Universo, que numa escala maior se organizam em superaglomerados, ainda guardam muitos segredos. Mas, por sorte, os astrônomos não desistem facilmente.
Fonte: FAPESP (Pesquisa)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Visto objeto nos confins do sistema solar

Um grupo de astrônomos de vários países disse ter observado, pela primeira vez, um objeto gelado em órbita além de Netuno, nos confins do Sistema Solar. O objeto é conhecido como KBO 55636 (sigla para Kuiper Belt Object, Objeto do Cinturão de Kuiper) porque habita a região chamada Cinturão de Kuiper, onde estão agrupados milhares de objetos remanescentes do período em que se formou o Sistema Solar.
objeto do cinturão de kuiper
© NASA (KBO, concepção artística)
Os astrônomos sabiam da existência do KBO 55636 há vários anos, mas só puderam vê-lo porque ele passou na frente de uma estrela brilhante e refletiu sua luz. Liderados pelos Estados Unidos, cientistas de 18 observatórios espaciais em vários pontos do planeta participaram da busca.
Quando um corpo celeste esconde uma estrela ao passar em frente a ela no espaço, ocorre uma ocultação estelar. A equipe usou uma ocasião como essa para estudar o KBO 55636. A ocultação durou apenas dez segundos, mas foi suficiente para que eles determinassem o tamanho e a capacidade de reflexão do objeto.
O Cinturão de Kuiper ocupa uma região que fica além da órbita do planeta mais distante do Sistema Solar, Netuno. Ele é semelhante a um cinturão de asteroides, mas em vez de ser composto principalmente de rochas e metais, a maioria dos objetos que agrupa é feita de materiais voláteis (metano, amônia e água).
Até agora, especialistas conseguiram detectar mais de mil KBOs, mas eles acreditam que haja cerca de 70 mil deles. O autor principal do estudo, James Elliot, professor de astronomia planetária do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Massachusetts, nos Estados Unidos, disse à BBC que o KBO 55636 foi formado, provavelmente, como resultado de uma colisão espacial ocorrida há um bilhão de anos.
Ele disse que um planeta anão conhecido como Haumea pode ter sido atingido por outro objeto e o impacto teria levado a crosta gelada que cobria o Haumea a se partir em uma dúzia de pedaços menores, entre eles, o KBO 55636.
O Cinturão de Kuiper abriga pelo menos três planetas anões. Um deles é Plutão, o maior KBO de que se tem conhecimento. Para poder ver o KBO 55636 no exato momento em que passava em frente a uma estrela, foi necessário reunir uma equipe de 42 astrônomos de 18 observatórios na Austrália, África do Sul, México e Estados Unidos.
"Vínhamos calculando com precisão a posição do KBO há vários anos. Com uma órbita precisa, projetamos onde ele ia estar no céu e procuramos por estrelas que ele poderia ocultar", disse James Elliot. O cientista explicou que foi difícil prever exatamente onde o KBO iria passar.
Para maior segurança, a equipe pediu o auxílio de vários observatórios espaciais situados em uma faixa de 5.900 km da superfície da Terra. Esse trecho correspondia ao percurso que, os especialistas previam, seria percorrido pela sombra do corpo celeste.
De 18 telescópios apontados para o céu, apenas dois observatórios, ambos no Havaí, conseguiram detectar a ocultação estelar de dez segundos.
Usando a medida exata do tempo durante o qual a estrela ficou oculta e a velocidade da sobra do KBO se movendo pelo Havaí, os astrônomos puderam determinar o tamanho do objeto, cerca de 300 km de diametro, e a sua capacidade de refletir a luz.
Eles imaginavam que a superfície do KBO 55636 seria opaca, com pouca capacidade de reflexão por causa do acúmulo de poeira e bombardeios de raios cósmicos. "Descobrimos que esse objeto é muito menor do que achávamos e que tem bastante capacidade de reflexão, ele reflete a maior parte da luz que atinge sua superfície".
A superfície do objeto é provavelmente feita de gelo, como a superfície de Plutão. Mas não se sabe por que o índice de reflexão do KBO 55636 é tão alto. Talvez porque superfícies compostas de gelo sejam mais robustas e não se escureçam com o impacto de raios cósmicos e outras coisas que escurecem outras superfícies.
Fonte: Nature e BBC Brasil

