sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Elementos gerados na supernova Cassiopeia A

Numa observação de 14 horas realizada em Janeiro de 2000 pelo Chandra da parte remanescente de uma supernova conhecida como Cassiopeia A, forneceu dados para elaborar o melhor mapa de elementos pesados ejetados na explosão de uma supernova.
imagens em raios-X da supernova Cassiopeia A
© NASA/GSFC/U.Hwang (supernova Cassiopeia A em raios-X)
No canto superior esquerdo, apresenta-se a imagem de banda larga de raios-X da Cassiopeia A (Cas A), no canto superior direito apresenta-se a imagem feitas por raios-X dos íons de silício, no canto inferior esquerdo está a imagem feita por raios-X dos íons de cálcio e no canto inferior direito está a imagem feita por raios-X dos íons de ferro. Todas as imagens tem 8,5 arcos de minuto de um lado, o que corresponde a 28,2 anos-luz a uma distância de 11.000 anos-luz.
Essas imagens são designadas para mostrar a distribuição de alguns dos elementos ejetados na explosão que produziu a Cas A. Os elementos são parte do gás que tinha uma temperatura de aproximadamente 50 milhões de graus Celsius. As cores representam a intensidade de raios-X, com a cor amarela sendo a emissão mais intensa, do que a vermelha, roxa e verde.
A imagem de banda larga, que mostra todos os raios-X detectados da Cas A, é mais simétrica que as outras. Isso poderia ser devido à presença de raios-X de radiação síncrotron por partículas de energia extremamente alta espiralando no campo magnético da parte remanescente ou por ondas de choque viajando através do material expandido milhares de anos antes da explosão da supernova.
A imagem de silício mostra um jato largo e brilhante quebrando-se do lado superior esquerdo da remanescente e correntes apagadas na direção oposta. Esse jato pode existir devido a assimetria no momento da explosão.
A imagem do cálcio é similar à imagem do silício, mas menos brilhante. A imagem do ferro mostra diferenças significantes das outras imagens. Como o ferro é o elemento mais pesado mostrado, esses mapas indicam que as camadas da estrela foram se transformando antes ou durante a explosão.
Fonte: NASA/Chandra

Asteroide bate recorde de aproximação

Na semana passada, um pequeno asteroide até então desconhecido passou raspando pela Terra. Segundo a NASA, o 2011 CQ1, com cerca de um metro de diâmetro, passou a apenas 5.480 quilômetros da superfície do planeta.
asteroide 2011 CQ1
© Observatório Remanzacco (asteroide 2011 CQ1)
Este é um recorde histórico, constituindo a maior aproximação já registrada. Se tivesse sido detectado antes, a probabilidade de colisão teria sido calculada próxima aos 100%.
O recorde anterior havia sido registrado em 2004, mas o 2004 FU162 passou a mais 6.400 quilômetros da superfície do planeta.
E a aproximação inédita gerou também um outro fato inusitado: ao passar pela Terra, o asteroide fez a curva mais fechada que os astrônomos já haviam registrado para um corpo celeste.
Como era muito pequeno e passou muito perto, a gravidade da Terra exerceu uma influência forte o suficiente para alterar completamente sua órbita, fazendo-o virar à esquerda em 60 graus.
trajetória do asteroide 2011 CQ1
© NEO (trajetória do asteroide 2011 CQ1)
A curva foi tão fechada que foi suficiente para mudar a categoria do asteroide.
"Antes da recente aproximação com a Terra, este objeto estava na chamada órbita de classe Apolo, que fica na maior parte do tempo fora da órbita da Terra," explicaram Don Yeomans e Paul Chodas, do Programa NEO (Near-Earth Object).
"Depois da aproximação, a atração gravitacional da Terra modificou a órbita do objeto para uma órbita classe Atenas, quando o objeto passa a maior parte do tempo dentro da órbita da Terra," explicaram os astrofísicos.
Fonte: NASA/NEO

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Anel de Einstein para estudo de galáxias

