sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Imagem rara de auroras gêmeas em Saturno

O telescópio espacial Hubble da Agência Espacial Americana (Nasa) capturou o brilho das auroras gêmeas de Saturno. O fenômeno acontece em ambos os polos do planeta simultaneamente. As imagens foram capturadas durante o equinócio do planeta quando o Hubble dirigia suas lentes para os dos anéis do planeta.
aurora saturno
© NASA / ESA
As raras imagens mostram pequenas diferenças entre as auroras, com as luzes brilhantes do norte menores, porém mais intensas que as do sul. O efeito é causado pelo fato de que o campo magnético de Saturno é desigualmente distribuído por todo o planeta, sendo mais forte no polo norte.
As auroras em Saturno, como na Terra, são causadas quando partículas carregadas provenientes do Sol chegam ao campo magnético do planeta. As partículas se concentram nos polos onde o campo magnético é mais forte. O brilho de uma aurora é criado quando as partículas energéticas colidem com átomos na camada superior da atmosfera.
Um equinócio ocorre em cada um dos dois pontos na jornada de um planeta em torno do Sol, quando a luz da estrela incide perpendicularmente ao equador do planeta, resultando em dias e noites de comprimento aproximadamente igual. A órbita de Saturno produz apenas um equinócio a cada 30 anos.
Fonte: NASA, ESA e The Guardian

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Grupo brasileiro já descobriu 15 supernovas

A concepção de um programa brasileiro para busca automatizada de supernovas data de 2001, por iniciativa dos astrônomos amadores Cristóvão Jacques e Tasso Napoleão, ambos engenheiros com formação astronômica, respectivamente, na UFMG e USP. Subsequentemente, iriam se juntar ao grupo dois outros membros - Eduardo Pimentel (em Belo Horizonte) e Carlos Colesanti (em São Paulo), formando o grupo responsável pelo projeto BRASS (Brazilian Supernovae Search), inicialmente conhecido como CEAMIG-REA Supernovae Search (CRSS).

Como curiosidade, os nomes CEAMIG e REA são as siglas das duas entidades parceiras no projeto - respectivamente o "Centro de Estudos Astronômicos de Minas Gerais", fundado em 1954, e a "Rede de Astronomia Observacional", fundada em 1988.

A expressão "Supernova Search", por outro lado, é praticamente um padrão entre grupos similares no âmbito mundial. O programa BRASS passou a ser efetivo em junho de 2004, e até fins de março de 2005 já havia descoberto seis supernovas austrais (SN 2004cw, SN 2004cz, SN 2004ew, SN 2005af, SN 2005al e SN 2005aw). A última descoberta em 27 de maio de 2009 foi a supernova SN 2009ev na galáxia NGC 5026, veja sua imagem a seguir.

sn2009ev

© BRASS (supernova SN 2009ev)

As descobertas realizadas pelo projeto BRASS são:

# Data Supernova Galáxia IAUC Observatório
01 13/06/2004 SN2004cw ESO-184-G75 8362 Wykrota-CEAMIG
02 26/06/2004 SN2004cz ESO-407-G09 8368 Wykrota-CEAMIG
03 08/10/2004 SN2004ew ESO-153-G17 8418 CEAMIG-REA
04 08/02/2005 SN2005af NGC-4945 8482 CEAMIG-REA
05 24/02/2005 SN2005al NGC-5304 8488 CEAMIG-REA
06 24/03/2005 SN2005aw IC 4837A 8499 CEAMIG-REA
07 13/05/2005 SN2005cb NGC-6753 8530 CEAMIG-REA
08 19/06/2005 SN2005cn NGC-5061 8549 CEAMIG-REA
09 27/08/2005 SN2005dn NGC-6861 F 8589 CEAMIG-REA
10 11/01/2006 SN 2006D MCG -01-33-34 8658 CEAMIG-REA
11 18/05/2006 SN 2006ci ESO 182-010 8713 CEAMIG-REA
12 27/05/2006 SN 2006co ESO 323-G25 CBET523 CEAMIG-REA
13 18/01/2008 SN 2008m ESO 121-026 CBET1214 CEAMIG-REA
14 09/08/2008 SN 2008eu ESO 289-010 CBET1467 CEAMIG-REA
15 27/05/2009 SN 2009ev NGC 5026 CBET1814 CEAMIG-REA

Estas descobertas são de grande relevância, pois propiciam uma melhor compreensão dos fenômenos relacionados aos estágios finais da evolução estelar.

