O NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA, um telescópio que opera na frequência dos raios X, registrou o brilho intenso de dois buracos negros numa galáxia espiral.
© NASA/JPL-Caltech/DSS (galáxia espiral IC 342)
As novas imagens realizadas esta semana juntamente com uma visão da remanescente de supernova Cassiopeia A foram efetuadas pelo NuSTAR no encontro da American Astronomical Society em Long Beach, Califórnia.
“Essas novas imagens mostram porque o NuSTAR está nos dando uma visão sem precedentes do cosmos”, disse Lou Kaluzienski, cientista do programa NuSTAR na sede da NASA em Washington. “Com a grande sensibilidade do NuSTAR e a sua grande capacidade de imageamento, nós estamos recebendo uma grande quantidade de novas informações sobre uma grande variedade de fenômenos cósmicos na porção de alta energia do espectro eletromagnético”.
Lançado no mês de junho passado, o NuSTAR é o primeiro telescópio em órbita com a capacidade de concentrar a luz de raios X de alta energia. Pode-se ver objetos com detalhes consideravelmente maiores do que as missões anteriores que operaram no mesmo comprimento de onda.
A missão está analisando uma série de objetos extremos de alta energia, incluindo buracos negros próximos e distantes, e os núcleos incrivelmente densos de estrelas mortas. Além disso, o NuSTAR começou a pesquisar buracos negros na região interna da Via Láctea em galáxias distantes do Universo.
Entre os alvos do telescópio está a galáxia espiral IC342, também conhecida como Caldwell 5. Essa galáxia localiza-se a 7 milhões de anos-luz de distância na constelação de Camelopardalis (a Girafa). Observações anteriores de raios X da galáxia, feitas com o observatório Chandra da NASA revelaram a presença de dois buracos negros cegos, chamados de fontes de raios X ultraluminosas (do inglês, ULXs).
Como as ULXs podem brilhar de forma tão intensa ainda é um mistério para a astronomia. Embora esses buracos negros não sejam tão poderosos como os buracos negros supermassivos localizados nos corações das galáxias, eles são mais de 10 vezes mais brilhantes do que buracos negros de massas estelares salpicados entre as estrelas em nossa própria galáxia. Os astrônomos acreditam que as ULXs poderiam ser buracos negros intermediários mais comuns, sendo poucas milhares de vezes mais massivos que o Sol, ou buracos negros de massa estelar menor em um estado extraordinariamente brilhante. Uma terceira possibilidade é que esses buracos negros não se encaixem em nenhuma dessas categorias.
“Os raios-X de alta energia guardam a chave para desvendar o mistério que envolve esses objetos”, disse Fiona Harrison, principal pesquisador do NuSTAR no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena. “Se eles são buracos negros massivos, ou se existe uma nova física na maneira como eles se alimentam, a resposta será de qualquer maneira fascinante”.
Na imagem, os dois pontos brilhantes, que aparecem entrelaçados nos braços da IC 342 são os buracos negros. A luz raio X de alta energia, foi traduzida em cores magenta, enquanto que a galáxia propriamente dita é mostrada na luz visível.
“Antes do NuSTAR, as imagens de raio X de alta energia dessa galáxia e os dois buracos negros eram tão confusos que eles pareciam como um pixel”, disse Harrison.
A segunda imagem mostra a bem conhecida, e histórica remanescente de supernova Cassiopeia A, localizada a aproximadamente 11.000 anos-luz de distância na constelação da Cassiopeia. A cor azul indica a luz raio X de mais alta energia vista pelo NuSTAR, enquanto que a luz verde e vermelha significa a extremidade inferior do intervalo de energia registrado pelo NuSTAR. A região em azul é onde a onda de choque da explosão da supernova está se chocando com o material ao seu redor, acelerando as partículas a uma velocidade próxima a da luz. Enquanto as partículas aceleram elas emitem um tipo de luz conhecida como radiação síncroton. O NuSTAR é capaz de determinar, pela primeira vez, quão energéticas essas partículas são, e resolver o mistério do que faz com que elas atinjam essas velocidades.
A Cassiopeia A é um remanescente de supernova que possibilita o estudo de como as estrelas massivas explodem e também fornece pistas da origem das partículas de alta energia, ou dos raios cósmicos, que são observados aqui na Terra. Com o NuSTAR, é possível estudar onde e como as partículas são aceleradas a essas energias ultra-relativísticas na parte remanescente deixada para trás depois de uma explosão de supernova.
Fonte: NASA