Uma pesquisa realizada no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP traz informações mais precisas sobre o valor e a distribuição da massa de 58 galáxias. O estudo foi feito pelo professor Laerte Sodré Júnior e pelo pós-doutorando Antonio Guimarães a partir das análises do fenômeno conhecido como “anel de Einstein” e da dinâmica estelar.
anéis de Einstein
© NASA/ESA (anéis de Einstein)
A imagem acima mostra lentes gravitacionais conhecidas como “anéis de Einstein”, vistas pelo Telescópio Espacial Hubble.
De acordo com Guimarães, as galáxias estudadas se encontram a uma distância média de 2,4 bilhões de anos-luz do Sistema Solar. “A luz das galáxias que estão atrás das outras que tiveram suas massas medidas estão muito mais distantes, algo como 5,7  bilhões de anos-luz”, conta.
Na pesquisa foram utilizados dois métodos de medição. O primeiro, baseado no efeito de lentes gravitacionais, analisa a distorção da imagem de uma galáxia que se encontra atrás da galáxia da qual se quer medir a massa. Como essa distorção, conhecida como “anel de Einstein”, é provocada pela ação gravitacional da galáxia que está na frente, torna-se possível calcular a massa responsável pela intensidade do efeito. Esse método só pode ser usado quando são observadas duas galáxias alinhadas, o que é um evento raro.
As 58 galáxias que atendiam a essa condição também foram analisadas por meio de outra forma de medição de massa, chamada análise de dinâmica estelar. Nesse procedimento, o cálculo é feito aplicando-se leis da Física à velocidade observada das estrelas da galáxia da qual se quer medir a massa.
A medição da massa de uma galáxia é feita de forma indireta, a partir de grandezas que podem ser observadas. Por isso, a estimativa da massa depende de alguns “graus de liberdade”. A combinação de métodos de medição limita essas liberdades, aumentando a determinação do cálculo.
“Comparando as duas medidas podemos dizer, além de qual é a massa da galáxia, qual é o seu perfil de densidade”, explica Guimarães, que é o autor principal do estudo. O perfil de densidade é a informação mais importante sobre a distribuição da massa na galáxia, e pode ser aplicado em pesquisas de Astrofísica abordando formação de galáxias e o estudo de matéria escura (material no Universo cuja existência é inferida, mas que possui natureza ainda desconhecida).
O trabalho de Guimarães e Sodré utilizou dados do Telescópio Espacial Hubble e do projeto Sloan Digital Sky Survey, que faz a catalogação de galáxias. Os cálculos foram realizados no IAG, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Fonte: Agência USP e The Astrophysical Journal

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Encontrados restos de outra galáxia dentro da Via Láctea

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu uma nova corrente de estrelas na Via Láctea, remanescente de uma outra galáxia menor, que foi atraída e incorporada pela força gravitacional da nossa própria galáxia.
visualização do fluxo de Aquário
© AIP, Arman Khalatyan (visualização do fluxo de Aquário)
A corrente foi batizada de "Fluxo de Aquário" (Aquarius Stream).
Essa atração, fatal para a outra galáxia, deve ter ocorrido há cerca de 700 milhões de anos, calculam os cientistas.
Isto torna o Fluxo de Aquário extremamente jovem, os outros fluxos de estrelas conhecidos têm bilhões de anos de idade e estão localizados na periferia da nossa galáxia.
Ao contrário de praticamente todos os fluxos de estrelas conhecidas, o Fluxo de Aquário está dentro do disco galáctico, onde a alta concentração de estrelas da Via Láctea torna difícil sua identificação.
A descoberta realizada no Observatório Siding Spring, na Austrália, é parte de uma campanha denominada RAVE (Radial Velocity Experiment), que pretende rastrear até 1 milhão de estrelas da nova Via Láctea até 2012, na tentativa de entender o processo de formação da nossa galáxia.
O projeto RAVE é chamado pelos astrônomos de "arqueologia galáctica", e está coletando dados de todo o céu em busca de informações sobre a história da formação da Via Láctea.
"Queremos descobrir qual foi a frequência desses eventos de fusão com galáxias vizinhas no passado e quantos podemos esperar no futuro," explica o Dr. Matthias Steinmetz, coordenador do projeto RAVE.
A Via Láctea terá sua próxima grande colisão com a vizinha galáxia de Andrômeda, aproximadamente daqui a três bilhões de anos, se alguma das galáxias anãs descobertas durante os últimos anos em nossa redondeza cósmica não chegar primeiro.
Fonte: The Astrophysical Journal

