domingo, 27 de março de 2011

Novas anãs brancas magnéticas

O último estágio evolutivo da vida de aproximadamente 98% das estrelas da Via Láctea é como uma anã branca, um corpo celeste degenerado, de brilho tênue e porte encolhido, ainda que extremamente denso.
anã branca
© Observatório Gemini (anã branca)
Depois de perderem as camadas de sua atmosfera e consumirem todo o hidrogênio e o hélio em seu núcleo, essas estrelas velhas e decadentes comprimem sua massa em uma área 1 milhão de vezes menor do que a sua dimensão original. O Sol, por exemplo, deve virar um objeto moribundo com essas características daqui a 6 bilhões de anos. Ao menos 15 mil anãs brancas já foram descobertas em nossa galáxia. Não chega a ser uma grande novidade identificar no céu uma nova estrela na fase final de sua existência. Mas o astrofísico Kepler de Souza Oliveira Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conseguiu uma pequena proeza ao encontrar, num curto espaço de tempo, quase mil estrelas agonizantes de um tipo bastante raro, as chamadas anãs brancas magnéticas. “Descobrimos 900 dessas estrelas no ano passado”, diz o pesquisador gaúcho. “Até então conhecíamos 150 anãs brancas magnéticas.” O achado já foi divulgado num congresso científico, mas ainda não ganhou as páginas das revistas especializadas.
Como regra geral, as anãs brancas não exibem campo magnético. Por estarem próximas do fim, perderam quase todos os predicados da juventude, inclusive o magnetismo. No entanto, um pequeno número delas mantém, misteriosamente, essa característica. E não se trata de algo residual. A força do magnetismo numa anã branca desse tipo pode ser milhões ou até bilhões de vezes maior do que a do Sol.
linhas do campo magnético do Sol
© SDO (linhas do campo magnético do Sol)
O campo magnético médio do Sol é da ordem de 1 Gauss, o dobro do da Terra, com picos de alguns milhares de Gauss nas áreas em que se formam manchas. Apenas as estrelas de nêutrons apresentam campo de maior magnitude do que essa variante de anã branca. “A gênese do campo é um mistério desde a descoberta da primeira anã branca magnética nos anos 1970”, diz o astrofísico Dayal Wickramasinghe, da Universidade Nacional da Austrália, um dos maiores especialistas nesse tipo de objeto celeste. “Ele pode ser um resquício fóssil das fases anteriores da estrela, pode ter sido gerado durante o processo de evolução estelar ou estar sendo produzido atualmente por um dínamo ativo.” Em astrofísica, a teoria do dínamo tenta explicar como a Terra e as estrelas são capazes de gerar e manter atividade magnética por longos períodos.
Kepler descobriu o inusitado grupo de estrelas ao deparar com um problema, que o desviou do objetivo original de seu estudo mas o conduziu às 900 anãs brancas magnéticas. Quando começou a estudar dados do levantamento internacional Sloan Digital Sky Survey (SDSS) referentes a 50 mil estrelas candidatas a serem classificadas como anãs brancas, percebeu algo de estranho. Feita automaticamente por um software muito empregado pelos astrofísicos, a análise das chamadas linhas do espectro de emissão dessas estrelas – ou seja, de gráficos que mostram os fótons liberados pelos elementos químicos presentes nesses objetos – gerou um resultado fora do esperado. O programa apontava erros de informação em 40% da amostra de estrelas do SDSS, um índice extremamente elevado. O pesquisador da UFRGS desconfiou do resultado e resolveu verificar, com o seu próprio olho, a qualidade dos dados. Encontrou um padrão de linhas de emissão completamente anômalo em algumas estrelas, um desvio que deveria ser causado por um tipo especial de anã branca, as magnéticas. “Se eu não tivesse feito essa checagem manual, o software nunca teria descoberto essas estrelas”, diz Kepler, que contou com a ajuda de uma aluna de iniciação científica da UFRGS, Ingrid Pelisoli, para dar cabo da tarefa.
As anãs brancas magnéticas despertaram o interesse do astrofísico brasileiro porque são estrelas cuja massa é difícil de dimensionar. “Seu campo magnético é tão forte que distorce os átomos e impede a realização desse tipo de medição com precisão”, afirma Kepler. Determinar com precisão a massa de anãs brancas era justamente o objetivo inicial do pesquisador quando teve acesso aos dados do SDSS. Desde 2007  Kepler tenta encontrar anãs brancas que estejam o mais próximo possível do chamado limite de Chandrasekhar, uma ideia proposta nos anos 1930. De acordo com essa lei, cuja formulação deu o Nobel de Física de 1983 ao famoso teórico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995), uma anã branca só se mantém estável se sua massa for, no máximo, 40% maior do que a do Sol. Se tiver mais do que 1,4 massa solar, ela sofre um colapso gravitacional e se transforma numa estrela de nêutrons ou buraco negro. 
Não faltam questões a serem elucidadas sobre esse tipo especial de anã branca. “Esses objetos nos dão uma oportunidade única de entender a vida das estrelas magnéticas”, diz o astrofísico Baybars Külebi, da Universidade de Heidelberg, Alemanha, que vai colaborar com Kepler nos estudos sobre esses misteriosos objetos celestes. “Isso é importante, visto que o magnetismo não é muito bem explicado pela teoria da evolução estelar.” Apesar dos empecilhos, o pesquisador brasileiro ainda não desistiu de tentar determinar a massa das anãs brancas magnéticas. “Vamos testar outro método que, em vez do espectro de emissão, usa a cor da estrela para medir esse parâmetro”, afirma Kepler.
Fonte: FAPESP (Pesquisa)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Matéria escapa de buraco negro

