quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Anã branca devorando um objeto semelhante a Plutão

Na nossa vizinhança estelar próxima, uma estrela "queimada" está petiscando um fragmento de um objeto semelhante a Plutão.

© Caltech (anã branca rodeada por um grande disco de detritos)

Com a sua capacidade única no ultravioleta, o telescópio espacial Hubble conseguiu identificar esta refeição.

O remanescente estelar é uma anã branca com cerca de metade da massa do nosso Sol, mas que está densamente comprimida num corpo com o tamanho da Terra. Os cientistas pensam que a imensa gravidade da anã puxou e rasgou um gelado análogo de Plutão do equivalente ao Cinturão de Kuiper do sistema, um anel gelado de detritos que rodeia o nosso Sistema Solar.

Uma equipe internacional de astrônomos analisou a composição química do objeto condenado à medida que os seus pedaços caíam sobre a anã branca. Em particular, detectaram substâncias com baixo ponto de ebulição, incluindo carbono, enxofre, nitrogênio e um elevado teor de oxigênio que sugere a forte presença de água.

Utilizando o COS (Cosmic Origins Spectrograph) do Hubble, a equipe descobriu que os fragmentos eram compostos por quase dois-terços de gelo de água. O fato de terem detectado tanto gelo significava que os pedaços faziam parte de um objeto muito massivo que se formou muito longe, no gelado análogo ao Cinturão de Kuiper desse sistema estelar.

Utilizando dados do Hubble, os cientistas calcularam que o objeto era maior do que os cometas típicos e que pode ser um fragmento de um exo-Plutão. Detectaram também uma grande proporção de nitrogênio, a mais elevada alguma vez detectada em sistemas de detritos de anãs brancas.

A acreção destes objetos ricos em elementos voláteis, por anãs brancas, é muito difícil de detectar no visível. Estes elementos voláteis só podem ser detectados com a sensibilidade única do Hubble à luz ultravioleta. Na luz óptica, a anã branca pareceria comum. A cerca de 260 anos-luz de distância, a anã branca é uma vizinha cósmica relativamente próxima. No passado, quando era uma estrela semelhante ao Sol, seria de esperar que abrigasse planetas. Daqui a bilhões de anos, quando o nosso Sol chegar ao fim da sua vida e colapsar numa anã branca, os objetos do Cinturão de Kuiper serão atraídos pela imensa gravidade do remanescente estelar. 

A equipe espera usar o telescópio espacial James Webb para detectar características moleculares de voláteis, como vapor de água e carbonatos, observando esta anã branca no infravermelho. Ao estudar mais profundamente as anãs brancas, os cientistas podem compreender melhor a frequência e a composição destes eventos de acreção ricos em voláteis.

Os pesquisadores também estão acompanhando a recente descoberta do cometa interestelar 3I/ATLAS. Eles estão ansiosos para conhecer a sua composição química, especialmente a sua fração de água. 

Um artigo foi publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Space Telescope Science Institute