quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Rajadas de rádio parecem ser oriundas de estrelas de nêutrons

Há alguns anos, os astrônomos descobriram que o Universo está continuamente sendo trespassado por flashes curtos mas muito brilhantes de ondas rádio.

© ASTRON (rajadas rápidas de rádio oriundas de estrelas de nêutrons)

Observações altamente detalhadas de duas dúzias de rajadas rápidas de rádio descobertas pelo Westerbork Synthesis Radio Telescope mostraram que os flashes foram provavelmente emitidos por estrelas de nêutrons jovens, magnetizadas e altamente energéticas, como visto na ilustração.

Estas rajadas rápidas de rádio FRBs (Fast Radio Bursts) duram apenas cerca de 1 milissegundo, mas neste curto espaço de tempo produzem mais energia do que o Sol produz num mês.

Os astrônomos estão muito interessados em saber como é que a natureza consegue produzir quantidades tão grandes de energia. Até agora, os detentores do recorde de produção de energia eram as estrelas de nêutrons, os remanescentes de estrelas que explodiram no nosso grupo local de estrelas que é a Via Láctea.

A gravidade, a densidade e a radiação em torno destas estrelas de nêutrons já constituem alguns dos ambientes mais extremos conhecidos, e podem ser observadas a distâncias de cerca de 100.000 anos-luz. As recém-descobertas rajadas rápidas de rádio, no entanto, brilham um bilhão de vezes mais do que as estrelas de nêutrons. É um brilho tão intenso que chegam à Terra vindas do Universo distante, muito para além da Via Láctea, depois de viajarem até um bilhão de anos-luz.

Após mais de dois anos de observação, Westerbork Synthesis Radio Telescope descobriu 24 novas FRBs. A sua autora principal do estudo, Inés Pastor-Marazuela do ASTRON (Netherlands Institute for Radio Astronomy) e da Universidade de Amesterdã, explica: "Conseguimos estudar estes surtos com um nível de detalhe incrível. Descobrimos que a sua forma é muito semelhante à que vemos em estrelas de nêutrons jovens".

As outras características das misteriosas rajadas apontam na mesma direção. A forma como os flashes de rádio foram produzidos, e depois modificados à medida que viajavam pelo espaço durante bilhões de anos, também está de acordo com uma origem em estrelas de nêutrons, tornando a conclusão ainda mais convincente.

Os astrônomos puderam analisar tão profundamente os sinais porque o WSRT foi atualizado com um supercomputador experimental, chamado ARTS (Apertif Radio Transient System), especificamente para estudar FRBs. O supercomputador procura erupções muito curtas, muito brilhantes e vindas de muito longe. Quando o supercomputador encontra estas explosões, foca-se autonomamente nestes dados e informa os astrônomos.

A equipe está entusiasmada por ter conseguido resolver o enigma da natureza das FRBs, ligando-as agora a estrelas de nêutrons jovens.

Um artigo foi publicado no periódico Astronomy & Astrophysics

Fonte: ASTRON

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