O observatório de raios gama Integral da ESA (agência espacial europeia) detectou matéria extremamente quente apenas um milésimo de segundo antes que ela mergulhasse para sempre dentro de um buraco negro.
ilustração do buraco negro Cygnus X-1
© ESA (ilustração do buraco negro Cygnus X-1)
Mas será que essa matéria está realmente condenada para sempre?
As observações sugerem que o confinamento não ocorre para toda a matéria, e que uma parte dela está elaborando uma grande fuga do buraco negro.
Ninguém gostaria de estar tão perto de um buraco negro. Apenas algumas centenas de quilômetros de sua superfície mortal, o espaço contém um turbilhão de partículas e radiação.
Vastas tempestades de partículas estão entrando no seu próprio domínio, quase à velocidade da luz, elevando a temperatura a milhões de graus.
Normalmente, leva apenas um milésimo de segundo para que as partículas atravessem esse corredor final, mas parece restar um fio de esperança para uma pequena parte delas.
Graças às novas observações do Integral, os astrônomos agora sabem que esta região caótica é dominada por uma malha de campos magnéticos.
Esta é a primeira vez que campos magnéticos foram detectados tão perto de um buraco negro.
Mais importante ainda, o observatório Integral relevou que esses campos magnéticos são altamente estruturados e estão formando um túnel de fuga para algumas das partículas.
Os dados indicam que o campo magnético é forte o suficiente para arrancar algumas partículas da atração gravitacional do buraco negro e afunilá-las rumo ao exterior, criando jatos de matéria que disparam para o espaço.
As partículas nesses jatos assumem trajetórias em espiral conforme ascendem pelo campo magnético rumo à liberdade, e isso está afetando a propriedade de orientação da sua radiação na faixa dos raios gama conhecida como polarização.
Quando uma partícula rápida espirala em um campo magnético, ela produz um tipo de luz, conhecida como radiação síncrotron, que apresenta um padrão característico de polarização.
Foi essa polarização que a equipe do Integral encontrou nos raios gama. "Tivemos que usar quase todas as observações já feitas pelo Integral de Cignus X-1 para fazer essa detecção", disse Philippe Laurent, um dos membros da equipe.
Cignus X-1 é um buraco negro localizado cerca de 6000 anos-luz do Sol que está destruindo uma estrela variável supergigante azul chamada HDE 226868 que orbita a cerca de 0,2 UA (20% da distância da Terra ao Sol), e se alimentando do gás que emana de seus destroços.
As observações do buraco negro repetidas ao longo de sete anos, agora totalizam mais de cinco milhões de segundos, o equivalente a uma única imagem com um tempo de exposição de mais de dois meses.
"Nós ainda não sabemos exatamente como a matéria em queda se transforma em jatos. Há um grande debate entre os teóricos; essas observações irão ajudá-los a decidir," diz Laurent.
Jatos em torno de buracos negros já foram vistos antes por radiotelescópios, mas tais observações não conseguem ver o buraco negro com detalhes suficientes para saber exatamente o quão perto do buraco negro os jatos se originam.
Esta descoberta da emissão polarizada de jatos num buraco negro é um resultado de valor inestimável obtido pelo Integral.
Fonte: ESA

