terça-feira, 5 de abril de 2011

Um tesouro de beleza na Rho Ophiuchi

Uma rica coleção de objetos astronômicos coloridos é revelada nessa pitoresca imagem do complexo de nuvens da estrela Rho Ophiuchi feita pelo WISE (Wide-field Infrared Explorer) da NASA.
nuvem da Rho Ophiuchi
© NASA (nuvem da Rho Ophiuchi)
A nuvem da Rho Ophiuchi é encontrada nascendo acima do plano da Via Láctea no céu noturno na divisa entre as constelações de Ofiúco e Escorpião. Essa é uma das regiões de formação de estrelas mais próxima da Terra, permitindo assim que ela seja estudada em maiores detalhes do que regiões similares porém mais distantes como a Nebulosa de Órion.
A maravilhosa variedade de diferentes cores vistas nessa imagem representa diferentes comprimentos de onda da luz infravermelha. A nebulosa branca no centro da imagem está brilhando devido ao aquecimento provocado pelas estrelas próximas, resultando no que é chamado de nebulosa de emissão. O mesmo ocorre para a maior parte do gás de múltiplas tonalidades que prevalece em toda a imagem, incluindo a aparência em forma de arco azulada na parte inferior direita da imagem. A área vermelha brilhante na parte inferior direita é da luz proveniente da estrela no centro, a Sigma Scorpii, que é refletida pela poeira ao redor criando o que se chama de uma nebulosa de reflexão. E as áreas mais escuras que se dispersam através da imagem são pedaços de gás frio e denso que bloqueia a luz de fundo, resultando na chamada nebulosa de absorção, ou nebulosa escura. Os detectores de comprimentos de onda mais longos do WISE normalmente conseguem ver através das nebulosas de absorção, porém nesse caso essas nuvens são excepcionalmente opacas.
Os objetos rosa brilhantes a esquerda do centro são objetos estelares jovens (YSOs). Essas estrelas estão se formando agora, muitas delas ainda estão encapsuladas em sua própria nebulosa compacta. Na luz visível esses YSOs são completamente invisíveis na nebulosa de absorção que os rodeia. É possível ver algumas das estrelas mais velhas da nossa Via Láctea nessa imagem, encontradas em dois separados aglomerados globulares muito mais distantes. O primeiro aglomerado, o M80 está localizado na borda direita da imagem. O segundo é o NGC 6144, que é encontrado perto da borda inferior da imagem. Ambos parecem como pequenos e compactos grupos de estrelas azuis. Os aglomerados globulares como esses normalmente abrigam algumas das mais antigas estrelas conhecidas com 13 bilhões de anos, nascidas pouco depois do Universo ter sido formado.
Existem ainda dois outros itens de interesse na imagem. Na posição de 3 horas, com relação à porção central e aproximadamente a dois terços do caminho do centro até a borda existe um pequeno ponto vermelho apagado. Esse ponto é na verdade uma galáxia inteira, distante e conhecida como PGC 090239. E, na parte inferior esquerda da imagem, existem duas linhas emergindo da borda, geradas por difração da brilhante estrela Antares que está somente um pouco afastada desse campo de visão.
Fonte: NASA

