sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sistema Einstein@home descobre novo pulsar

Três voluntários que doam tempo ocioso de seus computadores para pesquisas científicas descobriram um novo pulsar nos dados obtidos pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. A descoberta, feita por um alemão e dois americanos, foi a primeira realizada pelo sistema Einstein@home, que usa tempo doado por computadores de 250.000 pessoas de 192 países.
 pulsar de rádio
© AEI Hannover (pulsar de rádio)
Os voluntários que receberam crédito pela descoberta são o casal Chris e Helen Colvin, dos EUA, e Daniel Gebhardt, da Alemanha. Seus computadores, juntamente com meio milhão de outros aparelhos de todo o mundo, analisam dados para o Einstein@home.
O novo pulsar, chamado PSR J2007+2722, é uma estrela de nêutrons que gira 41 vezes por segundo. Fica na Via Láctea, a aproximadamente 17.000 anos-luz da Terra. Diferentemente da maioria dos pulsares que giram de forma tão rápida e precisa, e PSR J2007+2722 está sozinho no espaço, sem uma estrela companheira em sua órbita.
Astrônomos consideram-no especialmente interessante, já que ele provavelmente é um pulsar antigo que perdeu o companheiro. Mas não se pode descartar a hipótese de que seja um pulsar jovem nascido com um campo magnético excepcionalmente fraco.
O Eisntein@home, baseado na Universidade de Wisconsin (EUA) e no Instituto Max Planck de Física Gravitacional (Alemanha) vem buscando sinais de ondas gravitacionais nos dados do observatório americano LIGO desde 2005. Desde 2009, o sistema também passou a procurar sinais de pulsares em dados de Arecibo.
radiotelescópio de Arecibo
© NAIC (radiotelescópio de Arecibo)
"Este é um momento emocionante para o Einstein@home e nossos voluntários. Prova que a participação pública pode descobrir novas coisas no Universo. Espero que inspire mais pessoas a se juntar a nós", disse o líder do projeto, Bruce Allen, do Instituto Max Planck.
Fonte: Science

Detectados raios gama emitidos por nova pela primeira vez

Astrônomos usando Telescópio Espacial Fermi detectaram, pela primeira vez, raios gama emitidos por um tipo de estrela variável conhecido como nova, fenômeno que surpreendeu os cientistas. A descoberta derruba a ideia de que explosões nova não têm energia suficiente para produzir esse tipo de emissão.
nova cygni 2010
© NASA/Fermi (nova V407 Cyg)
Uma nova é um ganho súbito de brilho de uma estrela normalmente tênue. A explosão ocorre quando uma estrela anã branca, em um sistema binário, irrompe numa explosão termonuclear.
"Em termos humanos, foi uma erupção imensamente poderosa, equivalente a cerca de 1.000 vezes a energia emitida pelo Sol a cada ano", disse a pesquisadora da Nasa Elizabeth Hays. "Mas, em comparação com outros eventos que o Fermi vê, foi bem modesta. Ficamos surpresos quando o Fermi a detectou com tanta força".
Raios gama são a forma mais energética de luz, e o Telescópio de Grande área do Fermi captou a nova por 15 dias. Cientistas acreditam que a emissão surgiu quando uma onda de choque, movendo-se a mais de um milhão de quilômetros por hora, partiu do local da explosão.
A detecção ocorreu na constelação de Cygnus, o Cisne. O sistema envolvido é conhecido como V407 Cyg, e fica a 9.000 anos-luz da Terra. É formado por uma anã branca e uma gigante vermelha com cerca de 500 vezes o tamanho do Sol.
"A gigante vermelha está tão inchada que sua atmosfera exterior vaza para o espaço", disse Adam Hill, da Universidade Joseph Fourier, na França. "A cada década, a gigante vermelha elimina hidrogênio suficiente para igualar a massa da Terra".
A anã branca captura parte desse gás, que se acumula em sua superfície. À medida que o gás se concentra, ao longo de décadas ou séculos, ele acaba ficando denso e quente o bastante para se fundir, produzindo hélio. A fusão libera energia suficiente para detonar todo o gás acumulado. A anã branca em si, no entanto, permanece intacta.
A explosão criou uma camada densa em expansão, chamada frente de choque, composta de partículas de alta velocidade, gás ionizado e campos magnéticos.
Os campos magnéticos aprisionam as partículas na camada e as excitam a energias tremendas. Antes de escapar, as partículas atingem velocidades próximas às da luz. Os pesquisadores dizem que os raios gama provavelmente surgem quando essas partículas colidem com o gás do vento da gigante vermelha. Até então, cientistas não imaginavam que uma nova fosse capaz de acelerar partículas com tanta intensidade.
Fonte: Science