Ondas de rádio emitidas por Saturno

Duas ocorrências relacionadas a ondas de rádio que são emitidas por Saturno e registradas pela sonda Cassini estão intrigando os astrônomos da NASA.
aurora no polo sul de Saturno
© NASA (aurora no polo sul de Saturno)
Eles descobriram que os sinais emitidos pelo hemisfério norte e sul, que a princípio se acreditava serem controlados pela rotação do planeta, são diferentes; conhecidos como radiação quilométrica de Saturno, os sons não são captados pelo ouvido humano, mas foram convertidos pela Cassini.
Quando a nave Voyage visitou o planeta no início de 1980, as emissões indicaram que a duração de um dia seria de 10,66 horas. Mais tarde, a sonda Ulysses e Cassini indicaram que as pulsações variavam de segundos até minutos.
Nessa última sondagem, o período de pulsações no norte do planeta foram equivalentes a 10,6 horas. O sul apresentou um pouco mais, 10,8 horas.
Com essa descoberta, é possível que haja a necessidade de refazer o cálculo de quanto dura um dia em Saturno.
Outra novidade é que os cientistas descobriram que as variações apresentadas pelos sinais também mudam drasticamente ao longo do tempo.
Eles acreditam que as diferenças nos períodos das ondas de rádio não têm a ver com os hemisférios e a rotação, mas aparentemente com a estação do ano, a interferência de ventos que circulam em altitude elevada nos dois hemisférios de Saturno e o impacto do campo magnético que cobre todo o planeta.
auroras em Saturno 
© NASA (auroras em Saturno)
Um outro estudo, com informações fornecidas pelo telescópio espacial Hubble, mostrou que o campo magnético de Saturno variou com as auroras do norte e do sul e as emissões de ondas de rádio.
"A chuva de elétrons na atmosfera, que produz as auroras, também produz as emissões de rádio e afeta o campo magnético de Saturno. Os cientistas acreditam que todas essas variações que vemos estão relacionadas às mudanças do Sol e suas influências sobre o planeta", diz Stanley Cowley, da Universidade de Leicester.
Fonte: Space

quinta-feira, 24 de março de 2011

Via Láctea pode conter 2 bilhões de “Terras”

A Via Láctea pode abrigar até 2 bilhões de planetas de tamanho semelhante ao da Terra. É estimada a existência de mais de 50 bilhões de outras galáxias no Universo.
ilustração de exoplanetas
© Kepler (ilustração de exoplanetas)
Os primeiros dados do telescópio Kepler, divulgados em fevereiro, mas reunidos agora em um novo estudo de pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, na Califórnia, sugerem que entre 1,4% e 2,7% das estrelas parecidas com o Sol possam ter planetas com tamanho entre 0,8 e 2 vezes o da Terra.
A maioria deve estar na chamada zona habitável, ou seja, a distância da estrela que permite a presença de água líquida, considerada condição essencial à vida.
Ainda assim, nas cem estrelas semelhantes ao Sol mais próximas da Terra (a até umas poucas dezenas de anos-luz daqui), deve haver apenas duas com planetas do tamanho do nosso.
Mas, segundo os autores do trabalho, a quantidade de "gêmeas" nas redondezas pode aumentar, pois outro tipo de estrela, as gigantes vermelhas, também pode abrigar planetas desse tipo.
Nesses astros, que são mais antigos e já esgotaram o suprimento de gás hidrogênio, a detecção é mais complexa. Os cientistas pretendem localizar os planetas pela força gravitacional que eles exercem, e não por alterações no brilho da estrela, como no telescópio Kepler.
Como estrelas desse tipo são bem mais comuns do que as do tipo do Sol, é muito provável que possam existir ainda mais "Terras" por aí.
Fonte: Astrophysical Journal