Fonte: BRASS (Brazilian Supernovae Search)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Indício de mar subterrâneo em Enceladus

A sonda Cassini enviou mais dados que reforçam as suspeitas de que a lua Enceladus, de Saturno, abriga um mar subterrâneo sob o solo gelado, segundo um estudo publicado na revista científica Icarus. Na última passagem pela Enceladus, a sonda detectou moléculas de água com carga negativa na atmosfera do satélite.
enceladus
© NASA, ESA e ASI (Enceladus)
Esse seria um forte indício da presença de água já que, na Terra, esses íons são encontrados em lugares onde existe água em movimento, como cachoeiras ou arrebentações de ondas no mar. Não há ondas em Enceladus, mas o satélite possui uma região de grande atividade perto do seu pólo sul, onde vapor de água e partículas de gelo espirram por rachaduras na superfície e são projetados para o céu a grandes altitudes.
As novas medições, feitas com o espectrômetro Cassini Plasma Spectrometer (Caps), foram feitas quando a sonda mergulhou na névoa que cerca Enceladus em um voo rasante em 2008. A Cassini já detectou sódio na névoa - um indício dos sais dissolvidos que poderia ser encontrado em qualquer massa de água em forma líquida que tenha estado em contato com rochas nas profundezas de um corpo celeste por um longo período.
"Embora a existência de água ali não seja uma surpresa, esses íons de vida curta são evidência extra de água sob a superfície", disse Coates. "E onde há água, carbono e energia, estão presentes alguns dos ingredientes mais importantes para que haja vida", acrescentou. O Caps encontrou não apenas íons de água carregados negativamente mas também indícios de hidrocarbonetos carregados negativamente.
Anteriormente, já foram identificados hidrocarbonetos carregados positivamente em Enceladus pelo espectrômetro Ion and Neutral Mass Spectrometer (INMS). O projeto Cassini é uma colaboração entre a agência espacial americana (Nasa), a agência espacial européia (ESA) e a agência espacial italiana (ASI).
Fonte: Icarus

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Imagem mostra mudança de cor em Plutão

A superfície do planeta anão Plutão fica mais vermelha de acordo com suas mudanças da estação, afirmam cientistas da Nasa. De acordo com as fotografias mais detalhadas já tiradas pelo telescópio espacial Hubble, o planeta ficou 20% mais vermelho do que costumava ser, no período entre os anos 2000 e 2002. Segundo a NASA, isso se deve a mudanças no gelo da superfície de Plutão, no momento em que o planeta iniciava uma nova translação em volta do Sol que dura 248 anos. A seguir a imagem mostra uma variação de 90° na rotação do planeta anão Plutão.
 
plutão
 
© NASA/Hubble (Plutão)
 
As novas imagens mostram nitrogênio congelado brilhando no norte do planeta, e escurecendo no sul. Essas mudanças, provavelmente, são consequência do gelo derretendo na superfície no polo iluminado pelo Sol (norte), e congelando novamente no polo oposto. As fotos do Hubble confirmam que Plutão é um planeta dinâmico, que passa por mudanças atmosféricas dramáticas, e não apenas uma bola de gelo e rocha, afirma a NASA.
 
Essas mudanças são causadas não apenas pela órbita elíptica do planeta em torno do Sol, como também pela inclinação de seu eixo. Na Terra, as mudanças de estação são causadas pela inclinação do planeta em relação ao Sol. Em Plutão as estações são assimétricas por conta de sua órbita elíptica.
Mas alguns astrônomos se mostraram surpresos com o fenômeno. "É uma surpresa ver essas mudanças tão grandes ocorrendo tão rapidamente", disse Marc Buie, do Southwest Research Institute, dos Estados Unidos.
 
Em 2006, astrônomos rebaixaram a classificação de Plutão, que deixou de ser um planeta para se tornar um planeta anão. O planeta mais distante em nosso sistema solar, e consideravelmente menor do que os outros planetas, Plutão, com diâmetro de cerca de 2.390 quilômetros, é menor do que muitas luas.
 
Mas aparentemente, a cor não representa uma mudança na temperatura do planeta anão: apesar da vermelhidão, a temperatura média da superfície continua extremamente gelada, de 233º Celsius negativos.
 