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chuva de meteoros Perseidas

A passagem da Terra por uma zona repleta de detritos deixados pelo cometa Swift-Tuttle oferecerá a observadores um verdadeiro espetáculo no céu.
meteoros perseídas
© NASA (meteoros Perseidas)
No hemisfério norte, o show tem seu auge entre as 22h do dia 12 e a madrugada do dia 13, quando a frequência de meteoros poderá alcançar dezenas por hora.
Embora seja um fenômeno melhor observável no hemisfério norte, a chuva de meteoros Perseidas também pode ser vista no Brasil. Aqui a constelação de Perseu estará muito baixa no horizonte na direção norte-nordeste. e o melhor horário para se assistir ao show no céu será entre 1h00 e 3h00 da madrugada do dia 13. A chuva de meteoros terá uma taxa de 50 a 100 "estrelas cadentes" por hora.
A cada 133 anos, o enorme cometa cruza o Sistema Solar e deixa para trás um rastro de poeira e detritos. Quando a Terra passa pela região, os fragmentos se chocam com a atmosfera a aproximadamente 225.000 km/h e se desintegram gerando rastros de luz na atmosfera.
A zona de detritos deixada pelo cometa é tão larga que a Terra passa semanas dentro dela. Observadores já estão avistando Perseidas ocasionais há alguns dias. Segundo a Nasa, essa "garoa" de meteoros pode virar um verdadeiro temporal entre os dias 11 e 13 de agosto, quando a Terra passa pela zona de maior concentração de detritos. O espetáculo anual de meteoros Perseidas estará particularmente bonito em 2010 porque a Lua, em fase crescente, não vai estar muito visível no período de maior atividade.
O brilho lunar pode apagar uma boa chuva de meteoros, mas não será o caso dessa vez. O melhor período para observação são as horas mais escuras da noite, quando a maioria dos observadores no hemisfério norte poderá ver dezenas de Perseidas por hora.
Para ver melhor, é bom evitar as luzes da cidade. A escuridão do campo, por exemplo, aumenta entre três e dez vezes o número de meteoros que podem ser avistados. Lembrando que esta madrugada é apenas o pico da chuva, que poderá ser vista ainda nos próximos dias.
A tabela a seguir mostra algumas das principais chuvas de meteoros que ocorrem ao longo do ano.

Nome Máximo Taxa Horária Constelação
Quadrantídeas 04 Jan 95 Bootes
Lirídeas 22 Abr 15 Lyra
Eta-Aquarídeas 05 Mai 30 Aquarius
Delta-Aquarídeas 29 Jul 20 Aquarius
Perseídeas 13 Ago 95 Perseus
Orionídeas 22 Out 20 Orion
Taurídeas 03 - 13 Nov 15 Taurus
Leonídeas 18 Nov 12 Leo
Geminídeas 14 Dez 90 Gemini
Fonte: NASA

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Festa dos Astros!

