quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Universo primordial era menos empoeirado

A poeira pode ser mais rara do que o previsto em galáxias do Universo primordial, tornando-as muito mais difíceis de se observar, de acordo com uma equipe internacional de pesquisadores.

galáxia I Zwicky 18

© Hubble (galáxia I Zwicky 18)

Em uma galáxia chamada I Zwicky 18 (I Zw 18), que tem uma composição química que é parecida como as galáxias do Universo primordial com baixa abundância de metais e uma grande quantidade de gás na forma de hidrogênio; a equipe mediu a menor massa de poeira de uma galáxia até hoje.

"Não se trata apenas de que a massa de poeira é baixa. Descobrimos que a massa de poeira é 100 vezes menor do que seria esperado com base em teorias comumente assumidas", disse o astrofísico David Fisher da Swinburne University of Technology.
A galáxia I Zw 18 está próxima, o que a torna mais fácil de estudar, mas tem propriedades que são muito semelhantes às galáxias com alto redshift no Universo. O redshift (desvio para o vermelho) indica o quão afastado está um objeto celeste.

O resultado obtido pela equipe implica que as teorias atuais para descrever a formação de estrelas quando o Universo era muito jovem são incompletas, e são construídas sobre suposições inválidas.

A quantidade de poeira é muito importante para a formação de estrelas. O ambiente hostil dentro da galáxia I Zw 18 está a afetando negativamente na sua quantidade de poeira. O campo de radiação medido no seu interior foi cerca de 200 vezes mais forte do que é observado na Via Láctea.

Fonte: Nature

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Descoberto um exoplaneta demasiado longe de sua estrela

Astrônomos da Universidade do Arizona, EUA, descobriram um exoplaneta distante com um conjunto de características tão bizarras que ele não deveria sequer existir.

ilustração do exoplaneta distante de sua estrela

© NASA/JPL-Caltech (ilustração do exoplaneta distante de sua estrela)

Com uma massa cerca de 11 vezes a de Júpiter e uma órbita cerca de 650 vezes maior do que a distância média entre a Terra e o Sol, o planeta recém-descoberto HD 106906 b viola as teorias de formação planetária existentes.

“Este sistema é especialmente fascinante, porque não existe um modelo de formação planetária que explique totalmente o que vemos”, disse a líder do estudo Vanessa Bailey, estudante de pós-graduação do quinto ano do Departamento de Astronomia da Universidade do Arizona.

O planeta está muito longe de sua estrela para ter se formado a partir da colisão de pequenos detritos que normalmente formam os planetas próximos, e o planeta é demasiado grande para ter se formado a partir de gases no disco primordial de sua estrela em formação, geralmente o disco primordial, a uma tal distância a partir da estrela, não têm material suficiente para suportar a formação de um grande planeta.

Várias teorias de formação alternativas foram apresentadas, incluindo a de que o planeta se formou em um mini sistema estelar binário.

“Um sistema estelar binário pode ser formado quando dois aglomerados adjacentes de gás colapsaram de forma mais ou menos independente para formar estrelas, e essas estrelas estão perto o suficiente para uma exercer uma atração gravitacional mútua e uni-las em uma órbita”, disse Bailey. “É possível que, no caso do sistema HD 106906, a estrela e o planeta entraram em colapso de forma independente a partir de aglomerados de gás, mas por algum motivo o planeta estava carente de materiais e nunca cresceu tanto para inflamar e se tornar uma estrela.”

No nosso Sistema Solar o planeta-anão Sedna possui periélio em 76 UA e afélio em 937 UA. Se Sedna pode estar a essa distância, então não existe surpresa haver planetas noutros sistemas planetários também a essas distâncias consideráveis. A grande diferença nesta comparação com Sedna é a massa, pois o exoplaneta HD 106906 b é um planeta gigante e massivo.

A proporção em massa das duas estrelas de um sistema binário é tipicamente não mais do que 10 para 1, no sistema HD 106906 a relação de massa é mais do que 100 para1. “Esta relação de massa extrema não está prevista pelas teorias de formação de estrelas binárias, assim como a teoria de formação planetária prevê que não podemos formar planetas tão distante da estrela-mãe”, explicou Bailey.