sábado, 2 de abril de 2011

Os segredos do interior de estrelas gigantes

Um grande avanço no estudo estrelas velhas, as gigantes vermelhas, foi feito por astrofísicos da Universidade de Sydney. O artigo foi publicado na última edição da revista Nature.
concepção artística da estrela supergigante Betelgeuse
© ESO (concepção artística da estrela supergigante Betelgeuse)
Usando medições de alta precisão do brilho captado pela sonda Kepler, os cientistas foram capazes de distinguir diferenças profundas no interior do núcleo das estrelas.
A descoberta possibilita desvendar novas informações sobre a evolução das estrelas, incluindo o nosso próprio Sol.
As gigantes vermelhas são estrelas que esgotaram o suprimento de hidrogênio em seus núcleos durante a geração de hélio na fusão nuclear, e então entra em colapso gravitacional e sua luminosidade aumenta. O próximo estágio da reação nuclear seria a produção de carbono.
evolução estelar
© Thomas Kallinger (evolução estelar)
"As mudanças de brilho na superfície de uma estrela é um resultado de movimentos de turbulência no interior que causam tremores estelares contínuos, criando ondas sonoras que se deslocam para o interior e retornam à superfície", disse o professor Tim Bedding da Universidade de Sydney.
Sob condições propícias, estas ondas interagem com outras ondas presas dentro do núcleo da estrela composta de hélio. São estes modos de oscilações que são a chave para a compreensão do estágio de vida de uma estrela. Medindo cuidadosamente características muito sutis das oscilações no brilho da estrela, foi possível observar que algumas estrelas, que esgotaram o hidrogênio no centro e agora queimando hélio, estão numa fase posterior de sua evolução.
a idade das estrelas
© Travis Metcalfe (a idade das estrelas)
O astrônomo Travis Metcalfe do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica dos EUA destaca a importância da descoberta, e diz: "Durante certas fases na vida de uma estrela, seu tamanho e brilho são notavelmente constante, mesmo quando profundas transformações estão ocorrendo no interior profundo".
O professor Tim Bedding e seus colegas trabalham em um campo em expansão chamado astrossismologia. "Da mesma forma que os geólogos usam terremotos para explorar o interior da Terra, usamos terremotos estelares para explorar a estrutura interna das estrelas", explicou.
O satélite Kepler possui o objetivo principal de encontrar planetas do tamanho da Terra que pode ser habitável, mas também nos proporcionou uma excelente oportunidade de aprimorar a nossa compreensão deste tipo de estrelas.
Fonte: NASA

O passado violento do aglomerado M12

A alta concentração de estrelas dentro de aglomerados globulares, como no M12, faz desses objetos belos alvos para lindas fotos. A imagem a seguir foi realizada pelo Telescópio Espacial Hubble das agências NASA e ESA.
M12 
© Hubble (aglomerado globular M12)
O aglomerado globular M12, também catalogado como NGC 6218, localiza-se a aproximadamente 23.000 anos-luz de distância da Terra na constelação de Ophiuchus.
Mas a vida agitada dentro desses aglomerados também faz deles o local para exóticos sistemas estelares binários onde duas estrelas estão unidas em um órbita justa uma ao redor da outra e matéria é transferida de uma estrela para outra emitindo nesse processo radiação em raios-X. Acredita-se que essas binárias de raios-X se formam a partir de contatos imediatos entre as estrelas localizadas em regiões tumultuadas do Universo como os aglomerados globulares, e mesmo no M12 que é considerado um aglomerado disperso para os padrões tradicionais, onde essas binárias têm sido registradas.
Os astrônomos também descobriram que o M12 é o lar de algumas estrelas de baixa massa que eram anteriormente esperadas de serem encontradas. Em estudos recentes, os astrônomos usando o VLT (Very Large Telescope) do ESO (European Southern Observatory) em Cerro Paranal no Chile, mediram o brilho e a cor de mais de 16.000 das 200.000 estrelas do aglomerado. Eles especulam que aproximadamente um milhão de estrelas de baixa massa foram separadas do M12 à medida que o aglomerado globular passou através de uma densa região da Via Láctea, durante sua órbita ao redor do centro galáctico.
Parece que a serenidade dessa visão do M12 é enganadora e o objeto teve um passado violento e perturbador.
Fonte: NASA e ESA

A galáxia ativa Circinus

A galáxia Circinus está localizado na constelação de Circinus, a uma distância de 14 milhões de anos-luz. É uma das galáxias mais próximas, no entanto é pouco conhecida, porque é obscurecida pela quantidade de estrelas e poeira do plano da nossa galáxia Via Láctea.
galáxia Circinus 
© NASA (galáxia Circinus)
Esta imagem observada pelo Telescópio de infravermelho WISE da NASA mostra dois braços em espiral, com a forma de um grande "S" verde. Estes braços foram revelados pelos Observatórios Spitzer e WISE da NASA. O núcleo da galáxia brilha intensamente com luz de cor vermelha. Os comprimentos de onda da luz infravermelha detectada por estes observatórios perfuram a poeira do plano da Via Láctea, descobrindo aspectos da galáxia Circinus.
Os astrônomos consideram Circinus uma galáxia ativa, significando que uma grande fração da sua luminosidade é proveniente do núcleo. Acredita-se que toda a energia luminosa vem de duas fontes. A primeira é, provavelmente, um anel de formação de estrelas em torno do núcleo. Alguma perturbação gravitacional recente provocou o colapso do material à volta do núcleo, formando-se estrelas em ritmo acelerado. A formação de estrelas produz muita poeira, que é aquecida e brilha na luz infravermelha.
A outra fonte é um núcleo galáctico ativo, um buraco negro supermassivo rodeado por um disco de matéria que cai lentamente no buraco. Esse disco de matéria contém uma grande quantidade de gás e poeira. O material mais próximo do buraco negro está tão quente que produz raios-X e luz ultravioleta de grande intensidade. A poeira mais afastada no disco absorve grande quantidade desta luz, aquecendo e brilhando também em infravermelho. Circinus contém o núcleo de galáxia ativa mais próximo de nós.
Fonte: NASA