A RBA (Rede Brasileira de Astronomia), da qual faço parte, convida toda a comunidade astronômica brasileira para participar, na primeira quinzena de Agosto, da campanha de observação astronômica "Festa dos Astros". Durante esse período, nas primeiras horas após o por do Sol será possível observar os planetas Vênus, Marte e Saturno muito próximos, com Mercúrio um pouco mais próximo ao horizonte.
conjunção dos astros
© RBA (conjunção dos astros)
A conjunção pode ser observada a olho nu, com binóculos ou com telescópios. Os planetas e a Lua estarão separados por meros 11 graus no céu. Mesmo pequenos telescópios podem mostrar as crateras da Lua, as fases de Vênus, os anéis de Saturno e as calotas polares de Marte.
O fenômeno culmina nas noites de 12 e 13 de Agosto, quando a Lua crescente chega para participar dessa festa no céu.
Esta conjunção é uma excelente oportunidade para mostrar as belezas do céu e dos astros para a população. Instrumentos modestos como binóculos e pequenos telescópios podem fornecer imagens inesquecíveis do encontro desses planetas.
Para celebrar esse espetáculo, a RBA promove o concurso fotográfico "Conjunção de Agosto", que premiará as 10 melhores fotos da conjunção. As imagens selecionadas serão presenteadas com um exemplar do livro "Fascínio do Universo" e um DVD "De Olho no Céu".
Consulte o regulamento do concurso clicando aqui.
Fonte: RBA (Rede Brasileira de Astronomia)

Nova imagem da Nebulosa da Tarântula

Uma nova imagem da Nebulosa da Tarântula, localizada na Grande Nuvem de Magalhães, marca o início de um estudo detalhado das duas Nuvens de Magalhães, galáxias vizinhas à Via Láctea, conduzido pelo Observatório Europeu Sul (ESO), baseado no Chile.
nebulosa da tarântula
© ESO (nebulosa da Tarântula)
A líder da equipe de pesquisa, Maria-Rosa Cioni, da Universidade de  Hertfordshire, no reino Unido, diz, em nota, que a Tarântula, oficialmente chamada 30 Doradus, é um berçário de estrelas e contém um grande aglomerado, chamado RMC 136, que inclui algumas das estrelas de maior massa conhecidas.
O telescópio responsável pelo estudo das Nuvens de Magalhães, o Vista, é um novo instrumento capaz de detectar luz na região do espectro infravermelho próxima ao limite da luz visível.
A luz infravermelha é invisível para o olho humano, mas consegue passar através de boa parte da poeira que, em condições normais, bloquearia a visão. Isso a torna particularmente útil para o estudo de estrelas jovens, que ainda se encontram encapsuladas em casulos de poeira espacial.
O levantamento das Nuvens de Magalhães vai varrer uma área do céu de 184 graus quadrados, o equivalente a mil luas cheias. Os pesquisadores esperam obter com isso um estudo detalhado da história de formação das estrelas e um mapa 3D da estrutura nas Nuvens.
Fonte: ESO

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Nasa divulga imagem da galáxia NGC 4911

O telescópio espacial Hubble da NASA, agência espacial americana, divulgou a imagem majestosa de uma galáxia espiral localizada dentro do aglomerado de galáxias Coma, que está a 320 milhões de anos-luz de distância da Terra, ao norte da constelação Coma Berenices.
NGC 4911
© NASA (galáxia NGC4911)
A galáxia, conhecida como NGC 4911, contém círculos de poeira e gás perto de seu centro. Os círculos aparecem recortados contra brilhantes aglomerados de estrelas recém-nascidas e nuvens de hidrogênio na cor rosa que, segundo astrônomos, indica a que a formação de estrelas está em curso no local.
O Hubble também conseguiu captar os braços espirais exteriores da NGC 4911, e milhares de outras galáxias de tamanhos variados. A alta resolução das câmeras do Hubble, combinada à uma exposição consideravelmente longa, tornou possível observar todos esses detalhes.
Fonte: NASA

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Novos registros de colisão de galáxias

