Uma equipe internacional, incluindo pesquisadores da Universidade de Tóquio e do Centro de Astrobiologia do Instituto Nacional de Ciências Naturais, anunciou a descoberta de 60 planetas usando dados da missão K2 da NASA e da missão Gaia da ESA.
© John H. Livingston (tamanhos relativos, temperaturas e órbitas dos exoplanetas)
Em combinação com o seu anterior tesouro exoplanetário, anunciado no passado mês de agosto, descobriram um total de 104 planetas, um recorde para o Japão. Entre os achados estão duas dúzias de planetas em sistemas multiplanetários, 18 planetas com menos de 2 vezes o tamanho da Terra e vários planetas de período ultracurto, que orbitam as suas estrelas em menos de 24 horas.
A equipe realizou uma análise detalhada de 155 candidatos a planeta encontrados em dados do segundo ano de operações da missão K2, levando a um conjunto uniforme de disposições candidatas e parâmetros de sistema. Devido ao brilho das suas estrelas hospedeiras, muitos destes planetas apresentam oportunidades para caracterização detalhada a fim de sondar as suas composições e atmosferas.
Este novo trabalho combina o grande poder da fotometria de séries temporais com a astrometria precisa do Gaia, que é a medição das posições das estrelas no céu. Esta combinação de dados restringe fortemente as propriedades das estrelas hospedeiras e dos seus planetas, e só se tornou possível este ano com a segunda versão de dados da missão Gaia.
Um estudo anterior incluiu 44 planetas descobertos pelo K2, à época o maior tesouro exoplanetário já encontrado por pesquisadores no Japão.
O conjunto recém-anunciado de planetas contém duas dúzias de planetas em sistemas multiplanetários, bem como vários planetas de período ultracurto, que estão muito próximos das suas estrelas; um ano nestes planetas é equivalente a menos de um dia aqui na Terra. Os planetas de período ultracurto têm atraído atenção porque a sua formação é atualmente um mistério, já que a teoria prevê que os planetas deveriam formar-se longe das suas estrelas hospedeiras. Um destes sistemas, conhecido como K2-187, contém um total de quatro planetas, um dos quais tem período ultracurto.
A equipe também descobriu que 18 dos 155 candidatos a planeta são na realidade falsos positivos, onde estrelas binárias eclipsantes produzem sinais parecidos aos produzidos por planetas em trânsito.
Além dos dados do K2 e do Gaia, a equipe caracterizou as estrelas hospedeiras recolhendo imagens através de ópticas adaptativas de alta resolução e interferometria, bem como espectros de alta resolução.
A óptica adaptativa é uma técnica usada para corrigir distorções provocadas pela atmosfera, usando um espelho deformável que ajusta rapidamente a sua forma para produzir uma imagem muito nítida. A interferometria é uma técnica usada para superar as mesmas distorções, mas sem a utilização de um espelho deformável; ao invés, é captada uma sequência de imagens de exposição muito curta, efetivamente congelando o padrão de distorção atmosférica. Posteriormente, sofisticados algoritmos de processamento de imagem transformam a sequência numa única imagem com uma resolução tão alta como se não existisse atmosfera.
Embora a NASA já tenha retirado oficialmente a nave Kepler, terminando assim a missão K2, a tarefa passou para uma nova missão chamada TESS, que já produziu as suas primeiras descobertas planetárias.
O novo estudo foi publicado na revista The Astronomical Journal.
Fonte: National Astronomical Observatory of Japan
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