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Matéria escura pode aquecer um planeta

A matéria escura poderia tornar planetas normalmente hostis em habitáveis, de acordo com novo estudo.
região próxima do centro da Via Láctea
© 2MASS (região próxima do centro da Via Láctea)
Em áreas ricas em matéria escura, as partículas poderiam se acumular dentro de planetas que não tem estrela para aquecê-los, o suficiente para manter água líquida em sua superfície.
A matéria escura é literalmente obscura. A única coisa que os astrônomos sabem é que sua atração gravitacional pode ser detectada sobre a matéria normal, por um fator de 5 para 1.
Os cálculos teóricos mpstram que a matéria escura pode ser gravitacionalmente capturada por planetas e estrelas. A matéria escura circunda as galáxias nos chamados halos. As partículas de matéria escura sentem a força da gravidade, e orbitam o centro de massa das galáxias.
Muitos pesquisadores acreditam que a matéria escura é feita de partículas chamadas WIMPs, que interagem fracamente com a matéria normal, mas se aniquilam em contato umas com as outras, criando um jato de partículas energéticas. Tal aniquilação poderia produzir calor, se as partículas fossem absorvidas pela matéria circundante.
Agora, os pesquisadores calcularam quanto calor seria produzido dentro de planetas em diferentes ambientes de matéria escura. Quando as partículas de matéria escura em órbita passam através de objetos, tais como planetas, ocasionalmente batem em átomos, perdendo energia e velocidade. Se elas perdessem bastante energia após as colisões, poderiam ficar confinadas pela gravidade do planeta, estabelecendo-se em seu núcleo. Neste local, elas devem atingir outras partículas de matéria escura e se aniquilar, produzindo calor.
A aniquilação de matéria escura influi muito pouco no aquecimento da Terra. A Terra fica a cerca de 26.000 anos luz do centro da galáxia, longe o suficiente para que a concentração de matéria escura seja demasiado reduzida para ter muito efeito.
Entretanto, mais perto do centro da galáxia a concentração de matéria escura é muito maior, de modo que este aquecimento poderia aproximar-se do calor que a Terra recebe do Sol, por exemplo.
Os pesquisadores descobriram que um planeta com um peso levemente maior que peso da Terra e dentro de aproximadamente 30 anos-luz do centro galáctico poderia ser bastante aquecido pela matéria escura para manter água líquida em sua superfície. Isso significa que todos os planetas que se afastaram de suas estrelas hospedeiras ainda podem ser habitáveis, apesar de estarem flutuando no espaço frio. Porém, os planetas aquecidos por matéria escura são extremamente raros.
Os cientistas querem realizar experiências de detecção de matéria escura na Terra para descobrir se isso é mesmo possível. Os cálculos são baseados em candidatos a WIMPs, que interagem tão fortemente com a matéria normal quanto é permitido pelas observações atuais. Se os experimentos não conseguirem detectar a matéria escura nos próximos 5 a 10 anos, irá sugerir que ela não interage com força suficiente para produzir aquecimento planetário.
Essas áreas ricas em matéria escura são tão distantes, que se a presença de planetas pudesse ser detectada, os telescópios atuais não seriam capazes de fazer imagens, procurando sinais de água.
Os cientistas estão mais interessados em estrelas dentro de cerca de 65 ou 100 anos-luz da Terra, porque no futuro podem construir um grande telescópio que tente fotografar os planetas ao redor delas.
Fonte: New Scientist