quarta-feira, 23 de março de 2011

Um par de anãs marrons muito frias

As anãs marrons são essencialmente estrelas frustradas:  não possuem massa em quantidade suficiente para que a gravidade dê origem às reações nucleares que fazem as estrelas brilharem.
ilustração do sistema binário de anãs marrons
© ESO/L. Calçada (ilustração do sistema binário de anãs marrons)
A anã marron recentemente descoberta, identificada como CFBDSIR 1458+10B, é o membro mais tênue de um sistema binário de anãs marrons situado a apenas 75 anos-luz da Terra. O sistema binário é denominado CFBDSIR 1458+10. As duas componentes são conhecidas como CFBDSIR 1458+10A e CFBDSIR 1458+10B, sendo esta última a mais tênue e fria das duas. Parecem orbitar uma em torno da outra com uma separação de cerca de três vezes a distância entre a Terra e o Sol e um período de cerca de trinta anos.
O poderoso espectrógrafo X-shooter montado no VLT (Very Large Telescope) do ESO foi utilizado para mostrar que o objeto composto era muito frio quando comparado com anãs marrons típicas.
O CFBDSIR 1458+10 é o binário de anãs castanhas mais frio encontrado até hoje. Descobriu-se agora que a mais tênue das duas anãs marrons tem uma temperatura de cerca de 100º Celsius - o ponto de ebulição da água. A tais temperaturas é possível que a anã marron tenha propriedades que são diferentes das anãs marrons conhecidas e mais próximas das de exoplanetas gigantes - poderia inclusive possuir nuvens de água na sua atmosfera.
Para desvendar os segredos deste objeto tão invulgar foi necessário combinar observações obtidas por três telescópios diferentes. Descobriu-se inicialmente que CFBDSIR 1458+10 era um binário utilizando o sistema de óptica adaptativa à laser do telescópio Keck II, situado no Havaí. A óptica adaptativa cancela a maior parte da interferência atmosférica da Terra, melhorando a nitidez das imagens de cerca de 10 vezes, permitindo assim resolver a separação muito pequena do binário. Foi utilizado também o telescópio Canada-France-Hawaii, também situado no Havaí, para determinar a distância do sistema duplo de anãs marrons utilizando uma câmara infravermelha. Finalmente, o VLT do ESO foi utilizado para estudar o espectro infravermelho do objeto e medir a sua temperatura.
A busca de objetos frios é um tópico astronômico interessante. O telescópio Espacial Spitzer identificou recentemente dois outros objetos muito tênues como possíveis candidatos às anãs marrons mais frias conhecidas, embora as suas temperaturas não tenham sido medidas com tanta precisão.
Futuras observações do CFBDSIR 1458+10B propiciarão determinar melhor as suas propriedades e mapeamento de sua órbita, que depois de uma década de monitorização, deverá permitir aos astrônomos obter a massa do binário.
Fonte: ESO

domingo, 20 de março de 2011

Chuva de metano em Titã

A sonda Cassini detectou sinais de uma chuva de metano de primavera sobre as dunas próximas ao equador de Titã, lua de Saturno.
chuva de metano em Titã
© NASA (chuva de metano em Titã)
A lua Titã é a maior do planeta Saturno, e possui lagos de metano em latitudes elevadas, mas suas regiões equatoriais são em sua maioria áridas, com grandes extensões de dunas.
Em observações anteriores, os cientistas haviam detectado canais secos, como se fossem marcas de um rio extinto na parte sul, no entanto não acreditavam que se tratavam de evidências de que no passado o planeta tivesse um clima mais úmido na região.
O uso das imagens proporcionadas pela sonda Cassini levou a uma nova teoria. A cientista Elizabeth Turtle do laboratório de física da Universidade Johns Hopkins e seus colegas observaram quedas bruscas da luminosidade da superfície próxima ao equador de Titã após a formação de um acúmulo de nuvens.
nuvens equatoriais em Titã
© NASA (nuvens equatoriais em Titã)
Os autores formularam diversas explicações para essas mudanças luminosas, como uma tempestade violenta ou atividade vulcânica nesta região, mas finalmente chegaram a uma conclusão que acreditaram mais provável: uma grande tempestade de metano.
Fonte: Science

