terça-feira, 1 de agosto de 2023

Fusões de galáxias elucidam o modelo de evolução galáctica

Um astrônomo australiano resolveu um mistério centenário sobre a forma como as galáxias evoluem de um tipo para outro.

© Gemini (NGC 4567 e NGC 4568)

O mesmo estudo mostra que a Via Láctea nem sempre foi uma espiral. O trabalho do professor Alister Graham, da Universidade de Swinburne, utiliza observações e conhecimentos novos e antigos para revelar como ocorre a especiação das galáxias. 

Nas décadas de 1920 e 1930, o astrônomo Edwin Hubble e outros estabeleceram uma sequência de variações na anatomia das galáxias, agora conhecida como classificação de Hubble ou diagrama de Hubble. Esta sequência carece de trajetórias evolutivas, mas continua sendo amplamente utilizada para classificar as galáxias com base no seu aspecto visual. 

As galáxias podem conter bilhões de estrelas que seguem ordenadamente órbitas circulares num disco apinhado num aglomerado esférico ou em forma de elipse. Estes discos podem conter padrões espirais, sendo que estas galáxias espirais definem um dos extremos da classificação de Hubble, há muito conhecida. Nesta sequência, as galáxias em forma de lentilha, conhecidas como galáxias lenticulares, com uma estrutura esférica central num disco sem espiral, foram consideradas a população de transição entre as galáxias espirais dominadas pelo disco, como Via Láctea, e as galáxias de forma elíptica, como M87. 

No novo estudo, o professor Graham analisou imagens ópticas do telescópio espacial Hubble e imagens infravermelhas do telescópio espacial Spitzer de 100 galáxias próximas. Comparando a sua massa estelar e a massa do buraco negro central, descobriu dois tipos de galáxias lenticulares: velhas e pobres em poeira, e ricas em poeira. 

As galáxias lenticulares ricas em poeira são construídas a partir de fusões de galáxias espirais. As galáxias espirais podem ter um pequeno esferoide central e um disco contendo braços espirais de estrelas, gás e poeira que se estendem para fora do centro. As galáxias lenticulares poeirentas têm esferoides e buracos negros notavelmente mais proeminentes do que as galáxias espirais e do que as galáxias lenticulares pobres em poeira. Numa reviravolta dos acontecimentos, este estudo mostrou que as galáxias espirais residem a meio caminho entre os dois tipos de galáxias em forma de lentilha. 

Se as galáxias lenticulares, pobres em poeira, acretam gás e material, isto pode perturbar gravitacionalmente o seu disco, induzindo um padrão espiral e alimentando a formação de estrelas, alterando a sua estrutura e forma. A Via Láctea tem várias galáxias satélites menores, como a anã de Sagitário e a anã de Cão Maior, e a sua estrutura revela uma rica história de aquisições. É provável que a Via Láctea tenha sido, em tempos, uma galáxia lenticular pobre em poeira que acretou material, incluindo a satélite Gaia Salsicha-Encélado, e que, com o tempo, evoluiu para a galáxia espiral em que vivemos atualmente. 

Imagens profundas obtidas por inúmeros telescópios terrestres nos últimos anos mostraram que esta é uma caraterística comum às galáxias espirais. Algumas aquisições serão mais dramáticas. Um acoplamento deste tipo está previsto para daqui a 4 a 6 bilhões de anos, quando a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda colidirem. A sua colisão destruirá os atuais padrões espirais em ambas as galáxias, dando origem a uma galáxia fundida com um esferoide mais dominante, lançará muitas nuvens de poeira e será acompanhada por um aumento da massa do buraco negro central. Isto levará ao nascimento de uma galáxia lenticular rica em poeira. 

A fusão subsequente de duas galáxias lenticulares poeirentas parece ser suficiente para apagar completamente os seus discos e para criar uma galáxia elíptica, incapaz de reter nuvens de gás frio com poeira. De certa forma, as galáxias lenticulares, pobres em poeira, aparecem como um registo fóssil das galáxias primordiais do Universo. Estas galáxias dominadas por discos são muito antigas e comuns. 

A fusão de duas delas, no Universo jovem, pode explicar a recente observação pelo telescópio espacial James Webb de uma galáxia massiva dominada por um esferoide quando o Universo tinha 700 milhões de anos. Além disso, a nova pesquisa revelou também que a fusão de duas galáxias elípticas é suficiente para explicar as galáxias mais massivas do Universo atual, observadas nos centros de aglomerados de galáxias com 1.000 membros. 

Um artigo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 

Fonte: Royal Astronomical Society

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Uma estrela com "duas faces"

Pela primeira vez, os astrônomos descobriram que pelo menos um membro das anãs brancas tem duas faces.

© Caltech / K. Miller (ilustração da anã branca Jano)

Um dos lados de uma anã branca é composto por hidrogênio, enquanto o outro é composto por hélio. A superfície da anã branca muda completamente de um lado para o outro. 