Explore o Sistema Solar

O Solar System Scope é um aplicativo online interativo e em 3D para divulgação da Astronomia através da exploração do Sistema Solar.
Sistema Solar
© Solar System Scope (Sistema Solar)
Ele possui uma interface de fácil utilização com várias configurações e repleto de gráficos, oferecendo informações interessantes.
Saturno
© Solar System Scope (Saturno)
O Solar System Scope mostra as posições celestes dos planetas e das constelações que se movem sobre o céu noturno em tempo real.
Há possibilidade de customizar os os parâmetros para uma melhor compreensão dos acontecimentos em nosso Sistema Solar e no Universo.
Observe o Sistema Solar através do Solar System Scope.
Fonte: Solar System Scope

Imagens de vulcões de Marte

A ESA (agência espacial europeia) divulgou nesta sexta-feira imagens dos vulcões Ceraunius Tholus e Uranius Tholus de Marte capturados pela sonda Mars Express.
vulcões Ceraunius Tholus e Uranius Tholus
© ESA (vulcões Ceraunius Tholus e Uranius Tholus)
Os vulcões Ceraunius e Uranius estão localizados na região de Tharsis e medem 5,5 km e 4,5 km de altura. Seus diâmetros são de 130 e 62 km, respectivamente.
perspectiva dos vulcões
© ESA (perspectiva dos vulcões)
Junto aos vulcões podem ser observados vales formados pelas erupções, dos quais o mais amplo alcança 3,5 km de diâmetro e 300 metros de profundidade.
Os cientistas da ESA geraram tais imagens a partir dos dados recolhidos pela sonda em três órbitas diferentes ao redor do planeta vermelho entre novembro de 2004 e junho de 2006.
Fonte: ESA

Saturno tem um anel enrugado

As imagens de Saturno, tiradas em 2009 pela sonda espacial Cassini da NASA, permitiram ver que um dos anéis do planeta está enrugado, ou seja, tem uma ondulação provocada, provavelmente, pelo impacto de uma nuvem de objetos.
anéis de Saturno
© NASA (anéis de Saturno)
Uma equipe de pesquisadores liderada por Matthew Hedman, do Departamento de Astronomia da Universidade Cornell, em Ithaca (Nova York), estudou as imagens captadas pela sonda em um período próximo ao equinócio de Saturno.
Em agosto de 2009, o Sol iluminou os anéis de Saturno e a luz evidenciou uma "ruga" que se estende por todo o anel C, o mais interior dos três anéis maiores em torno do planeta.
"Esta ruga tem uma amplitude de 2 a 20 m e sua longitude de onda é de 30 a 80 km", diz o estudo. As tendências do comprimento de onda da ruga indicam que esta estrutura, da mesma forma que outra ruga identificada anteriormente no anel D, resulta de uma regressão nodal diferencial dentro de um anel.
anéis C e D de Saturno
© NASA (anéis C e D de Saturno)
Os cientistas, que antecipam a hipótese de que isso ocorreu devido ao impacto, não visto da Terra, de um cometa, indicam que os anéis de um planeta podem funcionar como um gigantesco disco de longa duração que "grava" os efeitos de cada cometa que passa por perto.
O estudo do sutil padrão espiral que esses cometas deixam em sua passagem permite revelar a história de impactos muitos anos e décadas depois.
Mark Showalter, do grupo Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês), e seus colaboradores já tinham analisado os anéis de Júpiter, observados em 1996 e 2000, pela sonda espacial "Galileu", e em 2008 pela "Horizon", e tinham notado ondulações inusitadas.
Ambas as equipes mediram as propriedades dessas ondulações e as compararam com cálculos da possível evolução de tais estruturas, com o qual chegaram à conclusão de que as "rugas" nos anéis de Saturno e Júpiter foram causadas por cometas.
ondulações nos anéis de Júpiter
© NASA (ondulações nos anéis de Júpiter)
Os escombros que resultaram dessas colisões inclinaram levemente os anéis de ambos os planetas, segundo os cientistas cujos cálculos indicam que as rugas no anel de Saturno provavelmente datam da colisão com um cometa em 1983, e as do anel de Júpiter ocorreram depois do impacto do cometa Shoemaker-Levy 9 em 1994.
Fonte: Science