Com 13 milhões de anos, o planeta HD 106906 b é relativamente jovem. Para efeito de comparação, a Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos, sendo cerca de 350 vezes mais velha do que HD 106906 b. Ele ainda brilha a partir do calor residual de sua formação, sendo relativamente frio com temperatura de 1.500ºC, emitindo mais de sua energia no infravermelho do que na luz visível.

O artigo “HD 106906 b: A Planetary-mass Companion Outside a Massive Debris Disk,” foi aceito para publicação no Astrophysical Journal Letters.

Fonte: Universidade do Arizona

sábado, 7 de dezembro de 2013

Mais uma Nova visível a olho nu

Nesta semana foi confirmada a descoberta da segunda Nova visível a olho nu em 2013!

Nova Centauri 2013

© Stellarium (Nova Centauri 2013)

A imagem acima mostra a Nova Centauri 2013 em torno das 5hs da mannhã. Ela está localizada na constelação do Centauro e pode ser vista no hemisfério Sul.

Descoberta pelo astrônomo amador John Seach, na Austrália, em 2 de dezembro de 2013, ela apareceu com magnitude ao redor de 5,5. Este valor é próximo do limite da observação a olho nu. Portanto, num local com poluição luminosa, é necessário o uso de binóculos para encontrá-la no quadrante sudeste após às 2h até ao amanhecer.

Ela está próxima à Beta Centauro, também conhecida por Agena ou Hadar, que por sua vez forma uma linha reta com o braço menor do Cruzeiro do Sul. Um pouco à esquerda e acima de Beta Centauro está a Nova Centauri 2013. Suas coordenadas (J2000.0) são: RA =13h 54m 45.34s, Dec =-59° 09' 04.2”.

surgimento da Nova Centauri 2013

© Remanzacco Observatory (surgimento da Nova Centauri 2013)

Em 3 de dezembro, imagens feitas com telescópio robótico de 500 mm pelos astrônomos Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini mostraram que a Nova Centauri 2013 havia evoluído e estava três vezes mais brilhante, passando de magnitude 5,5 para 4,7. Os dados também mostraram fortes linhas de emissão nos comprimentos de onda do hidrogênio. A Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis (AAVSO) informou que na quinta-feira a magnitude da Nova Centauri 2013 havia caído ainda mais e atingido 3,5.

A Nova Centauri 2013 está numa região próxima da estrela Alfa Centauro, também chamada Rigel Kentaurus. Trata-se do sistema estelar mais próximo da Terra, composto por três estrelas, a dupla Alfa Centauro A e Alfa Centauro B está localizada a 4,4 anos-luz de distância do nosso Sol, e a estrela anã vermelha Proxima Centauro localiza-se a 4,2 anos-luz de distância. Em torno de uma delas, Alfa Centauro B, cientistas encontraram um planeta do tamanho da Terra, mas muito quente para abrigar vida.

Uma "nova" é a expansão súbita e extremamente brilhante de uma estrela do tipo anã branca após gigantesca explosão termonuclear. Esse evento ocorre durante poucos dias em sistemas binários onde, devido à enorme massa e proximidade, a anã branca absorve o hidrogênio de sua companheira. No decorrer do tempo, a pressão e temperatura do gás acumulado se torna tão intensa que gera a fusão nuclear. Essa explosão libera uma enorme quantidade de energia, parte dela no espectro visível. Diferente da explosão de uma  supernova, que praticamente destrói a estrela, em uma explosão do tipo "nova" a anã branca continua intacta.

A exemplo da Nova Delphini 2013, observada em agosto, ela deve permanecer no céu por alguns dias, até o brilho se dissipar.