Nebulosa Medusa é fotografada por sonda

A sonda norte-americana WISE da NASA fotografou a nebulosa colorida Medusa (chamada em inglês de nebulosa Jellyfish) que é remanescente da supernova IC 443.
nebulosa Jellyfish
© NASA (nebulosa Jellyfish)
Os dados fornecidos sobre como as explosões estelares interagem com o ambiente são muito importantes.
Assim como outros seres vivos, as estrelas têm um ciclo de vida que passa pelo nascimento, amadurecimento e eventualmente chega à morte, recebendo o nome de supernova. A IC 443 são os restos de uma estrela que virou uma supernova entre 5.000 a 10 mil anos atrás.
No canto esquerdo superior da imagem, vê-se um composto de filamentos formado por ferro, neônio e silício que emitem luz, além de partículas de poeira, todas aquecidas devido à explosão da supernova.
A área de cor turquesa brilhante, na metade inferior da imagem, é constituída por aglomerados densos com poeira aquecida e hidrogênio que também emitem luz.
Já a parte verde é uma nuvem que corta a IC 443 do noroeste para o sudeste. Todas as nuances da IC 443 foram captadas na região do infravermelho.
Fonte: NASA

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Quasar é captado por radiotelescópio gigante

As imagens do quasar 3C196, um buraco negro em uma galáxia distante, foram tiradas em janeiro de 2011 pelo Internacional LOFAR Telescope (ILT).
quasar 3C196
© ASTRON e LOFAR (quasar 3C196)
O LOFAR (Low Frequency Array) é uma rede de radiotelescópios criado para estudar o céu nas frequências mais baixas de rádio acessível a partir da superfície da Terra com uma resolução sem precedentes. Um conjunto de radiotelescópios foi conectado pela primeira vez em vários locais da Europa, criando o maior telescópio do mundo com quase 1000 km de largura.
O telescópio baseado no Reino Unido no Observatório Chilbolton em Hampshire, foi adicionado à rede, e é o telescópio mais ocidental da LOFAR.
quasar 3C196 através do LOFAR
© ASTRON e LOFAR (quasar 3C196 através do LOFAR)
As novas imagens são três vezes mais nítidas do que foi anteriormente possível com LOFAR, melhorando a resolução e sensibilidade. Os sinais dos radiotelescópios do LOFAR na Holanda, França, Alemanha e Reino Unido têm sido combinadas com sucesso no supercomputador BlueGene. A conexão entre o telescópio e o supercomputador Chilbolton exige uma velocidade de internet de 10 gigabits por segundo, mais de 1000 vezes mais rápido que a velocidade de banda larga típica.
As imagens mostram uma região do céu de 15 graus de largura centrado no quasar 3C196. À luz visível, o quasar 3C196 visto através do Telescópio Espacial Hubble parece ser um único ponto. Ao adicionar as estações internacionais, foi possível observar dois pontos brilhantes pincipais.
O LOFAR foi projetado e construído pela ASTRON (Netherlands Institute for Radio Astronomy) na Holanda e atualmente está sendo estendido por toda a Europa. Bem como a cosmologia profunda, LOFAR será usado para monitorar a atividade do Sol, planetas, estudar mais sobre os raios e tempestades geomagnéticas. O LOFAR contribuirá também para o planejamento do radiotelescópio global da próxima geração, a Square Kilometer Array (SKA).
Fonte: Universe Today

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Movimentação das dunas de Marte