Reencontrada a listra desaparecida de Júpiter

Novas imagens do telescópio Hubble confirmam que uma das listras de Júpiter que tinha desaparecido estava apenas encoberta por nuvens de amônia. A listra escura do planeta, que fica na região sul de Júpiter, havia desaparecido completamente em maio de 2010.
júpiter
© NASA/Hubble (listras em Júpiter)
No dia 7 de junho, o Hubble foi direcionado ao gigante gasoso para investigar um estranho objeto que teria se chocado contra o planeta sem deixar rastros, que foi identificado como sendo um meteoro.
Durante a observação, uma das câmeras do telescópio confirmou que eram nuvens de amônia, que ficam numa altitude maior que as escuras, encobrindo-as. Além disso, o Hubble registrou pontos escuros mais ao sul. Os cientistas acreditam que a faixa deve voltar a ficar totalmente visível em alguns meses.
"O cinto sul equatorial desapareceu pela última vez no início dos anos 70. Nós não fomos capazes de estudar esse fenômeno com esse nível de detalhe anteriormente", diz Amy Simon-Miller, da Nasa (agência espacial americana). "As mudanças dos últimos anos estão adicionando um extraordinário banco de dados sobre as dramáticas mudanças nas nuvens de Júpiter", afirma a cientista.
Fonte: NASA

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Identificada luz misteriosa em Júpiter

Observando detalhadamente as imagens do telescópio espacial Hubble, astrônomos conseguiram uma explicação para a misteriosa luz vista em Júpiter no dia 3 de junho. Os cientistas acreditam que ela pode ser resultado de um meteoro gigante que queimou antes de chegar às nuvens mais altas do planeta, o que explicaria o fato de não haver nenhum sinal de destroços nas nuvens, como ocorreu em colisões anteriores no planeta.
impacto em júpiter
© NASA/Hubble (impacto de um meteoro em Júpiter)
Segundo a NASA (agência espacial americana), astrônomos de todo o mundo notaram que algo atingiu o planeta e produziu luz suficiente para que o fenômeno fosse visto da Terra, mas eles não sabiam o quão profundo o objeto penetrou no gigante gasoso. Desde então, eles empreenderam buscas por alguma pista nas nuvens de Júpiter.
No dia 7 de junho, o Hubble foi direcionado ao planeta e fez diversas observações, inclusive em ultravioleta, para tentar esclarecer o que e como atingiu Júpiter. Os registros não mostraram nenhum sinal de destroços nas nuvens mais altas. Segundo os cientistas, isso indica que o objeto não penetrou e explodiu dentro do gigante gasoso, o que teria deixado marcas visíveis ao ultravioleta.
Em 2009, um asteroide muito maior atingiu o planeta e criou uma grande explosão. De acordo com a NASA, como resultado do choque surgiu uma grande quantidade de poeira, que pôde ser vista, ao contrário do fenômeno ocorrido recentemente.
Fonte: NASA

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Movimento de exoplaneta é registrado