quinta-feira, 31 de março de 2011

Nova imagem da gravidade na Terra

Os dados enviados por satélite à ESA (agência espacial europeia), durante dois anos, possibilitaram o estudo preciso da gravidade do planeta Terra de uma forma inédita.
geoide
© ESA (geoide)
O geoide gerado é a forma mais aproximada do nosso planeta, visto que ele não é totalmente redondo.
No estudo apresentado pela ESA se considerou a gravidade do geoide sem a ação de marés e de correntes oceânicas.
O modelo serve como referência para medir a movimentação dos oceanos, a mudança do nível do mar e a dinâmica do gelo, possibilitando compreender com maior profundidade as mudanças climáticas.
Além desses dados oceanográficos, também servirá para o estudo da estrutura interna do planeta, como os processos que levam à formação de terremotos de grande magnitude e que podem provocar danos devastadores, como aconteceu no recente sismo no Japão.
Do espaço, é praticamente impossível para os satélites observarem a dinâmica dos tremores, visto que o movimento das placas tectônicas ocorre abaixo do nível dos oceanos.
Contudo, os tremores costumam deixar um "rastro" na gravidade do planeta, o que pode ajudar a entender o mecanismo de um terremoto e, quem sabe, antecipar sua ocorrência.
Veja uma animação produzida pela ESA:
Leia outras informações aqui.
Fonte: ESA

quarta-feira, 30 de março de 2011

O brilho avermelhado da formação estelar

O NGC 371 é um enxame aberto rodeado por uma nebulosa, que contém hidrogênio ionizado, pertencente as regiões HII, onde são locais de criação com taxas elevadas de formação estelar recente.
enxame aberto NGC 371
© ESO (enxame aberto NGC 371)
Todas as estrelas de um enxame aberto têm origem numa mesma região HII difusa, e ao longo do tempo a maior parte do hidrogênio é usado na formação estelar, originando uma concha de hidrogênio, tal como a que observamos na imagem, e um enxame de estrelas quentes jovens.
A galáxia hospedeira do NGC 371, a Pequena Nuvem de Magalhães, é uma galáxia anã situada a uns meros 200 mil anos-luz de distância, o que a torna numa das galáxias mais próximas da Via Láctea. Adicionalmente, a Pequena Nuvem de Magalhães contém estrelas em todas as fases de evolução: desde estrelas jovens muito luminosas encontradas no NGC 371 até em restos de supernovas provenientes de estrelas mortas. Estas jovens estrelas energéticas emitem enormes quantidades de radiação ultravioleta, o que faz com que o gás circundante, como por exemplo os restos de hidrogênio da sua nebulosa criadora, brilhe intensamente de forma colorida, brilho esse que se estende ao longo de centenas de anos-luz em todas as direções. O fenômeno apresenta-se de forma maravilhosa nesta imagem, obtida com o instrumento FORS1 montado no VLT (Very Large Telescope) do ESO.
Os enxames abertos não são de modo algum raros: existem numerosos exemplos na nossa Via Láctea. No entanto, o NGC 371 tem particular interesse devido à inesperada grande quantidade de estrelas variáveis que contém. Estas estrelas apresentam uma variação periódica do seu brilho. Um tipo particularmente interessante de estrela variável, conhecido como estrelas B pulsantes de longo período, pode também ser utilizado no estudo do interior estelar através de asterosismologia. A asterosismologia consiste no estudo da estrutura interna de estrelas pulsantes através da observação das diferentes frequências às quais elas oscilam. É uma técnica similar à utilizada no estudo da estrutura da Terra por meio da observação de terremotos e de como as suas oscilações se propagam através do interior do planeta. Confirmou-se que várias destas estrelas existem neste enxame. As estrelas variáveis desempenham um papel fundamental na astronomia: alguns tipos são indispensáveis na determinação das distâncias de galáxias distantes e na determinação da idade do Universo.
Fonte: ESO

terça-feira, 29 de março de 2011

Primeira imagem da sonda Messenger na órbita de Mercúrio

A NASA divulgou a primeira imagem feita pela sonda Messenger após entrar na órbita de Mercúrio, o menor planeta do Sistema Solar e também o mais próximo do Sol.
imagem obtida de Mercúrio pela sonda Messenger
© NASA (1ª imagem obtida de Mercúrio pela sonda Messenger)
A fotografia mostra uma paisagem cinzenta, coberta por crateras. Segundo a NASA, outras 363 imagens foram feitas pela sonda Messenger durante seis horas de observação em torno do planeta. Os coordenadores da missão disseram que a nave fez uma pausa em seu trabalho de reconhecimento fotográfico apenas o tempo suficiente para transmitir as novas imagens à Terra.
Enviada ao espaço em 2004, a sonda Messenger entrou na órbita de Mercúrio no dia 17 de março de 2011 e deve permanecer na missão por pelo menos um ano. A fase principal terá início no dia 4 de abril, quando a sonda vai começar o mapeamento de toda a superfície de Mercúrio, um processo que deve resultar em cerca de 75 mil imagens.
Os cientistas acreditam que, ao conhecer Mercúrio mais detalhadamente, será possível compreender melhor como a Terra e os outros planetas do Sistema Solar se formaram.
Fonte: NASA