As dunas de areia da região norte de Marte, que até agora estavam congeladas, apresentam movimentos bruscos e gradativos, segundo revelaram as imagens da sonda de reconhecimento MRO (Mars Reconnaisance Orbiter) da NASA.
movimentação das dunas de Marte
© NASA (movimentação das dunas de Marte)
Os cientistas tinham considerado que as dunas, formadas no passado quando os ventos na superfície do planeta eram mais fortes que na atualidade, eram praticamente estáticas. No entanto, as mudanças detectadas pela câmera de alta resolução da sonda MRO sugerem que se trata de um das paisagens mais ativas de Marte.
Os pesquisadores da Universidade de Tucson (Arizona), responsáveis pela análise das imagens da câmera da sonda, estudaram as fotografias tiradas em um período de dois anos marcianos, equivalentes a quatro anos da Terra. "A quantidade e a magnitude das mudanças foram realmente surpreendentes", assinalou Candice Hansen, diretora do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona.
O estudo apontou que o movimento sazonal de dióxido de carbono, que no inverno se congela e na primavera volta a estar em estado gasoso, junto com rajadas de vento maiores do que se pensava, são os dois responsáveis pelo fenômeno. Este fluxo de gás desestabiliza as dunas de Marte, causando avalanches de areia e a criação de novos nichos, barrancos e rampas de areia. O nível de erosão em só um ano de Marte foi realmente surpreendente. Em alguns lugares se desprenderam centenas de metros cúbicos de areia como em um desmoronamento.
A análise também descobriu que as "cicatrizes" das avalanches de areia podem ser apagadas parcialmente em apenas um ano marciano, que equivale a 687 dias na Terra. A sonda espacial MRO foi enviada ao planeta Marte no dia 12 de agosto de 2005 e entrou na órbita marciana em 10 de março de 2006.
Operado no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, a sonda MRO conta com câmeras de alta definição e uma antena de 3 metros de diâmetro com a capacidade de transmitir 6 megabits por segundo. Em 2008 foi finalizada a primeira fase de prospecção científica que continuou depois as pesquisas da superfície e da atmosfera do planeta.
Além do descobrimento de grandes massas de água nas latitudes médias do planeta, o MRO determinou que a água esculpiu a superfície de Marte há milhões de anos e determinou que em sua superfície existiram diversos ambientes hidrográficos, alguns ácidos e outros alcalinos.
Fonte: Science

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Descobertos 6 planetas que orbitam estrela similar ao Sol