As anãs brancas são os remanescentes escaldantes de estrelas que já foram como o nosso Sol. À medida que as estrelas envelhecem, transformam-se em gigantes vermelhas; eventualmente, o seu material exterior é expelido e os seus núcleos contraem-se em anãs brancas densas e escaldantes. O nosso Sol evoluirá para uma anã branca dentro de cerca de 5 bilhões de anos. 

A recém-descoberta anã branca, apelidada de Jano em homenagem ao deus romano, com duas caras, das mudanças e transições (o nome científico da anã branca é ZTF J203349.8+322901.1), foi inicialmente descoberta pelo ZTF (Zwicky Transient Facility), um instrumento que varre o céu todas as noites a partir do Observatório Palomar do Caltech, perto de San Diego, EUA. 

Os astrônomos estavam procurando anãs brancas altamente magnetizadas, como o objeto conhecido como ZTF J1901+1458. Um dos objetos candidatos destacou-se pelas suas rápidas mudanças de brilho, que foi analisada mais a fundo com o instrumento CHIMERA, também em Palomar, e o HiPERCAM no GTC (Gran Telescopio Canarias), nas Ilhas Canárias, Espanha. 

Estes dados confirmaram que Jano completa uma rotação de 15 em 15 minutos. Observações subsequentes feitas com o Observatório W. M. Keck no topo de Maunakea, no Havaí, revelaram a dramática natureza de dupla face da anã branca. A equipe usou um instrumento chamado espetrômetro para espalhar a luz da anã branca num arco-íris de comprimentos de onda que contém impressões digitais químicas. Os dados revelaram a presença de hidrogênio quando um dos lados do objeto estava à vista (sem sinais de hélio), e apenas hélio quando o outro lado era visível. 

O que é que levaria uma anã branca, flutuando sozinha no espaço, a ter faces tão drasticamente diferentes? A equipe reconhece que está perplexa, mas avançou com algumas teorias possíveis. Uma delas é que podemos estar assistindo a Jano passando por uma fase rara da evolução de uma anã branca. Após a formação das anãs brancas, os elementos mais pesados afundam-se para o núcleo e os elementos mais leves, como o hidrogênio, flutuam para o topo. Mas com o tempo, à medida que as anãs brancas arrefecem, pensa-se que os materiais se misturem. Em alguns casos, o hidrogênio é misturado no interior e diluído de tal forma que o hélio se torna mais predominante. 

A estrela Janus pode estar realizando esta fase de transição, mas uma questão premente é: porque é que a transição está acontecendo de forma tão desarticulada, com um lado evoluindo antes do outro? A resposta pode estar nos campos magnéticos, que à volta dos corpos cósmicos tendem a ser assimétricos, ou seja, mais fortes num dos lados. Os campos magnéticos podem impedir a mistura de materiais. Assim, se o campo magnético for mais forte de um lado, ele terá menos mistura e, portanto, mais hidrogênio. Outra teoria proposta pela equipe para explicar as duas faces também depende dos campos magnéticos. Mas, neste cenário, pensa-se que os campos alterem a pressão e a densidade dos gases atmosféricos. Os campos magnéticos podem levar a pressões de gás mais baixas na atmosfera, o que pode permitir a formação de um "oceano" de hidrogênio onde os campos magnéticos são mais fortes. 

Para ajudar a resolver o mistério, a equipe espera encontrar mais anãs brancas do tipo Jano com o levantamento do céu do ZTF. Futuras explorações, como as que serão efetuadas pelo Observatório Vera C. Rubin, no Chile, deverão facilitar ainda mais a descoberta de anãs brancas variáveis. 

Um artigo foi publicado na revista Nature

Fonte: W. M. Keck Observatory

Retornando às galáxias do Rio

As grandes galáxias crescem englobando as pequenas.

© R. Colombari, M. Zamani & D. de Martin (NGC 1531 & NGC 1532)

Até a nossa própria galáxia se envolve em uma espécie de canibalismo galáctico, absorvendo pequenas galáxias que estão muito próximas e são capturadas pela gravidade da Via Láctea.

Na verdade, a prática é comum no Universo e ilustrada por este impressionante par de galáxias em interação nas margens da constelação austral de Eridanus, o Rio. Localizada a mais de 50 milhões de anos-luz de distância, a grande e distorcida espiral NGC 1532 é vista travada em uma luta gravitacional com a galáxia anã NGC 1531, sendo que a galáxia menor acabará perdendo. 

Visto quase de lado, a galáxia espiral NGC 1532 se estende por cerca de 100.000 anos-luz. As galáxias em fusão são captadas nesta nítida imagem da Dark Energy Camera montada no Telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile.

Acredita-se que o par NGC 1531 e NGC 1532 seja semelhante ao sistema bem estudado de espiral frontal e pequena companheira conhecido como M51.

