terça-feira, 28 de abril de 2020

Olhando para os céus de um planeta distante e abrasador

Uma nova tecnologia está fornecendo aos astrônomos uma visão mais detalhada da atmosfera de um planeta distante, onde o ar é tão quente que vaporiza metais.


© Sam Cabot (ilustração do exoplaneta MASCARA-2 b)

O planeta, MASCARA-2 b, fica a 140 parsecs da Terra (aproximadamente 457 anos-luz). É um gigante gasoso, como Júpiter. No entanto, a sua órbita fica 100 vezes mais próximo da sua estrela do que a órbita de Júpiter está do nosso Sol.

A atmosfera de MASCARA-2 b atinge temperaturas superiores a 1.720 ºC, colocando-o no extremo de uma classe de planetas conhecidos como Júpiteres quentes. Os astrônomos estão profundamente interessados em Júpiteres quentes, porque a sua existência era desconhecida até há 25 anos atrás e porque podem fornecer informações sobre a formação de sistemas planetários.

O instrumento que tornou possível a descoberta foi o EXPRES (Extreme PREcision Spectrometer), construído em Yale e instalado no telescópio Lowell Discovery de 4,3 metros.

A missão principal do EXPRES é encontrar planetas semelhantes à Terra com base na leve influência gravitacional que têm nas suas estrelas. Esta precisão também é útil na observação de detalhes atmosféricos de planetas distantes.

À medida que MASCARA-2 b atravessa a linha de visão direta entre a sua estrela hospedeira e a Terra, elementos na atmosfera do planeta absorvem a luz da estrela em comprimentos de onda específicos, deixando uma "impressão digital" química. O EXPRES é capaz de captar estas impressões digitais.

Usando o EXPRES, os astrônomos de Yale e colegas do Observatório de Genebra e da Universidade de Berna na Suíça, bem como da Universidade Técnica da Dinamarca, encontraram ferro gasoso, magnésio e crômio na atmosfera de MASCARA-2 b.

"O EXPRES também encontrou evidências de química diferente entre o lado diurno e noturno de MASCARA-2 b. Estas detecções químicas podem não apenas ensinar-nos sobre a composição elementar da atmosfera, mas também sobre a eficiência dos padrões de circulação atmosférica," disse autor principal do estudo, o astrônomo Jens Hoeijmakers, do Observatório de Genebra.

Juntamente com outros espectrômetros avançados, como o ESPRESSO, construído por astrônomos suíços no Chile, o EXPRES deverá recolher muitos novos dados que podem avançar drasticamente a busca por exoplanetas.

O novo estudo aceito para publicação na revista Astronomy & Astrophysics.

Fonte: Yale University

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