A administração do telescópio Chandra divulgou novos registros da colisão das galáxias Antena, que teria começado há mais de 100 milhões de anos e continua ocorrendo.
colisão das galáxias Antena
© NASA (colisão das galáxias Antena)
O choque causou a formação de milhões de estrelas em nuvens de gás e poeira de ambas as galáxias. Dentre estas jovens estrelas, as com maior massa se desenvolveram e, em alguns milhões de anos, explodiram como supernovas.
A imagem em raio-X do Chandra mostra grandes nuvens de gás interestelar quente que foram ejetadas pelas supernovas. Essas nuvens incluem elementos ricos como oxigênio, ferro, magnésio e silício, que irão ser incorporados em planetas e estrelas que se formarem nessas nuvens.
Os pontos mais brilhantes da imagem em raio-X são produzidos por material caindo em buracos negros e por estrelas de nêutrons, que são remanescentes de estrelas massivas após essas explodirem como supernovas.
A imagem acima combina o raio-X com o registro em infravermelho do telescópio Spitzer, que mostra nuvens quentes de poeira que foram aquecidas por jovens estrelas, sendo que as nuvens mais brilhantes ficam na região onde as duas galáxias se sobrepõem. A imagem também possui o registro óptico do telescópio Hubble, que mostra velhas estrelas e regiões de formação de novas em dourado e branco, sendo que os filamentos de poeira aparecem em marrom. Muitos dos objetos de brilho mais fraco do registro óptico são agrupamentos que contêm milhares de estrelas.
Fonte: NASA

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Imagem de explosão de supernova em 3D

Astrônomos utilizaram o Telescópio Muito Grande (VLT, na sigla em inglês), do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), para capturar a primeira imagem tridimensional de uma explosão estelar, também conhecida como supernova.
supernova SN 1987A
© ESO (supernova SN1987A)
A escolhida foi a SN 1987A, na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à nossa. Essa supernova foi descoberta em 1987 e foi a primeira a ser vista a olho nu em 383 anos.
As estrelas de grande massa morrem de uma maneira particular, através de uma gigantesca explosão, arremessando uma grande quantidade de material no espaço. A descoberta de SN 1987A permitiu aos astrônomos estudarem melhor esse fenômeno com detalhes nunca antes vistos.
O estudo dessa supernova permitiu, por exemplo, a primeira detecção de neutrinos do núcleo interno da estrela, de elementos radioativos produzidos durante a explosão, a formação de poeira após o fenômeno, entre muitas outras descobertas sobre a morte das grandes estrelas.
Com as novas observações do VLT, o ESO afirma que os astrônomos serão capazes de reconstruir em 3D as partes centrais da explosão. Os cientistas já descobriram que a explosão foi mais forte e rápida em determinadas direções do que em outras, o que levou a um formato irregular, com algumas partes se alongando mais.
O primeiro material ejetado da supernova viajou a 100 milhões de km/h, cerca de 10% da velocidade da luz e 100 mil vezes mais rápido que um jato de passageiros. Apesar da velocidade, esse material demorou 10 anos para atingir o anel de gás e poeira que é formado na fase final da vida da estrela. As imagens indicam que outra onda de material emitido pela explosão viaja cerca de 10 vezes mais lentamente e é aquecido pelos elementos radioativos criados pelo fenômeno.
"Calculamos a distribuição de velocidades do material ejetado pela Supernova 1987A", diz a autora principal do estudo Karina Kjær. "Ainda não compreendemos bem como explode uma supernova, mas o modo como a estrela explodiu encontra-se imprimido no material mais interior. Podemos ver que este material não foi ejetado simetricamente em todas as direções, mas parece ter uma direção privilegiada. Além disso, essa direção é diferente daquela que esperávamos, baseados na posição do anel."
As observações comprovariam modelos feitos em computador de como explodem essas estrelas. Esses modelos já mostravam o comportamento assimétrico e também indicavam instabilidades de larga escala na supernova.
Fonte: ESO