Veja o video do planeta anão Plutão em rotação, acessando o link.
 
Fonte: NASA

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Mistério da estrela que 'desaparecia' no céu

Astrônomos da Agência Espacial Americana (Nasa) encontraram a solução para um dos enigmas seculares da astronomia: a estela que desaparece a cada 27 anos. Usando o Telescópio Espacial Spitzer, eles descobriram que a nuvem de poeira que gira em torno do objeto que acompanha a estrela é a responsável por este "eclipse". As informações são da Nasa.
estrela epsilon aurigae
© NASA
A brilhante estrela Epsilon Aurigae é acompanhada por um pequeno objeto cercado por um denso disco de poeira que, a cada 27 anos, a encobre por um período de dois anos.
A descoberta aconteceu graças à visão infravermelha do Spitzer que revelou o verdadeiro tamanho do disco de poeira e da estrela que antes se acreditava ser supergigante. Em vez disso, a Epsilon Aurigae é uma estrela brilhante com muito menos massa do que se imaginava.
Fonte: NASA

Nova técnica permite examinar exoplanetas

A busca por planetas de outros sistemas solares onde possa existir vida deve ser facilitada com uma nova técnica que permite a utilização de pequenos telescópios em terra, segundo estudo publicado pela revista científica britânica Nature.
Cerca de 430 planetas que giram em torno de estrelas que não o Sol foram descobertos desde 1995, mas a maioria é de gigantes gasosos como Júpiter e não planetas rochosos como a Terra.
exoplaneta HD 189733b
© Nature (HD 189733b - concepção artísica)
Até agora, para analisar a composição química da atmosfera destes corpos celestes chamados exoplanetas, assim como buscar moléculas que mostraram presença de vida, eram necessários telescópios espaciais ou grandes telescópios em terra.
Mark Swain, da Nasa, e seus colegas americanos, britânicos e alemães utilizaram em 2007 um telescópio terrestre de três metros, com base no Havaí, para analisar a pequena radiação infravermelha emitida pelo exoplaneta HD 189733b, um gigante gasoso situado a 63 anos-luz da Terra, onde foi observado a presença de água.
Inclusive puderam observá-lo em comprimentos de onda não acessíveis para telescópios espaciais.
Graças a uma técnica que permite evitar as turbulências da atmosfera terrestre, que podem interferir na imagem dos telescópios, os cientistas descobriram a presença de metano na atmosfera deste exoplaneta.
O exoplaneta HD 189733b, tal como se vê da Terra, passa às vezes diante de sua estrela ou se eclipsa atrás dela. Os astrônomos comparam seu espectro luminoso antes e depois de cada eclipse.
"Com a nova técnica de calibração, podemos distinguir as variações da luz devido ao eclipse do planeta, variações devidas às turbulências atmosféricas e aos próprios detectores", explicou um dos autores, Jeroen Bouwman, do Instituto Max Planck para Astronomia (Alemanha), em um comunicado.
Os resultados obtidos com telescópios relativamente pequenos em terra são animadores, segundo Swain. "Isso significa que, com telescópios maiores em terra, utilizando essa técnica, será possível estudar melhor a atmosfera de planetas similares na Terra", explicou Mark Swain.
Fonte: AFP e Nature

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Imagem de possível colisão de asteroides

O telescópio espacial Hubble, da Nasa (agência espacial americana), fotografou uma imagem em forma de "X" com uma espécie de cauda, que os astrônomos acreditam que tenha sido criada pela colisão de dois asteroides.
colisão de asteroides
© NASA
O objeto, chamado P/2010 A2, foi descoberto no chamado cinturão de asteroides que fica entre Marte e Júpiter. Os pesquisadores já imaginavam que o fenômeno fosse comum nessa região do espaço, mas jamais viram isso acontecer.
O P/2010 A2 estaria a uma distância de 144 milhões de quilômetros da Terra quando foi fotografado pelo Hubble, em janeiro. Segundo a Nasa, colisões de asteroides liberam muita energia, com um impacto que ocorre a uma velocidade que é cinco vezes maior do que a de uma bala de fuzil.
Os astrônomos dizem que a órbita do P/2010 A2 pode indicar que ele pertence a um grupo de asteroides que seriam fragmentos resultantes de uma colisão ocorrida há mais de 100 milhões de anos. Um fragmento daquele fenômeno pode ter atingido a Terra há 65 milhões de anos, levando à extinção em massa de dinossauros.
Fonte: NASA e BBC Brasil

