sábado, 20 de agosto de 2016

Estrela sai da hibernação de forma explosiva

Astrônomos do Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia, baseados no levantamento a longo termo e em grande escala do OGLE (Optical Gravitational Lensing Experiment) anunciaram a descoberta de uma extraordinária explosão estelar.

  ilustração da explosão de uma nova clássica

© K. Ulaczyk/Warsaw University Observatory (ilustração da explosão de uma nova clássica)

Observações a longo prazo da nova clássica V1213 Centauri, entre os anos 2003 e 2016, forneceram novas informações sobre a evolução e mecanismos destas espetaculares explosões cósmicas.

"As erupções de novas clássicas estão entre as maiores explosões estelares observadas no Universo. Em poucas horas, as novas aumentam de brilho por um fator de vários milhares, tornando-se nos objetos mais brilhantes na Via Láctea," explica Przemek Mróz, o autor principal e estudante de pós-doutoramento no Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia.

As novas clássicas são sistemas binários íntimos que consistem de uma anã branca que rouba matéria de uma companheira estelar de baixa massa. A matéria rica em hidrogênio acumula-se à superfície da anã branca e assim que a sua massa atinge um valor crítico, é desencadeada uma reação termonuclear, provocando uma grande explosão, a erupção de uma nova clássica. Os astrônomos pensam que em cada sistema deste gênero, as erupções repetem-se em escalas de tempo de milhares a milhões de anos, o que torna impossível traçar o comportamento do sistema durante esse tempo.

Uma das hipóteses, conhecida como cenário de hibernação, prevê que várias décadas após a erupção o sistema caia num estado de baixa atividade, quando a transferência de massa virtualmente cessa. A hipótese de hibernação ganhou algum apoio graças à descoberta de antigas conchas de novas em torno de dois sistemas com uma transferência de baixa massa. No entanto, ainda não foram encontradas evidências diretas de alterações consideráveis na transferência de massa antes, durante e após as novas.

Os astrônomos efetuaram observações da nova clássica V1213 Centauri (Nova Centauri 2009), que explodiu no dia 8 de maio de 2009, com um telescópio de 1,3 metros localizado no Observatório Las Campanas, no Chile. A estrela está localizada na direção da constelação de Centauro a uma distância de 23 mil anos-luz da Terra.

"As nossas observações estão de acordo com as previsões do cenário de hibernação. Este é o primeiro caso em que a evolução de uma nova clássica pode ser investigada com tanta precisão," comenta Przemek Mróz.

Antes da erupção de 2009, o sistema mostrava novas anãs (aumentos pequenos e periódicos de brilho), sugerindo uma instável transferência de pouca massa entre as duas estrelas. Atualmente, o sistema está significativamente mais brilhante do que antes da explosão, sugerindo que a transferência de massa aumentou como resultado da nova. Isto está de acordo com as previsões fundamentais da hipótese de hibernação.

Durante as próximas décadas a taxa de transferência de massa deverá diminuir gradualmente e a estrela também diminuir, gradualmente, de brilho. A estrela voltará a transformar-se numa nova anã e possivelmente cair em hibernação durante milhares de anos, até que desperte novamente e expluda como uma nova clássica. A V1213 Centauri, com o seu bem conhecido comportamento de erupção, poderá torna-se uma "Pedra de Rosetta" para os estudos da evolução das novas. As continuadas e detalhadas observações de acompanhamento, durante as próximas décadas, irão permitir novos testes da evolução a longo prazo da nova.

"A nossa descoberta é outro caso de quando as observações a longo termo do OGLE são cruciais para os estudos deste fenômeno único e extremamente raro," afirma o professor Andrzej Udalski, diretor do Observatório da Universidade de Varsóvia e membro da equipe OGLE. "Há alguns anos, observamos um processo de fusão entre duas estrelas, o que levou a uma outra explosão estelar, conhecida como nova vermelha," realça Udalski.

Um dos primeiros objetivos do levantamento OGLE foi o de descobrir matéria escura usando a técnica de microlente gravitacional. Atualmente, os seus estudos cobrem uma grande variedade de tópicos: procura por exoplanetas, estudos da estrutura e evolução da Via Láctea e de galáxias vizinhas, estrelas variáveis, quasares e transientes.

O artigo que descreve a descoberta foi publicado na revista científica Nature.

Fonte: University of Warsaw

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