Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) os astrônomos estão fazendo medições de alta precisão da localização de Plutão e da sua órbita em torno do Sol, no intuito de ajudarem a sonda New Horizons da NASA a atingir o seu alvo, quando esta se aproximar de Plutão e das suas cinco luas conhecidas, em julho de 2015.
© ESO (observações ALMA de Plutão e Caronte)
Apesar de se observar Plutão desde há décadas com telescópios situados tanto na Terra como no espaço, os astrônomos ainda estão trabalhando na sua exata órbita em torno do Sol. Esta incerteza que permanece deve-se ao fato de Plutão se encontrar a grande distância do Sol (aproximadamente 40 vezes mais afastado do que a Terra) e à sua órbita estar sendo estudada há apenas tempo suficiente para se ter observado pouco mais de um terço da órbita total. O planeta anão foi descoberto em 1930 e demora 248 anos para completar uma órbita em torno do Sol.
“Com estes dados observacionais limitados, o nosso conhecimento da posição de Plutão pode estar incorreto em vários milhares de quilômetros, o que compromete a nossa capacidade de calcular manobras de posicionamento eficientes para a sonda New Horizons,” disse Hal Weaver, cientista de projeto da New Horizons e membro da equipe de pesquisa do John Hopkins University Applied Physics Laboratory em Laurel, Maryland (EUA).
A equipe da New Horizons utilizou os dados de posicionamento do ALMA, juntamente com medições em luz visível analisadas de novo, que vão quase até o momento da descoberta de Plutão, para determinar a melhor maneira de fazer a primeira correção de trajetória da sonda, planejada para julho.
Para se prepararem para este importante marco, os astrônomos têm que localizar de modo preciso a posição de Plutão, usando os mais distantes e estáveis pontos de referência possíveis. Encontrar um tal ponto de referência para calcular de maneira precisa trajetórias de objetos tão pequenos a distâncias tão grandes torna-se uma tarefa assaz complicada. Normalmente, os telescópios ópticos utilizam estrelas distantes, já que estes objetos mudam muito pouco de posição ao longo de muitos anos. No entanto, para a New Horizons foi necessário fazer medições ainda mais precisas de modo a garantir-se que o seu encontro com Plutão seja tão certeiro quanto possível.
Os objetos mais distantes e aparentemente mais estáveis no Universo são os quasares, galáxias muito remotas com núcleos muito brilhantes. No entanto, os quasares são muito tênues quando observados por telescópios ópticos, o que torna difícil a execução de medições precisas. Mas, devido aos buracos negros supermassivos que se encontram no seus centros e à emissão da poeira, estes objetos brilham nos comprimentos de onda do rádio, particularmente nos comprimentos de onda do milímetro que o ALMA observa.
“A astrometria ALMA utilizou um quasar brilhante chamado J1911-2006 com a intenção de diminuir para metade a incerteza da posição de Plutão,” disse Ed Formalont, astrônomo no National Radio Astronomy Observatory em Charlottesville, Virginia (EUA), trabalhando atualmente no local de apoio às operações do ALMA, no Chile.
O ALMA estudou Plutão e Caronte através da emissão rádio das suas superfícies frias, as quais se encontram a cerca de -230 graus Celsius.
A equipe observou inicialmente estes dois mundos gelados em novembro de 2013 e depois mais três vezes em 2014, uma vez em abril e duas vezes em julho. Estão previstas observações adicionais para outubro de 2014.
“Estamos muito entusiasmados com as capacidades de vanguarda que o ALMA nos proporciona e que nos ajudam a melhorar a nossa exploração histórica do sistema de Plutão,” disse o pesquisador principal da missão Alan Stern, do Southwest Research Institute, em Boulder, Colorado (EUA).
Fonte: ESO