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Imagem mais nítida do centro da Via Láctea

A Nasa, agência espacial americana, divulgou nesta terça-feira uma nova fotografia do centro da Via Láctea, a galáxia onde está localizada a Terra. A imagem, captada pela câmera em infravermelho do telescópio espacial Hubble em conjunto com a sonda Spitzer, é a mais nítida já feita do núcleo galáctico.
centro da via láctea
© NASA
Segundo a Nasa, a foto registra também uma nova população de estrelas massivas e novas estruturas complexas de gás quente ionizado que circulam pelo local, distante a 300 anos-luz da Terra. Para os cientistas, a nova observação pode ser útil para explicar como as estrelas maciças se formam e influenciam o violento núcleo de outras galáxias.
A Nasa informou que a foto é o resultado de um mosaico com 2.304 captações de luz obtidas entre 22 de fevereiro e 5 de junho de 2008.
Fonte: NASA

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Buraco negro gigante engolindo estrela

O telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), detectou em outra galáxia o buraco negro mais distante já encontrado, fora de nossa vizinhança galáctica, o Grupo Local (grupo de galáxias que inclui a Via-Láctea). O corpo celeste está acompanhado por uma estrela que, em breve, será engolida pelo próprio buraco negro.
buraco negro gigante
© ESO (buraco negro – concepção artística) 
Com uma massa 15 vezes maior que a massa do Sol, este buraco negro também é o segundo maior buraco negro de massa estelar já encontrado. Ele foi encontrado em uma galáxia em formato de espiral, chamada NGC 300, a seis milhões de anos luz da Terra.
O parceiro do buraco negro é uma estrela do tipo Wolf-Rayet, que também tem uma massa cerca 20 vezes a massa do Sol. As Wolf-Rayet são estrelas que já estão perto do fim de suas vidas e expulsam a maior parte de suas camadas superiores para a região que as cerca antes de explodirem como supernovas, com seus núcleos implodindo para formar buracos negros.
Os buracos negros de massa estelar são extremamente densos, os restos do colapso de estrelas muito grandes. Estes buracos negros têm massas que chegam até a 20 vezes a massa do Sol. Até o momento, 20 destes buracos negros de massa estelar já foram encontrados.Por outro lado, buracos negros maiores são encontrados no centro da maioria das galáxias e possuem massas entre milhões e bilhões de vezes da massa solar.
As informações coletadas pelo telescópio do ESO mostram que o buraco negro e a estrela Wolf-Rayet orbitam um em volta do outro em períodos de 32 horas, enquanto o buraco negro está arrancando matéria da estrela. Como um sistema com uma ligação tão forte foi formado ainda é um mistério.
Baseados nestes sistemas, os astrônomos conseguem ver uma conexão entre a massa do buraco negro e a química das galáxias. "Notamos que os maiores buracos negros tendem a ser encontrados em galáxias menores que contem menos elementos químicos pesados. Galáxias maiores, que são mais ricas em elementos pesados, como a Via Láctea, apenas produzem buracos negros de massas menores.” afirmou Paul Crowther, professor de astrofísica na Universidade de Sheffield, Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.
Os astrônomos acreditam que uma maior concentração de elementos químicos pesados pode influenciar na evelução de uma grande estrela, aumentando a quantidade de matéria que perde, o que resulta em um buraco negro menor quando os restos da estrela finalmente entram em colapso.
Em menos de um milhão de anos será a vez da estrela Wolf-Rayet se transformar em uma supernova e, então, se transformar em um buraco negro.Se o sistema sobreviver a esta segunda explosão, os dois buracos negros vão se fundir, emitindo grandes quantidades de energia na forma de ondas gravitacionais, mas serão necessários alguns bilhões de anos até que os dois cheguem a se fundir.
Fonte: ESO e BBC Brasil