domingo, 27 de março de 2011

Novas anãs brancas magnéticas

O último estágio evolutivo da vida de aproximadamente 98% das estrelas da Via Láctea é como uma anã branca, um corpo celeste degenerado, de brilho tênue e porte encolhido, ainda que extremamente denso.
anã branca
© Observatório Gemini (anã branca)
Depois de perderem as camadas de sua atmosfera e consumirem todo o hidrogênio e o hélio em seu núcleo, essas estrelas velhas e decadentes comprimem sua massa em uma área 1 milhão de vezes menor do que a sua dimensão original. O Sol, por exemplo, deve virar um objeto moribundo com essas características daqui a 6 bilhões de anos. Ao menos 15 mil anãs brancas já foram descobertas em nossa galáxia. Não chega a ser uma grande novidade identificar no céu uma nova estrela na fase final de sua existência. Mas o astrofísico Kepler de Souza Oliveira Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conseguiu uma pequena proeza ao encontrar, num curto espaço de tempo, quase mil estrelas agonizantes de um tipo bastante raro, as chamadas anãs brancas magnéticas. “Descobrimos 900 dessas estrelas no ano passado”, diz o pesquisador gaúcho. “Até então conhecíamos 150 anãs brancas magnéticas.” O achado já foi divulgado num congresso científico, mas ainda não ganhou as páginas das revistas especializadas.
Como regra geral, as anãs brancas não exibem campo magnético. Por estarem próximas do fim, perderam quase todos os predicados da juventude, inclusive o magnetismo. No entanto, um pequeno número delas mantém, misteriosamente, essa característica. E não se trata de algo residual. A força do magnetismo numa anã branca desse tipo pode ser milhões ou até bilhões de vezes maior do que a do Sol.
linhas do campo magnético do Sol
© SDO (linhas do campo magnético do Sol)
O campo magnético médio do Sol é da ordem de 1 Gauss, o dobro do da Terra, com picos de alguns milhares de Gauss nas áreas em que se formam manchas. Apenas as estrelas de nêutrons apresentam campo de maior magnitude do que essa variante de anã branca. “A gênese do campo é um mistério desde a descoberta da primeira anã branca magnética nos anos 1970”, diz o astrofísico Dayal Wickramasinghe, da Universidade Nacional da Austrália, um dos maiores especialistas nesse tipo de objeto celeste. “Ele pode ser um resquício fóssil das fases anteriores da estrela, pode ter sido gerado durante o processo de evolução estelar ou estar sendo produzido atualmente por um dínamo ativo.” Em astrofísica, a teoria do dínamo tenta explicar como a Terra e as estrelas são capazes de gerar e manter atividade magnética por longos períodos.
Kepler descobriu o inusitado grupo de estrelas ao deparar com um problema, que o desviou do objetivo original de seu estudo mas o conduziu às 900 anãs brancas magnéticas. Quando começou a estudar dados do levantamento internacional Sloan Digital Sky Survey (SDSS) referentes a 50 mil estrelas candidatas a serem classificadas como anãs brancas, percebeu algo de estranho. Feita automaticamente por um software muito empregado pelos astrofísicos, a análise das chamadas linhas do espectro de emissão dessas estrelas – ou seja, de gráficos que mostram os fótons liberados pelos elementos químicos presentes nesses objetos – gerou um resultado fora do esperado. O programa apontava erros de informação em 40% da amostra de estrelas do SDSS, um índice extremamente elevado. O pesquisador da UFRGS desconfiou do resultado e resolveu verificar, com o seu próprio olho, a qualidade dos dados. Encontrou um padrão de linhas de emissão completamente anômalo em algumas estrelas, um desvio que deveria ser causado por um tipo especial de anã branca, as magnéticas. “Se eu não tivesse feito essa checagem manual, o software nunca teria descoberto essas estrelas”, diz Kepler, que contou com a ajuda de uma aluna de iniciação científica da UFRGS, Ingrid Pelisoli, para dar cabo da tarefa.
As anãs brancas magnéticas despertaram o interesse do astrofísico brasileiro porque são estrelas cuja massa é difícil de dimensionar. “Seu campo magnético é tão forte que distorce os átomos e impede a realização desse tipo de medição com precisão”, afirma Kepler. Determinar com precisão a massa de anãs brancas era justamente o objetivo inicial do pesquisador quando teve acesso aos dados do SDSS. Desde 2007  Kepler tenta encontrar anãs brancas que estejam o mais próximo possível do chamado limite de Chandrasekhar, uma ideia proposta nos anos 1930. De acordo com essa lei, cuja formulação deu o Nobel de Física de 1983 ao famoso teórico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995), uma anã branca só se mantém estável se sua massa for, no máximo, 40% maior do que a do Sol. Se tiver mais do que 1,4 massa solar, ela sofre um colapso gravitacional e se transforma numa estrela de nêutrons ou buraco negro. 
Não faltam questões a serem elucidadas sobre esse tipo especial de anã branca. “Esses objetos nos dão uma oportunidade única de entender a vida das estrelas magnéticas”, diz o astrofísico Baybars Külebi, da Universidade de Heidelberg, Alemanha, que vai colaborar com Kepler nos estudos sobre esses misteriosos objetos celestes. “Isso é importante, visto que o magnetismo não é muito bem explicado pela teoria da evolução estelar.” Apesar dos empecilhos, o pesquisador brasileiro ainda não desistiu de tentar determinar a massa das anãs brancas magnéticas. “Vamos testar outro método que, em vez do espectro de emissão, usa a cor da estrela para medir esse parâmetro”, afirma Kepler.
Fonte: FAPESP (Pesquisa)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Matéria escapa de buraco negro