Fonte: NASA

Nova imagem revela segredos sobre o nascimento de planetas

Uma nova imagem divulgada esta semana pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) dá-nos pistas sobre como é que planetas com a massa de Júpiter se podem formar.

© ESO / ALMA (V960 Mon)

Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO e do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os pesquisadores detectaram enormes aglomerados de poeira próximo de uma estrela jovem, que poderão colapsar e formar planetas gigantes.

O trabalho baseia-se numa imagem obtida pelo instrumento SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) montado no VLT, que mostra com extremo detalhe o material que rodeia a estrela V960 Mon. Esta estrela jovem situa-se a mais de 5.000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Unicórnio e chamou a atenção dos astrônomos em 2014 quando aumentou subitamente o seu brilho em mais de vinte vezes. As observações obtidas pouco depois do início desta “explosão” de brilho, revelaram que a matéria que orbita V960 Mon está coalescendo numa série de braços espirais intrincados que se estendem ao longo de distâncias maiores que todo o nosso Sistema Solar. 

Esta descoberta motivou os astrônomos a analisarem observações existentes em arquivo do mesmo sistema obtidas pelo ALMA. As observações VLT incidem sobre a superfície da matéria poeirenta em torno da estrela, enquanto o ALMA consegue observar a sua estrutura mais profundamente. Com o ALMA, tornou-se aparente que os braços espirais estão se fragmentando, resultando na formação de aglomerados com massas semelhantes às de planetas. 

Os astrônomos acreditam que os planetas gigantes se formam ou por “acreção no núcleo”, quando grãos de poeira se juntam, ou por “instabilidade gravitacional”, quando grandes fragmentos de material em torno de uma estrela se contraem e colapsam. Apesar dos pesquisadores já terem encontrado evidências anteriores para o primeiro destes cenários, as pistas que apoiam o segundo permanecem escassas. Até agora ainda ninguém tinha visto uma observação real de instabilidade gravitacional ocorrendo em escalas planetárias.

Os instrumentos do ESO ajudarão os astrônomos a revelar mais detalhes sobre este sistema planetário em formação e o Extremely Large Telescope (ELT) desempenhará um papel crucial. Atualmente em construção no deserto chileno do Atacama, o ELT será capaz de observar este sistema com um detalhe sem precedentes. O ELT permitirá explorar a complexidade química que circunda estes aglomerados, fornecendo informações sobre a composição do material a partir do qual estão formando potenciais planetas. 

Este trabalho foi descrito num artigo científico publicado na revista da especialidade The Astrophysical Journal Letters

Fonte: ESO

domingo, 23 de julho de 2023

Novas descobertas no blazar Markarian 421

O Universo contém muitos e poderosos buracos negros supermassivos que criam fortes jatos de partículas altamente energéticas, produzindo fontes de brilho extremo na vastidão do espaço.

© NASA (ilustração da estrutura do jato de um buraco negro)

Esta ilustração mostra a estrutura do jato de um buraco negro. O jato é alimentado por um disco de acreção, mostrado na parte inferior da imagem, que orbita e cai no buraco negro ao longo do tempo. O jato é atravessado por campos magnéticos helicoidais, gerando raios X num choque originado no material que espirala em torno dos campos magnéticos helicoidais. A inserção mostra a frente de choque propriamente dita. Os raios X são gerados na região branca mais próxima da frente de choque, enquanto as emissões ópticas e de rádio devem ter origem em regiões mais turbulentas, mais afastadas do choque. Quando um desses jatos aponta diretamente para a Terra, o sistema que contém o buraco negro é caracterizado como blazar. 

Para compreender por que razão as partículas do jato se movem com grandes velocidades e energias, os cientistas voltam-se para o IXPE (Imaging X-ray Polarimetry Explorer) da NASA, que foi lançado em dezembro de 2021. O IXPE mede uma propriedade especial da luz de raios X chamada polarização, que tem a ver com a organização das ondas eletromagnéticas nas frequências de raios X. 

Esta semana, uma equipe internacional de astrofísicos divulgou novas descobertas do IXPE sobre um blazar chamado Markarian 421. Este blazar, localizado na direção da constelação da Ursa Maior, a cerca de 400 milhões de anos-luz da Terra, surpreendeu os cientistas com evidências de que, na parte do jato onde as partículas estão sendo aceleradas, o campo magnético tem uma estrutura helicoidal.

Jatos como o que irradia de Markarian 421 podem estender-se por milhões de anos-luz. São especialmente brilhantes porque, à medida que as partículas se aproximam da velocidade da luz, liberam uma enorme quantidade de energia e comportam-se de formas estranhas, conforme Einstein previu. Os jatos dos blazares são extra brilhantes porque, tal como a sirene de uma ambulância soa mais alto à medida que se aproxima, a luz apontada na nossa direção também parece mais brilhante. É por isso que os blazares podem ofuscar todas as estrelas das galáxias que habitam. 