sexta-feira, 18 de março de 2011

Super Lua Cheia

No próximo sábado, dia 19 de março, e se as condições meteorológicas ajudarem, será possível observar uma Lua Cheia especial no céu, uma super Lua Cheia.
Lua cheia
© NASA (Lua cheia)
Este fenômeno é bem mais raro do que a famosa Lua Azul, que acontece uma vez a cada dois anos e meio.
A órbita da Lua em torno da Terra não é uma circunferência perfeita, mas sim uma elipse. Quando a Lua se encontra na ponta da elipse mais próxima da Terra está no perigeu, e quando a Lua se encontra na ponta da elipse mais afastada da Terra dizemos que se encontra no apogeu. A Lua no perigeu fica cerca de 50 mil km mais perto da Terra do que no apogeu. A Lua Cheia do próximo sábado quase coincide com o perigeu da Lua, cuja diferença será de uma hora.  A Lua Cheia vai nascer no leste ao pôr do Sol e deve parecer especialmente grande quando estiver próxima ao horizonte.
Como resultado a Lua poderá parecer no céu cerca de 14% maior e 30% mais brilhante do que as Luas Cheias que acontecem no apogeu. Mas será que vamos notar alguma diferença? É difícil, pois não existem réguas no céu que possamos usar para medir o diâmetro lunar. No entanto, deve valer a pena ver a Lua no céu. A melhor altura para espreitar a Lua será quando ela está próxima do horizonte. Por razões de perspectiva, quando a Lua está perto do horizonte, alinhada com edifícios, árvores ou outros objetos e construções, parece-nos maior. Por isso poderemos aproveitar a Lua do próximo sábado para ainda ampliar mais esta ilusão de ótica lunar.
Ao contrário do que afirmam algumas notícias que circulam pela internet, as Luas Cheias que acontecem perto do perigeu não provocam desastres naturais. A última super Lua Cheia de 8 março de 1993 passou sem nenhum incidente e a quase-super Lua Cheia de 12 de dezembro de 2008 foi também inofensiva. As Luas Cheias que acontecem perto do perigeu são frequentes - há uma a cada 413 dias, ou seja, quase uma por ano. A do dia 19 é apenas uma que estará um pouco mais próxima por alguns quilômetros - a distância entre a Terra e a Lua será de 356.577 quilômetros, enquanto que a média dos perigeus durante 2011 será de 361.561 quilômetros.
A influência do satélite natural poderá ser sentido essencialmente nas marés, no entanto, os efeitos sobre a Terra são menores, e de acordo com estudos mais detalhados, a combinação da Lua estar em sua maior aproximação da Terra e na fase cheia, não deve afetar o equilíbrio interno da energia do planeta.
Esta Lua Cheia no perigeu quase coincide com o Equinócio da primavera. O Equinócio será dia 20 de março. O último equinócio de outono, a 22 de setembro de 2010 também coincidiu com uma Lua Cheia. É por tudo isto que a Páscoa este ano ocorre só no final de abril. No ano de 325 DC foi instituído que a Páscoa seria celebrada no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia depois do Equinócio Vernal (da primavera). Assim, a primeira Lua Cheia depois do dia 20 de março será a 18 de abril e o primeiro domingo depois do dia 18 de abril é o dia 24 de abril - domingo de Páscoa de 2011.
Fonte: NASA e Cosmo Novas

quinta-feira, 17 de março de 2011

Messenger entra na órbita de Mercúrio

A sonda Messenger entrou na órbita do planeta Mercúrio as 23hs da quinta-feira (horário de Brasília), para circundar o planeta durante um ano terrestre, como parte de um estudo sem precedentes.
Mercúrio
© NASA (Mercúrio)
A Messenger, que começou sua viagem há mais de seis anos, entrou na órbita de Mercúrio, após uma manobra de 14 minutos que lhe permitiu reduzir a velocidade e fixar a trajetória, transformando-a na primeira nave espacial a orbitar o planeta mais próximo ao Sol.
A sonda, lançada em agosto de 2004, viajou sob "uma série de condições extremas" até chegar a Mercúrio, onde realizará uma órbita de 12 horas sobre Mercúrio, a uma altitude mínima de 200 quilômetros. Na órbita de Mercúrio, a Messenger está a 46,14 milhões de quilômetros do Sol e a 155,06 milhões de quilômetros da Terra.
Fonte: NASA