A NASA anunciou o descobrimento de seis pequenos planetas que orbitam ao redor de uma estrela semelhante ao Sol, graças aos dados do telescópio espacial Kepler.
ilustração da estrela Kepler-11 e os seis planetas
© NASA (ilustração da estrela Kepler-11 e os seis planetas)
Os planetas são formados por uma mistura de rochas e gases, possivelmente incluindo água. O sistema planetário está distante 2 mil anos-luz da Terra.
Os planetas orbitam dentro de um sistema denominado Kepler-11, e que chamou a atenção dos cientistas por estar composto por um elevado número de planetas, de pequenas dimensões e muito próximos uns dos outros. Todos os planetas que orbitam a estrela são maiores que a Terra, com os maiores podendo ser comparados a Urano e Netuno.
A descoberta é importante porque poucas são as estrelas conhecidas que têm mais de um planeta circulando ao seu redor, e Kepler-11 é a primeira descoberta a ter mais de três. Há certamente muito menos do que 1% de estrelas que têm sistemas como o Kepler-11. Estes planetas precisam ainda de acompanhamento para verificar se existem realmente.
Os cinco planetas mais interiores do novo sistema planetário são mais próximos de Kepler-11 do que qualquer planeta do Sistema Solar é do Sol. Os cinco primeiros têm órbitas que variam entre 10 e 47 dias, com massas de 2,3 a 13,5 vezes maiores que a Terra, enquanto o mais afastado completa sua órbita em 118 dias, mas ainda não teve a massa definida. A imagem a seguir mostra o tamanho relativo à Terra dos planetas Keplerianos em função do período orbital.
tamanho relativo em função do período orbital
© NASA (tamanho relativo em função do período orbital)
O telescópio Kepler da NASA, lançado em março de 2009, está medindo a luz de 100 mil estrelas nas constelações Cisne e Lira. A esperança é encontrar planetas com tamanho e composição semelhantes às da Terra, dentro da chamada zona habitável, quente o suficiente para que exista água líquida, mas não quente demais para abrigar vida.
Desde o início da missão Kepler, foram descobertos 68 candidatos a planetas do tamanho da Terra e 288 maiores que o nosso planeta. Outros 662 planetas descobertos têm o tamanho de Netuno, 165 são comparáveis a Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Outros 19 são maiores que qualquer planeta do nosso sistema.
Com os dados do Kepler, astrônomos da Universidade da Califórnia de Santa Cruz (UCSC) analisaram a dinâmica orbital deste sistema planetário, cujos resultados serão publicados na edição de fevereiro da revista científica Nature. A imagem a seguir mostra o tamanho dos planetas Keplerianos comparados com a Terra e Júpiter.
planetas Keplerianos comparados com a Terra e Júpiter
© NASA (planetas Keplerianos comparados com a Terra e Júpiter)
Para determinar o tamanho e as massas dos planetas, a equipe analisou as medições realizadas pelo observatório Kepler, que captou a luminosidade em transformação da estrela por volta da qual os planetas giram quando passam em frente a ela.
O fotômetro sensível do telescópio capta este momento em que se interrompe o brilho da estrela. Com as imagens, é possível conhecer o tamanho e a massa de cada planeta medindo seu raio. "Isso não só é um sistema planetário surpreendente, mas também valida um novo e poderoso método para medir as massas dos planetas", assinalou Daniel Fabrycky da UCSC, que dirigiu a análise da dinâmica orbital junto a Jack Lissauer, cientistas da NASA.
Fonte: NASA

Uma galáxia de disco puro

A galáxia brilhante NGC 3621 parece ser um exemplar perfeito de uma espiral clássica. No entanto, é bastante invulgar, pois esta galáxia não tem bojo central e é por isso descrita como uma galáxia de disco puro.
© ESO (galáxia espiral NGC 3621)
A NGC 3621 é uma galáxia espiral situada a cerca de 22 milhões de anos-luz de distância na constelação da Hidra. É relativamente brilhante e pode ser observada com um telescópio de tamanho médio. Esta imagem foi obtida com o instrumento Wide Field Imager montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, instalado no observatório do ESO de La Silla, Chile. Os dados foram selecionados, a partir de arquivo do ESO, por Joe DePasquale, que participou no concurso Tesouros Escondidos. O concurso deu aos astrônomos amadores a oportunidade de procurar no seio dos vastos arquivos de dados astronômicos do ESO, na busca de jóias escondidas que necessitaram de polimento por parte dos concorrentes. A imagem da NGC 3621 submetida por Joe ao concurso valeu-lhe o quinto lugar nesta competição.
Foram obtidas múltiplas imagens monocromáticas através de quatro filtros de cor diferentes que foram combinadas para obter esta fotografia.
A galáxia tem a forma de uma panqueca achatada, o que indica que ainda não interagiu de forma direta com outra galáxia, sofrendo por exemplo uma colisão galáctica, o que teria perturbado o fino disco de estrelas e criado um pequeno bojo no seu centro. A maioria dos astrônomos pensa que as galáxias crescem por fusão com outras galáxias, num processo chamado formação hierárquica de galáxias. Com o tempo este processo deverá criar bojos grandes no centro das espirais. Investigações recentes sugeriram, no entanto, que galáxias espirais sem bojo, ou de disco puro, como a NGC 3621, são na realidade bastante comuns.
Esta galáxia torna-se igualmente interessante na medida em que, encontrando-se relativamente próxima, permite-nos estudar uma grande variedade de objetos astronômicos que se encontram no seu interior, incluindo maternidades estelares, nuvens de poeira e estrelas pulsantes, as chamadas variáveis Cefeides. Estas últimas são utilizadas como marcos de distância no Universo. As variáveis Cefeides são estrelas muito brilhantes, cerca de 30.000 vezes mais brilhantes que o nosso Sol, cujo brilho varia a intervalos regulares em períodos de vários dias, semanas ou meses. O período desta variação em brilho está relacionado com o brilho verdadeiro da estrela, conhecido como magnitude absoluta. Sabendo a magnitude absoluta de uma estrela e medindo o brilho observado, podemos calcular a sua distância à Terra. As variáveis Cefeides são, por isso, vitais no estabelecimento da escala do Universo. No final do século passado, a NGC 3621 foi uma das 18 galáxias selecionadas para um programa importante do Telescópio Espacial Hubble: observar variáveis Cefeides e medir a taxa de expansão do Universo com uma precisão maior do que a conseguida até então. Neste projeto, que correu bastante bem,  foram observadas, apenas nesta galáxia, 69 Cefeides.
Foram obtidas múltiplas imagens monocromáticas através de quatro filtros de cor diferentes que foram combinadas para obter esta fotografia.
Fonte: ESO