Fonte: Cosmo Novas

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A nebulosa planetária Abell 7

A nebulosa planetária muito tênue Abell 7 está localizada a cerca de 1.800 anos-luz de distância, ao sul de Órion, na constelação de Lepus (Lebre).

nebulosa planetária Abell 7

© Don Goldman (nebulosa planetária Abell 7)

Cercado por estrelas da Via Láctea, perto da linha de visão para distantes galáxias de fundo, a sua forma esférica geralmente simples, que possui 8 anos-luz de diâmetro, é descrita nesta imagem telescópica.

Dentro de seus limites estão os detalhes mais formosos e complexos salientados pelo uso de filtros de banda estreita. A emissão de hidrogênio e nitrogênio é mostrada em tons avermelhados com emissão de oxigênio mapeadas na cor azul-esverdeada, dando à Abell 7 uma aparência mais natural, que de outra forma seria muito fraca para ser apreciada a olho nu.

Uma nebulosa planetária representa uma breve fase final na evolução estelar que nosso próprio Sol vai experimentar daqui a 5 bilhões de anos. Estima-se que a Abell 7 tem uma idade de 20.000 anos. Sua estrela central é vista aqui como uma anã branca que desapareceu a cerca de 10 bilhões de anos atrás.

Fonte: NASA

Detectado sinais de água em exoplanetas

Duas equipes de cientistas afirmam ter encontrado sinais sutis de presença de água em atmosferas de cinco planetas distantes.

a luz de uma estrela iluminando a atmosfera de um planeta

© Goddard Space Flight Center (a luz de uma estrela iluminando a atmosfera de um planeta)

Anteriormente, já havia sido observado a presença de água na atmosfera de alguns exoplanetas.

As descobertas foram feitas graças ao telescópio Hubble. Por meio de sua câmera Wide Field Camera 3, o Hubble explorou detalhes de absorção de luz nas atmosferas dos exoplanetas quando passam em frente de sua estrela hospedeira. As observações foram efetuadas em comprimentos de onda do infravermelho, que detectam sinais de água, a trilhões de quilômetros de distância.
Os planetas em cuja atmosfera foram detectados sinais de água são denominados WASP-17b, HD209458b, WASP-12b, WASP-19b e XO-1b. Os sinais de água mais intensos estão nos exoplanetas WASP-17b e HD209458b.

Todos os sinais encontrados foram menos intensos do que o esperado pelos cientistas. Eles suspeitam de que o motivo seja uma camada de neblina ou de poeira que cobre cada um dos cinco planetas. A camada pode reduzir a intensidade dos sinais de água, do mesmo modo como as neblinas suavizam as cores de uma fotografia.

“Detectar a atmosfera de um explaneta é extremamente difícil. Mas fomos capazes de obter um sinal muito claro e é água”, afirma L. Drake Deming, da Universidade de Maryland.

Os resultados foram publicados em um artigo no Astrophysical Journal.

Fonte: NASA

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

As nuvens coloridas de Rho Ophiuchi

As muitas cores espetaculares das nuvens de Rho Ophiuchi destacam os muitos processos que ocorrem lá. As regiões azuis brilham principalmente pela luz refletida.

M4 e Rho Ophiuchi

© Rafael Defavari (M4 e Rho Ophiuchi)

A luz azul da estrela Rho Ophiuchi e estrelas próximas refletem de forma mais eficiente fora desta parte da nebulosa do que a luz vermelha. O céu diurno da Terra parece azul pela mesma razão. As regiões vermelhas e amarelas brilham principalmente por causa da emissão de gás da nebulosa. A luz de estrelas azuis próximas, mais energéticas do que a estrela brilhante Antares, emitem elétrons para longe do gás, que então brilha quando os elétrons se recombinam com o gás. As regiões castanhas escuras são causadas ​​por grãos de poeira, originadas em atmosferas estelares jovens, o que efetivamente bloqueiam a luz emitida por trás deles. As nuvens da estrela Rho Ophiuchi, estão bem na frente do aglomerado globular M4 visível acima no canto inferior esquerdo, são ainda mais coloridas e emitem luz em cada comprimento de onda na região do rádio até os raios gama.