Apesar de décadas de estudo, os cientistas ainda não compreendem totalmente os processos físicos que determinam a dinâmica e a emissão dos jatos dos blazares. Mas a inovadora polarimetria de raios X do IXPE, que mede a direção média do campo elétrico das ondas de luz, fornece uma visão sem precedentes destes alvos, da sua geometria física e da origem das suas emissões. 

Os modelos de prospecção para o fluxo típico dos poderosos jatos apresentam normalmente uma estrutura helicoidal em espiral, semelhante à forma como o DNA humano está organizado. Mas os cientistas não esperavam que a estrutura em hélice contivesse regiões de partículas sendo aceleradas por choques. 

O IXPE encontrou uma surpreendente variabilidade no ângulo de polarização durante três observações prolongadas de Markarian 421 em maio e junho de 2022. Mais estranho ainda é que as medições simultâneas no visível, no infravermelho e no rádio não mostraram qualquer alteração na estabilidade ou na estrutura, mesmo quando as emissões de raios X polarizados se desviaram. Isto significa que uma onda de choque pode estar se propagando ao longo de campos magnéticos em espiral no interior do jato. 

O conceito de uma onda de choque que acelera as partículas do jato é consistente com as teorias acerca de Markarian 501, um segundo blazar observado pelo IXPE que levou a um estudo publicado no final de 2022. Mas o blazar Markarian 421 mostra evidências mais claras de um campo magnético helicoidal contribuindo para o choque. 

Um artigo foi publicado na revista Nature Astronomy

Fonte: NASA

sábado, 22 de julho de 2023

Um exoplaneta terá um “irmão” que compartilha a mesma órbita?

Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os astrônomos descobriram o possível "irmão" de um planeta que orbita uma estrela distante.

© ESO / ALMA (PDS 70)

A equipe detectou uma nuvem de detritos que pode estar compartilhando a órbita deste planeta e que se acredita ser formada pelos blocos constituintes de um novo planeta ou os restos de um planeta já formado. A ser confirmada, esta descoberta corresponderá à evidência mais concreta encontrada até à data de que dois exoplanetas podem partilhar uma mesma órbita. 

Há duas décadas, a teoria previa que pares de planetas de massa semelhante poderiam partilhar a mesma órbita em torno da sua estrela, os chamados planetas troianos ou co-orbitais. Os troianos, corpos rochosos na mesma órbita de um planeta, são comuns no nosso próprio Sistema Solar, sendo o exemplo mais famoso os asteroides troianos de Júpiter, com mais de 12.000 corpos rochosos que se encontram na mesma órbita em torno do Sol que o gigante gasoso. 

Os astrônomos previram que os troianos, em particular os planetas troianos, poderiam também existir em torno de outras estrelas que não o nosso Sol, mas as provas da sua existência têm sido escassas. Os planetas troianos podem, de fato, existir no sistema PDS 70. Esta jovem estrela é conhecida por abrigar dois planetas gigantes, semelhantes a Júpiter, PDS 70b e PDS 70c. Ao analisar observações ALMA deste sistema, retiradas do arquivo científico, a equipe detectou uma nuvem de detritos no local da órbita de PDS 70b onde se espera que existam planetas troianos. 

Os troianos ocupam as chamadas zonas lagrangeanas, duas regiões extensas na órbita de um planeta onde a atração gravitacional combinada da estrela e do planeta pode reter material. Ao estudar estas duas regiões da órbita de PDS 70b, foi detectado um sinal tênue vindo de uma delas, o que poderá indicar que uma nuvem de detritos com uma massa até cerca de duas vezes a da nossa Lua existe neste local. A equipe acredita que esta nuvem de detritos possa indicar a presença de um mundo troiano existente neste sistema ou mesmo a de um planeta em processo de formação.

Este trabalho levanta novas questões sobre a formação dos troianos, como é que estes objetos evoluem e quão frequentes serão em diferentes sistemas planetários. Para confirmar sem margem de dúvida esta detecção, a equipe terá de aguardar até 2027, momento em que utilizará o ALMA para investigar se tanto o PDS 70b como a sua nuvem de detritos "irmã" se deslocam em conjunto de forma significativa ao longo na sua órbita em torno da estrela. 

Um artigo foi publicado no periódico Astronomy & Astrophysics

Fonte: ESO

Cirro galáctico: Mandel Wilson 9

A luz combinada das estrelas ao longo da Via Láctea é refletida por estas nuvens de poeira cósmica que se elevam cerca de 300 anos-luz acima do plano de nossa galáxia.


© Gabriel Rodrigues Santos (Mandel Wilson 9)

Conhecidas por alguns como nebulosas de fluxo integradas e comumente encontradas em altas latitudes galácticas, as nuvens cirros galácticas empoeiradas são tênues. Mas elas podem ser rastreadas em grandes regiões do céu em direção aos polos norte e sul da Galáxia. 