O ESO (Observatório Europeu do Sul) afirma que astrônomos conseguiram pela primeira vez seguir o movimento de um exoplaneta (planeta que está fora do sistema solar), o Beta Pictoris b que é um gigante com nove vezes a massa de Júpiter. Segundo os cientistas, o astro tem a menor órbita já detectada em um exoplaneta ao redor de sua estrela, a Beta Pictoris.
estrela beta pictoris
© ESO (estrela Beta Pictoris e o exoplaneta)
Observações feitas em 2003 mostravam uma fraca fonte vinda de Beta Pictoris. Em 2008, essa fonte havia sumido e, em 2009, imagens mostravam que ele estava do outro lado do disco de poeira que cerca a estrela, o que confirmava que essa fonte era um exoplaneta que orbitava sua estrela.
A estrela Beta Pictoris é muito jovem (12 milhões de anos, três milésimos da idade do Sol), mas tem 75% mais massa que a nossa estrela. Os astrônomos acreditam que o planeta pode ter se formado de maneira semelhante aos gigantes do sistema solar. Os dados mostram ainda que planetas gigantes gasosos podem se formar em discos de gás e poeira em apenas alguns milhões de anos.
A estrela Beta Pictoris fica a 60 anos-luz da Terra e é um dos exemplos mais conhecidos de estrela rodeada por um disco de poeira e resíduos de matéria. Em observações anteriores foi observado uma deformação no disco, além de um disco secundário inclinado e cometas em rotas de colisão com a estrela.
"Estes eram sinais indiretos, mas indicativos da presença de um planeta de grande massa e as nossas novas observações demonstram este fato de forma definitiva. Uma vez que a estrela é muito jovem, os nossos resultados mostram que planetas gigantes podem formar-se nestes discos em escalas de tempo tão pequenas como alguns milhares de anos", diz Anne-Marie Lagrange, que liderou a equipe que fez as observações.
Fonte: ESO e Science

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estrela gigante é abatecida por uma menor

A administração do telescópio Chandra divulgou uma imagem do sistema binário de estrelas CH Cyg, que fica a 800 anos-luz da Terra e no qual uma anã branca é abastecida pelos ventos de uma gigante vermelha.
estrelas ch cyg
© Chandra/Hubble/VLA (sistema binário CH Cyg)
O vento na verdade é formado por partículas emanadas pela gigante vermelha. Essas partículas se acumulam e formam um disco antes de chegarem ao astro menor. Segundo os cientistas, o telescópio registrou um poderoso jato emanado pela estrela maior a uma velocidade de aproximadamente 4,8 milhões de km/h.
Os astrônomos afirmam que é a primeira vez que um jato desses é visto em raio-X tão detalhadamente nesse sistema, podendo, inclusive, ser distinguida a direção na qual gira o disco criado pelo vento da estrela.
Ainda de acordo com os cientistas, a extensão do jato chega a 750 unidades astronômicas (ou seja, 750 vezes a distância da Terra ao Sol, ou 20 vezes a da nossa estrela a Plutão). Os astrônomos acreditam que a qualidade da observação pode fazer com que ela seja utilizada como modelo para estudar a formação e propagação de jatos de partículas em sistemas estelares muito mais complexos e distantes que o nosso.
Fonte: Observatório Chandra

Saturno pode estar "produzindo" novas luas

Um novo estudo indica que sete luas de Saturno foram formadas recentemente - há cerca de 10 milhões de anos, cerca de 4 bilhões de anos depois que os outros 55 maiores corpos que orbitam o planeta. A pesquisa diz que o planeta pode estar "produzindo" mais luas já que o processo que criou as sete mais jovens ainda está ativo.
saturno e as luas tétis e epimetheus
© NASA (Saturno e as luas Tétis e Epimetheus)
A lua Epimetheus aparece na imagem apenas como um ponto próximo aos anéis do planeta, e na área inferior direita, pode ser vista a lua Tétis.
Anteriormente, os cientistas acreditavam que as sete pequenas luas que orbitavam abaixo ou dentro dos anéis do planeta foram formadas no início do sistema solar, devido ao seu formato parecido com o de asteroides. Contudo, medições da sonda Cassini indicaram que a densidade dessas luas era muito baixa, menos de 1 g por cm³. O dado indicava que ao contrário do Sol, dos planetas e de outros satélites naturais do sistema, as luas do anel de Saturno não se condensaram a partir de um grande e primitivo disco de gás e poeira.
Um modelo de computador utilizado na pesquisa, que combinou e adaptou outros modelos que simulavam a formação do sistema solar e a órbita dos planetas, indicou que os sete satélites naturais podem ter condensado diretamente dos anéis de Saturno e manter sua fraca consistência.
Cientistas já acreditavam que essas luas poderiam ter se formado a partir dos anéis, mas não haviam conseguido simular essa possibilidade anteriormente. De acordo com o pesquisador Sébastien Charnoz, da Universidade Paris Diderot, na França, a nova simulação indica inclusive que esse processo pode continuar, agregando material dos anéis e formando grandes objetos que, no futuro, podem se transformar em pequenas luas, assim como as sete jovens.
Fonte: Science