sábado, 29 de janeiro de 2011

Quasar tipo 2 visto pelo Chandra

No painel abaixo, a imagem da esquerda é feita com raios-X e a imagem da direita é feita com o comprimento de onda óptico do espectro e mostram um buraco negro.
buraco negro
© Chandra (buraco negro)
A imagem da esquerda foi construída com dados do Observatório de Raios-X Chandra e mostra a poderosa fonte pontual de raios-X. A imagem da direita foi construída com dados do Telescópio Espacial Hubble e mostra a galáxia espiral com a qual a fonte de raios-X está associada. A fonte de raios-X está localizada no centro da galáxia, e tem um déficit de raios-X de baixa energia consistente com a absorção por uma espessa nuvem de gás. A combinação da poderosa emissão de raios-X e da absorção dos raios-X de baixa energia e a relativamente normal aparência óptica da galáxia sugere que a fonte é um raro tipo de buraco negro chamado de quasar Tipo 2.
A aparência espalhada da fonte de raios-X é um artefato instrumental. A distribuição de raios-X é consistente com essa fonte como sendo um ponto. As imagens em raios-X e óptica tem a mesma escala, com 10 arcos de segundo de lado.
Fonte: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma estrela supergigante com disco

A estrela exótica HD 62623 é uma supergigante muito quente que está localizada na constelação do Cisne perto da supergigante brilahnte Deneb.
imagem em 3-D da estrela HD 62623
© OCA (imagem em 3-D da estrela HD 62623)
As supergigantes são as estrelas mais massivas que existem, possuindo de 10 a 70 massas solares, produzindo um brilho 30.000 a 100.000 vezes maior que o Sol.
Foi observado na HD 62623 um disco de gás e poeira, que é comum em estrelas jovens com menor massa, que poderam dar origem a planetas. Porém, as estrelas bastante massivas não têm esses discos de poeira, porque esse disco é dispersado pela intensidade da onda de choque durante o nascimento da estrela. Por exemplo, a estrela Deneb não apresenta tal disco.
Os astrônomos utilizaram o Very Large Telescope interferometer do ESO para capturar as imagens em 3-D que evidenciam a presença do disco ao redor da estrela. A pesquisa foi liderada pelo francês Florentin Millour do Observatoire de la Côte d’Azur (OCA).
A estrela HD 62623 possui um tempo de vida muito curto, cerca de centenas de milhares de anos ou pouco mais de alguns milhões de anos. A trajetória final deste tipo de estrela é sua detonação que a transformará numa supernova do tipo II.
Fonte: Universe Today