Juntamente com o reflexo da luz das estrelas, estudos indicam que as nuvens de poeira produzem uma fraca luminescência avermelhada à medida que os grãos de poeira interestelar convertem a radiação ultravioleta invisível em luz vermelha visível. 

Esta imagem notavelmente profunda e de campo amplo, que está captando estrelas próximas da Via Láctea e galáxias de fundo distantes, também explora um complexo de cirros galácticos fracos conhecido como Mandel Wilson 9. Ele se estende por mais de três graus nos céus do planeta Terra em direção à constelação do extremo sul Apus.

Fonte: NASA

Identificada a estrela mais fria emitindo ondas rádio

Astrônomos da Universidade de Sydney mostraram que uma pequena e tênue estrela é a mais fria de que há registo produzindo emissões no rádio.

© NASA (ilustração de uma anã marrom)

A anã marrom ultrafria examinada no estudo é uma bola de gás que ferve a cerca de 425 °C, mais fria do que uma típica fogueira, sem queimar combustível nuclear. Em contraste, a temperatura à superfície do Sol, um inferno nuclear, é de cerca de 5.600 °C. Embora não seja a estrela mais fria alguma vez encontrada, é a mais fria até agora analisada com recurso à radioastronomia. 

É muito raro encontrar estrelas anãs marrons ultrafrias como esta produzindo emissões de rádio. Isto deve-se a sua dinâmica não produzir normalmente os campos magnéticos que geram emissões de rádio detectáveis a partir da Terra. A forma como a dinâmica interna das anãs marrons produz por vezes ondas de rádio é uma questão em aberto. Embora os temos uma boa ideia de como as estrelas maiores da "sequência principal", como o Sol, geram campos magnéticos e emissões de rádio, ainda não se sabe completamente porque é que menos de 10% das estrelas anãs marrons produzem tais emissões. 

Pensa-se que a rápida rotação das anãs ultrafrias contribui para gerar os seus fortes campos magnéticos. Quando o campo magnético gira a uma velocidade diferente da atmosfera ionizada da anã, pode criar fluxos de corrente elétrica. Neste caso, pensa-se que as ondas de rádio são produzidas pelo fluxo de elétrons para a região polar magnética da estrela, o que, juntamente com a rotação da estrela anã marrom, está produzindo surtos de rádio que se repetem regularmente. 

As estrelas anãs marrons, assim chamadas por emitirem pouca energia ou luz, não são suficientemente massivas para iniciar a fusão nuclear associada a outras estrelas como o nosso Sol. Estas estrelas são uma espécie de elo perdido entre as estrelas menores que queimam hidrogênio em reações nucleares e os maiores planetas gigantes gasosos, como Júpiter.

A estrela, com o nome apelativo de WISE J062309.94-045624.6, está localizada a cerca de 37 anos-luz da Terra. Foi descoberta em 2011 por astrônomos do Caltech, nos Estados Unidos. O raio da estrela situa-se entre 0,65 e 0,95 vezes o raio de Júpiter. A sua massa não é bem conhecida, mas é pelo menos quatro vezes mais massiva do que Júpiter, mas não mais do que 44 vezes mais massiva. O Sol é 1.000 vezes mais massivo que Júpiter. 

A análise da estrela foi efetuada com novos dados do telescópio ASKAP (Australian Square Kilometre Array Pathfinder) da CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) na Austrália Ocidental e seguida de observações do ATCA (Australia Telescope Compact Array), Nova Gales do Sul, e do telescópio MeerKAT na África do Sul. 

Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: University of Sydney

Um mestre cósmico do disfarce

Consegue ver um camaleão nesta fotografia? Não?

© ESO (IC 2631)

Bom, é porque está camuflado! Esta fotografia é a Nuvem do Camaleão, ou IC 2631. 

No hemisfério sul, esta nuvem é visível no céu durante a maior parte do ano e, nesta imagem captada pelo telescópio VISTA (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy) do ESO, podemos observá-la no infravermelho. 

A IC 2631 é uma nebulosa de reflexão composta por nuvens de poeira que refletem a luz emitida por estrelas próximas. A nebulosa é principalmente iluminada por uma das estrelas mais jovens, massivas e brilhantes da sua vizinhança, a HD 97300, visível no centro à direita na imagem. 

A Nuvem do Camaleão é, na realidade, a nebulosa mais brilhante do Complexo do Camaleão, uma vasta região de nuvens de gás e poeira, muito maior do que o que vemos nesta imagem, que abriga uma quantidade de estrelas recém-nascidas e em formação. Esta nuvem encontra-se repleta de material necessário à formação estelar: gás e poeira. 