Fonte: NASA

Uma raridade cósmica bizzara

A imagem abaixo realizada pelo do Hubble mostra uma galáxia peculiar conhecida como NGC 660, localizada a aproximadamente 45 milhões de anos-luz de distância de nós.

galáxia NGC 660

© NASA (galáxia NGC 660)

A NGC 660 é classificada como uma galáxia de anel polar, significando que ela possui um cinturão de gás e estrelas ao redor de seu centro que foi arrancado de uma vizinha próxima durante uma colisão ocorrida a um bilhão de anos atrás. A primeira galáxia de anel polar foi observada em 1978 e somente uma dezena mais delas foram descobertas desde então, fazendo delas um tipo de raridade cósmica.

Infelizmente, o anel polar da NGC 660 não pode ser observado nessa imagem, mas existem vários outras características que fazem dessa galáxia um alvo de interesse para os astrônomos; seu bulbo central é estranhamente fora de ordem, talvez mais intrigante é pensar que abriga uma quantidade excepcional de matéria escura. Além disso, no final de 2012, foi observado uma massiva explosão emanando da NGC 660 que foi por volta de dez vezes mais brilhante que a explosão de uma supernova. Acredita-se que essa explosão foi causada por um jato massivo atirado do buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia.

Fonte: NASA

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aonde estão os buracos negros de tamanho intermediário?

Os buracos negros podem ser pequenos, com apenas cerca de 10 vezes a massa do nosso Sol, ou monstruoso, ostentando o equivalente em massa até 10 bilhões de sóis. Os buracos negros de tamanho médio também existem?

galáxia NGC 1313

© NASA (galáxia NGC 1313)

As manchas na cor magenta nesta imagem mostram dois buracos negros na galáxia espiral NGC 1313. Os dados de raios X (em magenta) vêm do NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA, e são sobrepostas em uma imagem visível do Digitized Sky Survey.

O NuSTAR está examinando uma classe de buracos negros que podem se enquadrar na categoria de médio porte proposto.

Exatamente como os buracos negros de tamanho intermediário formariam permanece uma questão em aberto. Algumas teorias sugerem que eles poderiam formar-se em ricos aglomerados de estrelas densos, através de fusões repetidas, mas há um monte de perguntas a serem respondidas.

Os maiores buracos negros supermassivos conhecidos dominam os núcleos de galáxias. A imensa gravidade desses buracos negros arrasta o material em direção a eles, aquecendo o material e soltando poderosos raios X. Os pequenos buracos negros pontilham o resto da paisagem galáctica. Eles se formam pelo colapso gravitacional, durante a morte de estrelas maiores do que o nosso Sol.

Provas da existência para buracos negros de tamanho médio podem vir de fontes de raios X ultraluminosas ou ULXs. Ocorrem quando um buraco negro se alimenta vorazmente de uma estrela normal. O processo de acreção é um pouco semelhante ao que acontece em torno de buracos negros supermassivos. Além disso, as ULXs estão localizadas ao longo das galáxias, e não nos núcleos.

O brilho de raios X provenientes de ULXs é grande demais para ser o produto de pequenos buracos negros típicos. Esta e outras evidências indicam que os objetos podem ser intermediário em massa, com 100 a 10.000 vezes a massa do Sol. Alternativamente, uma explicação pode estar em algum tipo de fenômeno exótico envolvendo extrema acreção de um buraco negro.

galáxia Circinus

© NASA (galáxia Circinus)

As manchas na cor magenta nesta imagem mostra dois buracos negros na galáxia Circinus: o buraco negro supermassivo em seu núcleo, e um menor mais perto da borda que pertence a a classe ULX. Os dados de raios X (em magenta) vêm do NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array) da NASA, e são sobrepostas em uma imagem visível e infravermelho do Digitized Sky Survey.

Em um novo trabalho, aceito para publicação no Astrophysical Journal, de Dominic Walton do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, e colegas estudaram um objeto que se encontra na galáxia espiral Circinus localizada a 13 milhões de anos-luz de distância, não só com NuSTAR, mas também com o satélite XMM-Newton satélite da ESA. Arquivos de dados dos telescópios espaciais Chandra, Swift e Spitzer, bem como satélite Suzaku do Japão, também foram utilizados para estudos posteriores.

