Cientistas da Universidade de Michigan deduziram que a galáxia de Andrômeda, nosso vizinho galáctico mais próximo, destruiu e canibalizou uma enorme galáxia há dois bilhões de anos.
© Adam Evans (M31 e M32)
Nesta imagem, a galáxia de Andrômeda rasga a grande galáxia M32p, que resultou na M32 e um gigantesco halo de estrelas.
Apesar de ter sido em grande parte retalhada, esta enorme galáxia deixou para trás uma rica trilha de evidências: um halo quase invisível de estrelas maiores do que a própria galáxia de Andrômeda, um elusivo fluxo de estrelas e uma enigmática galáxia compacta, a M32. Descobrir e estudar esta galáxia dizimada ajudará os astrônomos a entender como galáxias de disco como a Via Láctea evoluem e sobrevivem a grandes fusões.
Esta galáxia rompida, denominada M32p, era o terceiro maior membro do Grupo Local de galáxias, depois das galáxias da Via Láctea e de Andrômeda. Usando modelos de computador, Richard D'Souza e Eric Bell, do Departamento de Astronomia da Universidade de Michigan, conseguiram reunir estas evidências, revelando esse irmão há muito perdido da Via Láctea.
Os cientistas há muito sabem que este grande halo quase invisível de estrelas em torno de galáxias contém os remanescentes de galáxias canibalizadas menores. Uma galáxia como Andrômeda deveria ter consumido centenas de seus companheiros menores.
Usando novas simulações de computador, os cientistas foram capazes de entender que, apesar de muitas galáxias companheiras terem sido consumidas por Andrômeda, a maioria das estrelas no halo fraco externo de Andrômeda foram principalmente contribuídas pela destruição de uma única grande galáxia.
Esta galáxia, chamada M32p, que foi destruída pela galáxia de Andrômeda, era pelo menos 20 vezes maior que qualquer galáxia que se fundiu com a Via Láctea ao longo de sua vida. A M32p teria sido massiva, tornando-se a terceira maior galáxia do Grupo Local, depois das galáxias de Andrômeda e da Via Láctea.
© AAS/IOP (ruptura da galáxia M32p pela galáxia de Andrômeda)
Este trabalho também pode resolver um mistério de longa data: a formação da enigmática galáxia satélite M32 de Andrômeda. A compacta e densa M32 é provavelmente o centro sobrevivente da irmã há muito perdida da Via Láctea.
A galáxia M32 é esquisita, embora pareça um exemplo compacto de uma antiga galáxia elíptica, ela tem muitas estrelas jovens. É uma das galáxias mais compactas do Universo.
Seu estudo pode alterar a compreensão tradicional de como as galáxias evoluem. Os pesquisadores perceberam que o disco de Andrômeda sobreviveu a um impacto com uma enorme galáxia, o que questionaria a sabedoria comum de que estas grandes interações destruiriam os discos e formariam uma galáxia elíptica.
O momento da fusão também pode explicar o espessamento do disco da galáxia de Andrômeda, bem como uma explosão de formação de estrelas dois bilhões de anos atrás, uma descoberta que foi alcançada independentemente por pesquisadores franceses no início deste ano.
O método usado neste estudo pode ser aplicado para outras galáxias, permitindo a medição de sua mais massiva fusão de galáxias, dizem os pesquisadores. Com este conhecimento, os cientistas podem desvendar melhor a complicada teia de causa e efeito que impulsiona o crescimento das galáxias e aprender o que as fusões proporcionam às galáxias.
Esta descoberta foi publicada na revista Nature Astronomy.
Fonte: University of Michigan