sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Sinais de rádio de estrelas distantes sugerem planetas ocultos

Usando a antena de rádio mais poderosa do mundo, os cientistas descobriram estrelas que lançam ondas de rádio inesperadamente, possivelmente indicando a existência de planetas ocultos.

© Daniëlle Futselaar (aurora em anã vermelha devido à interação com exoplaneta)

O Dr. Benjamin Pope, da Universidade de Queensland, na Austrália, e colegas do observatório nacional ASTRON dos Países Baixos têm procurado planetas usando o radiotelescópio mais poderoso do mundo, o LOFAR (Low Frequency Array), situado nos Países Baixos.

Foram descobertos sinais de 19 estrelas anãs vermelhas distantes, quatro das quais são melhor explicados pela existência de planetas em órbita. Sabe-se que os planetas no nosso Sistema Solar emitem ondas de rádio poderosas à medida que os seus campos magnéticos interagem com o vento solar, mas ainda não tinham sido captados sinais de rádio de exoplanetas.

Anteriormente, os astrônomos só eram capazes de detectar as estrelas mais próximas em emissão de rádio constante, e tudo o mais no céu era gás interestelar, ou exótico, como buracos negros. Agora, os radioastrônomos são capazes de ver estrelas antigas, sendo possível investigar quaisquer planetas em torno destas estrelas. 

A equipe concentrou-se em estrelas anãs vermelhas, que são muito menores que o Sol e conhecidas por terem intensa atividade magnética que impulsiona proeminências estelares e emissões de rádio. Mas algumas estrelas velhas e magneticamente inativas também apareceram, desafiando a compreensão convencional.

A Terra também tem auroras, frequentemente denominadas como auroras boreais e austrais, mas também emite poderosas ondas de rádio, isto deve-se à interação do campo magnético do planeta com o vento solar. Mas no caso das auroras de Júpiter, estas são muito mais fortes, pois a sua lua vulcânica Io está lançando material para o espaço, enchendo o ambiente de Júpiter com partículas que impulsionam auroras excepcionalmente poderosas.

Os astrônomos usam um modelo para esta emissão de rádio das estrelas que é uma versão ampliada de Júpiter e Io, com um planeta envolto no campo magnético de uma estrela, alimentando material em vastas correntes que similarmente impulsionam auroras brilhantes. 

As descobertas do LOFAR são apenas o começo, mas o telescópio só tem a capacidade de monitorar estrelas que estão relativamente próximas, até 165 anos-luz de distância. Com o radiotelescópio SKA (Square Kilometre Array) da Austrália e da África do Sul finalmente em construção, com início de operações previsto para 2029, a equipe espera ser capaz de ver centenas de estrelas relevantes a distâncias muito maiores.

A pesquisa foi publicada nas revistas Nature Astronomy e na The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: ASTRON

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