Os resultados indicam que o buraco negro em questão é de cerca de 100 vezes a massa do Sol, colocando-o junto à fronteira entre pequenos e médios buracos negros.

No outro trabalho aceito no Astrophysical Journal, Matteo Bachetti do Institut de Recherche en Astrophysique et Planétologie e colegas analisaram duas ULXs na NGC 1313, também a 13 milhões de anos-luz de distância.

Estes estão entre as mais bem estudadas ULXs conhecidas. Uma única visualização com NuSTAR mostrara que os buracos negros não se encaixavam com modelos porte buracos negros de médio porte. Como resultado, os pesquisadores agora acham que ambas as ULXs abrigam pequenos buracos negros de massa estelar. Um dos objetos é estimado ser de grande tamanho para sua categoria, com 70 a 100 massas solares.

"É possível que esses objetos são ultraluminosos porque estão efetuando acreção de material em alta velocidade e não por causa de seu tamanho", disse Bachetti. Portanto, ainda persiste a procura dos buracos negros de massa intermédia.

Fonte: NASA

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma nebulosa ao sul de Órion

Ao sul da grande região de formação de estrelas conhecida como Nebulosa de Órion localiza-se a nebulosa de reflexão azul NGC 1999.

nebulosa NGC 1999

© Adam Block (nebulosa NGC 1999)

Posicionada na borda do complexo de nuvens moleculares de Órion a aproximadamente 1.500 anos-luz de distância, a iluminação da NGC 1999 é devido a estrela variável V380 Orionis mergulhada nessa nebulosa, que é caracterizada por uma marca escura em forma de T próximo ao centro, que só pode ser vista nessa vasta imagem cósmica que se espalha por mais de 10 anos-luz.

A forma escura uma vez foi assumida como sendo uma nuvem de poeira obscurecida onde é possível observar sua silhueta que se destaca contra a nebulosa de reflexão brilhante. As imagens infravermelhas recentes indicam que a forma é provavelmente um buraco gerado pelo vento energético das jovens estrelas. De fato, essa região é repleta de jovens estrelas energéticas que produzem jatos e ventos que criam luminosas ondas de choque. Catalogado como objetos Herbig-Haro (HH) que foram denominados em homenagem aos astrônomos George Herbig e Guillermo Haro, os choques aparecem com brilho vermelho nessa imagem que inclui o HH1 e o HH2 um pouco abaixo da NGC 1999. Os jatos estelares e os ventos empurram o material ao redor com velocidades de centenas de quilômetros por segundo.

Fonte: NASA

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O brilho estranho de um buraco negro

Um buraco negro numa galáxia vizinha é duas vezes mais brilhante do que os astrônomos achavam possível, relata um novo estudo.

ilustração de um buraco negro e estrela companheira

© Jingchuan Yu (ilustração de um buraco negro e estrela companheira)

A incrível luminosidade do sistema em questão, que reside a aproximadamente 22 milhões de anos-luz da Terra, na Galáxia Pinwheel, pode forçar a se repensar as teorias que explicam como os buracos negros irradiam sua energia.

Os astrônomos estudaram o sistema chamado de M101 ULX-1, que consiste de um buraco negro e uma estrela companheira. O termo ULX é a abreviatura para Ultraluminous X-ray source (fonte de raios X ultraluminosa). O M101 ULX-1 gera uma quantidade prodigiosa de luz de raios X de alta energia, que é emitida pelo material espiralando em direção ao buraco negro.

Essa luminosidade é tão intensa, da ordem de 1039 erg s−1, que os astrônomos tinham suspeitado que o M101 ULX-1 continha um buraco negro de massa intermediária, ou seja, um buraco negro que possui entre 100 e 1.000 vezes a massa do Sol. Mas o novo estudo sugere que o buraco negro é na verdade de tamanho pequeno.

A equipe de pesquisa, liderada por Ji-Feng Liu da Academia de Ciência Chinesa em Beijing, estudou o M101 ULX-1 usando o observatório Gemini no Havaí e duas sondas da NASA, o telescópio espacial Hubble e o observatório de raios X Chandra.