Nos comprimentos de onda do visível, esta região apresenta manchas escuras nos locais onde a poeira bloqueia completamente a luz emitida por estrelas de fundo. No entanto, esta imagem foi obtida no infravermelho, comprimento de onda que consegue atravessar quase completamente a poeira, permitindo assim aos astrônomos observar o núcleo da nuvem. 

Fonte: ESO

sábado, 15 de julho de 2023

Supergigante leve revela uma fase evolutiva em falta

A Dra. Varsha Ramachandran do ZAH (Zentrum für Astronomie Heidelberg) da Universidade de Heidelberg e os seus colegas descobriram a primeira estrela "despojada" de massa intermediária, há muito prevista, mas ainda não confirmada.

© Elisa Schösser (ilustração de uma estrela Be e uma despojada)

Esta descoberta marca um elo em falta na nossa imagem da evolução estelar em direção a sistemas com estrelas de nêutrons em fusão, que são cruciais para compreender a origem de elementos pesados, como a prata e o ouro. 

As estrelas despojadas são aquelas que perderam a maior parte das suas camadas exteriores, revelando o seu núcleo quente e denso, rico em hélio, que resulta da fusão nuclear do hidrogênio em hélio. A maioria destas estrelas despojadas formam-se em sistemas binários, nos quais a forte atração gravitacional de uma estrela retira e acreta matéria da sua companheira. 

Há muito tempo que os astrofísicos conhecem a existência de estrelas despojadas de massa baixa, conhecidas como subanãs, bem como as suas primas massivas, conhecidas como estrelas Wolf-Rayet. Mas, até agora, nunca tinham conseguido encontrar nenhuma das chamadas estrelas despojadas de massa intermediária, o que levantava a questão de saber se a nossa imagem teórica básica precisava de uma revisão importante. 

Ao examinarem estrelas quentes e luminosas com instrumentos de espetroscopia de alta resolução do VLT (Very Large Telescope) do ESO, no Chile, os astrônomos detectaram assinaturas suspeitas no espetro de uma estrela quente e massiva que anteriormente tinha sido classificada como um objeto único. Uma análise detalhada do espetro revelou que o objeto não é apenas uma estrela, mas sim um sistema binário, consistindo da estrela despojada de massa intermediária e de uma companheira com rotação rápida, uma chamada estrela Be, que tinha sido acelerada graças à acreção de massa da estrela despojada progenitora. 

O sistema está localizado na Pequena Nuvem de Magalhães (PNM), uma galáxia anã vizinha. As estrelas desta galáxia têm uma menor abundância de metais (elementos mais pesados), do que as estrelas massivas da nossa Via Láctea. As estrelas massivas pobres em metais da PNM funcionam, portanto, como uma janela para o passado da nossa própria Galáxia e para a evolução química do Universo. 

Estas estrelas em vez de terem perdido completamente as suas camadas exteriores, podem reter uma quantidade pequena, mas suficiente de hidrogênio no topo dos seus núcleos de hélio, o que as faz parecer muito maiores e mais frias do que realmente são.

As estrelas parcialmente despojadas parecem muito semelhantes a estrelas quentes normais, não despojadas, escondendo-se assim à vista de todos. Apenas dados de alta resolução combinados com uma análise espectral cuidadosa e modelos computacionais detalhados podem revelar a sua verdadeira natureza. Não é de admirar que tenham escapado à detecção durante tanto tempo. O que mais chamou a atenção nesta estrela foi a sua massa: algumas vezes mais massiva do que o nosso Sol pode parecer muito, mas é extraordinariamente leve para a sua aparência de supergigante azul. 

O sistema recém-descoberto serve de elo crítico na cadeia evolutiva que liga várias diferentes "espécies" de objetos exóticos. Os modelos de evolução estelar preveem que, daqui a cerca de um milhão de anos, a estrela despojada explodirá como uma supernova de invólucro despojado, deixando para trás uma estrela de nêutrons remanescente. Se o binário sobreviver à explosão de supernova, as funções das duas estrelas se inverterão: Neste caso, a estrela Be companheira doará massa à estrela de nêutrons acretora, tornando-se num chamado binário de raios X Be. 

Estes sistemas fascinantes são considerados os progenitores dos eventos de fusão de estrelas de nêutrons duplas, talvez os maiores espetáculos cósmicos observados até agora e a origem de elementos químicos como a prata ou o ouro. Compreender o seu percurso de formação é um dos principais desafios da astrofísica moderna e as observações das fases evolutivas intermediárias são cruciais para o conseguir.

Um artigo foi publicado no periódico Astronomy & Astrophysics Letters

Fonte: University of Heidelberg

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Retratando o complexo de nuvens moleculares Rho Ophiuchi

A apenas 390 anos-luz de distância, estrelas semelhantes ao Sol e futuros sistemas planetários estão se formando no complexo de nuvens moleculares Rho Ophiuchi, a região de formação estelar mais próxima da Terra.