Descoberta pulsação na aurora de Saturno

Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo britânico  Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester, descobriu que a aurora de Saturno, um tênue brilho em radiação ultravioleta que ilumina a atmosfera superior do planeta junto aos polos, pulsa num ritmo aproximado de uma vez ao dia.
Saturno em ultravioleta
© NASA/ESA (Saturno em ultravioleta, com o brilho das auroras)
A duração do dia de Saturno tem sido objeto de muita discussão, desde que se descobriu que o "relógio" tradicional usado para medir a rotação do planeta, um gigante gasoso sem uma superfície sólida para servir de referência, aparentemente não é muito preciso.
Saturno, como todos os planetas magnetizados, emite ondas de rádio a partir de suas regiões polares. Essas emissões pulsam com um período próximo a 11 horas, e o intervalo dos pulsos foi presumido, durante a época das sondas Voyager, representante da rotação do planeta. No entanto, ao longo dos anos, o período da pulsação da emissão de rádio tem variado. Como a rotação de um planeta não muda facilmente, a caçada pela fonte da variação do rádio se tornou um problema significativo para ao estudo do planeta.
Agora, a equipe de Nichols se vale de imagens do Telescópio Espacial Hubble para mostrar que não apenas as emissões de rádio pulsam, mas as auroras também, e de forma sincronizada.
Segundo Nichols, o resultado é importante por fornecer um elo entre as auroras e as emissões de rádio, além de fornecer mais um dado para um possível diagnóstico da irregularidade das pulsações.
Fonte: Geophysical Research Letters

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ondas gravitacionais primordiais do Universo

As ondulações no tecido do espaço-tempo poderão algum dia fornecer provas observáveis das atividades dos instantes iniciais do Universo, revelando processos de alta energia atualmente inacessíveis até mesmo para os colisores de partículas.
antena espacial de interferômetro a laser
© NASA (antena espacial de interferômetro a laser)
As chamadas ondas gravitacionais estão previstas na teoria geral da relatividade de Albert Einstein, onde objetos em movimento perturbam o espaço-tempo, gerando ondas semelhantes às de um barco navegando em um lago. Mas elas tendem a ser sutis e apenas os peso-pesados celestes produziriam efeitos detectáveis. Até hoje se encontraram somente evidências indiretas das ondas gravitacionais, apesar da construção de detectores extremamente sensíveis destinados a investigar provas mais diretas na forma de ondas que emanam de cataclismos próximos, como a colisão de duas estrelas de nêutron ultradensas.
Uma resenha publicada na revista Science apresenta as perspectivas de detecção de mais ondas gravitacionais primordiais, aquelas produzidas no Universo inicial e que talvez ainda possam ser detectadas pela marca que deixaram há bilhões de anos ou pelas ondulações que persistem até hoje.
Tais ondas primordiais poderiam constituir o melhor meio de se testar modelos cosmológicos como o da inflação, que sustenta que o Universo recém-nascido inflou de um minúsculo ponto para algo cerca de 1026 vezes maior em apenas um átimo de segundo. "É difícil imaginar um mecanismo que nos abra uma janela direta para um tempo próximo ao instante da criação", diz Lawrence Krauss, físico teórico da Universidade do Estado do Arizona e co-autor do estudo.
O primeiro lugar para se procurar a marca das ondas gravitacionais é no Fundo Cósmico de Microondas (CMB, na sigla em inglês), radiação remanescente de apenas 380 mil anos após o Big Bang e cujas flutuações de temperatura mapeiam regiões de maior e menor densidade do Universo jovem, fornecendo pistas importantes sobre sua formação e suas estruturas componentes. A mensuração dessas flutuações, iniciada pela Nasa por meio da Sonda Anisotrópica de Microondas Wilkinson (WMPA, na sigla em inglês), foi aprimorada em 2009 com o lançamento do satélite Planck pela Agência Espacial Europeia.
Os mapas do CMB feitos pelo WMPA deram impulso à teoria da inflação cósmica, confirmando amplamente as predições do modelo inflacionário sobre a aparência do Universo inicial, e medições mais precisas poderão trazer novas confirmações. "Os mesmos eventos que acreditamos terem formado os hot spots do fundo cósmico de microondas podem ter produzido ondas gravitacionais, cuja magnitude podemos estimar. A próxima geração de satélites talvez nos permita ao menos observar seus efeitos", diz Krauss.
Richard Easther, cosmólogo da Yale University, observa que as medições do CMB já estão fornecendo pistas, embora não completas, sobre a alvorada do Universo. "Na verdade, alguns cenários inflacionários já foram descartados porque produziriam mais ondas gravitacionais do que as mensurações atuais permitem, principalmente as da missão WMAP", diz. O Planck e outros experimentos agora estão trabalhando para superar limites ainda mais estritos. "Se a natureza nos ajudar, poderemos ter a primeira evidência das ondas gravitacionais inflacionárias já nos próximos anos", diz Easther. Mas se o Planck e seus contemporâneos não obtiverem essas provas, uma missão mais especializada de mensuração da polarização poderá ser necessária.
Fonte: Scientific American Brasil