Análises espectroscópicas revelam que a estrela companheira no M101 ULX-1 é uma grande estrela quente do tipo conhecida como estrela Wolf-Rayet. Com essa informação, a equipe pôde então inferir a massa da estrela, a partir de seu brilho, dando a ela uma massa de 19 vezes a massa do Sol.

Os pesquisadores também encontraram que a estrela e o buraco negro orbitam um ao outro uma vez a cada 8,2 dias. Isso permitiu que fosse possível estimar a massa do buraco negro entre 20 a 30 vezes a massa do Sol.

O M101 ULX-1 então contém aparentemente não um buraco negro de massa intermediária, mas sim um buraco negro de massa estelar, ou seja, um objeto que se forma depois que uma estrela morre colapsando sobre si mesma. Assim os astrônomos ainda não encontraram definitivamente um buraco negro de peso médio, que alguns pesquisadores acreditam ser a semente dos monstros supermassivos que habitam o coração da maioria, se não, de todas as galáxias.

A equipe de estudo não tem certeza como o sistema M101 ULX-1 emite tanta luz. É possível que os buracos negros podem ser alimentados pelo vento estelar da estrela companheira, o jato de partículas carregadas fluindo de sua atmosfera.

O mecanismo que anteriormente havia sido dito como sendo ineficiente para energizar uma fonte de raios X ultraluminosa, pode ter ressurgido para os teóricos com os dados obtidos para o M101 ULX-1.

Fonte: Nature

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O flamejante fenômeno do nascimento e morte das estrelas

A Grande Nuvem de Magalhães é uma das galáxias mais próximas da nossa. Os astrônomos usaram o poder do Very Large Telescope (VLT) do ESO para explorar umas das suas regiões menos bem conhecidas.

região de formação estelar NGC 2035

© ESO/VLT (região de formação estelar NGC 2035)

Esta nova imagem mostra nuvens de gás e poeira onde estrelas quentes estão se formando, ao mesmo tempo que esculpem formas estranhas no seu meio circundante. Mas a imagem mostra também os efeitos da morte das estrelas, filamentos criados por uma explosão de supernova.

Situada a apenas 160.000 anos-luz de distância da Terra na constelação do Espadarte, a Grande Nuvem de Magalhães é uma das nossas vizinhas galácticas mais próximas. Encontra-se produzindo estrelas de forma ativa em regiões que são tão brilhantes que algumas podem ser vistas a olho nu a partir da Terra, tais como a Nebulosa da Tarântula. Esta nova imagem, obtida com o VLT, instalado no Observatório do Paranal no Chile, explora uma região chamada NGC 2035 ou Nebulosa da Cabeça de Dragão (à direita na imagem).
A NGC 2035 é uma região HII, ou nebulosa de emissão, constituída por nuvens de gás que brilham devido à radiação intensa emitida por estrelas jovens. Esta radiação arranca elétrons dos átomos do gás, que eventualmente se recombinam com outros átomos emitindo radiação. Misturados com o gás estão nodos densos escuros de poeira que absorvem a radiação em vez de a emitirem, criando assim ao longo da nebulosa troços estreitos intrincados e formas escuras.
As formas filamentares que podem ser vistas na imagem à esquerda, não são o resultado da formação estelar, mas sim da morte das estrelas. Foram criadas por um dos fenômenos mais violentos do Universo, a explosão de uma supernova. Estas explosões são tão brilhantes que muitas vezes ofuscam brevemente toda a galáxia, antes de se desvanecerem ao longo de várias semanas ou meses. Os restos deixados pela explosão de supernova que podem ser vistos nesta imagem são chamados SNR 0536-67.6.
Ao inspecionar esta imagem pode ser difícil apercebermo-nos do tamanho destas nuvens, que têm uma dimensão de várias centenas de anos-luz e que não se encontram na nossa galáxia, mas muito para além dela. A Grande Nuvem de Magalhães é enorme, mas quando comparada com a nossa própria galáxia é muito modesta em extensão, tendo apenas uns 14.000 anos-luz, cerca de dez vezes menos que o tamanho da Via Láctea.

