A Nebulosa do Caranguejo impressionou os astrônomos ao emitir uma quantidade inédita de raios gama, uma forma de energia extremamente luminosa.
© Chandra (Nebulosa do Caranguejo)
A Nebulosa do Caranguejo consiste em detritos de uma estrela supernova que foi destruída em uma explosão. O que motivou a erupção sem precedentes de raios gama, ocorrida em meados de abril, é um grande mistério para os cientistas.
Aparentemente, ela vem de uma pequena área da nebulosa, há tempos considerada uma fonte constante de luz. A novidade é que o telescópio Fermi, que observa a nebulosa, detectou uma atividade luminosa ainda mais intensa na estrutura.
A emissão de raios gama durou cerca de seis dias, alcançando níveis 30 vezes maiores que o normal e, em alguns momentos, com variações a cada hora.
© NASA/Fermi (aumento na emissão de raios gama)
O fenômeno foi descrito no III Fermi Symposium que está acontecendo em Roma. Há fontes de luz em abundância no céu, mas o telescópio Fermi é programado para medir apenas os raios gama.
Eles emanam dos ambientes mais extremos do Universo e são decorrentes dos processos mais violentos, como a explosão de uma supernova. A nebulosa foi observada pela primeira vez por John Bevis em 1731, que corresponde a brilhante supernova SN 1054 registrada por astrônomos chineses e árabes em 1054.
No coração da nuvem colorida e brilhante de gás é possível observar um pulsar - uma estrela que emite ondas de rádio em impulsos repetidos regularmente. Mas, até o momento, nenhum dos componentes já conhecidos da nebulosa é capaz de explicar a luminosidade observada pelo Fermi.
© NASA (dados da emissão de raios-X)
"Tem de haver outra fonte para esses raios gama altamente energéticos. São necessários cerca de seis anos para a luz cruzar a nebulosa, então essas erupções têm de ser produzidas em uma região bem compacta em comparação com o tamanho da nebulosa", diz Roger Blandford, diretor de um Instituto de Astrofísica e Cosmologia nos EUA.
Desde seu lançamento, há quase três anos, o Fermi já identificou três dessas erupções. As duas primeiras foram relatadas no início deste ano na reunião da Sociedade Astronômica Americana.
Essas erupções liberam raios gama com energia de mais de 100 MeV (milhões de elétron-volts). Mas a erupção mais recente da Nebulosa do Caranguejo é mais de cinco vezes mais intensa do que qualquer outra emanação de luz já observada.
A principal suspeita do fenômeno até agora é de que, em uma região próxima ao pulsar, intensos campos magnéticos vão em direções opostas, reorganizando-se repentinamente e acelerando partículas a uma velocidade próxima à da luz.
À medida que eles se movem em caminhos curvados, as partículas emitiriam os raios gama observados no Fermi.
O telescópio foi lançado em 2008, e é uma parceria da NASA com alguns países europeus e asiáticos. Seu nome é uma homenagem a Enrico Fermi, físico ítalo-americano que trabalhou no desenvolvimento do primeiro reator nuclear e que recebeu o Nobel de Física em 1938 por sua pesquisa sobre a radiatividade.
Fonte: NASA
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