Sol dispara jato de plasma para a Terra

Depois de um longo período de calmaria, o Sol está acordando, fato identificado no dia primeiro deste mês pelos astrônomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (CfA). A superfície da estrela entrou em erupção e lançou toneladas de plasma no espaço interplanetário, que está vindo em nossa direção.
imagem do Sol em raios X
© NASA (imagem do Sol em raios X feita pela sonda SDO)
"Esta erupção está apontada diretamente para nós, e espera-se que chegue no dia 4 de agosto", disse, o astrônomo  Leon Golub. "É a primeira grande erupção voltada para a Terra em um bom tempo".
A erupção, chamada ejeção de massa coronal, foi registrada pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO) da Nasa, lançado ao espaço em fevereiro deste ano e que produz imagens de alta definição do Sol em várias frequências.
Quando uma ejeção de massa coronal atinge a Terra, ela interage com o campo magnético e pode criar uma tempestade geomagnética, onde partículas do Sol fluem pelas linhas de força do campo magnético na direção dos polos terrestres e colidem com os átomos da atmosfera. Esses fenômenos, conhecidos como auroras, normalmente só são visíveis em altas latitudes, em locais afastados do equador.
O Sol passa por um ciclo de atividade de cerca de 11 anos. A última máxima de atividade solar ocorreu em 2001, e a mínima mais recente foi particularmente prolongada. A erupção pode ser um sinal de que o Sol finalmente retomou sua ativadade.
Fonte: NASA