O observatório de raios gama Integral da ESA (agência espacial europeia) detectou matéria extremamente quente apenas um milésimo de segundo antes que ela mergulhasse para sempre dentro de um buraco negro.
ilustração do buraco negro Cygnus X-1
© ESA (ilustração do buraco negro Cygnus X-1)
Mas será que essa matéria está realmente condenada para sempre?
As observações sugerem que o confinamento não ocorre para toda a matéria, e que uma parte dela está elaborando uma grande fuga do buraco negro.
Ninguém gostaria de estar tão perto de um buraco negro. Apenas algumas centenas de quilômetros de sua superfície mortal, o espaço contém um turbilhão de partículas e radiação.
Vastas tempestades de partículas estão entrando no seu próprio domínio, quase à velocidade da luz, elevando a temperatura a milhões de graus.
Normalmente, leva apenas um milésimo de segundo para que as partículas atravessem esse corredor final, mas parece restar um fio de esperança para uma pequena parte delas.
Graças às novas observações do Integral, os astrônomos agora sabem que esta região caótica é dominada por uma malha de campos magnéticos.
Esta é a primeira vez que campos magnéticos foram detectados tão perto de um buraco negro.
Mais importante ainda, o observatório Integral relevou que esses campos magnéticos são altamente estruturados e estão formando um túnel de fuga para algumas das partículas.
Os dados indicam que o campo magnético é forte o suficiente para arrancar algumas partículas da atração gravitacional do buraco negro e afunilá-las rumo ao exterior, criando jatos de matéria que disparam para o espaço.
As partículas nesses jatos assumem trajetórias em espiral conforme ascendem pelo campo magnético rumo à liberdade, e isso está afetando a propriedade de orientação da sua radiação na faixa dos raios gama conhecida como polarização.
Quando uma partícula rápida espirala em um campo magnético, ela produz um tipo de luz, conhecida como radiação síncrotron, que apresenta um padrão característico de polarização.
Foi essa polarização que a equipe do Integral encontrou nos raios gama. "Tivemos que usar quase todas as observações já feitas pelo Integral de Cignus X-1 para fazer essa detecção", disse Philippe Laurent, um dos membros da equipe.
Cignus X-1 é um buraco negro localizado cerca de 6000 anos-luz do Sol que está destruindo uma estrela variável supergigante azul chamada HDE 226868 que orbita a cerca de 0,2 UA (20% da distância da Terra ao Sol), e se alimentando do gás que emana de seus destroços.
As observações do buraco negro repetidas ao longo de sete anos, agora totalizam mais de cinco milhões de segundos, o equivalente a uma única imagem com um tempo de exposição de mais de dois meses.
"Nós ainda não sabemos exatamente como a matéria em queda se transforma em jatos. Há um grande debate entre os teóricos; essas observações irão ajudá-los a decidir," diz Laurent.
Jatos em torno de buracos negros já foram vistos antes por radiotelescópios, mas tais observações não conseguem ver o buraco negro com detalhes suficientes para saber exatamente o quão perto do buraco negro os jatos se originam.
Esta descoberta da emissão polarizada de jatos num buraco negro é um resultado de valor inestimável obtido pelo Integral.
Fonte: ESA