Fonte: ESO

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A anêmica galáxia espiral NGC 4921

Quão longe está a galáxia espiral NGC 4921?

galáxia NGC 4921

© Roberto Colombari (galáxia NGC 4921)

Embora atualmente estimada em cerca de 310 milhões de anos-luz de distância, uma determinação mais precisa poderia ser combinada com a sua velocidade de recessão conhecida para ajudar a humanidade melhor calibrar a taxa de expansão do Universo visível.

Para esse objetivo, várias imagens foram tiradas pelo telescópio espacial Hubble, a fim de auxiliar na identificação dos principais marcadores de distância estelar conhecidos como as estrelas variáveis Cefeidas. A galáxia NGC 4921 é membro do agrupamento de galáxias Coma, refinando a sua distância também permitiria uma determinação melhor da distância para um dos maiores aglomerados próximos no Universo local.

A magnífica espiral NGC 4921 tem sido informalmente apelidada de anêmica devido a sua baixa taxa de formação de estrelas e de baixo brilho superficial. Visível na imagem acima é, a partir do centro, um núcleo brilhante, uma barra central brilhante, um anel proeminente de poeira escura, aglomerados azuis de estrelas recém-formadas, várias galáxias companheiras menores, sem interligação às galáxias no Universo distante, e as estrelas não relacionadas na nossa Via Láctea.

Fonte: NASA

domingo, 24 de novembro de 2013

A mais brilhante explosão no Universo

Uma misteriosa explosão de luz vista no início deste ano, perto da constelação de Leão, era realmente a mais brilhante explosão de raios gama já registrada, e foi desencadeada por uma explosão estelar extremamente poderosa, segundo um novo estudo.

ilustração de uma explosão de raios gama

© NASA/Swift/Cruz deWilde (ilustração de uma explosão de raios gama)

Em 27 de abril, vários satélites, incluindo o Swift da NASA, observaram uma explosão extraordinariamente forte de radiação gama. A explosão desencadeou um jato energético de partículas que viajaram a uma velocidade próxima à da luz.

Explosões de raios gama, ou GRBs, são o tipo mais poderoso de explosões no Universo e, normalmente, marcam a destruição de uma estrela maciça. As estrelas originais são muito fracas para serem vistas, mas as explosões de supernovas que sinalizam a morte de uma grande estrela podem causar explosões violentas de radiação gama.

Explosões de raios gama são geralmente curtas, mas extremamente brilhantes. Ainda assim, telescópios terrestres têm dificuldade em observá-las, pois a atmosfera da Terra absorve a radiação gama.

A GRB vista no começo do ano, oficialmente denominada GRB 130472A, aconteceu em uma galáxia localizada a 3,6 bilhões de anos-luz de distância; apesar de muito longe, já foram registradas GRBs com o dobro dessa distância, embora fossem mais fracas. Essa maior proximidade com a Terra permitiu aos astrônomos confirmar pela primeira vez que um mesmo objeto foi capaz de criar simultaneamente uma poderosa GRB e uma supernova.

O jato produzido pela explosão de raios gama foi formado quando uma estrela massiva colapsou sobre si mesma e criou um buraco negro em seu centro. Isto gerou uma onda de choque que fez com que os restos estelares se expandissem, produzindo uma concha brilhante de detritos que foi observada como uma explosão de supernova extremamente brilhante.

Após analisar as propriedades da luz produzida pela explosão de raios gama, os cientistas determinaram que a estrela original tinha apenas entre 3 a 4 vezes o tamanho do Sol, mas era de 20 a 30 vezes mais massiva. Esta estrela extremamente compacta também estava girando rapidamente.

A GRB foi a mais brilhante e enérgica explosão já testemunhada e provocou ondas de choque que ainda não são bem compreendidas. Embora os cientistas tenham uma visão mais clara da violenta explosão, mistérios ainda permanecem. Por exemplo, telescópios espaciais detectaram mais fótons e raios gama de alta energia do que os modelos teóricos previam para uma explosão desta magnitude.