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Buracos negros medianos

Os buracos negros variam muito de tamanho, desde os relativamente pequenos, com massa muito superior à solar e originados de estrelas em colapso, até os supermassivos, como aquele que se encontra no centro da nossa Via Láctea, com massa equivalente a quase 4 milhões de sóis.
eso 243-49
© ESO - Heidi Sagerud (concepção artística da galáxia)
Mas os buracos negros medianos - com centenas ou milhares de vezes a massa solar - provaram ser objetos de difícil compreensão. Um estudo publicado na Nature identifica um novo candidato a essa terceira - e aparentemente rara - categoria, localizado a cerca de 300 milhões de anos-luz, na ESO 243-49, uma galáxia em espiral.
Se confirmado, o buraco negro mediano, bem como os outros objetos a ele semelhantes, poderá dar pistas a respeito de como os buracos negros supermassivos são formados, o que, por sua vez, possibilitará um maior entendimento sobre a constituição de galáxias parecidas com a nossa.
O suposto buraco negro de massa intermediária parece situar-se fora do principal conglomerado estelar de sua galáxia, a qual, de acordo com o astrofísico da University of Leicester (Inglaterra) e principal autor do estudo, Sean Farrell, aparentemente também abriga, em seu núcleo, um buraco negro supermassivo comum.
Farrell explica que a intensa luminosidade do objeto, denominado HLX-1, faz deste o candidato mais promissor de todos (embora a força gravitacional impeça o escape da radiação, a existência desta pode ser revelada pelas emissões de raios X provenientes dos materiais rapidamente sugados por um buraco negro).
"O HLX-1 se destaca por emitir cerca de dez vezes mais luz que o candidato mais luminoso até hoje encontrado", elucida Farrel, que descarta com vigor a possibilidade de um buraco negro menor e de massa estelar que somente pareça ser luminoso em razão de nosso ponto de observação privilegiado. Os autores da pesquisa concluem que o buraco negro deve ter uma massa pelo menos 500 vezes superior à do Sol. Segundo Farrel, objetos como esse surgem a partir de fusões entre densos vestígios estelares e agrupamentos de estrelas, conhecidos como aglomerados globulares.
Para o professor de astronomia da University of Michigan, Jon Miller, "há fundamento" para a existência do suposto buraco negro. Miller sustenta que Farrel e sua equipe "realizaram um trabalho minucioso em sua análise".
Cole Miller, professor de astronomia da University of Maryland e autor de uma nota na revista Nature Physics sobre a pesquisa do grupo de Farrel, comenta que o HLX-1 "é o melhor candidato a um buraco negro de massa intermediária jamais descoberto".
"Embora os mais céticos estejam aguardando até que consigamos uma forte evidência", como observações de objetos em órbita ao redor de buracos negros desse tipo, "acho que essa descoberta levantou intensamente a questão da possibilidade de buracos negros de massa intermediária".
Fonte: Scientific American Brasil

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Asteroide detectado nos arredores da Terra

O telescópio espacial Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE), lançado em dezembro de 2009, detectou o primeiro asteroide de centenas que a Nasa, agência espacial americana, espera encontrar nos arredores da Terra nos próximos anos. A sonda Wise, responsável por fazer o mapeamento fotográfico do cosmos, foi colocada em órbita por um foguete Delta II, a uma distância de 525 km da Terra. A Nasa informou que o recém-batizado 2010 AB78, descoberto em 12 de dezembro passado, não apresenta nenhum risco de colisão com o planeta. O asteroide é o ponto vermelho na parte superior da imagem a seguir.
2010 AB78
© NASA (2010 AB78)
Atualmente, o objeto de aproximadamente 1 km de diâmetro está a cerca de 158 milhões de km da Terra. Segundo a Nasa, o asteroide tem a órbita elíptica e chega perto do Sol como a Terra, mas por causa de sua trajetória inclinada, não deve se aproximar por muitos séculos. Apesar de não causar riscos, os cientistas continuarão monitorando a rocha espacial.
Centenas de asteroides e cometas passam relativamente próximos à Terra anualmente - alguns com tamanho reduzido ingressam na órbita terrestre, mas acabam se desintegrando ao atingir a atmosfera. Em casos raros de impacto com um objeto de maior proporção, o dano na superfície da Terra pode ser catastrófico. A teoria mais aceita diz que um asteroide com cerca de 10 km de largura mergulhou no planeta há 65 milhões de anos, matando todos os dinossauros e provocando um cataclisma mundial.
Fonte: NASA

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Estrelas órfãs em galáxia com duas caudas

