Os astrônomos utilizaram o VLA (Very Large Array) para fazer uma descoberta sem precedentes, captando os primeiros sinais de rádio de uma classe rara de explosão estelar conhecida como supernova do Tipo Ibn.
© NRAO (estrela explode num disco denso rico em hélio gerando ondas de rádio)
Este feito revela uma nova visão sobre os momentos finais da vida de estrelas massivas e proporciona um raro vislumbre dos últimos anos de uma estrela, anteriormente ocultos.
A supernova, designada SN 2023fyq, representa uma oportunidade única para observar o ato final de uma estrela massiva. As supernovas do Tipo Ibn resultam da explosão de uma estrela em gás rico em hélio previamente ejetado da sua superfície. Utilizando a poderosa visão rádio do VLA, os astrônomos rastrearam as emissões de rádio desta explosão durante um período de 18 meses, descobrindo evidências convincentes acerca do ambiente em torno da estrela moribunda.
As medições de rádio permitiram observar a última década de vida da estrela antes do seu desaparecimento. Estas observações revelaram que a estrela liberou as suas camadas de hélio, incluindo um aumento significativo na perda de massa imediatamente antes da supernova, fornecendo novas evidências de explosões exóticas de origem binária. Esta descoberta revela que a estrela passou por um período dramático de perda de massa, provavelmente causado pela influência de uma companheira estelar gravitacionalmente ligada.
Dados de rádio e de raios X revelaram a densidade e a extensão do material rico em hélio ejetado antes da explosão. Foi determinado que a estrela ejetou material a uma velocidade espantosa, até 0,4% da massa do Sol por ano, durante uma fase curta, mas intensa que antecedeu a explosão de supernova. Este processo dinâmico está de acordo com as previsões para estrelas em sistemas binários íntimos e fornece aos astrofísicos novas evidências diretas dos mecanismos que impulsionam estas raras supernovas.
Até agora, a existência de material denso em torno da maioria das supernovas de Tipo Ibn só tinha sido inferida a partir de estudos ópticos. O Dr. A.J. Nayana da Universidade da Califórnia em Berkeley, afirma: "O nosso estudo analisa o material ejetado anos antes da explosão, revelando que a estrela passou por uma fase intensa de perda de massa nos últimos 0,7 a 3 anos da sua existência".
Ao determinar o período de tempo e a magnitude da perda de massa, os astrônomos preencheram uma lacuna crucial na história de como as estrelas massivas terminam as suas vidas e enriquecem o Universo. Esta detecção histórica prepara o terreno para futuros estudos de supernovas com radiotelescópios, prometendo aprofundar a nossa compreensão dos ciclos de vida das estrelas e das forças que moldam a nossa Galáxia.
Este estudo abriu uma nova via para determinar os pontos finais de certas estrelas massivas e realça a necessidade de um acompanhamento em ondas de rádio sistemático de eventos semelhantes com instrumentos incríveis como o VLA e o GMRT (Giant Metrewave Radio Telescope).
Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: National Radio Astronomy Observatory