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Marte pode ter abrigado um oceano

Cientistas americanos encontraram mais provas de que um oceano existiu em Marte. Um projeto de mapeamento geológico encontrou depósitos de rocha sedimentar em uma região chamada Hellas Planitia, o que sugere a presença de um oceano naquele local.
 bacia hellas
© NASA (bacia Hellas em Marte)
A bacia de Hellas é uma cratera de impacto gigante. Com 2.000 km de largura e 8 km de profundidade, é a maior em Marte.
Os dados indicam que um lago teria existido na bacia entre 4,5 bilhões e 3,5 bilhões de anos atrás.
Alguns cientistas acreditam que as condições em Marte eram mais favoráveis para a evolução de vida do que na Terra naquela época.
O mapeamento é consistente com estudos anteriores que já indicavam a presença de lagos no passado de Marte.
hellas planitia
© NASA/Mars Global Surveyor (Hellas Planitia)
Segundo os cientistas, uma fina camada de afloramentos na borda leste de Hellas são depósitos sedimentares, formados pela erosão e transporte de rochas e solo de montanhas marcianas para um contingente de água parada.
Novos estudos poderiam trazer pistas sobre como o clima marciano mudou ao longo de períodos geológicos.
Os dados foram obtidos a partir de vários instrumentos presentes em naves da Nasa, incluindo Viking, Mars Global Surveyor e Mars Odyssey.
Fonte: NASA e BBC News

terça-feira, 8 de junho de 2010

Telescópio Trappist faz primeiros registros

O Observatório Europeu do Sul (ESO) anunciou que o Trappist (Pequeno Telescópio de Trânsito de Planetas e Planetesimais, na sigla em inglês), no observatório La Silla, no Chile, começou a fazer os primeiros registros de teste com sucesso.

nebulosa da tarântula 

© ESO (nebulosa da Tarântula)

O projeto, desenvolvido em parceria com a Universidade de Liège (Bélgica) e com o Observatório de Genebra (Suíça), será dedicado ao estudo de sistemas planetários através de duas formas: a busca de planetas fora do Sistema Solar (exoplanetas) e também de cometas que orbitam o Sol.
Apesar de estar localizado no Chile, o pequeno telescópio de 60 cm será operado em Liège, a 12 mil km de distância. "Os dois temas de pesquisa do projeto Trappist são partes importantes de um campo interdisciplinar de pesquisa (a astrobiologia) que visa estudar a origem e a distribuição da vida no Universo", diz o pesquisador Michaël Gillon, que lidera o estudo de exoplanetas do projeto.
"Planetas similares à Terra são alvos óbvios na busca por vida fora do Sistema Solar, enquanto cometas são 'suspeitos' de terem um importante papel no aparecimento e desenvolvimento da vida no nosso planeta", diz o também pesquisador Emmanuël Jehin, que lidera o estudo de cometas.
Ao contrário de muitas outras observações astronômicas, a pesquisa por exoplanetas não é caracterizada por belas imagens. Às vezes, os dados mais importantes aparecem em gráficos de observações dos telescópios. Os planetas fora do Sistema Solar podem ser encontrados por um pequeno decréscimo de brilho em sua estrela - isso acontece quando ele passa em frente à estrela, bloqueando parte da luz. Quanto maior o planeta, mais ele bloqueia a passagem de luz, fazendo com que o brilho caia mais e, portanto, mais facilmente ele é detectado.
Para registrar cometas, o telescópio foi equipado com filtros especiais largos e considerados de alta qualidade, o que permite aos astrônomos registrarem a presença de diversos tipos de moléculas nos cometas durante sua viagem ao redor do Sol.
O Trappist vai funcionar integrado a outros dois telescópios bem maiores: o Coralie, de 3,6 m, e o suíço Leonhard Euler Telescope, de 1,2 m, ambos também em La Silla. Além disso, o novo observador foi instalado na construção que abrigava o antigo T70, da Suíça. O ESO afirma que a colaboração entre as três instituições possibilitou a rápida realização do projeto; foram dois anos entre a decisão de construí-lo e os primeiros registros. O equipamento é robótico e totalmente automatizado, podendo percorrer o céu com alta velocidade e precisão.
Fonte: ESO

