Ao combinar dados dos levantamentos do legado DESI (Dark Energy Spectroscopic Instrument) e do telescópio Gemini South, os astrônomos descobriram três galáxias anãs ultrafracas que residem numa região do espaço isolada da influência ambiental de objetos maiores.
© NOIRLab (três galáxias anãs ultrafracas na constelação do Escultor)
As galáxias, localizadas na direção da galáxia espiral NGC 300 e da constelação do Escultor, contêm apenas estrelas muito antigas, apoiando a teoria de que eventos no início do Universo interromperam a formação estelar nas galáxias menores.
As galáxias anãs ultrafracas são o tipo de galáxia mais tênue do Universo. Contendo tipicamente apenas algumas centenas a milhares de estrelas; em comparação com as centenas de bilhões que constituem a Via Láctea, estas pequenas estruturas difusas escondem-se normalmente de forma discreta entre as muitas residentes mais brilhantes do céu. Por esta razão, são encontradas nas proximidades da Via Láctea. Mas isto representa um problema para a sua compreensão; as forças gravitacionais da Via Láctea e a coroa quente podem remover o gás das galáxias anãs e interferir com a sua evolução natural. Além disso, mais além da Via Láctea, as galáxias anãs ultrafracas tornam-se demasiado difusas para serem detectadas.
As galáxias Escultor estão entre as primeiras galáxias anãs ultrafracas encontradas num ambiente pristino e isolado, livre da influência da Via Láctea ou de outras grandes estruturas. O gás é a matéria-prima crucial necessária para o nascimento de uma nova estrela. Mas as galáxias anãs ultrafracas têm muito pouca gravidade para manter este ingrediente tão importante, que se perde facilmente quando são fustigadas pelo Universo dinâmico de que fazem parte. Mas as galáxias Escultor estão longe de quaisquer galáxias maiores, o que significa que o seu gás não pode ter sido removido por vizinhas gigantes.
Uma explicação alternativa é a Época da Reionização, um período não muito posterior ao Big Bang em que fótons ultravioleta altamente energéticos encheram o cosmos, potencialmente fazendo ferver o gás nas galáxias menores. Outra possibilidade é que algumas das primeiras estrelas das galáxias anãs tenham sofrido energéticas explosões de supernova, expelindo material até 35 milhões de quilômetros por hora e empurrando o gás para fora das suas próprias hospedeiras a partir do interior.
Para ampliar a procura de mais galáxias anãs ultrafracas, os astrônomos estão usando as galáxias Escultor para treinar um sistema de inteligência artificial através de redes neurais. A esperança é que esta ferramenta seja capaz de automatizar e acelerar as descobertas, fornecendo um conjunto de dados muito mais vasto propiciando conclusões mais sólidas.
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: Gemini Observatory
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