Descoberta uma galáxia que pode ser a mais distante detectada

Um grupo de astrônomos descobriu uma galáxia que pode ser a mais distante detectada até o momento. Ela está situada a cerca de 13,2 bilhões de anos-luz.
galáxia UDFj-39546284
© NASA (galáxia UDFj-39546284)
Uma equipe de astrônomos que analisava imagens cósmicas registradas pelo telescópio espacial Hubble aumentou seu alcance até 480 milhões de anos após o Big Bang, quando o Universo tinha 4% de sua idade atual.
"Estamos nos aproximando das primeiras galáxias, que achamos que foram formadas entre 200 milhões e 300 milhões de anos depois do Big Bang", ressaltou Garth Illingworth, professor de astronomia e astrofísica da Universidade da Califórnia (EUA) e um dos autores do estudo.
Em sua pesquisa, Illingworth e Rychard Bouwens, da Universidade de Leiden (Holanda), utilizaram dados do Hubble reunidos pela câmara Wide Field Camera 3 (WFC3).
Os astrônomos observaram as mudanças que se produziram nas galáxias de 480 milhões a 650 milhões de anos depois do Big Bang e detectou que a taxa de nascimento das estrelas no Universo aumentou cerca de dez vezes durante esse período de 170 milhões de anos. Para Illingworth, isso é um "aumento assombroso em um período de tempo tão curto, somente 1% da idade atual do Universo".
Os astrônomos também registraram mudanças significantes no número de galáxias detectadas. "Nossas buscas anteriores tinham encontrado 47 galáxias quando o Universo possuía cerca de 650 milhões de anos", disse Illingworth. Ele acrescentou que "o Universo está mudando muito rapidamente em um período de tempo muito curto".
Já Bouwens afirmou que os resultados dos estudos são consistentes com a imagem hierárquica da formação das galáxias, segundo a qual estas cresceram e se uniram sob a influência gravitacional da matéria escura.
Para chegar à nova descoberta, os astrônomos calcularam a distância de um objeto no espaço com base em seu redshift, fenômeno que ocorre quando a radiação eletromagnética, normalmente a luz visível, que se emite de um objeto tende ao vermelho no final do espectro.
Sua medida é considerada pela comunidade astronômica internacional como o procedimento mais confiável para calcular distâncias espaciais, a galáxia recém-descoberta alcançou um nível provável de redshift de 10,3 pontos.
Os especialistas acrescentaram que a galáxia em questão é pequena se for comparada às enormes já vistas no Universo, como a Via Láctea, pelo menos cem vezes maior.
Fonte: Nature

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Uma estrela azul fugitiva

A estrela azul próxima do centro dessa imagem é a Zeta Ophiuchi. Quando observada utilizando o comprimento de onda da luz visível ela aparece como uma estrela vermelha relativamente apagada envolta por outras estrelas apagadas e sem poeira.
Zeta Ophiuchi
© NASA/WISE (estrela Zeta Ophiuchi)
Contudo, essa imagem infravermelha feita pelo WISE (Wide field Infrared Survey Explorer) da NASA, fornece uma visão completamente diferente da estrela. A Zeta Ophiuchi é na verdade uma estrela muito massiva, quente, brilhante e azul, avançando em seu caminho para fora da grande nuvem de gás e poeira interestelar.
As cores usadas nessa imagem representam comprimentos de onda específicos da luz infravermelha. Azul e ciano (azul esverdeado) representa a luz emitida com comprimento de onda de 3.4 e 4.6 mícron, emitidas de forma predominante pelas estrelas. Verde e vermelho representam a luz com comprimento de onda de 12 e 22 mícron respectivamente, emitida predominantemente pela poeira.
A Zeta Ophiuchi provavelmente fazia parte de um sistema binário de estrelas com uma parceira ainda mais massiva. Quando a companheira explodiu como uma supernova, ela expeliu grande parte de sua massa, e a Zeta Ophiuchi foi repentinamente liberada de sua parceira empurrada para longe se movendo a 24 quilômetros por segundo. A Zeta Ophiuchi é aproximadamente 20 vezes mais massiva e 65.000 mais luminosa do que o Sol. Se ela não fosse envolvida por tanta poeira ela seria uma das estrelas mais brilhantes do céu e apareceria azul para os nossos olhos. Como todas as estrelas com esse tipo de massa e potência extrema, ela tem um tempo de vida curto e morre jovem. Ela se encontra aproximadamente na metade  de sua vida de 8 milhões de anos. Em comparação o Sol está na metade da sua vida de 10 bilhões de anos. Enquanto o Sol eventualmente se tornará uma calma anã branca, a Zeta Ophiuchi irá explodir num violento evento se tornando uma supernova.
Talvez, as feições mais interessantes nessa imagem estejam relacionadas com o gás e a poeira interestelar que envolve a Zeta Ophiuchi. Nos lados da imagem e no plano de fundo existem nuvens de poeira relativamente calmas que aparecem em verde, lembrando muito as auroras encontradas na Terra. Próximo à Zeta Ophiuchi, essas nuvens parecem um pouco diferentes. A nuvem em todas as direções ao redor da estrela é mais brilhante e avermelhada, isso ocorre devido as extremas quantidades de radiação ultravioleta emitida pela estrela que está aquecendo a nuvem causando o brilho mais brilhante no infravermelho do que o normal.
Mais impressionante ainda é a aparência de uma curva que brilha em amarelo diretamente acima da Zeta Ophiuchi. Esse é um impressionante exemplo de uma onda de choque. Nessa imagem, a estrela fugitiva, está voando desde o canto inferior direito em direção ao canto superior esquerdo. À medida que ela se desloca, seu poderoso vento estelar está empurrando o gás e a poeira (o vento estelar se estende além da porção visível da estrela criando uma bolha invisível ao seu redor). E diretamente em frente à passagem do vento estelar está o gás sendo comprimido e essa compressão faz com que ele brilhe intensamente no infravermelho, criando a onda de choque. Essa caractrística é completamente invisível à luz visível. As imagens infravermelhas como essa do WISE geram novas interpretações sobre a região.
Fonte: NASA