A galáxia ESO 137-001 encontra-se a caminho do centro do enorme enxame de abelhas Abel 3627. O efeito gravitacional do enxame arrancou grandes quantidades de gás da galáxia ESO 137-001 de forma que esta agora apresenta uma cauda que se estende por mais de 200.000 anos-luz. Esta cauda foi observada pelo telescópio SOAR (Southern Astrophysical Research Telescope) no óptico e pelo observatório Chandra (NASA) nos raios-X. A seguir uma imagem mostrando a composição do espectro visível, H-alfa e raios-X.
 galáxias abell 3627
© NASA / SOAR
As observações indicam que o gás na cauda já formou milhões de estrelas. Este resultado surpreendeu os astrônomos que, até agora, pensavam ser difícil haver formação de estrelas sem ser dentro das galáxias, devido à necessidade de grandes quantidades de gás e poeira. Não é a primeira vez que se observa a formação de estrelas no espaço entre galáxias, mas nunca se tinha constatado um número tão elevado destas estrelas "órfãs".
As evidências de formação de estrelas incluem 29 regiões de hidrogênio ionizado que brilha na luz visível, e que se julga ser devido às estrelas recém-formadas. Estas regiões encontram-se ou na cauda de gás, ou muito próxima desta. O Chandra também revelou duas fontes de raios-X próximas destas regiões, o que reforça a teoria da atividade de formação de estrelas. As estrelas teriam se formado há cerca de 10 milhões de anos. Pelos padrões astronômicos, estas estrelas estão muito isoladas.
O gás que deu origem às estrelas órfãs foi arrancado da galáxia pela pressão induzida pelo movimento da galáxia através do gás quente (a vários milhões de graus) que permeia o espaço intergaláctico do enxame de galáxias Abel 3627. Com a aproximação ao enxame de galáxias, mais gás vai sendo arrancado a ESO 137-001 até que esta galáxia não tenha mais gás para formar novas estrelas.
As caudas de gás em galáxias são raras no universo atual, mas podem já ter sido comuns, há bilhões de anos, quando as galáxias eram mais jovens e mais ricas em gás.
Este trabalho de investigação, liderado por Ming Sun (Universidade Estatal do Michigan, EUA) será publicado na revista científica The Astrophysical Journal.
Fonte: NASA e SOAR

domingo, 17 de janeiro de 2010

O menor objeto do Cinturão de Kuiper

O Telescópio Espacial Hubble descobriu o menor objeto já visto em luz visível no cinturão de Kuiper, a região do Sistema Solar que se estende para além da órbita de Netuno e que abriga planetas-anões como Eris e Quaoar. Mesmo o Hubble não tendo fotografado este KBO (Kuiper Belt Object – Objeto do Cinturão de Kuiper), a sua detecção ainda foi bem impressionante. O objeto tem apenas 975 metros de diâmetro, e está à 6,7 bilhões de km de distância. O menor KBO visto anteriormente em luz refletida tinha cerca de 48 km de diâmetro, ou 50 vezes maior. Isto providencia a primeira evidência observacional de uma população de objetos do tamanho de cometas no Cinturão de Kuiper. O objeto detectado pelo Hubble é tão fraco (35ª magnitude) que é 100 vezes mais fraco do que o Hubble pode ver diretamente.
kuiper belt object
© NASA (KBO – concepção artística)
Então como o telescópio espacial poderia descobrir tal objeto? A assinatura do pequeno objeto foi extraído de dados do Hubble, não através de fotografia direta. Quando o objeto passou na frente de uma estrela, os instrumentos do Hubble registraram a ocultação.
O Hubble tem três instrumentos ópticos chamados de Fine Guidance Sensors (FGS). O FGS providencia informações de navegação de alta precisão para os sistemas de controle de altitude do observatório através da observação de estrelas-guia. O sensor explora a natureza de onda da luz para realizar medições precisas da localização das estrelas.
Foram selecionados 4,5 anos de observações do FGS, onde foram analisadas em torno de 50.000 estrelas. O Hubble passou um total de 12.000 horas durante esse período olhando para uma faixa do céu a até 20 graus do plano eclíptico do Sistema Solar, onde a maioria dos KBOs deve estar. Procurando no imenso banco de dados, foi encontrado um único evento de ocultação que durou 0,3 segundos. Isto só foi possível porque os instrumentos do FGS gravam mudanças na luz das estrelas 40 vezes por segundo. A duração da ocultação foi curta principalmente por causa do movimento da Terra ao redor do Sol. A distância do KBO foi estimada pela duração da ocultação, e a quantidade de luz bloqueada foi usada para calcular o tamanho do objeto.
A descoberta é uma poderosa ilustração da capacidade de produzir importantes descobertas novas através dos dados arquivados do Hubble.
Fonte: Nature