© Webb (nuvens moleculares Rho Ophiuchi)

A NIRCam do telescópio espacial James Webb perscrutou o caos natal próximo para captar esta imagem infravermelha em uma escala inspiradora. 

O espetacular instantâneo cósmico foi lançado para comemorar o primeiro ano de sucesso da exploração do Universo pelo Webb. O quadro se estende por menos de um ano-luz na região de Rho Ophiuchi e contém cerca de 50 estrelas jovens. Estrelas mais brilhantes exibem claramente o padrão característico de picos de difração vistos pelo Webb. 

Enormes jatos de hidrogênio molecular chocado saindo de estrelas recém-nascidas são vermelhos na imagem, com a grande cavidade empoeirada amarelada esculpida pela jovem estrela energética perto de seu centro. Próximo de algumas estrelas na imagem impressionante estão as sombras projetadas por seus discos protoplanetários.

Fonte: NASA

Manchas solares em um Sol ativo

Por que nosso Sol está tão ativo agora?

© NASA / SDO (manchas solares)

Esperava-se um aumento na atividade da superfície porque nosso Sol está se aproximando do máximo solar em 2025. 

No entanto, no mês passado, nosso Sol gerou mais manchas solares do que em qualquer mês durante todo o ciclo solar anterior de 11 anos, e até mesmo datando de 2002. 

A imagem em destaque é uma composição de imagens tiradas todos os dias de janeiro a junho pelo Solar Dynamic Observatory (SDO) da NASA. Mostrando uma grande abundância de manchas solares, grandes manchas individuais podem ser rastreadas ao longo do disco solar, da esquerda para a direita, durante cerca de duas semanas. 

À medida que o ciclo solar continua, as manchas solares geralmente aparecem mais perto do equador. As manchas solares são apenas uma maneira de nosso Sol exibir atividade de superfície, outra são as erupções e ejeções de massa coronal (CMEs) que expelem partículas para o Sistema Solar. 

Estas partículas podem afetar os meios de comunicações e estações elétricas. Por outro lado, a atividade solar na atmosfera da Terra, pode apresentar um aspecto estético quando desencadeiam auroras. 

Fonte: NASA

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Um planeta que desafia a morte

Quando o nosso Sol chegar ao fim da sua vida, se expandirá até 100 vezes o seu tamanho atual, envolvendo a Terra.

© A. Makarenko (ilustração do sistema Baekdu)

Este é possível cenário em que Baedku que era originalmente um sistema binário composto por uma estrela gigante vermelha em órbita de uma estrela anã branca. A proximidade do par estelar permitiu a transferência de material entre as duas estrelas, levando à sua eventual fusão. O planeta Halla está em primeiro plano, orbitando perigosamente perto, mas suficientemente longe para sobreviver ao impacto da colisão explosiva do par estelar.

Muitos planetas em outros sistemas solares enfrentam um destino semelhante à medida que as suas estrelas hospedeiras envelhecem. Mas nem toda a esperança está perdida: astrônomos do IfA (Institute for Astronomy) da Universidade do Havaí fizeram a notável descoberta da sobrevivência de um planeta após o que deveria ter sido a morte certa devido a sua estrela. 

O planeta semelhante a Júpiter, 8 UMi b, oficialmente chamado Halla, orbita a estrela gigante vermelha Baekdu (8 UMi) a apenas metade da distância que separa a Terra do Sol. Utilizando dois observatórios na ilha do Havaí, o Observatório W. M. Keck e o CFHT (Canada-France-Hawaii Telescope), uma equipe de astrônomos descobriu que Halla persiste apesar da evolução normalmente perigosa de Baekdu. 

Utilizando observações das oscilações estelares de Baekdu feitas pelo TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, descobriram que a estrela está queimando hélio no seu núcleo, o que indica que já se tinha expandido enormemente até se tornar uma estrela gigante vermelha. A estrela teria inchado até 1,5 vezes a distância orbital do planeta, engolindo-o no processo, antes de encolher para o seu tamanho atual a apenas um-décimo desta distância.

O planeta Halla foi descoberto em 2015 por astrônomos da Coreia do Sul utilizando o método da velocidade radial, que mede o movimento periódico de uma estrela devido à força gravitacional do planeta que a orbita. Após a descoberta de que a estrela deve ter sido, em tempos, maior do que a órbita do planeta, a equipe do IfA realizou observações adicionais entre 2021 e 2022 usando o HIRES (High Resolution Echelle Spectrometer) do Observatório Keck e o instrumento ESPaDOnS (Echelle SpectroPolarimetric Device for the Observation of Stars) do CFHT. 

Estes novos dados confirmaram que a órbita quase circular de 93 dias do planeta permaneceu estável durante mais de uma década e que o movimento para trás e para a frente deve ser devido a um planeta. A uma distância de 0,46 UA (unidades astronômicas, igual a distância Terra-Sol) da sua estrela, o planeta Halla assemelha-se a planetas  "quentes", parecidos a Júpiter, que se pensa terem começado em órbitas maiores antes de migrarem para o interior, perto das suas estrelas. No entanto, face a uma estrela hospedeira em rápida evolução, tal origem torna-se uma via de sobrevivência extremamente improvável para o planeta Halla. 