quarta-feira, 16 de março de 2011

O drama do nascimento estelar

A região de formação estelar NGC 6729 faz parte de uma das maternidades estelares mais próximas da Terra e é por isso muito explorada.
© ESO (NGC 6729)
Esta nova imagem obtida com o Very Large Telescope do ESO dá-nos uma visão detalhada de uma parte desta estranha e fascinante região. Os dados foram selecionados a partir do arquivo ESO pelo participante do concurso Tesouros Escondidos Sergey Stepanenko. A imagem de NGC 6729 de Sergey ficou classificada em terceiro lugar neste concurso.
A formação de estrelas no interior de nuvens moleculares e os primeiros estágios do seu desenvolvimento não podem ser observados por meio de telescópios óticos, devido ao obscurecimento por parte da poeira. Nesta imagem temos estrelas muito jovens no canto superior esquerdo que, embora não se possam ver diretamente, dominam a imagem pelos distúrbios que geram na sua vizinhança. Jatos de matéria lançados pelas estrelas jovens viajam a velocidades tão altas com um milhão de km/h chocando violentamente com o gás circundante e criando ondas de choque. Estes choques fazem com que o gás brilhe intensamente e criem brilhantes e coloridos arcos e manchas de forma estranha, conhecidos como objetos Herbig-Haro.
Nesta imagem os objetos Herbig-Haro  formam duas linhas que marcam as direções prováveis do material ejetado. Uma estende-se da região superior esquerda ao centro inferior, terminando no grupo circular brilhante de arcos e manchas que aí se encontra. A outra começa próximo do canto superior esquerdo da imagem estendendo-se em direção ao centro direito. A estranha mancha brilhante em forma de cimitarra (espada de lâmina curva) situada em cima à esquerda deve-se muito provavelmente à radiação estelar que é refletida pela poeira, não sendo por isso um objeto Herbig-Haro.
Fonte: ESO

A estrela fantasma da Via Láctea

A nebulosa planetária Abell 39 está localizada na constelação de Hércules. O seu nome provém do número de entrada (39) do catálogo de grandes nebulosas descobertas por George Ogden Abell em 1966.
Abell 39
 © NASA/ESA (Abell 39)
A Abell 39, está localizada a aproximadamente 7000 anos-luz de distância e é uma remanescente fantasmagórica de uma estrela parecida com o Sol e uma das maiores esferas existentes na Via Láctea. Ela tem cerca de 6 anos-luz de diâmetro e uma vez foi uma estrela parecida com o Sol que teve sua atmosfera externa expelida a milhares de anos atrás. A natureza quase que perfeitamente esférica da Abell 39 - a grossura da envoltura esférica é de 0,33 anos luz - permite aos astrônomos estimar com precisão quanto material relativo está na verdade absorvendo e emitindo luz.
As observações indicam que a Abell 39 contém somente metade do oxigênio encontrado no Sol, uma intrigante, mas não surpreendente confirmação das diferenças químicas entre as estrelas. A estrela central, de magnitude 15,7, está evoluindo para uma anã branca quente. A sua temperatura efetiva é de 150 000 K e tem uma massa aproximada de 0,6 massas solares. A razão pela qual a estrela central está um pouco afastada do centro geométrico por 0,1 anos-luz é atualmente desconhecida. Algumas galáxias localizadas a milhões de anos-luz de distância podem ser vistas através e ao redor da nebulosa espectral.
Fonte: Daily Galaxy