O pólo sul de Fobos

A lua Fobos, a lua mais próxima de Marte, foi fotografada recentemente pela sonda da ESA, a Mars Express,que fez imagens detalhadas de uma área ao redor do pólo sul do satélite.
Fobos
© ESA (lua Fobos)
Fobos está tão perto de Marte que se espera que esse satélite se parta e caia no planeta vermelho nos próximos 100 milhões de anos.
São visíveis na incomum superfície escura da pequena lua muitas crateras circulares, longas cadeias de crateras e estranhas listras. A grande Cratera Stickney, que aparece à direita, foi também visível na imagem correspondente do pólo norte do satélite feita há dez anos. Essa imagem e outras feitas pela Mars Express possuem a excelente resolução de até 10 metros e com essa resolução elas são úteis para examinar propostas de locais de pouso para a futura missão Fobos-Grunt. A sonda robótica russa Fobos-Grunt está programada para ser lançada em direção a Fobos no final de 2011 e para retornar com amostras da superfície do satélite em 2014.
Fonte: ESA

domingo, 23 de janeiro de 2011

Descoberto um buraco negro supermassivo

Os cientistas da NASA confirmaram a existência de um buraco negro supermassivo no centro da galáxia M84. Foi utilizado o espectrógrafo, um equipamento que realiza um registro fotográfico de um espectro luminoso, mais potente do telescópio Hubble para mapear a rápida rotação de gás no centro da galáxia.
buraco negro supermassivo
© NASA (detecção de um buraco negro supermassivo)
A prova concreta da descoberta é o ziguezague colorido. Se na imagem não existisse o buraco negro, a linha seria quase que vertical. Os astrônomos calculam que o buraco negro tenha pelo menos 300 milhões de vezes à massa solar. O espectrógrafo (Space Telescope Imaging Spectrograph) mediu uma velocidade de 393 km/s dentro dos 26 anos-luz do centro da galáxia.
M84
© NASA/Hubble (M84)
A galáxia M84 está localizada no aglomerado de galáxias Virgo, a 50 milhões de anos-luz, da Terra, e vizinho próximo da galáxia M87, que também contém um buraco negro muito massivo. A imagem, datada originalmente de 1997, exibe à esquerda o centro da galáxia em luz visível.
Fonte: NASA