Enquanto realiza sua extensiva pesquisa por fontes de raios X nas regiões centrais da galáxia, o satélite Swift da NASA descobriu a até então desconhecida remanescente de uma estrela destruída.
© NASA (imagem composta da remanescente de supernova)
Designada G306.3-0.9 depois que as suas coordenadas na posição do céu foram definidas, o novo objeto aparece entre uma das remanescentes supernovas mais jovens conhecidas na Via Láctea.
Os astrônomos anteriormente catalogaram mais de 300 remanescentes de supernovas na galáxia. As novas análises indicam que a G306.3-0.9 tem provavelmente menos de 2.500 anos de idade, fazendo dela uma das 20 remanescentes mais jovens já identificadas.
A imagem composta acima da remanescente de supernova G306.3-0.9 funde observações feitas com o Chandra em raios X (azul), com dados adquiridos pelo telescópio espacial Spitzer em infravermelho (vermelho e ciano) e observações feitas com o Australia Telescope Compact Array em rádio (roxo). A imagem tem 20 arcos de minuto de diâmetro, que corresponde a 150 anos-luz na distância estimada para a remanescente.
Os astrônomos estimam que uma explosão de supernova ocorra uma ou duas vezes por século na Via Láctea. A onda de expansão da explosão e os detritos estelares quentes vagarosamente se dissipam por centenas de milhares de anos, eventualmente se misturando com o gás do meio interestelar se tornando indistinguíveis.
A jovem remanescente de supernova fornece a melhor oportunidade para entender a natureza da estrela original e os detalhes de sua destruição.
As remanescentes de supernovas emitem energia através do espectro eletromagnético, desde as ondas de rádio até os raios gama, e pistas importantes podem ser encontradas em cada banda de energia. As observações de raios X revelam o movimento dos detritos em expansão, seu conteúdo químico, e a sua interação com o ambiente interestelar, mas a remanescente de supernova se apaga na região dos raios X depois de aproximadamente 10.000 anos. Na verdade, somente metade das remanescentes de supernovas conhecidas na Via Láctea foi detectada em raios X.
O Swift Galactic Plane Survey é um projeto para imagear uma faixa de dois graus de largura ao longo do plano central da Via Láctea nas energias de raios X e ultravioleta, ao mesmo tempo. O imageamento começou em 2011 e espera-se que seja completado na metade deste ano.
A pesquisa realizada pelo Swift aproveita o imageamento previamente compilado pelo telescópio espacial Spitzer da NASA e estende essa pesquisa para energias maiores. As pesquisas de raios X e infravermelho se complementam, pois a luz nessas energias penetra as nuvens de poeira do plano galáctico, enquanto que a pesquisa em ultravioleta da região é a primeira já realizada.
© NASA (imagem de campo aberto da remanescente de supernova)
Em 22 de fevereiro de 2011, o Swift imageou um campo de pesquisa perto da borda sul da constelação de Centaurus. Embora nada incomum tivesse aparecido na exposição ultravioleta, as imagens em raios X revelaram uma fonte estendida, semi-circular parecida com uma remanescente de supernova. Uma análise nos dados de arquivo revelaram detalhes nas imagens infravermelhas do Spitzer e nos dados de rádio do Molonglo Observatory Synthesis Telescope na Austrália.
A investigação posterior do objeto feita pela equipe usou 83 minutos de exposição do observatório de raios X Chandra e observações adicionais de rádio feitas com o Australia Telescope Compact Array.
Considerando uma distância estimada de 26.000 anos-luz para a G306.3-0.9, calcula-se que a onda de choque da explosão está correndo pelo espaço a uma velocidade de 2,4 milhões de quilômetros por hora. As observações feitas com o Chandra revelam a presença de ferro, neônio, sílica e enxofre em temperaturas superiores a 28 milhões de graus Celsius, uma lembrança não somente da energia envolvida, mas da função das supernovas em semear a galáxia com elementos pesados produzidos no coração das estrelas massivas.
Um artigo descrevendo os achados da equipe estará numa próxima edição do The Astrophysical Journal.
Fonte: NASA