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

IceCube detecta padrão inexplicável de raios cósmicos

O Observatório de Neutrinos IceCube, localizado nas profundezas de gelo do Pólo Sul, embora ainda esteja em fase de construção, já está produzindo resultados científicos.
O mais impressionante é que, ao contrário dos achados iniciais do LHC, que validaram as teorias fundamentais da Física, o IceCube descobriu um fenômeno para o qual o inusitado telescópio sequer foi projetado para estudar.
O "mapa do céu" parcial gerado por seus dados mostra a intensidade relativa dos raios cósmicos que atingem diretamente o Hemisfério Sul da Terra.
mapa gerado pelo IceCube
© IceCube (dados obtidos da intensidade relativa de raios cósmicos)
Ao contrário do previsto, o mapa mostra um padrão incomum de raios cósmicos, com uma abundância (cores mais quentes) detectada em uma parte do céu e uma escassez (cores mais frias) em outro.
O IceCube é um telescópio que capta partículas subatômicas chamadas neutrinos, especialmente neutrinos de alta energia que atravessam a Terra, fornecendo informações sobre eventos cósmicos distantes como supernovas e buracos negros; os eventos detectados no Pólo Sul acontecem no âmbito do espaço visível do Hemisfério Norte.
laboratório IceCube
© IceCube Lab (localização na Antártida)
Entretanto, um dos desafios de detectar essas partículas relativamente raras é que o telescópio é constantemente bombardeado por outras partículas, incluindo muitas geradas pela interação dos raios cósmicos com a atmosfera da Terra sobre a metade sul do céu.
Para a maioria dos físicos da equipe do IceCube estas partículas são simplesmente ruído de fundo. Mas pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, identificaram uma oportunidade de pesquisa nesses dados de raios cósmicos.
"O IceCube não foi construído para observar raios cósmicos. Raios cósmicos são considerados ruído de fundo. No entanto, temos bilhões de eventos de fundo nesses raios cósmicos que acabaram se mostrando muito emocionantes," explica Rasha Abbasi, que fez a descoberta juntamente com seus colegas Paolo Desiati e Juan Carlos Díaz-Vélez.
Eles identificaram um padrão incomum na intensidade relativa dos raios cósmicos incidentes sobre o hemisfério Sul da Terra, com um excesso de raios cósmicos detectados em uma parte do céu e um défice em outro.
Segundo a cientista, essa "anisotropia" vem confirmar experimentos anteriores feitos no Hemisfério Norte, servindo mesmo para validá-los, mas a fonte dessa desigualdade ainda é um mistério.
"Observar esta anisotropia se estendendo também pelo céu do Hemisfério Sul é mais uma peça do quebra-cabeças em torno deste efeito enigmático, se é devido ao campo magnético ao nosso redor ou é o efeito dos restos de uma supernova nas proximidades, nós não sabemos," disse Abbasi.
Uma das hipóteses para o padrão irregular nos raios cósmicos pode estar nos restos de uma supernova que explodiu há relativamente pouco tempo nas proximidades do Sistema Solar, cuja localização corresponde a uma das concentrações de raios cósmicos registradas no mapa anisotrópico.
A outra é que o padrão de raios cósmicos revela detalhes sobre os campos magnéticos interestelares produzido por gases de partículas eletricamente carregadas em movimento perto da Terra, que são difíceis de estudar e, por isso mesmo, pouco compreendidos.
Em vez de uma gigantesca lente dirigida para os céus, o telescópio IceCube consiste de longas "cordas", cada uma contendo 60 sensores ópticos, mergulhadas em furos que atingem mais de 1,5 km de profundidade.
estrutura do IceCube
© Abbasi et al. (estrutura telescópio IceCube)
A imagem mostra o telescópio IceCube comparado com a torre Eiffel com 324 metros de altura. No topo central está o laboratório IceCube.
No topo de cada corda contendo os detectores de profundidade estão um par de tanques, chamados IceTop, contendo dois detectores principais.
Quando estiver concluído, em 2011, o IceCube terá 86 dessas "linhas de sensores", ocupando um quilômetro cúbico de gelo da Antártida, somando mais de 5 mil sensores digitais ópticos.
Por incrível que pareça, mesmo estando nas profundezas do Pólo Sul, são necessárias sete semanas para que a água dos tanques congele perfeitamente, sem bolhas e nem trincas, que poderiam obstruir os minúsculos flashes gerados quando as partículas atravessam o gelo.
Os neutrinos estão entre os constituintes da matéria mais fundamentais. Como não têm carga e interagem muito pouco com a matéria, essas partículas podem viajar distâncias astronômicas sem se chocarem com nada, um neutrino tem tão pouca massa que ele pode atravessar um cubo de chumbo com um ano-luz de aresta, sem se chocar com nenhum átomo de chumbo.
O estudo recém-publicado foi baseado em dados obtidos quando o IceCube tinha apenas 22 linhas de detectores ópticos. Os cientistas agora estão analisando dados obtidos por 59 e por 79 linhas, que deverão aumentar enormemente a resolução do mapa do céu, dando mais detalhes da inexplicável anisotropia dos raios cósmicos.
Fonte: The Astrophysical Journal Letters

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Luas perturbam os anéis de Saturno

Os anéis de Saturno não são discos impassíveis de partículas: o material que os compõe é constantemente puxado e empurrado, o que causa deformações que se propagam pelo sistema.
anéis de Saturno
© NASA/Cassini (anéis de Saturno e as luas Dafne e Pã)
À esquerda na da imagem, a lua Dafne, com 8 km de diâmetro, afeta o material ao orbitar a Falha de Keeler, no Anel A. A lua tem uma órbita inclinada, e seu puxão gravitacional perturba as partículas na borda do anel, esculpindo a borda em ondas. O material na borda externa move-se mais devagar que a lua, então as ondas ficam no rastro de Dafne. À direita, o material na borda da falha de Encke apresenta ondas provocadas pela lua Pã, que possui 28 km de diâmetro.
A imagem, divulgada agora pela NASA, foi feita em luz visível em 3 de junho pela sonda Cassini, que se encontrava a uma distância de 531.000 km de Saturno. A escala é de 3 quilômetros por pixel.
Fonte: NASA