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Eclipse anular do Sol mais longo do milênio

O mais longo eclipse anular do Sol do terceiro milênio foi observado nesta sexta-feira da África Central à China, onde as Maldivas foram o melhor lugar para ver o fenômeno. O Instituto de Mecânica Celeste de Paris e a Nasa informam que este fenômeno não se repetirá com a mesma duração (11 minutos e 8 segundos) antes de 23 de dezembro de 3043.
eclipse anular do Sol
© Associated Press
O eclipse anular do Sol é um tipo especial de eclipse parcial. Durante um eclipse anular a Lua passa em frente ao Sol, mas acaba por não tapar completamente o astro. O Sol estando mais próximo da Terra em janeiro e a Lua, atualmente muito longe, não conseguirá cobri-lo totalmente; um anel do disco solar ficará visível quando a Lua se intercalará entre a Terra e o Sol.
O periélio, o ponto da órbita em que a Terra está mais próxima do Sol, ocorreu neste ano em 2 de janeiro, quando o planeta chegou a 146 milhões de quilômetros do Sol, cerca de 5 milhões de quilômetros mais próximo do que no ponto de maior afastamento, o afélio, que ocorre no início de julho.
E é em julho, mais precisamente no dia 11, que ocorre o segundo eclipse do Sol deste ano. Este será total: a sombra da Lua cobrirá o Sol por completo, deixando visível apenas a chamada corona, ou atmosfera, solar.
Eclipses totais são considerados mais interessantes pelos cientistas, porque permitem a observação direta da corona, que normalmente é obscurecida pela luz intensa do disco solar. O eclipse total será visível, na América do Sul, em partes do Chile e da Argentina.
Fonte: Associated Press

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Descoberto segundo menor exoplaneta

Astrônomos americanos detectaram o segundo menor exoplaneta conhecido até o momento, com uma massa de apenas 4,2 vezes a da Terra. "Esta é uma descoberta notável porque mostra que encontramos planetas fora de nosso sistema solar cada vez menores", disse o astrônomo Andrew Howard, da Universidade da Califórnia em Berkeley, ao revelar o novo exoplaneta no encerramento da 215ª conferência da American Astronomical Society.
exoplaneta
© Luís Calçada (ESO)
Este planeta longíquo, batizado de HD156668b, fica em um sistema estelar a 80 anos luz da Terra, na constelação de Hércules. Gravita ao redor de seu astro em 4,6 dias. O exoplaneta mais conhecido até hoje, chamado Gliese 581, tem duas vezes a massa terrestre. Foi detectado em abril de 2009 por um astrônomo suíço e fica a 20,5 anos luz da Terra. Mas fica em órbita muito perto de seu astro, ou seja, fora da zona habitável, com temperatura elevada.
A amplitude da variação da velocidade radial induzida pelo planeta na estrela é de apenas 1.89 m/s. A descoberta foi feita pela equipe do projeto Eta-Earth-Survey, liderada pelo conhecido Geoffrey Marcy. Para o efeito foi utilizado o espectrógrafo HIRES instalado no Observatório Keck que, juntamente com o HARPS, é o mais preciso da atualidade, sendo capaz de detectar variações de apenas 1 m/s na velocidade radial das estrelas.
Os dados do gráfico da velocidade em função da fase orbital confirma a existência do exoplaneta HD156668b.
gráfico
© Andrew Howard (Universidade da Califórnia)
No início da semana, a equipe científica do novo telescópio espacial americano Kepler, lançado em março de 2009 em busca de planetas similares à Terra fora do sistema solar, anunciou na conferência a descoberta de cinco novos exoplanetas, todos de grandes dimensões e muito quentes, com temperaturas de 1.200 a 1.648 graus centígrados.
Mas a comunidade astronômica manifestou confiança de que exoplanetas do tamanho da Terra sejam descobertos através do novo telescópio Kepler e com o Corot lançado previamente pelos europeus.
Fonte: W. M. Keck Observatory