Ondas de rádio emitidas por Saturno

Duas ocorrências relacionadas a ondas de rádio que são emitidas por Saturno e registradas pela sonda Cassini estão intrigando os astrônomos da NASA.
aurora no polo sul de Saturno
© NASA (aurora no polo sul de Saturno)
Eles descobriram que os sinais emitidos pelo hemisfério norte e sul, que a princípio se acreditava serem controlados pela rotação do planeta, são diferentes; conhecidos como radiação quilométrica de Saturno, os sons não são captados pelo ouvido humano, mas foram convertidos pela Cassini.
Quando a nave Voyage visitou o planeta no início de 1980, as emissões indicaram que a duração de um dia seria de 10,66 horas. Mais tarde, a sonda Ulysses e Cassini indicaram que as pulsações variavam de segundos até minutos.
Nessa última sondagem, o período de pulsações no norte do planeta foram equivalentes a 10,6 horas. O sul apresentou um pouco mais, 10,8 horas.
Com essa descoberta, é possível que haja a necessidade de refazer o cálculo de quanto dura um dia em Saturno.
Outra novidade é que os cientistas descobriram que as variações apresentadas pelos sinais também mudam drasticamente ao longo do tempo.
Eles acreditam que as diferenças nos períodos das ondas de rádio não têm a ver com os hemisférios e a rotação, mas aparentemente com a estação do ano, a interferência de ventos que circulam em altitude elevada nos dois hemisférios de Saturno e o impacto do campo magnético que cobre todo o planeta.
auroras em Saturno 
© NASA (auroras em Saturno)
Um outro estudo, com informações fornecidas pelo telescópio espacial Hubble, mostrou que o campo magnético de Saturno variou com as auroras do norte e do sul e as emissões de ondas de rádio.
"A chuva de elétrons na atmosfera, que produz as auroras, também produz as emissões de rádio e afeta o campo magnético de Saturno. Os cientistas acreditam que todas essas variações que vemos estão relacionadas às mudanças do Sol e suas influências sobre o planeta", diz Stanley Cowley, da Universidade de Leicester.
Fonte: Space

quinta-feira, 24 de março de 2011

Via Láctea pode conter 2 bilhões de “Terras”

A Via Láctea pode abrigar até 2 bilhões de planetas de tamanho semelhante ao da Terra. É estimada a existência de mais de 50 bilhões de outras galáxias no Universo.
ilustração de exoplanetas
© Kepler (ilustração de exoplanetas)
Os primeiros dados do telescópio Kepler, divulgados em fevereiro, mas reunidos agora em um novo estudo de pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, na Califórnia, sugerem que entre 1,4% e 2,7% das estrelas parecidas com o Sol possam ter planetas com tamanho entre 0,8 e 2 vezes o da Terra.
A maioria deve estar na chamada zona habitável, ou seja, a distância da estrela que permite a presença de água líquida, considerada condição essencial à vida.
Ainda assim, nas cem estrelas semelhantes ao Sol mais próximas da Terra (a até umas poucas dezenas de anos-luz daqui), deve haver apenas duas com planetas do tamanho do nosso.
Mas, segundo os autores do trabalho, a quantidade de "gêmeas" nas redondezas pode aumentar, pois outro tipo de estrela, as gigantes vermelhas, também pode abrigar planetas desse tipo.
Nesses astros, que são mais antigos e já esgotaram o suprimento de gás hidrogênio, a detecção é mais complexa. Os cientistas pretendem localizar os planetas pela força gravitacional que eles exercem, e não por alterações no brilho da estrela, como no telescópio Kepler.
Como estrelas desse tipo são bem mais comuns do que as do tipo do Sol, é muito provável que possam existir ainda mais "Terras" por aí.
Fonte: Astrophysical Journal