terça-feira, 15 de março de 2011

Expansão do Universo é medida com 3,3% de precisão

Uma teoria alternativa à matéria escura foi descartada depois que astrônomos da NASA recalcularam a taxa de expansão do Universo com precisão sem precedentes usando o Telescópio Hubble da NASA.
galáxia M101
© Robert Gendler (galáxia M101)
As novas medições têm margem de erro de apenas 3,3%, enquanto as anteriores, efetuadas em 2009, eram de até 30%. O valor da taxa de expansão do Universo é de 73,8 km/s por megaparsec (3,26 milhões de anos-luz).
Há tempos os cientistas tentam explicar a expansão do Universo a taxas crescentes. Uma das teorias, a da matéria escura, explica que existe um tipo de matéria que não pode ser detectada, mas que tem efeito oposto ao da gravidade. Acredita-se que ela forme cerca de um quarto do Universo.
A hipótese concorrente, descartada após este último estudo, postulava que uma "bolha" enorme de espaço relativamente vazio de oito bilhões de anos-luz rodeia nossa vizinhança galáctica. Se vivêssemos perto do centro desse vácuo, observações de galáxias sendo empurradas para fora a velocidades crescentes seriam uma ilusão.
Adam Riess, que liderou o estudo, conseguiu descartar essa última hipótese usando as observações do Hubble para uma melhor caracterização do comportamento da matéria escura. Os dados ajudaram a determinar um número muito mais preciso para a taxa de expansão do Universo, o que ajudará os astrônomos a determinar questões como o formato do Universo.
"Estamos usando a nova câmera instalada no Hubble como um radar de trânsito para pegar o Universo ultrapassando a velocidade permitida. Parece que é a matéria escura que está apertando o acelerador", afirmou Riess em nota divulgada pela NASA.
Para a pesquisa, inicialmente a equipe teve que determinar com precisão as distâncias de galáxias próximas e distantes da Terra. Então, foi comparada essas distâncias com a velocidade a que as galáxias estão aparentemente diminuindo devido à expansão do Universo. Eles usaram esses dois valores para calcular a "constante de Hubble", número que relaciona a velocidade a que uma galáxia parece "diminuir" a sua distância da Via-Láctea.
Vale lembrar que os astrônomos não podem medir fisicamente a distância de uma galáxia até a Via-Láctea. Sendo assim, eles usam estrelas ou supernovas como pontos de referência confiáveis. Esses objetos têm um brilho intrínseco - seu brilho real, não diminuído pela distância, pela poeira ou pela atmosfera - e um brilho real, visto da Terra. Sua distância pode então ser medida de maneira confiável pela comparação desses dois brilhos.
Fonte: Astrophysical Journal

A dispersão de uma família de estrelas

A maioria dos ricos aglomerados estelares globulares que orbitam a Via Láctea tem núcleos que são preenchidos de forma apertada com muitas estrelas, mas o NGC 288 é um dos poucos aglomerados considerados de baixa concentração, com as estrelas fracamente unidas.
NGC 288
© ESA/NASA (NGC 288)
Essa imagem foi criada a partir de uma série de imagens feitas pelo Hubble usando o seu Wide Field Channel da Advanced Camera for Surveys, da NASA e ESA, através de diferentes filtros. A luz registrada pelo filtro azul (F435W) é colorida em azul, a luz captada através do filtro laranja (F606W) aparece em verde, a luz registrada através do infravermelho próximo (F814W) aparece vermelha e finalmente a luz proveniente do brilho do hidrogênio (F658W) aparece em laranja. Os tempos de exposição utilizados foram de 740s, 530s, 610s e 1760s respectivamente e o campo de visão é de 3,2 arcos de minutos de diâmetro.
As cores e o brilho das estrelas na imagem contam a história de como as estrelas se desenvolveram no aglomerado. Os muitos pontos mais apagados de luz são estrelas normais de baixa massa que ainda estão fundindo hidrogênio da mesma maneira que o Sol. As estrelas mais brilhantes são separadas em duas classes: as amarelas e as gigantes vermelhas que estão na última fase de suas vidas e são agora maiores, mais frias e mais brilhantes. As estrelas azuis brilhantes são as estrelas mais massivas que têm deixado a fase de gigante vermelha e estão sendo energizadas pela fusão do hélio em seus núcleos.
As estrelas dentro dos aglomerados globulares se formaram aproximadamente na mesma época a partir da mesma nuvem de gás, fazendo delas famílias próximas de estrelas. Contudo, os astrônomos pensam que as irmãs estelares em aglomerados globulares de baixa concentração como o NGC 288 que não são fortemente unidos pela gravidade são aglomerados mais ricos e mais densos podendo eventualmente se dispersarem e seguir caminhos separados.
O NGC 288 é encontrado dentro da obscura constelação do sul do Escultor a uma distância de aproximadamente 30.000 anos-luz. Essa constelação também possui a NGC 253, mais conhecida como Galáxia do Escultor devido a sua localização e esses dois objetos do céu profundo são próximos o suficiente no céu para serem observados no mesmo campo de visão binocular. William Herschel foi o primeiro a registrar a presença do NGC 288 em 1785 e também reconheceu que ele era um aglomerado globular que poderia ter suas estrelas individualmente identificadas em seu telescópio.
Fonte: ESA e NASA