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Terra e a Lua podem ser muito mais jovens

A Terra e a Lua podem ter se formado muito mais tarde do que se acreditava, segundo recente pesquisa da Universidade de Copenhague, publicada na revista especializada "Earth and Planetary Science Letters". A Terra e a Lua foram criadas como resultado de uma gigantesca colisão entre dois planetas do tamanho de Marte e Vênus.
colisão entre dois planetas
© NASA (colisão entre Marte e Vênus, concepção artística)
Até agora, acreditava-se que a colisão teria ocorrido quando o Sistema Solar tinha 30 milhões de anos, há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Mas o novo estudo do Niels Bohr Institute, da Universidade de Copenhague, sugere que a Terra e a Lua provavelmente se formaram muito depois disso, talvez até 150 milhões de anos depois da formação do Sistema Solar.
"Determinamos a idade da Terra e da Lua usando isótopos de tungstênio, que podem revelar se os núcleos de ferro (dos planetas) e a superfície de rochas se misturaram durante a colisão", explicou o geólogo Tais W. Dahl, que elaborou a pesquisa durante seu projeto de tese em geofísica no Niels Bohr Institute, em colaboração com David J. Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech).
Os planetas do Sistema Solar foram criados pela colisão de pequenos planetas que orbitavam em torno do então recém formado Sol. Durante as colisões, os pequenos planetas derretiam e se juntavam, formando planetas cada vez maiores. A Terra e a Lua se formaram como o resultado entre o choque de dois planetas que tinham o núcleo de metal e a superfície de rochas. O processo ocorreu em menos de 24 horas e a temperatura da Terra era tão alta (7 mil graus Celsius) que tanto as rochas como o metal devem ter derretido durante a colisão.
Até há pouco tempo, acreditava-se que as rochas e o ferro haviam se misturado completamente durante a formação do planeta, e a conclusão era de que a Lua havia se formado quando o Sistema Solar tinha cerca de 30 milhões de anos, há 4,5 bilhões de anos.
A idade da Terra e da Lua pode ser medida examinando-se a presença de certos elementos nas camadas superficiais da Terra. A substância radioativa háfnio 182 decai com o tempo e se transforma no isótopo de tungstênio 182. Os dois elementos têm diferenças marcantes em suas propriedades químicas e enquanto o isótopo de tungstênio prefere se unir a metais, o háfnio prefere se unir a silicatos, como rochas.
São necessários entre 50 milhões e 60 milhões de anos para que todo o háfnio decaia e se converta em tungstênio, e durante a colisão que originou a Lua, quase todo o metal foi parar no centro da Terra, mas nem todo o tungstênio foi para a região.
"Estudamos em que grau a rocha e o metal se misturaram durante as colisões que formaram o planeta. Usando cálculos a partir de modelos dinâmicos da turbulenta mistura das massas de ferro e rocha líquida, encontramos isótopos de tungstênio da formação da Terra presentes na camada rochosa", explica Dahl.
O novo estudo sugere que a formação da Lua ocorreu quando todo o háfnio já havia decaído e se transformado em tungstênio.
"Nossos resultados mostram que o centro de metal e rocha não consegue se emulsificar nas colisões entre planetas com mais de 10 km de diâmetro e, por conta disso, a maior parte do centro de ferro da Terra (80 a 99%) não removeu o tungstênio do material rochoso das camadas superiores durante a formação", explica Dahl.
O resultado da pesquisa significa que a Terra e a Lua provavelmente se formaram muito depois do que se imaginava.
Fonte: Niels Bohr Institute