O telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), detectou em outra galáxia o buraco negro mais distante já encontrado, fora de nossa vizinhança galáctica, o Grupo Local (grupo de galáxias que inclui a Via-Láctea). O corpo celeste está acompanhado por uma estrela que, em breve, será engolida pelo próprio buraco negro.
© ESO (buraco negro – concepção artística)
Com uma massa 15 vezes maior que a massa do Sol, este buraco negro também é o segundo maior buraco negro de massa estelar já encontrado. Ele foi encontrado em uma galáxia em formato de espiral, chamada NGC 300, a seis milhões de anos luz da Terra.
O parceiro do buraco negro é uma estrela do tipo Wolf-Rayet, que também tem uma massa cerca 20 vezes a massa do Sol. As Wolf-Rayet são estrelas que já estão perto do fim de suas vidas e expulsam a maior parte de suas camadas superiores para a região que as cerca antes de explodirem como supernovas, com seus núcleos implodindo para formar buracos negros.
Os buracos negros de massa estelar são extremamente densos, os restos do colapso de estrelas muito grandes. Estes buracos negros têm massas que chegam até a 20 vezes a massa do Sol. Até o momento, 20 destes buracos negros de massa estelar já foram encontrados.Por outro lado, buracos negros maiores são encontrados no centro da maioria das galáxias e possuem massas entre milhões e bilhões de vezes da massa solar.
As informações coletadas pelo telescópio do ESO mostram que o buraco negro e a estrela Wolf-Rayet orbitam um em volta do outro em períodos de 32 horas, enquanto o buraco negro está arrancando matéria da estrela. Como um sistema com uma ligação tão forte foi formado ainda é um mistério.
Baseados nestes sistemas, os astrônomos conseguem ver uma conexão entre a massa do buraco negro e a química das galáxias. "Notamos que os maiores buracos negros tendem a ser encontrados em galáxias menores que contem menos elementos químicos pesados. Galáxias maiores, que são mais ricas em elementos pesados, como a Via Láctea, apenas produzem buracos negros de massas menores.” afirmou Paul Crowther, professor de astrofísica na Universidade de Sheffield, Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.
Os astrônomos acreditam que uma maior concentração de elementos químicos pesados pode influenciar na evelução de uma grande estrela, aumentando a quantidade de matéria que perde, o que resulta em um buraco negro menor quando os restos da estrela finalmente entram em colapso.
Em menos de um milhão de anos será a vez da estrela Wolf-Rayet se transformar em uma supernova e, então, se transformar em um buraco negro.Se o sistema sobreviver a esta segunda explosão, os dois buracos negros vão se fundir, emitindo grandes quantidades de energia na forma de ondas gravitacionais, mas serão necessários alguns bilhões de anos até que os dois cheguem a se fundir.
Fonte: ESO e BBC Brasil