sexta-feira, 8 de julho de 2022

Buraco negro gigante gira mais devagar que os seus pares

Os astrônomos fizeram uma medição recorde da rotação de um buraco negro, uma das duas propriedades fundamentais dos buracos negros.

© Chandra / VLA / PanSTARRS (buraco negro supermassivo no quasar H1821+643)

Esta imagem de H1821+643 mostram raios-X pelo Chandra juntamente com dados no rádio pelo VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) e no visível pelo telescópio PanSTARRS no Havaí. O buraco negro supermassivo está localizado no ponto brilhante no centro da emissão rádio e raios X.

O observatório de raios X Chandra da NASA mostra que este buraco negro está girando mais lentamente do que a maioria dos seus primos menores. 

Este é o buraco negro mais massivo com uma medição precisa da rotação e dá pistas sobre como alguns dos maiores buracos negros do Universo crescem. Os buracos negros supermassivos contêm milhões ou até mesmo bilhões de vezes a massa do Sol. Sabemos que quase todas as grandes galáxias têm um buraco negro supermassivo no seu centro.

Uma informação crítica para compreender como os buracos negros crescem e evoluem é a rapidez com que estão girando e sua massa. Embora isso pareça bastante simples, a determinação destes valores para a maioria dos buracos negros tem provado ser incrivelmente difícil. Para este resultado, os pesquisadores observaram raios X que ricocheteavam de um disco de material que gira em torno do buraco negro num quasar conhecido como H1821+643.

Os quasares contêm buracos negros supermassivos de crescimento rápido que geram grandes quantidades de radiação numa pequena região em torno do buraco negro. Localizado num aglomerado de galáxias a cerca de 3,4 bilhões de anos-luz da Terra, o buraco negro de H1821+643 tem entre três e 30 bilhões de massas solares, o que o torna um dos mais massivos conhecidos. Em contraste, o buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea tem cerca de 4 milhões de vezes a massa do Sol. 

As fortes forças gravitacionais perto do buraco negro alteram a intensidade dos raios X em diferentes energias. Quanto maior for a alteração, mais próxima a orla interna do disco deve estar do ponto de não retorno do buraco negro, conhecido como horizonte de eventos. Uma vez que um buraco negro giratório arrasta espaço com ele e permite que a matéria orbite mais perto do que é possível para um buraco negro que não gira, os dados de raios X podem mostrar a rapidez com que o faz. 

Foi descoberto que o buraco negro em H1821+643 gira a cerca de metade da velocidade que a maioria dos buracos negros com massas entre mais ou menos um e dez milhões de sóis. O motivo pode estar na forma como estes buracos negros supermassivos crescem e evoluem. 

Esta rotação relativamente lenta apoia a ideia de que os buracos negros mais massivos como o de H1821+643 realizam a maior parte do seu crescimento através da fusão com outros buracos negros, ou através do gás que é puxado para dentro em direções aleatórias quando os seus grandes discos são perturbados. É provável que os buracos negros supermassivos que crescem desta forma sofram muitas vezes grandes mudanças de rotação, incluindo uma diminuição ou empurrões na direção oposta.

A previsão é, portanto, que os buracos negros mais massivos devem ser observados a ter uma gama mais ampla de rotações do que os seus parentes menos massivos. Por outro lado, os cientistas esperam que os buracos negros menos massivos acumulem a maior parte da sua massa a partir de um disco de gás que gira à sua volta. Dado que se espera que tais discos sejam estáveis, a matéria que entra aproxima-se sempre de uma direção que fará os buracos negros girarem mais rapidamente até atingirem a velocidade máxima possível, que é a velocidade da luz.

Este buraco negro fornece informações que complementam o que os astrônomos aprenderam sobre os buracos negros supermassivos vistos na nossa Galáxia e em M87, que foram fotografados com o EHT (Event Horizon Telescope). Nestes casos, as massas dos buracos negros são bem conhecidas, mas a rotação não é. 

O artigo científico que descreve estes resultados foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society

Fonte: University of Cambridge

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