As bolhas de raios gama na Via Láctea

Uma equipe de astrônomos analisou as imagens feitas por um telescópio da NASA em novembro de 2010 e anunciou que gigantes bolhas de raios gama na Via Láctea são formadas pela erupção do buraco negro no centro da nossa galáxia.
bolhas de raios gama na Via Láctea
© NASA (bolhas de raios gama na Via Láctea)
Um modelo criado pelo pesquisador Cheng KS, da Universidade de Hong Kong, e descrito na revista Astrophysical Journal Letters aponta que o buraco negro "devora" as estrelas, liberando grande quantidade de energia. Segundo o modelo de Cheng, apenas 50% da massa das estrelas são "engolidas" pelo buraco, a outra metade é liberada para o espaço em grandes explosões.
Nessas explosões, o plasma quente é lançado para fora com grande quantidade de energia, aumentando a temperatura e provocando a criação das bolhas. Cheng estima que a energia liberada seja até 100 vezes maior do que a criada por uma explosão de supernova (explosão que ocorre no final da vida de estrelas de grande massa).
"Estimamos ter uma mapa teórico da distribuição dos raios gama no buraco negro da galáxia nos próximos seis a nove meses", disse o pesquisador ao anunciar as primeiras descobertas sobre as estruturas misteriosas.
Fonte: Physics World

domingo, 13 de março de 2011

Estrela veloz cria onda de choque

O WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) da NASA, registrou uma imagem da estrela Alpha Camelopardalis, ou Alpha Cam, se movendo no espaço mais rápido que outras estrelas.
estrela Alpha Camelopardalis
© NASA/WISE (estrela Alpha Camelopardalis)
As cores usadas na imagem representam comprimentos de onda específicos da luz infravermelha. As estrelas são primariamente mostradas em azul e ciano (azul-esverdeado), pois elas estão emitindo luz brilhante em 3,4 e 4,6 mícron. A cor verde representa a luz de 12 mícron emitida pela poeira. A cor vermelha da onda de choque representa a luz emitida em 22 mícron.
A estrela supergigante Alpha Cam é a estrela brilhante localizada no centro da imagem, envolta num lado por uma nuvem de poeira e gás em forma de arco, colorido em vermelho nessa imagem infravermelha da região.
Essas estrelas que se movem rapidamente são chamadas de estrelas fugitivas. A distância e a velocidade da Alpha Cam é algo incerto. Provavelmente a sua distância é algo entre 1600 e 6900 anos-luz e a sua velocidade é assustadoramente alta entre 680 e 4200 km/s. O WISE é um instrumento altamente adaptado para registrar as ondas de choque das estrelas fugitivas. Prévios exemplos podem ser vistos ao redor da Zeta Ophiuchi, AE Aurigae e Menkhib.
Os astrônomos acreditam que as estrelas fugitivas são aceleradas por meio da explosão de supernova de uma estrela companheira ou por meio das interações gravitacionais com outras estrelas em um aglomerado. Pelo fato da Alpha Cam, ser uma estrela supergigante vermelha ela produz um forte vento estelar. A velocidade do vento é acelerada na direção em que a estrela está se movendo no espaço. O vento estelar comprimi o gás e a poeira interestelar gerando calor e brilho em infravermelho. A onda de choque da Alpha Cam não pode ser vista na luz visível mas os detectores infravermelhos do WISE nos mostram um gracioso arco de gás e poeira aquecida ao redor da estrela. O arco vermelho da Alpha Cam é adicionado à coleção de objetos coloridos registrados pelo WISE da constelação de Camelopardalis ou da Girafa. Esse arco parece como um bracelete de esmeraldas gentilmente colocado no pescoço da girafa.
Fonte: NASA

O “olho de Sauron”

Uma imagem divulgada pela NASA mostra a região central da galáxia espiral NGC 4151, que recebeu o apelido de "Olho de Sauron" pelos astrônomos por causa de sua semelhança com o olhar do vilão do filme O Senhor dos Anéis.
galáxia NGC 4151
© Chandra (galáxia NGC 4151)
O que parece ser a pupila, com tom azul, é o centro da galáxia, composto por hidrogênio ionizado. A parte vermelha mostra nuvens formadas por hidrogênio neutro e os pontos amarelos representam as regiões onde ocorreu recente formação estelar.
A galáxia fica a cerca de 43 milhões de anos-luz de distância da Terra e apresenta um buraco negro em grande atividade. Devido a sua proximidade, a NGC 4151 oferece uma das melhores chances para o estudo sobre a interação mantida entre os buracos negros e os gases que o rodeiam.
Fonte: NASA