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Encontrada anã marrom em órbita de estrela semelhante ao Sol

Uma equipe internacional de astrônomos, usando Telescópio Gemini Sul, baseado no Chile, encontrou uma estrela anã marrom em uma órbita estreita ao redor de uma estrela semelhante ao Sol. Anãs marrons são astros maiores que planetas mas ainda incapazes de iniciar a fusão nuclear necessária para se tornarem estrelas normais.
 anã marron comparada com outros astros
© Observatório Gemini (anã marron comparada com outros astros)
O que torna a descoberta especial, de acordo com seus autores, é a proximidade entre a anão marrom, com 36 vezes a massa de Júpiter, chamada PZ Tel B, e sua estrela primária, PZ Tel A. Elas são separadas por apenas 18 Unidades Astronômicas (UA), aproximadamente a mesma distância entre Urano e o Sol.
sistema PZ Tel
© Observatório Gemini (PZ Tel A e PZ Tel B)
A maioria das anãs marrons jovens e planetas encontrados por observação direta estão separados da estrela principal de seus sistemas por distâncias maiores que 50 UA, superior à que existe entre o Sol e Plutão.
A estrela principal, PZ Tel A, é uma versão mais jovem do Sol, de massa semelhante mas com apenas 12 milhões de anos; o Sol tem quase 5 bilhões de anos. Isso faz do sistema PZ Tel um laboratório importante para estudar os estágios iniciais da formação de sistemas solares.
Fonte: Astrophysical Journal Letters

Descobertos pares de planetas gigantes ligados entre si

Centenas de planetas extrassolares já foram descobertos nos últimos 15 anos, a maioria deles mundos solitários orbitando suas estrelas em aparente isolamento. Novas observações, no entanto, mostraram que um terço dos sistemas contém dois ou mais planetas, mas distantes entre si. Agora, pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) descobriram dois sitemas com pares de planetas gigantes presos num abraço orbital.
exoplanetas gasosos em órbita de um estrela
© Cheongho Han/IACE da Coreia (exoplanetas em órbita da estrela)
Em um dos sistemas, o par planetário gira em torno da estrela moribunda HD 200964, localizada a cerca de 223 anos-luz da Terra, a dança gravitacional dos planetas é mais apertada que em qualquer outro par já visto.
Um sistema planetário com gigantes tão próximos seria destruído rapidamente se os planetas não estivessem fazendo uma oscilação sincronizada. “É um enigma como os planetas acharam o ritmo”, acrescenta Eric Ford, da Universidade da Flórida.
Todos os quatro exoplanetas recém-descobertos são gigantes gasosos com mais massa que Júpiter, e como a maioria dos planetas já descobertos fora do Sistema Solar, foram encontrados medindo-se o deslocamento que causam na estrela central de seus sistemas.
A distância entre os planetas orbitando HD 200964 pode chegar a 0,35 UA (Unidade Astronômica), comparável à distância que separa a Terra de Marte.
Os planetas em órbita da segunda estrela estudada, 24 Sextanis, a 244 anos-luz da Terra, estão a 0,75 UA, ou cerca de 100 milhões de quilômetros. Em comparação, Júpiter e Saturno nunca estão a menos de  500 milhões de quilômetros um do outro.
Por causa de suas grandes massas e pequena distância, cada um dos planetas exerce uma profunda influência gravitacional em seu parceiro. A atração entre os planetas de HD 200964, por exemplo, é 700 vezes maior que o que existe entre a Terra e a Lua.
Os pares se mantém estáveis porque suas órbitas se encontram em ressonância. Quando planetas entram em ressonância, seus períodos orbitais se relacionam em uma razão de pequenos números inteiros. Numa ressonância 2:1, por exemplo, o planeta mais externo do par completa uma volta em torno da estrela no mesmo tempo em que o interior completa duas.
Os planetas de 24 Sextanis estão presos numa ressonância 2:1, que é o padrão mais comum e estável. Já os de HD 200964 estão num padrão 4:3.
Fonte: Astromical Journal