quarta-feira, 25 de março de 2015

Encontrado elo perdido entre supernovas e formação planetária

Usando o observatório SOFIA (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) da NASA, uma equipe científica internacional descobriu que as supernovas são capazes de produzir uma quantidade substancial de material a partir do qual planetas como a Terra se podem formar.

Remanescente de Supernova de Sagitário A Este

© NASA/CXO/Herschel/VLA/Lau et al (Remanescente de Supernova de Sagitário A Este)

Os dados do SOFIA revelam poeira quente (branco) que sobrevive dentro de um remanescente de supernova, que é aqui vista em raios X (azul). A emissão de rádio (vermelho) mostra ondas de choque em expansão que colidem com as nuvens interestelares nos arredores (verde).

"As nossas observações revelam que uma nuvem produzida por uma explosão de supernova há 10.000 anos atrás contém poeira suficiente para fabricar 7.000 Terras," afirma Ryan Lau da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque, EUA.

Uma das maiores questões da astronomia, é, por que as galáxias, formadas a um bilhão de anos depois do Big Bang, contêm tanta poeira? A principal teoria é que as supernovas possuem grandes quantidades de material enriquecido em metal que, por sua vez, abriga ingredientes fundamentais de poeira como sílica, ferro e carbono.

A equipe de pesquisa, liderada por Lau, usou o telescópio aéreo SOFIA e a sua câmara FORCAST (Faint Object InfraRed CAmera for the SOFIA Telescope), para obter imagens infravermelhas de uma nuvem interestelar conhecida como Remanescente de Supernova de Sagitário A Este, que fica localizado a cerca de 26.000 anos-luz de distância da Terra perto do centro da Via Láctea.

O SOFIA é um avião Boeing 747 altamente modificado que transporta um telescópio com um diâmetro efetivo de 100 polegadas (2,5 metros) até altitudes entre 12 e 14 km. O SOFIA é um projeto conjunto da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão.

A equipe usou os dados do SOFIA para estimar a massa total de poeira na nuvem a partir da intensidade da sua emissão. A pesquisa exigiu medições em comprimentos de onda infravermelhos e longos a fim de atravessar as nuvens interestelares intervenientes e detectar a radiação emitida pela poeira da supernova.

Os astrônomos já tinham evidências de que ondas de choque (para fora) de uma supernova podiam produzir quantidades significativas de poeira. Até agora, uma questão primordial era saber se as partículas de poeira conseguiam sobreviver a uma subsequente onda de choque (para dentro) gerada quando a primeira colide com o gás e a poeira interestelar dos arredores.

"A poeira sobreviveu o segundo 'ataque' de ondas de choque da explosão de supernova e está agora seguindo para o meio interestelar onde pode tornar-se parte da 'semente' de novas estrelas e planetas," explica Lau.

Estes resultados também revelam a possibilidade de que a grande quantidade de poeira observada em galáxias distantes e jovens pode ter sido criada por explosões de supernova de estrelas maciças e antigas, pois nenhum outro mecanismo conhecido pode ter produzido assim tanta poeira.

"Esta descoberta é um marco especial para o SOFIA, pois demonstra como as observações da nossa própria Via Láctea podem suportar diretamente o nosso conhecimento da evolução de galáxias a bilhões de anos-luz de distância," afirma Pamela Marcum, cientista do projeto SOFIA no Centro de Pesquisa Ames em Moffett Field, no estado americano da Califórnia.

Estes resultados foram publicados na revista Science.

Fonte: Universidade de Cornell

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