Outra teoria para a sobrevivência do planeta é o fato de nunca ter enfrentado o perigo de ser engolido. Tal como o famoso planeta Tatooine da saga "Guerra das Estrelas", que orbita dois sóis, a estrela hospedeira Baekdu pode ter sido originalmente duas estrelas, segundo a equipe. A fusão destas duas estrelas pode ter impedido qualquer uma delas de se expandir o suficiente para engolir o planeta. Uma terceira possibilidade é que Halla seja um relativo recém-nascido, que a colisão violenta entre as duas estrelas tenha produzido uma nuvem de gás a partir da qual o planeta se formou. O planeta Halla pode ser um planeta de "segunda geração" nascido recentemente.

Um artigo foi publicado na revista Nature

Fonte: W. M. Keck Observatory

Telescópio Webb localiza reservatórios de poeira em duas supernovas

Recorrendo ao telescópio espacial James Webb, pesquisadores fizeram grandes progressos na confirmação da origem da poeira nas galáxias primitivas.

© STScI (SN 2004et e SN 2017eaw na galáxia NGC 6496)

As observações de duas supernovas de Tipo II, a Supernova 2004et (SN 2004et) e a Supernova 2017eaw (SN 2017eaw), revelaram grandes quantidades de poeira no material ejetado de cada um destes objetos.

A massa encontrada apoia a teoria de que as supernovas desempenharam um papel fundamental no fornecimento de poeira ao Universo primitivo. A poeira é um bloco de construção para muitas coisas no nosso Universo, os planetas em particular. À medida que a poeira das estrelas moribundas se espalha pelo espaço, transporta elementos essenciais para ajudar a dar origem à próxima geração de estrelas e respectivos planetas. 

A origem desta poeira tem intrigado os astrônomos durante décadas. Uma fonte significativa de poeira cósmica pode ser as supernovas; depois de uma estrela moribunda explodir, o gás remanescente expande-se e arrefece, criando poeira. 

Até agora, as evidências diretas deste fenômeno eram escassas, uma vez que as nossas capacidades só nos permitiram estudar a população de poeira numa supernova relativamente próxima, a Supernova 1987A, a 170.000 anos-luz da Terra.

Quando o gás arrefece o suficiente para formar poeira, esta poeira só é detectável nos comprimentos de onda do infravermelho médio, desde que se tenha sensibilidade suficiente. Para supernovas mais distantes do que SN 1987A, como SN 2004et e SN 2017eaw, ambas na galáxia NGC 6946, a cerca de 22 milhões de anos-luz de distância, esta combinação de cobertura de comprimento de onda e sensibilidade requintada só pode ser obtida com o instrumento MIRI (Mid-Infrared Instrument) do Webb.

As observações do Webb são o primeiro avanço no estudo da produção de poeira a partir de supernovas desde a detecção de poeira recém-formada em SN 1987A com o telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) há quase uma década. Outro resultado particularmente intrigante do seu estudo não é apenas a detecção de poeira, mas a quantidade de poeira vista nesta fase inicial da vida da supernova. 

Na supernova SN 2004et, os pesquisadores encontraram mais de 5.000 massas terrestres de poeira. As observações mostraram que as galáxias jovens e distantes estão cheias de poeira, mas estas galáxias não são suficientemente antigas para que estrelas de massa intermediária, como o Sol, tenham fornecido a poeira à medida que envelhecem. Estrelas mais massivas e de vida curta poderiam ter morrido suficientemente cedo e em número suficiente para criar tanta poeira. 

Embora os astrônomos tenham confirmado que as supernovas produzem poeira, a questão que se coloca é saber qual a quantidade de poeira que consegue sobreviver aos choques internos que reverberam no rescaldo da explosão. Ver esta quantidade de poeira nesta fase da vida de SN 2004et e de SN 2017eaw sugere que a poeira pode sobreviver à onda de choque; evidência de que as supernovas são, afinal, importantes fábricas de poeira. 

Embora o Webb tenha permitido aos pesquisadores medir poeiras mais frias do que nunca, podem haver poeiras ainda mais frias não detectadas e que irradiam ainda mais longe no espetro eletromagnético e que permanecem obscurecidas pelas camadas mais externas de poeira. 

As novas descobertas são apenas um indício das novas capacidades de investigação sobre as supernovas e a sua produção de poeira utilizando o Webb, e o que isso nos pode dizer sobre as estrelas de onde provêm. As supernovas SN 2004et e SN2017eaw são os primeiros de cinco alvos incluídos neste programa.

Um artigo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Space Telescope Science Institute