sexta-feira, 1 de julho de 2016

Hubble confirma nova mancha escura em Netuno

Novas imagens obtidas no dia 16 de maio de 2016, pelo telescópio espacial Hubble da NASA, confirmam a presença de um vórtice escuro na atmosfera de Netuno.

vórtice escuro na atmosfera de Netuno

© Hubble/M. H. Wong/J. Tollefson (vórtice escuro na atmosfera de Netuno)

Apesar de características semelhantes já terem sido vistas durante o rasante da Voyager 2 em 1989 e pelo Hubble em 1994, este vórtice é o primeiro observado em Netuno no século XXI.

A descoberta foi anunciada no dia seguinte, num telegrama eletrônico do Serviço Central de Telegramas Astronômicos, pelo astrônomo Mike Wong, da Universidade da Califórnia em Berkeley, que liderou a equipe que analisou os dados do Hubble.

Os vórtices escuros de Netuno são sistemas de alta pressão e são geralmente acompanhados por brilhantes "nuvens companheiras", que são agora também visíveis no planeta distante. As nuvens brilhantes formam-se quando o fluxo de ar ambiente é perturbado e desviado para cima sobre o vórtice escuro, fazendo com que os gases provavelmente congelem em cristais de metano.

"Os vórtices escuros navegam pela atmosfera como enormes montanhas gasosas em forma de lente," explica Wong. "E as nuvens companheiras são parecidas com as nuvens orográficas que aparecem como características em forma de panqueca que persistem sobre montanhas aqui na Terra."

A partir de julho de 2015, as nuvens brilhantes foram novamente vistas em Netuno por vários observadores, desde amadores a astrônomos do Observatório W. M. Keck no Havaí. Os astrônomos suspeitavam que estas nuvens pudessem ser nuvens companheiras brilhantes que seguiam um vórtice escuro invisível. Os vórtices escuros de Netuno são normalmente apenas vistos em comprimentos de onda azuis, e só o Hubble tem a alta resolução necessária para os ver no distante Netuno.

Em setembro de 2015, o programa OPAL (Outer Planet Atmospheres Legacy), um projeto a longo prazo do telescópio espacial Hubble, que anualmente capta mapas globais dos planetas exteriores, revelou uma mancha escura perto da posição das nuvens brilhantes que haviam sido monitoradas a partir do solo. Ao verem o vórtice pela segunda vez, as novas imagens do Hubble confirmam que o OPAL realmente detectou uma característica de longa duração. Os novos dados permitiram com que a equipe criasse um mapa de mais alta resolução do vórtice e das suas redondezas.

Os vórtices escuros de Netuno têm demonstrado uma diversidade surpreendente ao longo dos anos, em termos de tamanho, forma e estabilidade (serpenteiam em latitude e por vezes aceleram ou desaceleram). Também vêm e vão em escalas de tempo muito mais curtas em comparação com os anticiclones de Júpiter; as grandes tempestades em Júpiter evoluem ao longo de décadas.

De acordo com Joshua Tollefson, doutorando de UC Berkeley, os astrônomos planetários esperam entender melhor como é que os vórtices escuros se formam, o que controla os seus desvios e oscilações, como interagem com o ambiente e como eventualmente se dissipam. A medição da evolução deste novo vértice escuro vai ampliar o conhecimento tanto dos próprios vórtices escuros, como da estrutura e dinâmica da atmosfera circundante.

Fonte: Space Telescope Science Institute

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