Os pesquisadores ainda estão investigando por que os níveis de energia observados na GRB 130472A não combinam com as previsões de modelos existentes de explosões de raios gama. Os resultados podem conduzir a uma teoria mais refinada sobre como as partículas são aceleradas, o que pode auxiliar os astrônomos a prever melhor o comportamento desses eventos cósmicos.

Fonte: Science

sábado, 23 de novembro de 2013

Descobertas as anãs marrons mais antigas

Uma equipe de astrônomos liderada pelo Dr. David Pinfield, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, descobriu duas das mais antigas anãs marrons da Via Láctea.

ilustração de uma anã marron

© Joint Astronomy Centre (ilustração de uma anã marron)

Esses objetos estão se movendo a uma velocidade de até 200 quilômetros por segundo, muito mais rápido do que as estrelas normais ou outras anãs marrons, e possivelmente teriam se formado quando a Via Láctea era muito jovem, mais de 10 bilhões de anos atrás. Curiosamente, os cientistas acreditam que elas poderiam ser parte de uma população vasta e inédita de objetos.

Anãs marrons são objetos como estrelas, mas são muito menos massivas (com menos de 7% da massa do Sol), e não geram calor interno através da fusão nuclear como estrelas comuns. Devido a isso, anãs marrons são frias. Os novos objetos descobertos têm temperaturas de 250 a 600 graus Celsius, muito mais frias do que as estrelas comuns. O Sol tem uma temperatura superficial de 5.600 graus Celsius.

A equipe de Pinfield identificou os novos objetos através do WISE da NASA, que examinou o céu no infravermelho médio. Os nomes de objetos são WISE 0013+0634 e WISE 0833+0052, e eles encontram-se na constelação de Peixes e Hydra, respectivamente.

A equipe de cientistas estudou a luz infravermelha emitida por estes objetos, que é incomum em relação às emissões de anãs marrons mais jovens e lentas. As assinaturas espectrais de sua luz reflete suas atmosferas antigas, que são quase inteiramente compostas de hidrogênio em vez de ter elementos mais pesados vistos comumente em estrelas mais jovens.

Os pesquisadores estimam que há 70 bilhões de anãs marrons na Via Láctea, e que objetos velozes e antigos como os descobertos são muito comuns.

Fonte: Royal Astronomical Society

Viagem da Nebulosa da Califórnia até as Plêiades

Uma viagem astronômica da Nebulosa da Califórnia até o aglomerado estelar das Plêiades cobre pouco mais de 12 graus no céu noturno do planeta Terra, ou algo equivalente a 25 Luas Cheias, enquanto o seu telescópio varre a fronteira das constelações Perseus e Taurus.

Nebulosa Califórnia e Plêiades

© Rogelio Bernal Andreo (Nebulosa Califórnia e Plêiades)

O mosaico acima, vasto e profundo da região, explora as nebulosas empoeiradas da paisagem cósmica e as cores outrora muito apagadas para serem observadas com os nossos olhos. Na parte esquerda da imagem, a Nebulosa da Califórnia, catalogada como NGC 1499, possui uma forma familiar, apesar da sua linha posterior cobrir na verdade mais de 60 anos-luz de comprimento e se localizar a aproximadamente 1.500 anos-luz de distância da Terra. O pronunciado brilho avermelhado da nebulosa se deve aos átomos de hidrogênio ionizados pela luminosa estrela azul Xi Persei, observada logo a direita. Na parte mais a direita da imagem, o famoso aglomerado estelar das Plêiades está a aproximadamente 40 anos-luz de distância da Terra e tem aproximadamente 15 anos-luz de diâmetro. Sua coloração azul espetacular se deve à reflexão da luz das estrelas pela poeira interestelar. Entre esses dois objetos estão as estrelas quentes da associação de Perseus OB2 e as nebulosas empoeiradas e escuras ao longo da borda da massiva e próxima nuvem molecular de Perseus.

Fonte: NASA