Astrônomos do Observatório ALMA, no Chile, enxergaram um novo formato da Nebulosa do Bumerangue, nuvem de gás e poeira que é o lugar conhecido mais frio no Universo, com temperatura de -272° C.
© NRAO/ALMA (Nebulosa do Bumerangue)
Segundo os pesquisadores, o que se vê nas novas imagens do Alma é um truque de luz. Nebulosas planetárias, como a Bumerangue, são estrelas no final de sua existência. Ao centro, é possível observar estrelas anãs brancas, que emitem uma intensa radiação ultravioleta que faz com que o gás ao seu redor brilhe e emita luz com cores vibrantes.
As primeiras imagens da nebulosa, feitas com telescópios terrestres, mostravam uma forma curvada, que deu origem ao seu nome. Outras fotografias, registradas pelo telescópio espacial Hubble em 2003, exibiam um perfil mais semelhante a uma gravata borboleta.
© Hubble (Nebulosa do Bumerangue)
"Esse objeto ultrafrio é extremamente intrigante, e estamos aprendendo muito sobre sua verdadeira natureza", disse Raghvendra Sahai, pesquisador e principal cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, na Califórnia, em nota divulgada pelo Observatório Nacional de Radioastronomia dos Estados Unidos. "O que parecia um lóbulo duplo ou a forma de bumerangue é, na verdade, uma estrutura muito mais ampla que está se expandindo rapidamente para o espaço."
A Nebulosa do Bumerangue fica a 5 mil anos-luz de distância da Terra, na constelação do Centauro. Segundo os astrônomos do ALMA, trata-se de uma nebulosa pré-planetária, na qual a estrela central ainda não está quente o suficiente para emitir a radiação ultravioleta que produz seu brilho característico.
A nuvem de gás e poeira dessa estrela está se expandindo e esfriando rapidamente, num processo semelhante ao dos refrigeradores que usam gás expandido para produzir temperaturas frias. Os cientistas mediram a temperatura do gás na nebulosa ao observar como ela absorve a radiação cósmica de micro-ondas, que têm temperatura de -270°C.
A pesquisa também revela que as franjas exteriores da Nebulosa do Bumerangue começam a se aquecer, apesar de ainda serem mais frias que a radiação cósmica. Segundo os cientistas, o aquecimento deve acontecer por conta do efeito fotoelétrico, em que a luz é absorvida pelo material sólido, que por sua vez reemite elétrons.
Um artigo foi publicado no jornal Astrophysical Journal.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory
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