De acordo com o modelo padrão da cosmologia, a grande maioria das galáxias está rodeada por um halo de partículas de matéria escura.
© ESO (galáxia anã NGC 1427A)
Este halo é invisível, mas a sua massa exerce uma forte atração gravitacional sobre as galáxias nas proximidades.
Um novo estudo liderado pela Universidade de Bonn (Alemanha) e pela Universidade de Saint Andrews (Escócia) desafia esta visão do Universo. Os resultados sugerem que as galáxias anãs do segundo aglomerado de galáxias mais próximo da Terra, conhecido como o Aglomerado da Fornalha, estão livres de tais halos de matéria escura.
As galáxias anãs são pequenas e tênues e podem ser normalmente encontradas em aglomerados de galáxias ou perto de galáxias maiores. Devido a isto, podem ser afetadas pelos efeitos gravitacionais das suas companheiras maiores.
Os pesquisadores introduziram uma forma inovadora de testar o modelo padrão com base no quanto as galáxias anãs são perturbadas pelas marés gravitacionais de galáxias maiores próximas. As marés surgem quando a gravidade de um corpo puxa de forma diferente partes diferentes de outro corpo. Estas são semelhantes às marés na Terra, que surgem porque a Lua puxa mais fortemente no lado da Terra que está de frente para a Lua.
O aglomerado de galáxias da Fornalha é rica em galáxias anãs. Observações recentes mostram que algumas destas anãs parecem distorcidas, como se tivessem sido perturbadas pelo ambiente do aglomerado. Tais perturbações nas anãs da Fornalha não são esperadas de acordo com o Modelo Padrão. Isto porque os halos de matéria escura destas anãs devem protegê-las parcialmente das marés levantadas pelo aglomerado.
Os pesquisadores analisaram o nível esperado de perturbação das anãs, que depende das suas propriedades internas e da sua distância ao gravitacionalmente poderoso centro do aglomerado. As galáxias de grandes dimensões, mas com baixas massas estelares, e galáxias próximas do centro do aglomerado, são mais facilmente perturbadas ou destruídas.
Os cientistas compararam os resultados com o seu nível de perturbação observado evidente a partir de fotografias tiradas pelo VST (VLT Survey Telescope) do ESO. As anãs da Fornalha já deviam ter sido destruídas pela gravidade do centro do aglomerado, mesmo quando as marés que sobem sobre uma anã são sessenta e quatro vezes mais fracas do que a própria gravidade da anã. A partir disto, os pesquisadores concluíram que, no modelo padrão, não é possível explicar as morfologias observadas nas anãs da Fornalha de uma forma consistente.
Eles repetiram a análise utilizando a dinâmica newtoniana modificada (MOND). Em vez de assumir halos de matéria escura em torno das galáxias, a teoria MOND propõe uma correlação com a dinâmica newtoniana através da qual a gravidade experimenta um impulso no regime de baixas acelerações.
Os pesquisadores não tinham a certeza de que as galáxias anãs conseguiriam sobreviver ao ambiente extremo de um aglomerado de galáxias na teoria MOND, devido à ausência de halos protetores de matéria escura neste modelo, mas os resultados mostram um acordo notável entre as observações e as expectativas MOND quanto ao nível de perturbação das anãs da Fornalha.
O número de publicações que mostram incompatibilidades entre as observações e o paradigma da matéria escura continua aumentando a cada ano.
O estudo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Universität Bonn
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